por Admin Sáb Jun 25, 2016 5:13 am
Uma Wren atônita piscou algumas vezes, recebendo de volta um olhar curioso do menininho à sua frente.
- quer que eu te mostre onde fica o banheiro? - ele empurrou os óculos de volta com a ponta dos dedos e, após um aceno afirmativo, a guiou até o lavabo.
Wren o seguiu em silêncio, tentando elencar mentalmente as situações em que ela sentira mais sem jeito do que naquela noite (sem sucesso).
O barulhinho da toalha sendo esfregada contra seus cabelos foi quase um alívio, por preencher a falta de assunto entre eles.
Não é que ela não gostasse de Harry, ou, ainda, de crianças. Wren apenas não levava o menor jeito com ninguém com menos de dezesseis anos. O modo desconfiado e cheio de expectativas com que crianças encaravam os adultos sempre a deixava com a impressão de que tudo o que ela fazia era inapropriado.
(Bem, talvez realmente fosse)
E era com aquela mesma expectativa que Harry a observava pelo reflexo do espelho.
- faz muito tempo que você conhece o tio Sirius ?
- mais ou menos - ela largou a toalha sobre a pia e se virou para ele, encostando-se na bancada - por que?
- nada - harry deu de ombros e consertou mais uma vez os óculos - eu já conhecia ele, mas só conheci de verdade hoje.
As sobrancelhas de Wren se franziram e ela riu sob a respiração, achando graça da repetição na fala dele.
A imagem da ruiva carregando uma versão miniatura do garoto à sua frente logo veio à mente. Sirius devia tê-lo conhecido antes da morte dos pais, e antes de ir embora. Por um instante, ela se perguntou se seria correto perguntar dos pais a um menininho órfão.
- você gosta de purê de batata? o tio Sirius tá fazendo pra gente jantar.
- adoro - ela sorriu - por que a gente não vai ajudar a colocar a mesa enquanto você me conta o que fizeram hoje?
Distraída com as aventuras de Sirius e Harry - o garotinho tagarelava agora que se sentia completamente confortável -, antes que Wren percebesse, estava sentada à mesa, servindo-se do filé com purê que o dono da casa cozinhara.
Espiando pelo canto do olho, ela precisou segurar o riso quando viu a careta que Harry fez para a comida.
A carne até que estava bonita, mas o purê tinha um tom pálido e meio esverdeado que não era nada atraente. Trocando um rápido e cúmplice olhar com Harry, ela deu a primeira garfada (se arrependendo instantaneamente). Apesar dos seus esforços para ser educada, sua expressão facial provavelmente a traíra, porque Sirius logo perguntou se não estava bom.
- eca! - a resposta veio de harry, que também se aventurara e, agora, cuspia o conteúdo de sua garfada no canto do prato.
- desculpe - Wren encolheu os ombros, simpática à causa do cozinheiro amador cuja produção não vingava - mas ainda tá cedo, eu posso pedir uma pizza pra gente.
- pizza?! - os olhinhos verdes se animaram tanto que os óculos foram parar na pontinha do nariz - pode, tio sirius? - ele observava o padrinho por cima das lentes, a voz desejosa.