Era melhor daquele jeito, ela tentava se convencer. As poucas interações com ele já tinham sido o suficiente para colocá-la em apuros, e a última coisa que ela queria era passar alguma parte do próximo verão trancafiada no sótão de casa (o castigo favorito de seus pais).
O único problema – que fazia com que ela sempre avaliasse a possibilidade de puxa assunto com ele - é que, sempre que ia dormir após as aulas com o lufano, sua mente insistia em incluí-lo em algum de seus sonhos. Da última vez, o castelo inteiro tinha cabelos azul-turquesa.
Mas, não. Não fazia sentido perder tempo com um lufano.
O plano de Imogen de ignorá-lo ia de vento em polpa até aquela noite de sexta-feira, quando o professor pediu para conversar com os dois ao final da aula.
- Faz algum tempo que eu venho notando um desnível no trabalho de vocês – o sr. Armstrong devolveu o relatório da última semana, quando a sala já estava vazia – Srta. Greengrass, sua melhora na minha disciplina é sensível, mas é perceptível que vocês estão dividindo as tarefas, em vez de trabalharem juntos.
Imogen ajustou a alça da mochila no ombro.
- Nós estamos cumprindo todas as suas instruções, professor – ela mentiu. Não era culpa dela se Smith tinha um complexo de herói e comprava brigas que não pertenciam a ele, afinal.
O professor riu sob a respiração, e sacudiu a cabeça negativamente.
- Você é mais fácil de ler do que pensa, Imogen. Eu sei que vocês não estão trabalhando juntos – o Sr. Armstrong encarou os dois seriamente, como se esperasse que os adolescentes mentissem mais um pouco – se os trabalhos de vocês não transparecerem mais sincronia, os dois vão perder na minha matéria.
Imogen fez menção de protestar, mas o professor a calou com um aceno da mão.
- Nessa caixinha – ele empurrou sobre a mesa o que parecia ser uma caixinha de jóias, roxa e dourada e com uma série de entalhes em formato de planetas, satélites e estrelas cadentes – há uma série de papeizinhos, cada um com uma atividade diferente. Eu quero que vocês sorteiem um papel, cada um de uma vez, e cumpram todas as demandas até domingo à noite.
Imogen cruzou os braços e estreitou os olhos para o professor. Nem pelo próprio Salazar ela iria compartilhar “atividades” com Ted. E que tipo de atividades eram aquelas, afinal de contas.
- Vocês podem fazer o que eu digo, ou eu posso simplesmente determinar uma detenção pelo incidente no Salão Principal envolvendo a Srta. Christine Martin.
Com um sorriso mecânico no rosto, Imogen puxou um pedaço de pergaminho de dentro da caixinha.
- Vocês devem ficar amarrados por uma corda por 12 horas – ela leu, as sobrancelhas se franzindo de estranhamento.
O professor segurou o riso (a verdade é que ele se divertia com a ideia de fazer algum aluno sonserino passar por um tipo qualquer de provação).
- Vocês podem começar amanhã de manhã. Não se esqueçam de dar conta de todos os bilhetes, sim?
***
Aquela noite, Imogen quase não conseguira dormir, a ideia de passar o fim de semana inteiro com Ted a atormentando. Por Salazar! Na manhã seguinte, assim que o lufano apareceu no Salão Principal, ela se levantou da mesa da Sonserina, deixando seu café-da-manhã quase intocado e um Regulus que se divertia às custas do castigo dela; e foi até ele, pousando ruidosamente um pedaço de corda no tampo da mesa.
- Quanto antes a gente começar com isso, antes a gente termina – ela olhava fixamente para os olhos castanhos do menino, ignorando os olhares curiosos dos outros lufanos.