por Admin Qua Jun 15, 2016 1:48 am
A verdade é que Becca não estava afim de outro almoço em família com Sirius. Se já era ruim ter que disfarçar o clima estranho entre eles – por Morgana, sua família era tão enxerida! - era pior ainda ter que ouvir sua mãe inquirindo-o sobre a “namoradinha” e dizendo-lhe que ele precisava apresentá-la a ele qualquer dia desses. Tentando evitar ao máximo aquela tortura, ela aceitou o convite de Lucas para almoçarem no Três Vassouras.
Lucas era um garoto legal – interessado tanto em música trouxa quanto em música bruxa, com um bom senso de humor... -, mas alguma coisa não parecia correta quando eles estavam juntos. Era como se... não houvesse aquela pontinha de emoção, aquela pitada de desconhecido, ou mesmo aquela pincelada de competição... que ela sentia com Sirius.
- Você precisa terminar com ele – Acantha opinou em tom definitivo.
- Mas eu não posso... – As duas saíam do café da manhã em direção à aula de poções, ligeiramente atrasadas. – Ele é tão bonzinho...
- Não é dele que você gosta!
- Shhh! – Becca se apressou a silenciar a amiga, uma vez que Rita Skeeter passava bem na hora.
Skeeter era reconhecidamente a mais fofoqueira de toda a escola, e Becca e ela não tinham exatamente um passado amigável. Se a corvinal imagina aquilo...
Pensar na possibilidade de Lucas descobrir daquele jeito que ela pensava em terminar com ele a deixou ansiosa. Isso e os 5 pontos que perdera por se apresentar atrasada à sala deu aula foram o suficiente para que ela não conseguisse se concentrar na poção do dia.
Um dedo cortado, um pulso queimado, e uma poção mediada foram seguidos de um sermão sem fim do professor Slughorn – mais um trabalho desajeitado como aquele e Rebecca precisaria largar a disciplina.
As aulas seguintes não foram melhores: McGonagall lhe tirara pontos por uma mancha enorme no uniforme (quando aquilo acontecera? Ela não se lembrava de ter derrubado nada), e Flitwick deduzira mais alguns porque o trabalho que ela deveria entregar naquela manhã simplesmente não estava em sua mochila ( ela podia jurar que o colocara ali!).
No topo de toda aquela frustração, Rebecca estava sentindo cólicas e uma dor de cabeça que não ia embora de jeito nenhum. Quando FIlch lhe deu uma detenção por uma peça pregada por Pirraça, logo antes do jantar, ela deu o dia por encerrado e foi se enfiar embaixo das cobertas (dezembro já avançava e o frio se espalhava pelos corredores de pedra).
Antes que percebesse, Becca tinha caído em um sono profundo, permeado por sonhos agitados. Quando acordou, horas depois, podia ouvir as colegas de quarto conversando atrás do dossel de sua cama.
-... Droga! – Ela ouviu Lily dizer – acho que eu derrubei café no livro da Becca
(Ok, tudo bem, era só o que faltava naquele dia, mesmo)
- É só que... ele é incrível! – Dorcas riu, e imediatamente Rebecca soube de quem ela falava.
- É bom te ver feliz, Dor... – Marlene comentou.
- Eu sei, certo! – a risada animada de Meadowes fez com que Becca girasse os olhos – E ele disse que quer me apresentar aos Montgomery!
- Os pais da Rebecca?
- uhumn! Sirius disse que eles são o mais próximo que ele tem de família, e nós vamos almoçar lá na próxima ida a Hogsmead!
(Ótimo. Maravilhoso. Mais um mês sem ver a família. Mas que meleca!)
- Uau! Se eles são como família, é um grande acontecimento...
- Eu sei... Na verdade eu pretendo que o dia fique marcado por um outro grande acontecimento...
O tom maldoso na voz de Dorcas fez com que Rebecca se sentasse imediatamente e apurasse os ouvidos.
- Você não está pensando em....?
- Exatamente! – Dorcas riu mais uma vez – Esperar mais de quatro meses seria uma loucura, eu mal posso me conter! Achei que seria romântico no nosso aniversário...
O coração batia tão forte no peito de Rebecca que não havia dúvidas de que suas colegas conseguiam ouvir aquela sinfonia de tambores selvagens.
- Como você pretende fazer isso?
- Eu aluguei um quarto no Três Vassouras e...
Rebecca não ouviu o resto, parte porque seus ouvidos zuniam e parte porque ela saíra do quarto na velocidade de um raio, sem se importar em calçar os chinelos, domar o cabelo ou mesmo trocar de roupa.
Todas as cabeças no salão comunal se viraram quando ela fez uma rápida pausa, olhando de uma lado para o outro e, não tendo encontrado o que pretendia, partiu em direção aos dormitórios masculinos.
Foi por um milésimo de segundo que Becca não pegou Peter Pettigrew pelado. A porta do quarto deles se escancarou de uma só vez, revelando uma Rebecca com orelhas e bochechas vermelhas, peito arfante e um olhar colérico.
Ela caminhou – voou seria o termo mais correto – até Sirius, e começou a descarregar uma série de tapas e socos no peito do rapaz.
- Merlin, eu te odeio!
Toda a frustração acumulada – do dia e dos últimos meses – se condensou na forma de lágrimas que a cegavam mais que a raiva que sentia.