Wren levantou os olhos das contas que analisava, a sobrancelha franzida.
- O do centro de Londres?
Lexie balançou a cabeça.
- Era um nome cafona... Algo como coração de leão?
- Certo... - ela balançou a cabeça, segurando o riso - você lembra a última vez que a gente foi lá?
Wren jogou o corpo contra o encosto da cadeira, meio impaciente. Odiava quando Lexie começava com as charadas e precisava terminar de organizar as contas antes de abrir o bar.
- Sei lá, Lex... foi uns meses depois do acidente do Remus. Por que isso agora?
Lexie fez uma careta e, após um rápido cálculo mental, ergueu as sobrancelhas.
- Porra, gata, faz quase um ano que você não transa com ninguém?
Wren encarou a amiga, cética:
- Você não precisava me lembrar disso, Lex, mas muito obrigada - os lábios vermelhos se curvaram em um sorriso amarelo, ao que a morena gargalhou - acho que se eu lembrasse daquele cara, era capaz de transar com ele de novo só pra ver se esse meu fogo apaga.
Lexie riu mais um pouquinho e, se aproximando, encostou uma das pernas na mesa, encarando a loira quase que de lado.
- E se eu dissesse que sei quem é ele?
A loira arregalou os olhos azuis para a amiga.
- Como assim?
- sabendo, ué. - ela deu de ombros - eu lembrei dele. Alto, bonitão, e tem um cabelo de dar inveja... - ela estalou a lígua contra os dentes.
Wren encaroj a amiga com as sobrancelhas erguidas e um olhar que lhe pedia mais explicações.
- E trabalha com você no bar.
- ... sirius?!
Lexie apenas sacudiu a cabeça, achando graça de como Wren parecia em choque.
***
Remus tinha recebido alta há dois meses, e estava com um caso grave de depressão, o que era perfeitamente normal, se você perguntasse a Wren. Ainda assim, ela estava muito preocupada com o irmão, de modo que as visitas frequentes logo se tornaram uma mudança para a casa dos pais.
Wren não se lembrava da última vez em que se sentira tão miserável. Ela se sentia incapaz de ajudar Remus e sua estadia na casa dos pais só servia para lhe fazer mal (ela não queria levar para o lado pessoal, mas era difícil quando você ouvia o seu pai dizer que o filho errado tinha se acidentado). Os dias eram passados quase todos enfiada no quarto do irmão, em oposição às constantes festas e bares que faziam parte de sua rotina.
Aquela noite tinha sido uma exceção - Lexie a convecera a espairecer só por alguns horas, e o plano era beber umas cervejas e voltar direto para a casa dos pais.
- ok, eu quero um presente de aniversário adiantado.
Wren levantou os olhos da sua caneca, e sorriu fraquinho.
- É semana que vem, ne? O que você quer, Lex?
- eu quero que você se divirta, gata. Não é culpa sua o seu irmão ficar preso em uma cadeira de rodas!
- Lex... - Wren choramingou
- Ok, eu coloco isso em termos de Wren Lupin: eu te desafio a dar bola para a primeira pessoa bonitinha que der em cima de você.
Wren revirou os olhos e riu, virando sua caneca logo em seguida.
- Isso vai exigir um pouquinho mais de álcool que o habitual- e, se levantando, ela foi até o balcão, onde um cara simpático, mas magro demais começou a puxar assunto.
Ah, vai, embaixo daquelas olheiras ele era bem bonito. Por que não dar uma chance?
***
Wren saiu do escritório quase correndo, parando de vez em frente ao balcão, onde Sirius arrumava algumas coisas de forma despreocupada.
Flashes daquela noite lhe voltaram à mente: as piadas, as doses de tequila, Lexie se despedindo pouco depois de Wren trazê-lo pars a mesa, o hálito quente de Sirius contra a sua pele, a mão forte passeando pelo seu corpo...
Um arrepio percorreu sua espinha.
Todo esse tempo, e ele não tinha falado nada.
- Tudo bem aí, chefe? - ele perguntou, e ela demorou alguns instantes até conseguir reagir
- você ficava bem de cabelo curto - ela sussurrou, por fim.
- Quê? - Sirius não havia entendido o que Wren mururara, mas, antes que a loira pudesse explicar a referência à noite que os dois partilharam, Harry (que desenhava quietinho em uma das mesas) anunciou sua presença:
- Tia Wren, você gosta de filme de terror?
Wren girou nos calcanhares, pela primeira vez percebendo que o garotinho estava no salão, e, após um momento de hesitação (em que sua mente ainda tentava se livrar da vívida memória de Sirius abrindo o seu sutiã com uma das mãos), sorriu pqra ele.
- tá brincando? Eu adoro filmes de terror!
Harry abriu um sorriso enorme e procurou Sirius através dela:
- Ela pode ir também, tio Sirius?
Wren buscou os olhos acinzentados com curiosidade.
- ele conseguiu me convencer a levá-lo ao cinema - ele deu de ombros
Balançando a cabeça, ela olhou Harry novamemte:
- e você tem coragem suficiente.
- Eu sou muito corajoso, tia wren! - Harry respondeu com ares de quem sabia das coisas, arrancando uma risada de Wren.
- Então tá... É um encontro! - e somente quando seus olhos cruzaram novamentr com as íris cinzentas é que ela percebeu a sua pobre escolha de palavras.
***
- você vai ao cinema com o cara com quem você dormiu e o filho dele? - Lexie observava a amiga experimentar roupas pouco antes do horário de sair de casa.
- Não, Lex, eu vou ao cinema com o Sirius e com o Harry. Não tem nada a ver com quem eu dormi ou deixei de dormir... - Wren se olhava distraidamente no espelho, conferindo o caimento da calça - por que você não vem com a gente?
- nah...Parece um programa de família pra mim, não quero interromper.
Wren revirou os olhos e encarou a amiga, enquanto vestia a sua jaqueta.
- Você é insuportável, sabia?
- É por isso que você me ama - lexie deu de ombros e soltou uma risada meio convencida.