(De modo que ela se esforçou muito para não fazer barulho na cozinha e acordá-los.)
***
Remus acordou com o sol batendo no rosto. Meio desorientado, ele demorou até perceber que estava no sofá. A TV estava desligada e ele imaginou que tivesse dormido no meio do filme – embora não houvesse sinal de Tin em lugar algum, à exceção de uma caneca de chá na mesinha de centro.
Bebericando do chá de limão, ele se espantou pelo fato de que a temperatura da bebida estava exatamente como ele gostava (como Tin teria adivinhado a hora em que ele acordaria, era um mistério); mas logo aquele pensamento foi substituído pela imagem dela suspirando pelo romance a que assistiram, e ele sorriu com aquela lembrança.
***
O afilhado de Sirius estava mais uma vez no bar – aquilo estava virando um hábito – e ele até reclamaria de ter uma criança em sua cozinha, se o garoto não fosse tão quietinho e se Tin não ficasse tão feliz sempre que ele estava lá.
Agora, por exemplo, enquanto ele fechava a lista de compras com Wren, Harry e Tin riam de alguma coisa na cozinha, e o som de suas risadas preenchiam todo o bar de forma quase contagiante.
Foi por pura curiosidade que Remus parou pouco antes da porta para ouvir o que eles cochichavam.
- Você precisa ser rápido, Harry, se não ele foge!
- Ok, eu prometo que vou ser rápido, Tia Tin!
A solenidade com que o garotinho falava divertiu Remus, e ele se esticou para espiar pelo vão da porta.
- Toma – Valentine esticou uma caixinha para Harry, que a abriu tão rápido quanto suas mãozinhas permitiram.
O que parecia ser um sapo pulou para fora da caixa. Os olhos de Remus se arregalaram sob as grossas sobrancelhas, e ele estava prestes a dar uma bronca daquelas em Valentine – onde já se viu, levar um sapo para a cozinha?! – quando ela agarrou o animal no ar e o estendeu a Harry. O menino agarrou o sapo com as duas mãos e.
- É só morder? – ele perguntou, receoso (e os olhos de Remus se arregalaram mais um pouquinho)
- É só morder – Tin sorriu para o menininho que, sem cerimônias, abocanhou o que parecia ser a cabeça do sapo.
- O que vocês estão fazendo? – Remus girou sua cadeira para dentro da cozinha, perturbado pela cena que vira – ou, ao menos, achara que vira.