por Admin Sáb Abr 30, 2016 3:38 pm
Depois daquela mudança súbita no clima da conversa, Imogen e Ted ficaram algum tempo em silêncio – a menina ensaiou um pedido de desculpas por ter mencionado os pais dele, mas a voz sempre ficava presa na garganta, de modo que o silêncio foi o melhor que ela conseguiu fazer.
Depois de um tempo, Ted começou a apontar as estrelas e planetas visíveis a olho nu no céu, e ambos compartilharam breves anedotas sobre a vida em Hogwarts ou sobre hobbies e outras coisas leves. Por algum motivo, Imogen se sentia confortável na companhia de Ted, e sequer percebera que horas haviam se passado desde que chegaram ali.
Enquanto ele contava uma história sobre Hugo e Rose - ou era Louis e Dominique? Merlin, o menino tinha primos de mais... -, Imogen se aninhou contra o tronco da frondosa árvore, sentindo os efeitos da hora avançada em forma de sono e de frio. Fred e Molly estavam jogando quadribol no jardim quando o vô Arthur...
Imogen se revirou, resmungando. Não era possível que alguém tivesse aberto o cortinado de sua cama sem a sua autorização. Então, por que a luz fria a estava incomodando tanto?
Somente quando abriu os olhos, ainda meio atordoada, foi que a garota se deu conta de que não estava deitada em sua cama fofinha no dormitório feminino. Havia caído no sono nos jardins da escola. Por Salazar!
O cabelo azul de Ted chamou sua atenção pelo canto do olho, e só então ela percebeu que vinha usando o ombro do rapaz como travesseiro, e que a capa com o emblema da Lufa-lufa estava servindo de cobertor a ambos.
Imogen passou a mão nos cabelos, tentando organizar os pensamentos. Merlin, como ela pôde deixar aquilo acontecer? Os ponteiros dourados do seu relógio marcavam vinte e cinco minutos para as sete. Se se apressasse, talvez chegasse ao dormitório antes das colegas acordarem. Se alguém descobrisse aquilo, ela estava morta.
Antes de sequer pensar em acordar o lufano, ela saiu correndo dali, torcendo para que sua aparência não estivesse tão ruim assim, e para que ninguém estivesse acordado na Sonserina.
Assim que abriu a porta do dormitório, seu olhar encontrou com Narcisa Black, penteando os longos cabelos loiros em frente à penteadeira.
- Imogen! – a garota virou no banquinho, os olhos azuis desdenhosos medindo-a de cima a baixo – por onde você andou? Nós ficamos mortas de preocupação quando nem você nem o lufano voltaram para a aula...
A ruiva engoliu em seco, tentando pensar rapidamente. Há muito aprendera que Narcisa era mais ardilosa que uma cobra, e sabia que a loira devia ter algumas teorias nada lisonjeiras sobre o paradeiro dela.
- Eu estava na enfermaria, Narcisa. Seu primo espalhou alguma coisa infecciosa e Madame Pomfrey não queria que eu saísse de lá antes de ter certeza que eu não tinha sido contagiada.
Narcisa pareceu tomar um instante para avaliar se o que a colega de quarto dizia era verdade.
- E o lufano, ficou lá com você?
- Você fala como se eu me importasse com o que alguém como ele faz ou deixa de fazer, Cissy – sem descer da pose, Imogen começou a se movimentar pelo quarto. Merlin, ela precisava de um banho...
- Suponho que Madame Pomfrey confirmaria sua história? Tenho certeza de que seus pais ficariam preocupados demais se a enfermeira te tivesse perdido de vista justo em um momento de saúde tão fragilizada, Immy...
Ao ouvir a menção aos pais, Imogen travou no meio do quarto, os calcanhares girando de forma que ela pudesse encarar a “amiga”.
- Suponho que você tenha algum motivo para duvidar de mim, Cissy? – Como Narcisa não respondera, o semblante desafiador logo deu espaço a um sorrisinho de canto de boca – Lembre-se de que eu já fui sua amiga, Narcisa. Sei de coisas sobre você que fariam com que Druella e Cygnus perdessem o sono até o fim dos tempos. Tome mais cuidado ao fazer insinuações infundadas, sim?
Com um “Humpf”, Narcisa jogo os cabelo sobre os ombros, voltando-se novamente para o espelho.
- Como quiser, Imogen – por mais uma vez as cerdas atravessaram os fios sedosos antes que a loira erguesse os olhos e encarasse Imogen pelo reflexo do espelho – Nós fizemos a gentileza de trazer as mochilas de vocês. Talvez você possa devolver ao seu amiguinho.
Imogen revirou os olhos e foi até a própria cama, onde a bolsa dela se juntava à mochila meio surrada e cheia de bottons de Ted, pela primeira vez se dando conta de que o deixara sozinho nos jardins.
O barulho da porta batendo anunciou a ida de Narcisa para o chuveiro, e Imogen fechou o cortinado verde-esmeralda que rodeava a sua cama. Precisava de algumas horas de sono para se recuperar da noite desconfortável e das ameaças veladas da ex-amiga. Isso. Algumas horas de sono deveriam ser o suficiente.