Fica no bar

- nheee – Lexie fez um sonzinho de reprovação, enquanto Tin sentava na cadeira ao lado de Remus – Eu meio que já vi melhores.

Wren gargalhou da expressão de Sirius e pousou a taça na mesa.

- A Lexie trabalhou em um bar por um ano, Sirius. Ela sabe mais truques que nós dois combinados.

Enquanto isso, Remus conversava com Valentine em voz baixa:

- Você não acha que já bebeu demais, Jones?

Sirius estava  tão satisfeito por sua tática ter dado certo que ele nem ficou sentido com a reação de Lexie:
 
-Você tem que admitir que eu tenho potencial – sorriu, dando de ombros – E, bom, vou aproveitar a deixa para pedir: me ensina alguns truques? - ele a encarou com seu melhor olhar pidão.
 
__
 
Tin olhou para Remus:
 

- Não acho não! - ela resmungou, teimosa - Eu acho que você devia beber comigo - ela encostou o dedo indicador no peito dele - Afinal você me deve uma. Nem foi torcer por mim na competição.

E aqui ela fez um biquinho. Tinha sentido falta do apoio dele (como ele havia prometido).

Lexie apontou com a cabeça para o balcão e os três foram pra lá – Sirius e ela na parte de dentro, enquanto Lex tentava ensiná-lo um modo de fazer as garrafas darem mais piruetas no ar, e Wren sentada na banqueta habitualmente destinada aos clientes.

Entre risadas e provocações, Wren se distraiu observando o sorriso de Sirius e o modo como seus músculos se flexionavam.

- Regra número um – Lexie o encarou e sua voz chamou a atenção de Wren também – sua cliente nunca pode ficar de copo vazio – ela apontou para Wren, cujo champanhe acabara. – E conhecendo a Catherine, ela quer tequila. Eu vou buscar.

- Se você imitar a mania dela de me chamar de Catherine, eu juro que te mato! – Wren ameaçou, e, apesar do dedo em riste, ela sorria

Sirius se apoiou com as duas mãos no balcão, rindo:

- Pode deixar... - ele se inclinou um pouco para a frente - Catherine - completou. 

Soltou uma risada ao ver a expressão ofendida no rosto de Wren.

- A Lexie é demais, eh? - ele se apoiou com o cotovelo no balcão, ficando meio de costa para Wren. - Já até a perdoei pela interrupção. - ele olhou para trás e deu uma piscadela na direção de Wren. Não era do feitio de nenhum dos dois fazer drama por causa do que tinha acontecido e, bem, ele só esperava que da próxima vez (se houvesse) eles não fossem interrompidos.

Remus sorriu com o biquinho de Valentine – ela definitivamente já estava bem bêbada.

-Pois bem – ele acedeu com a cabeça – muito justo.

Remus precisou se esticar para alcançar a segunda garrafa de champanhe, e virou o restinho do espumante em sua taça. Com um sorriso franco, ele ergueu a bebida na direção de Tin.

- Um brinde à você, Valentine.

Depois de beber um gole, ele continuou a conversa:

- Então, como foi o concurso? Quem você envenenou com o seu doce? – ele brincou, dando um risinho.

Depois de ouvi-la contar entusiasmada todos os detalhes da competição, ele se sentiu culpado por não ter ido apoiá-la.

- Desculpe não ter ido, Jones. Eu precisava resolver algumas coisas importantes – seus olhos recaíram sobre a própria taça, cujo líquido rodopiava devagar, reagindo ao movimento de sua mão – Eu resolvi conversar com a Elisa.

Valentine arregalou os olhos com a confissão de Remus:
 
- Elisa? A vaca da sua ex? - ela ergueu os braços em defesa com o olhar que ele lhe lançou  - Desculpe...deixe eu corrigir: a sua ex?
 

Ela sentiu um aperto no peito e franziu a testa. Tinha sido por causa de Elisa que ele não tinha ido apoiá-la no concurso? Elisa, aquela vaca (pelo que Wren lhe contara) era mais importante do que ela?

Bom, a resposta era óbvia, Tin refletiu enquanto bebia seu champanhe agora com menos empolgação que antes. Ela só era uma reles funcionária do pub, afinal. Claro que não tinha como ser mais importante que a ex-alguma coisa do chefe.

- E sobre o que vocês conversaram? - ela girava a taça de champanhe na sua mão, tentando soar desinteressada.

- Nada demais – Remus encolheu os ombros, arrependendo-se de ter comentado aquilo com Tin.

Dando um golinho de sua taça, ele continuou a conversa.

- Mas então... Você conseguia cozinhar na escola? Acho que teria sido expulso se tentasse fazer isso no meu colégio...

Wren riu e se esticou para alcançar a taça dele, ainda pela metade, do outro lado do balcão.

- Do jeito que você dormiu como uma criança, acho que ela me fez um favor – ela riu abertamente e deu um gole da bebida.

Wren adorava poder brincar com aquilo. Bem, não era como se nenhum dos dois estivesse levando aquilo a sério.

- Quando você vai pegar o Harry de novo?

- É claro que eu ia escondida até as cozinhas - Tin confessou - Eu tinha os meus métodos pra chegar até lá sem ninguém me ver.
 
Ela cruzou as pernas feito um índio e encarou Remus. Não sabia se era a meia-luz do bar ou o efeito de todo aquele champanhe, mas ele estava extremamente atraente aquela noite, com alguns botões da camiseta abertos e as mangas dobradas até os cotovelos.
 
Ela se levantou, apressada e se segurou na mesa ao sentir a cabeça girar.
 
- Eu vou pegar mais um drink.
 
E ela foi até o balcão pedir para Lexie lhe preparar um coquetel - com bastante álcool por favor.
 
___
 
Depois de terminar o coquetel colorido que Lexie lhe ofereceu, Tin sentia como se seu cérebro estivesse dominado por uma névoa. Depois de se livrar da meia-calça e dos sapatos ela voltou até a mesa onde Remus estava e simplesmente sentou no colo dele, sem nem mesmo pedir licença.
 

- Escuta, Remus Lupin. - ela o cutucava no peito. - Você é foda.


- E eu sou sua fã. Entende? De carteirinha. Eu tenho um caderno de recortes com suas receitas. Você tem que me prometer que nunca vai parar de cozinhar.

Sirius fez uma careta ao ouvir o comentário de Wren, mas não se ofendeu.

- Esse final de semana. 

Ele passou a mão pelo cabelo e se lembrou de um detalhe peculiar de Harry:

- Puxa, Wren, acho que meu afilhado tem uma paixonite por você. Vive me perguntando 'e a tia Wren?' quando nos falamos no telefone.

Ele se virou e tomou para si a aparência da jovem do outro lado do balcão. Mesmo meio descabelada e com a maquiagem meio borrada, Wren continuava linda. Pra valer.  

Tal padrinho, tal afilhado, uh?

Remus tomou um susto quando Tin se sentou em seu colo, o contato inesperado deixando-o mais nervoso do que provavelmente era aceitável. Instintivamente, suas mãos se fecharam ao redor da cintura dela, e resmungou um pouquinho ao sentir os cutucões. Talvez fosse o álcool, mas ele não se importava nem um pouco com a proximidade dela.

Eles negou o pedido dela com um aceno de cabeça.

- Eu não sou o homem que você idolatra, então não posso prometer isso, Valentine Jones – uma mecha dos cabelos escuros dela caía sobre seu rosto, e ele a afastou com a ponta dos dedos, prendendo-a atrás da orelha – Mas você tem que me prometer que ainda vai ser o ídolo de alguém.

Tin seguiu o movimento da mão de Remus com os olhos quase como se estivesse hipnotizada.
 
As mãos dele, tão maiores que as dela. E tão mais masculinas.
 
Ela capturou a mão de Remus na dela e ficou comparando o tamanho das duas:
 
- Eu não vou prometer nada se você não prometer - ela falou, teimosa e o encarou novamente.
 

- Eu só queria que você se enxergasse do jeito que eu te enxergo, sabe – ela segurou o rosto dele com as duas mãos - Cheio de potencial e tão... - ela se inclinou para frente e encostou os lábios nos dele.

Valentine Jones bêbada era, além de carente, um pouco mais ousada e não via problema num simples beijinho. Eles eram amigos, certo?

Bom, às favas.

O coração de Remus disparou em antecipação ao sentir as mãos macias de Tin contra as suas bochechas. Enquanto o bar ao seu redor desaparecia, tudo o que existia eram os olhos azuis e a voz meio embolada da garota à sua frente.

”Cheio de potencial e tão...”

A distância entre eles desaparecia em câmera lenta e seu pomo de adão se moveu, denunciando o desejo reprimido há meses. As pálpebras se cerraram, suas mãos apertavam avidamente a cintura dela e ele estava prestes a transformar aquele selinho em um beijo de verdade quando um alarme soou em sua cabeça.

Valentine estava bêbada. E tinha um namorado.

Afastando e virando o rosto, ele olhava para um ponto qualquer no chão:

- Eu preciso ir embora, Tin – sua voz, meio estrangulada, era a representação perfeita do nó que sentia ao dizer aquilo.

Wren riu abertamente e passou os dedos pelo cabelo.

- O guri tem bom gosto, Black – ela deu de ombros e soltou uma piscadinha pra ele.

Lexie, que vinha chegando do estoque, apoiou a garrafa de tequila no balcão.

- De quem vocês estão falando?

- Do afilhado do Sirius – Wren respondeu despreocupada, tomando a garrafa da amiga e começando a servir a bebida cor de âmbar – ele é uma peça, você vai adorá-lo, Lex.

Lexie a observou com olhos um pouco mais atentos desde que chegara em Godric’s Hollow. Wren costumava ser o tipo de garota que ajudava os amigos em tudo que eles precisassem, exceto ficar de babá. Ela ficava tão sem jeito perto de uma criança que evitava a todo custo compartilhar qualquer espaço que fosse com os “pestinhas”, já tendo inclusive desistido de sair com um cara porque ele tinha filhos. Era difícil de perceber aquilo pelo telefone, mas ali, pessoalmente, era evidente que ela gostava de Harry.

Quem te viu, quem te vê, Catherine Lupin!, Lex estalou a língua contra os dentes e ergueu o seu copinho para o brinde com a tequila.

****

A presença de Lexie no Irish Pub estava sendo de uma baita ajuda. Ter mais alguém atrás do balcão estava era um alívio para Wren e Sirius, muito embora a quantidade de clientes na casa parecesse aumentar proporcionalmente à de bartenders.

Naquele sábado à noite, a música alta estourava os auto-falantes do bar e animação parecia contagiar a todos – E apesar de servir três ou quatro pessoas de uma vez só, Wren não deixava de cantar e dançar enquanto preparava drinks ou shots de tequila.

Lá para o meio da noite – quando ela já começava a se preocupar com a lotação da casa – ela se abaixou para pegar uma nova garrafa no armário e deu de cara com um megafone.

- Hey! – ela gritou para Sirius e Lexie sobre a música, mostrando o megafone – O que isso tá fazendo aqui?
- É só uma surpresinha que eu organizei pra você – Lexie encolheu o ombro e piscou.

Wren franziu o cenho.

- Mas o que... – de repente, tendo uma ideia do que poderia ser, ela arregalou os olhos para a amiga – Lex, não...

- Ahamn! – Lexie afirmou com a cabeça, sorrindo, e tomou o megafone da mão de Wren – E vai ser agora!

Wren observou-a subir no balcão

- Black! – ela gritou, ao que Sirius pausou a música. A maior parte dos clientes se virou para ver o que tinha acontecido – Atenção, pessoa! – a voz dela, ampliada pelo utensílio, reverberou nas paredes do pub – Quem aqui tá afim de se divertir?

Várias pessoas ergueram seus drinks e deram gritinhos, ao que Lexie apontou novamente para Sirius. Uma nova música começou a tocar, e assim que Wren reconheceu os acordes da guitarra, começou a rir.

Lexie começava a dançar, instigando as pessoas. A maior parte dos clientes começou a cantar junto e bater palmas enquanto ela se requebrava.

- Pour some sugar on me... – Wren cantou com os demais sorrindo, enquanto a amiga dançava.

- Sobe aqui! – Lexie gritou lá de cima, ao que Wren negou veementemente – Vem logo, anda!

Girando os olhos, Wren se entregou e subiu no balcão. Assim que o compasso certo começou a tocar, ela começou a coreografia que as duas faziam desde sempre – e que, claro, envolvia jogar o cabelo e a rebolar muito, além de uma leve sensualização entre elas.

Quando Lexie lhe pediu ajuda para realizar aquilo, Sirius não duvidou de que a coisa toda daria certo - primeiro porque ele sabia que Wren não recusaria o desafio (eles eram muito parecidos naquele aspecto e ele mesmo não recusaria) e segundo porque Lexie sabia muito bem o que estava fazendo.
 
Ele apertou o botão play e observou divertido o desenrolar das coisas: os clientes se juntaram a cantoria e quando Lexie e Wren começaram a dançar...
 
...bom, Sirius teve que admitir que vê-las daquele ângulo (encostado no balcão) tinha suas vantagens. Ele podia acompanhar atentamente cada movimento do corpo das duas e, puxa, aquele jeans parecia ter sido feito na medida para Wren. E ele aproveitou toda a distração para olhá-la da cabeça aos pés.
 

Quando as duas amigas começaram a sensualizar uma com a outra ele teve que engolir em seco e se segurar para não se juntar aos assovios e aplausos dos outros clientes.


Assim que a música chegou ao fim todo o bar comemorou e as duas amigas ergueram os braços para congratular uma a outra com um high-five. Aquele gesto de cumplicidade fez Sirius se lembrar de James - aquela dancinha maluca era algo que ele e Potter fariam (até mesmo a sensualização...) e ele sentia tanta saudade do amigo e da parceria deles. 


Sirus balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos tristes - não era a hora adequada - e se aproximou das amigas, passando o braço ao redor dos ombros delas:


- Devo dizer que estou impressionado.  - ele olhou para Wren, que ofegava - E orgulhoso.

- Certo. Entendi. – Valentine falou antes de se levantar do colo de Remus. Ela estava bêbada, mas não era idiota. Sabia muito bem que tinha sido rejeitada e, merda, mesmo já tendo ingerido uma grande quantidade de álcool o modo como Remus virou o rosto para longe dela doeu. - Boa noite, Remus. Não esquece do que eu te falei.

Ela se afastou em direção ao balcão e pediu para Lexie lhe preparar outro drink. Um com tequila, de preferência. Ou um que a fizesse sumir.

________

Ser bruxa tinha suas vantagens e uma delas era: poção para ressaca. Assim que abriu os olhos e sentiu o mundo girar, Tin correu para sua bolsa de poções e pegou o frasquinho certo. Depois de ingerir o líquido claro ela se sentiu nova em folha.


Foi para o pub no horário certo e cumprimentou Wren com a animação de sempre. Quando Lexie a questionou porque diabos ela não estava se sentindo um lixo ela apenas deu de ombros:


- Eu sou mais forte do que aparento. - e foi se trocar.  


Quando Remus deu as caras ela o cumprimentou sem muita empolgação. Ela não tinha se esquecido de nada da noite anterior e agora que estava sóbria, lembrar da rejeição dele fazia seu peito doer. Mas, bem, vida que segue. Ela sabia desde sempre que não tinha chances e a reação dele apenas confirmava aquilo.


E ela tinha que ser profissional e lidar com a situação como a adulta que era (ignorando-o e evitando contato visual)
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Tin estava terminando de lavar a louça quando a cantoria começou e ela correu para abrir a janela que ligava a cozinha com o restante do bar. Soltou uma risada ao ver Wren e Lexie em cima do balcão dançando em sincronia:


- Puxa, parece legal! - ela disse em voz alta e é claro que começou a cantar. Ela adorava aquela música - Pour some sugar on meeeeeeeeee

- Da próxima vez você sobe também – Wren, que não conseguia tirar o sorriso do rosto, deu uma piscadela para Sirius, e se adiantou para atender aos clientes (aparentemente, o pequeno show das amigas aumentou a sede de álcool deles), mas não sem antes ouvir Lexie dizer a ele que “a baba está escorrendo, Black”.

- Gostei da dancinha, Cath!

Wren, distraída entre os ingredientes de um drink, sentiu sua mão escorregar da garrafa de Vodka ao ouvir o apelido que pouquíssima gente usava e ergueu o olhar. Sorrindo através de uma profusão de longos e loiros cachos milimetricamente arrumados estava Elisa, a ex-namorada de Remus. O bom humor da Lupin foi imediatamente pelo ralo.

- O que você está fazendo aqui?

- Eu vim visitar o Remus – ela deu de ombros – ele não te contou?

Wren não a respondeu – franziu o cenho e terminou de despejar a vodka no copo da cliente. Deslizando-o pelo balcão, ela enxugou as mãos no avental, encarando os olhos verdes da ex-cunhada e ignorando os braços erguidos para chamar sua atenção.

- É melhor você ir embora.

O sorriso de Elis diminuiu um pouquinho, e ela balançou a cabeça em negação.

- Não, Catherine, você não entendeu. Foi o Remus quem me chamou aqui.

Puta Merda, Wren pensou, enquanto atirava o avental em um canto e disparava em direção à cozinha, desviando de Sirius e Lexie no caminho.

A porta da cozinha bateu contra a parede com força.

- Que merda você tá fazendo, Remus? – ela gritava e gesticulava muito - O quê que a vaca da Elisa tá fazendo aqui?

- Obrigada pela parte que me toca, Cath – Elisa, que a seguira até ali, sorriu o que deveria ter sido um sorriso inocente, mas que não convenceu Wren nem um pouquinho – Oi, Rem!

Ao ver Elisa, Remus sentiu como se tivesse pulado o último degrau da escada. Seu cabelo estava mais longo e ela parecia mais bronzeada, tão bonita quanto sempre.

- Eu já mandei você ir embora – Wren rosnou, os olhos fixos no irmão.

- Wren – Remus ainterrompeu a irmã – eu pedi para ela vir.

A raiva borbulhou dentro de Wren e ela sacudiu a cabeça negativamente.

- Você é um idiota, Remus! - olhando Elisa de cima a baixo, ela continuou – na minha casa essa vaca não fica – depois de enfatizar aquilo, ela marchou de volta para o bar.

Tin ainda estava observando curiosamente o movimento do bar quando a porta da cozinha se abriu de supetão e uma Wren pisando duro entrou no local. Ela ia perguntar à amiga se estava tudo bem quando Wren começou a gritar com Remus.
 
- ...O quê que a vaca da Elisa tá fazendo aqui? – aquele nome chamou sua atenção e só então ela reparou na loira alta parada ao lado de Wren.
 
Tin olhou para Remus e o modo como ele olhava para a recém-chegada fez o estômago dela doer.
 
Depois de se livrar da fúria de Wren, Remus e Elisa saíram da cozinha para conversar a sós e Valentine Jones ficou sozinha, se sentindo uma verdadeira idiota.
 
_____
 
Mesmo a contragosto, Elisa continuou a aparecer no The Irish Pub (só pelo prazer de enfrentar Wren) e Valentine teve que aguentar a presença extra dela na cozinha sem reclamar.
 
Não é que fosse mal educada, mas Elisa logo adotou um tom condescendente com Valentine, como se a morena fosse a empregada dela ('você vai fazer outro bolo, Tina?', 'tem certeza que vai usar essa quantidade de azeitona?') e cada vez que aquilo acontecia Tin tinha vontade de sair correndo e gritando. Remus, óbvio, parecia não perceber e adorava quando Elisa se oferecia para ajudar na cozinha.
 
(e quando aquilo acontecia Tin erguia os olhos e observava com uma certa inveja a maneira paciente com a qual Remus corrigia a namorada. 'Se fosse comigo...' e fingia não ligar para o nó que se formava em sua garganta quando os dois trocavam algum tipo de carinho)
 
A única coisa boa de ter Elisa ali é que Tin finalmente começou a agir como a profissional que deveria ser desde o início: ela não ligava mais o rádio na sua estação de música dos anos 80, nem inventava canções toda vez que cozinhava alguma coisa. 
 

Simplesmente chegava, trocava de roupa e fazia seu serviço, torcendo para dar logo a hora de ir embora. E evitava a todo custo qualquer contato com Remus – a presença daquela loira bronzeada e com ares de modelo só servia para aumentar mais ainda o sentimento de rejeição dela 

(claro que Remus não trocaria uma mulher de pernas longas e roupas chiques por uma morena baixinha, que costurava as próprias roupas)

- Ah, Remus! - Elisa olhou impressionada para o presente que Remus lhe ofereceu aquela noite. Uma pulseira - Obrigada! - e os dois se beijaram e aquilo foi a gota d'água para Tin. 

Sem pedir licença ela deu o fora da cozinha. Lexie a encarou e pela expressão em seu rosto pareceu adivinhar o que ela estava pensando:

- A vaca atacou novamente?

- Ela só.. Eu só não quero ficar segurando vela. - Tin soltou uma risada sem humor.

-Foda-se aqueles dois, Tin - Lexie girou os olhos. Valentine Jones era um livro aberto - Vamos servir esses drinks naquela mesa de bonitões ali. Você pode colocar a tequila na boca deles.

Tin topou. Qualquer coisa que a ajudasse a se distrair seria bem vinda.

-- Uau! – um dos jovens (o ruivo com uma camisa de time universitário de futebol) cutucou o outro quando Lexie e Tin se aproximavam - só tem mulher bonita trabalhando aqui?

Lexie gargalhou ao ver como Tin corara com aquele elogio e encarou o rapaz:

- Ok, ganharão, são seis doses de tequila, certo?

- Talvez a sua amiga possa me convencer a tomar um pouco mais – ele sorriu para Tin.

Lexie riu mais um pouco, servido os shots na mesa.

- Ok, quem vai primeiro?

Um jovem loiro, usando um boné com a aba virada para traz e que estava sentado mais perto de Lexie levantou a mão. Lex acenou afirmativamente e se virou para Tin:

- Observe, ok?

O rapaz loiro, que tinha virado sua cadeira para ficar de frente para a bartender, obedeceu à ordem desta e virou o copinho de tequila de uma só vez. Assim que ele fez isso, Lexie agarrou seu rosto com as duas mãos e começou a chacoalhar sua cabeça.

Ela parou e ele soltou um gritinho, ao que os amigos respondera com um “Aêêê” em coro.

- Quem é o próximo?

- Eu! – o ruivo se fez ouvir acima dos outros, e Lexie estalou a língua contra os dentes.

- Sua vez, Tin

O ruivinho bonitinho se adiantou e deu uma piscadela na direção de Tin antes de virar sua dose de tequila:
 
- Er...com licença – ela pediu antes de segurar o rosto dele para chacoalhar sua cabeça.
 
- E então... – ele disse quando o próximo rapaz se aproximou para virar uma dose (Lexie era a encarregada dele) – Você tá todos os dias por aqui... – e ele estreitou os olhos para tentar ler o nome dela na pequena tag que ela usava no peito. – Valentine. Bonito nome.
 
Tin puxou a barra da camiseta, meio sem jeito:
 
- Trabalho aqui todos os dias, hm...
 

- Justin. - e ele estendeu a mão para cumprimentá-la. - Muito prazer, Valentine. 

- Pode me chamar de Tin - foi a vez dela de dar uma piscadela. 

Ela voltou para o balcão uns minutos depois se sentindo um pouquinho mais animada e até Sirius e Wren perceberam os olhares que Justin lhe lançava do outro lado do bar (e nem morta que ela ia voltar pra cozinha agora no meio do flerte)

- É o meu magnetismo animal - Tin deu de ombros, fingindo ser convencida.

Antes que ela voltasse para a cozinha (ela não podia fugir para sempre, afinal), Justin a interceptou:

- Escuta, Tin...eu te achei legal e...bem, posso pegar seu telefone? - ele esticou um pedaço de guardanapo e uma caneta para ela.

Tin ponderou por alguns minutos pensando se seria certo dar seu número para aquele ruivo fofo (e aparentemente mais novo que ela). Dando de ombros - o que ela tinha a perder? - ela pegou a caneta e rabiscou seu número rapidamente e o sorriso que Justin lhe lançou quando ela devolveu o guardanapo foi o suficiente para ela perceber que tinha feito a escolha certa.

- A gente se vê, Justin - ela sorriu e para seu total horror Elisa e Remus apareceram no momento em que ela tocava o braço de Justin. - Er...preciso ir. O dever me chama. Me liga!

As coisas iam bem com Elisa – devagar, mas bem. Depois de virar uma noite inteira conversando, Remus aos poucos foi se sentindo um pouco mais confortável com a ideia de tê-la novamente em sua vida.

Não havia dúvidas de que Elisa o machucara muito: quando ele mais precisava de alguém ao seu lado, ela foi embora. Mas aquilo não mudava o fato de que ele tinha sido muito feliz ao seu lado, e Remus desejava um pouquinho daquela felicidade de volta.

Talvez, ele pensava, com Lis ao seu lado, a vida se pareceria um pouco mais com o que ele vivia antes.

Assim, Elisa foi se fazendo presente – estava sempre no pub, e até mesmo se oferecia para ajudar na cozinha (coisa que ele sabia que ela detestava, e que o deixava um pouco mais esperançoso. Se ela estava disposta a fazer concessões, talvez - só talvez– eles dessem certo novamente como um casal).

O beijo com Valentine ainda o perturbava – vez ou outra ele se pegava pensando naquilo, e era com uma certa dor que o fazia.

Por um momento, logo quando ele recebeu a notícia de que poderia melhorar, ele achou que estava interessado pela sua assistente. Valentine era bonita, divertida, competente e, por vezes, era somente o jeito animado dela que o tirava da fossa nos piores dias.

Mas aí ela começou a sair com o Diggory, e ele percebeu que aquilo era uma loucura. Valentine era sua funcionária e era bonita, divertida e competente demais para se envolver com um paraplégico. Ela tinha todo um futuro pela frente, e ele estaria para sempre preso àquela cadeira.

O dia em que ele tentara levantar e caíra tinha sido definitivo. Tin estava bem com um homem saudável ao seu lado, e a Remus restava seguir com o próprio arremedo de vida. Fim.

(E então ela o beijara e ele se sentiu um lixo por somente despertar o afeto dela quando havia álcool demais envolvido).

Elisa, no entanto, o conhecia desde antes. Ela sabia que ele era mais que aquela cadeira de rodas, que ele podia ser melhor que aquele zumbi depressivo em que o último ano lhe tornara.

***

- Você gosta de homens mais novos, Tina? – Elisa perguntou com um risinho maldoso no rosto, e Remus franziu o cenho, seu olhar se esticando até o ruivo com quem Tin conversava.

Babaca, ele pensou, e sequer ouviu a resposta que Valentine deu à sua (ainda era esquisito chamar Elisa de namorada, mas que outro título haveria para ela?), somente depois que Tin os deixou sozinhos é que ele parou de analisar o rapaz em questão.

- Você não devia permitir que seus empregados paquerem no meio do expediente, Rem...

Remus piscou algumas vezes antes de responder.

- A Tin é uma boa funcionária, Lis. Não precisa pegar no pé dela.

(Se não estivesse mais uma vez prestando atenção demais nos próprios pensamentos, Remus teria notado a careta de desgostos que Elisa tentava esconder)

***

Harry não estava acostumado com uma terceira pessoa na cozinha do Irish Pub, de forma que ele não olhou para cima ao avistar um avental branco na sua frente. Sem a menor cerimônia – e sem se importar com suas mãos sujas do chocolate que Wren lhe dera – agarrou a mulher à sua frente em um abraço apertado.

- Tia Tin!!! Que saudade!

Tin estreitou os olhos com o comentário de Elisa. Por que ela não ia cuidar da própria vida?

- Eu gosto, Elise - e ela pronunciou o nome da outra errado de propósito - Eu uso eles nos meus rituais de sacrifício. 

E pedindo licença ela enfim se afastou. Ora, se aqueles dois podiam ficar se acariciando no local de trabalho ela também podia flertar por aí! Unf!

*****

Harry logo percebeu o erro que havia cometido quando a pessoa a sua frente se desvencilhou dele:

- Quem é você? - Elisa fez uma careta ao ver as marcas de chocolate em seu avental. Céus, quem era aquele pirralho? E por que havia uma criança naquele pub?

- Eu sou o Harry. – ele respondeu, meio tímido. A maneira como aquela loira alta torceu o nariz o fez se lembrar da tia Petúnia.

- Você não devia correr por aí, Harry - Elisa tratou de falar pausadamente, pra ver se ele entendia melhor - E devia lavar suas mãos.

Harry não sabia o que dizer:

- É que eu achei que você fosse a tia Tin... - ele balbuciou. A semelhança com tia Petúnia era demais e aquilo o intimidava.

Para sua sorte, Tin enfim apareceu na cozinha, a mão cheia de sacolas:

- Harry! - os olhos de Valentine brilharam ao ver o garotinho ali e ela correu para largar as compras na bancada - Quanto tempo que eu não te vejo!

- Tin! - Harry correu para abraçá-la e quando se afastou foi com horror que ele notou que também havia sujado as roupas dela de chocolate - M-me desculpa...eu...eu...devia ter lavado as mãos.

Tin soltou uma risada:

- O quê? - e só então ela viu as marcas de mão em seu avental - Ah...tem problema não, Harry. Isso aqui foi feito pra ser sujo.

E dando uma piscadela, ela completou:

- E eu posso limpar rapidinho daquele jeito mágico... - e os dois soltaram uma risadinha cúmplice. Harry se virou para cumprimentar Remus - aquela confusão com Elisa o havia distraído.

- Oi, tio Remus - ele falou, agora um pouco mais contido.  A loira alta ainda o analisava e ele decidiu, naquele momento, que quem quer que ela fosse ele decididamente não gostava dela.

____

Harry balançava as pernas enquanto tomava um refrigerante quando ele chamou Tin para lhe confessar um segredo:

- Eu não gosto dela. - Tin sabia, claro, que ele se referia à Elisa. Ao longo daquela tarde a namorada de Remus tinha dado um jeito de conquistar a antipatia do garotinho ao ralhar com ele sobre tudo que ele fazia (e ele também reparou no jeito que ela tratava a tia Tin)

Tin soltou uma risada. Crianças:

- Nem eu - ela piscou.

- Eu coloquei um sapo de chocolate na bolsa dela.

Tin largou a faca que usava para cortar as verduras ao escutar aquilo.

- Você o quê, Harry?

- Eu coloquei um sapo...ela merece, tia Tin! - ele tentou se defender e nunca antes ele tinha soado tanto como o filho de James Potter.

- Isso vai dar a maior confusão, Harry. - Valentine mordeu os lábios e naquele momento um grito se fez ouvir pela cozinha. Pelo jeito Elisa tinha achado o sapo. - Ai merda...digo, meleca! Eu vou lá ajudar ela... - ela suspirou - E você não saia daqui.

Tin saiu correndo e logo deu de cara com uma Elisa apavorada. A loira apontava para um canto do banheiro onde o sapo de chocolate estava. Tin respirou fundo e pegou o sapo com as mãos:

- Eu vou me livrar dele. - e ela foi para o lado de fora do bar. Remus que desse um jeito de acalmar a namorada.

Quando voltou para a cozinha, minutos depois, Harry ainda estava sentado no balcão e fitava o chão cabisbaixo:

Tin estava lavando as mãos quando a vozinha de Harry quebrou o silêncio:

- Você tá brava comigo?

Ela fechou o registro da água e o encarou, analisando-o. Bem, ele parecia arrependido...

- Claro que não, Harry - ela esticou o braço e bagunçou o cabelo dele - É que foi um desperdício de sapo de chocolate.

Os dois riram.

- Mas você tem que me prometer que não vai mais fazer isso. Tá? - ela esticou o dedo mindinho para eles selarem a promessa. Era melhor Harry ficar fora do caminho de Elisa, vai que aquela maluca fizesse algo?

Sirius interrompeu seu serviço para fumar um cigarro do lado de fora e também para se afastar do climão esquisito que se instalara no pub: Wren ainda estava muito brava com a presença de Elisa e, bem, ele não podia culpá-la. A loira alta e bonita tinha estragado totalmente a sintonia deles: Wren não falava com Remus. Remus não falava com Wren. Tin não era mais ela mesma. E ele e Lexie apenas observavam.
 
Não é que Elisa Roberts fosse mal educada ou algo do tipo, mas ele sabia muito bem que por trás dos sorrisos ela estava maquinando algum plano para continuar jogando os irmãos Lupin um contra o outro (a insistência dela em aparecer ali mesmo com a desaprovação de Wren era o suficiente para ele entender que ela não estava de brincadeira). E, merda, o tom de voz condescendente que ela usava para falar com todos que não fossem o namorado o fazia se lembrar da prima, Narcisa.
 
E aquilo era o suficiente para ele decidir que não ia com a cara dela até que ela provasse o contrário.
 
(e caramba, ele tinha certeza que Tin e Remus se gostavam)
 
Depois de dar a última tragada no cigarro ele entrou no pub novamente. A sua jaqueta de couro estava amarrada agora na sua cintura e ele nem se ligou que estava usando a camiseta de uma banda bruxa – The Hobglobins.
 
- The Hobglobin?- Lexie estreitou os olhos ao ver as letras estampadas no peito dele. – O que diabos é isso?
 
Sirius olhou para baixo e coçou a nuca. Meleca de trasgo...
 

- Er...é uma banda que eu tive na época da escola – era a melhor desculpa que ele podia dar (e ele tentou não ligar para a sensação de que já havia usado aquela desculpa antes)

Lexie agora o encarava como se estivesse vendo-o pela primeira vez:

- Cê tá bem, Lex? - ele franziu a testa, confuso.

- Ahn? - ela balançou a cabeça e sorriu - Eu tô bem sim, Sirius. Só lembrei de um negócio interessante... - e saiu, dando risada de alguma coisa.

Sirius deu de ombros - ele estava começando a se acostumar com o jeito aleatório de Lexie - e voltou a dar atenção aos seus afazeres.

- O que aconteceu, Lis? - Remus se aproximou de uma Elisa apavorada.

- Um sapo, Remus! Tinha um maldito sapo na minha bolsa!

Remus piscou algumas vezes, sem entender o que ela dizia.

- Um sapo? - sua voz era pausada, e por um instante, ele duvidou da sanidade dela.

- É, um sapo! - Elisa estava exasperada e passava as mãos repetidamente pelos cabelos - tinha essa caixa dizendo que era um chocolate, eu abri e aí saiu um sapo de dentro!

Uma luzinha de alerta se acendeu na mente de Remus, e a imagem clara de Tin agarrando um sapo no ar e entregando a Harry voltou-lhe à mente. À época, ele se convencera de que era uma alucinação causada pelos remédios, mas se Elisa via o mesmo que ele...

- Onde está a caixa?

- O-- o quê? - ela parecia não acreditar na pergunta dele.

- Onde está a caixa?

- Eu joguei fora... Remus, aquele moleque colocou um sapo na minha bolsa e você me pergunta pela caixa?!

Remus suspirou, lembrando-se de como Elisa costumava ficar irritada quando as coisas não aconteciam exatamente do jeito que ela queria.

- Você não sabe se foi o Harry, Lis...

- Hmpf! - ela bufou e cruzou os braços - é claro que foi aquele pestinha! Sua irmã e aquele padrinho dele deixam ele aprontar o que quer por aqui, e só porque eu tentei colocar limites nele, ele aprontou essa.

Remus negou com a cabeça, sem vontade de discutir.

- onde ele ia encontrar um sapo, Lis? Isso não faz o menor sentido...

- esses monstrinhos sempre arranjam um jeito, Rem! - Elisa fez um biquinho (o tipo de chantagem que sempre parecia funcionar com ele)

- Tudo bem, Lis... - ele respondeu, por fim - eu vou conversar com a Wren, ok?

- Obrigada, Rem - ela sorriu, satisfeita, e deu um selinho nele antes de sair.

Assim que Elisa se afastou, ele rolou sua cadeira até a lixeira mais próxima e a abriu. Uma embalagem hexagonal jazia no topo dos outros dejetos e, sem pensar duas vezes, ele a apanhou. O arroxeado da parte de fora parecia holográfico, e letras douradas informavam que se tratava de um "Sapo de chocolate". Uma ruguinha de interesse se fez visível em sua testa, e ele continuou a examinar a caixinha. Da parte de dentro, a imagem de um senhor barbudo com um chapéu pontudo combinando com uma espécie de vestido Azul-royal acenava para ele. Uma sobrancelha se ergueu, mas, antes que pudesse refletir sobre aquilo, Elisa o chamou e ele enfiou a embalagem no bolso, com pressa.

***

- Jones - ele chamou em um momento em que apenas ele e Tin estavam na cozinha - você sabe o que é isso?

Um pequeno susto tomou conta dele ao constatar que o senhor de barba branca não estava mais na caixa que ele esticava para Valentine, embora seu nome - Albus Dumbledore - continuasse lá.

Os olhos de Valentine se arregalaram quando ela viu a caixa de chocolate. Ah, não...
 
- Ahn...é uma caixa? - ela decidiu que se fazer de desentendida era uma boa tática, mas o olhar que Remus lhe lançou a fez engolir em seco.  Ela sabia que aquele dia suas desculpas esfarrapadas não funcionariam.

Ela respirou fundo. Bem...era melhor arriscar a verdade (ou parte dela):

-...Isso é chocolate. - ela encolheu os ombros, sem mais explicações - Escuta, Remus... o Harry só quis pregar uma peça inocente na Elisa. Acho que a luz do banheiro a fez ver coisas...- ela deu de ombros. - Mas se você quiser eu peço pra ele pedir desculpas pra ela.

--

Mais tarde, enquanto fritava batatas, ela ouviu Remus perguntar porque a imagem de Albus Dumbledore havia sumido - para total horror dela ele continuava fascinado pela caixa de sapo de chocolate:

- Você não acha que ele ia ficar o dia todo aí, né? - ela falou, distraidamente, enquanto lutava para não ser atingida pelo óleo quente.