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Ah, vocês sabem <3


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Sarah Nipps
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    Sarah Nipps
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    Mensagem por Sarah Nipps Ter Out 20, 2015 11:08 pm

    As palavras de Sirius a atingiram como um soco. A garota ficou literalmente sem ar por meio segundo e, sentindo o peso daquelas palavras, ela voltou a esfregar o chão, com mais força que o necessário.

    “Egoísta, grosseiro, arrogante...” Enquanto ela tentava alimentar sua raiva de Sirius, um buraco parecia se abrir mais e mais em seu peito. Embora estivesse sempre mascarando seus sentimentos, a verdade é que Sarah se sentia extremamente sozinha, desde o momento em que entrara no trem para Hogwarts e suas amigas a tinham trocado por três garotos quaisquer. E agora isso parecia ter acontecido há tanto tempo... Só agora ela se tocava de que Sirius Black tinha sido o único capaz de aplacar essa sua sensação. Emma e Abby ajudavam, é claro, mas ao contrário delas, com ele ela não se sentia como se precisasse ultrapassar alguma diferença. Era... fácil.

    Bem, obviamente ela se enganara.

    Sarah passou o resto da noite em silêncio, forçando sua mente a pensar em qualquer coisa que a ajudasse a segurar as lágrimas que insistiam em se apresentar vez ou outra.

    As detenções de sábado e domingo foram igualmente silenciosas – e um pouco menos penosas para a garota porque ela fora capaz de substituir seu ressentimento por uma boa dose de raiva. No fim das contas, era melhor, certo? O que ela imaginou? Que viraria melhor amiga de Sirius Black? Aquilo era ridículo, e o que ela precisava era voltar para casa.

    Na segunda à tarde a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas havia  sido cancelada, e Sarah ocupava uma pequena mesa no canto do salão comunal, um enorme livro sobre vira-tempos à sua frente. Por mais que ela tentasse se concentrar, não era um trabalho fácil. Se não bastasse o barulho de pessoas felizes ao seu redor, o livro era basicamente uma coletânea do que ela já lera antes – ou seja, lhe era inútil. Quando estava quase desistindo, sentiu alguém se aproximar dela. Seu coração acelerou um pouco de ansiedade, mas a voz aguda de Peter Pettigrew funcionou como um balde de água fria.

    - Oi, Sarah!

    Ela suspirou, os olhos fechados, tentando reunir qualquer resquício de boa vontade que a fizesse ser simpática com ele. Porque diabos Peter estava sempre por perto? Sem encará-lo, rabiscando um garrancho qualquer no pergaminho à sua frente, ela tentou emular alguma animação.

    - Ei, Pettigrew...

    Peter pigarreou, claramente tomando coragem para falar algo. Merlin, como ele a irritava.

    - Eu, er... Nós.. nós achamos seu pufoso no dormitório. Não sei como ele foi parar lá – com uma tentativa de sorriso, ele deu de ombros.

    - Oh... – Ela finalmente o encarou, pegando Mira das mãos do rapaz – Obrigada.

    -P-por nada... O que você está lendo? – Ele se inclinou para ler as páginas do livro aberto, ao que Sarah reagiu imediatamente, jogando os braços por cima.

    - História da Magia – ela sorriu amarelo – Tenho bastante coisa atrasada para fazer – ela tomou o cuidado de alongar as sílabas do advérbio, numa tentativa de dizê-lo para deixa-la sozinha. Funcionou:

    - Er, bem... Não vou te atrapalhar. A gente se fala. Bom trabalho! – Peter se virou e foi em direção aos marotos. Sarah o observou se afastar e, por um breve momento, seu olhar cruzou com o de Sirius (abraçado com Marlene), mas a garota fez questão de desviar rapidamente, fazendo carinho na sua bolinha rosa de pelos – que parecia fugir dela todo o tempo.

    ******

    A terça-feira era um ótimo dia, principalmente porque Sarah só tinha uma aula com os Marotos. É claro que, porque a vida nunca pode ser fácil demais, os quatro rapazes estavam reunidos à porta da sala quando ela chegou. Passando por eles de cabeça baixa, a garota se juntou aos demais alunos que estavam de fato adentrando a sala de aula e xingou mentalmente quando alguém se esbarrou nela.

    O professor Flitwick não demorou para se apresentar, e foi só então que Sarah começou a tirar seu material de dentro da mochila. Entre o livro de feitiços e o pequeno estoque de pergaminhos, ela apalpou algo que não reconheceu. Parecia uma pequena embalagem com algo... fofo dentro. Puxando o objeto desconhecido para fora de sua bolsa, ela reconheceu ser um bolinho de caldeirão, com um pedaço de pergaminho colado magicamente ao embrulho.


    Tarde demais para pedir desculpas?
    S.B.


    Assim que ela leu o bilhete, sentiu o coração acelerar um pouco e, instintivamente, girou a cabeça para o local onde sabia que Sirius estava, e seus olhares se cruzaram uma vez mais. Sarah piscou algumas vezes, confusa sobre o que estava sentindo, e, com um suspiro, voltou a sua atenção para o pequeno professor. O que Sirius esperava dela, afinal de contas?

    A garota não conseguiu prestar atenção em uma palavra daquela aula. Tinha deixado o bolinho num canto de sua mesa, e volta e meia olhava para ele, perdida em infinitas ondas de ressentimento, orgulho e chateação. Quando Flitwick finalmente os liberou, ela jogou seu material de qualquer jeito na mochila, querendo sair dali o quanto antes. O bolinho permaneceu no canto da mesa que a garota ocupou, mesmo depois de ela já ter virado o corredor do lado de fora.


    ***

    Por causa da semana de detenções, Abby, Emma e Sarah decidiram se encontrar também na sexta-feira. Precisavam correr atrás do tempo perdido nas pesquisas, e ninguém mais que Sarah adoraria poder voltar para casa agora. Por alguma ironia do destino, naquela noite Emma estava atrasada. Abby e Sarah trabalhavam em silêncio, quando a lufana quebrou o silêncio:

    - Ok, o que tem de errado com você?

    Sarah apenas a encarou com uma expressão de dúvida no rosto.

    - Você passou a semana toda murcha, e... Você não é assim. Quer dizer, você é reservada, mas você sempre faz alguma piada sarcástica para manter distância. Daí de repente você me para no corredor dizendo que quer muito voltar para casa e que apreciaria bastante se eu ajudasse, e fica aí, toda... Xoxa! Parecendo até uma Mandrágora sem voz. Você não é assim, Sarah!

    A morena deu de ombros antes de começar a balbuciar uma resposta, fitando o livro à sua frente.

    -Eu... ahmn... Sirius Black. Ele me disse algo e, bem, isso me chateou.  

    Abby se manteve em silêncio e, depois de um tempo, Sarah levantou o olhar, percebendo que a outra a encarava.

    - Quê?

    - Tô esperando você terminar de contar a história! Alguém te fala alguma coisa e você se chateia esse tanto? Me conta tudo, vai. Do começo.

    Com um suspiro, Sarah começou a contar como Sirius a abandonara na detenção, como ela ficara chateada e, ao confrontá-lo, ele tinha conseguido magoá-la sem sequer se esforçar para isso. Abby a ouviu em silêncio e, depois que Sarah terminou de falar, ela permaneceu assim por mais um tempo. Quando a grifinória já tinha voltado a ler o livro, Abby quebrou o silêncio novamente.

    - Sarah... Se eu te contar uma coisa... Você promete guardar segredo? – Sarah levantou o olhar, curiosa e acenou afirmativamente. A lufana continuou – Eu... Eu sei porque o Sirius fugiu da detenção. Mas você precisa prometer segredo.

    - Abby, eu tenho certeza de que ele só faltou para se agarrar com a Marlene, e...

    - Não! Não tem nada a ver com isso. Jura que não conta para ninguém?

    Sarah suspirou, impaciente.

    - Juro, já disse. Você vai contar ou não?

    Abby mordeu o lábio inferior, a dúvida estampada em sua face.

    - Semana passada, foi... Foi lua cheia. O Sirius... ele precisava ajudar o Remus.

    - O Remus? Hã? Do que você? Tá falando?!

    - Sarah, o Remus... O Remus é um Lobisomem. E você precisa me prometer que não vai contar isso para ninguém. Mesmo. O Remus é um lobisomem e os marotos são animagos clandestinos. Eles fogem toda lua cheia para fazer companhia ao Remus. Por isso os apelidos – Aluado, Almofadinhas, Pontas e Rabicho.

    Sarah encarou Abby durante um tempo, tentando absorver o que ela lhe falava. “Meu amigo precisava mais de mim do que um banheiro imundo!” a voz de Sirius ecoou em sua cabeça. “Eu tive que resolver um negócio urgente”. “Tarde demais para pedir desculpas?”. A garota sentiu o corpo escorregar pela cadeira.

    - Eu preciso pedir desculpas – ela murmurou, falando mais para si que para Abby.

    - Sarah, por favor, ninguém pode saber do Remus, sim? E se você falar pro Sirius que sabe, eles vão saber que fui eu que contei e...

    Sarah balançou a cabeça para os lados.

    - Não precisa se preocupar, Abby.

    Então Sirius não abandonara por qualquer motivo tolo que ela imaginara. Ele tinha um motivo, um motivo perfeitamente razoável. E ele ainda tentara se desculpar. Merlin! – A garota sentia seu estômago se embrulhando com toda aquela informação, e a vontade de sair correndo dali era quase maior que ela. Mas ela tinha um compromisso, e ela precisava terminar sua reunião com Abby – Amanhã. Na primeira oportunidade. Ela precisava se desculpar.

    ******

    Sarah demorou para dormir na noite de sexta e, consequentemente, acordou tarde no sábado. Com sorte, ela teria meia-hora para se arrumar e comer se quisesse assistir o começo do jogo. Enquanto vestia meio sem jeito a primeira blusa vermelha que encontrara em seu armário, a garota não pôde deixar de sentir uma pontada de decepção por não conseguir falar com Sirius antes da partida. Bem, talvez fosse para o melhor. Depois do jogo. Sem falta.

    Sarah encontrou com Emma e a loira a convencera a apostar no resultado do jogo. Antes do fim da manhã, a grifinória se arrependeria de ter topado a aposta – Regulus Black se mostrara um dos melhores apanhadores que ela já tivera a chance de ver, e os balaços lançados por Rodolphus e Rabastan lestrange eram tão bons quanto eram ruins o goleiro e um dos artilheiros da Grifinória. Sonserina ganhou com uma diferença enorme na pontuação. O time dourado e vermelho seguiu em silêncio direto para a torre no sétimo andar, numa espécie de procissão fúnebre, e mais uma vez Sarah não conseguiu falar com Sirius.
    Quando a garota chegou ao seu salão comunal, não havia ninguém do time por ali, e os demais alunos pareciam ter arranjado algo melhor para fazer. Dois monitores retiravam as decorações com acenos da varinha - nada mais impactante para o espírito estudantil que uma derrota lavada.

    Se esgueirando, Sarah subiu na ala masculina dos dormitórios. Sabia que não sossegaria enquanto não conseguisse falar com Sirius, então, que mal havia em arriscar? Bateu timidamente na porta do dormitório que julgou ser deles, e ouviu James dizer, abafadamente “Vai embora!”. Insistiu mais uma vez, e ouviu passos. James abriu a porta, a cara emburrada.

    - Austrália?

    A menina sorriu meio sem graça (Péééssima ideia vir ao dormitório masculino)

    -Er, oi, Potter! O... Sirius está?

    James apertou os olhos, desconfiado, e deu um passo para trás, abrindo espaço para a garota.

    - Ele está no banho. Você pode esperar se quiser – Sarah acenou e entrou, sentando na cadeira mais próxima à porta. James se jogou na cama que a garota supôs ser dele, e o único barulho que se ouviu era o chuveiro ligado no banheiro. Depois do que pareceu ser uma eternidade, ela quebrou o silêncio.

    - Sabe... não foi sua culpa – James levantou uma sobrancelha e a encarou, desconfiado – o jogo. Black realmente se destacou. E você não está com o melhor time montado – James se sentou na cama, o cenho franzindo, e Sarah continuou – Vocês jogaram bem, de verdade. Mas seu apanhador é muito grande. Precisa ser alguém que ofereça menos resistência ao ar, para ser mais rápido. E pelo próprio Pomo de Ouro, onde diabos estava a cabeça do seu goleiro?

    Antes que James pudesse responder algo, a porta do banheiro abriu e, junto com o vapor da água quente, saiu por ela também Sirius, o peito nu ainda molhado, e os quadris cobertos por uma toalha bordô. Sarah engoliu em seco com a visão do rapaz. Aquilo definitivamente não era como ela tinha imaginado que seria.

    - Cooper? – ele usava uma segunda toalha para secar os cabelos. Sarah prendeu a respiração por um momento enquanto seu olhar acompanhava a flexão dos braços dele – O que você está fazendo aqui?
    Sarah se levantou num pulo, saindo do transe momentâneo que ele lhe causara.

    - Eu... preciso falar com você – ele apertou os olhos, como que medindo-a, antes de responder.

    - Pode esperar eu me vestir?

    Sarah fez que sim com a cabeça. Ela se abraçava com um dos braços, e permaneceu assim até que Sirius arregalou os olhos para ela.

    - Ah, claro! Eu... te espero aqui fora – saindo rapidamente e fechando a porta atrás de si, ela soltou um longo suspiro. ”Péssima, péssima ideia!”

    Não demorou muito e Sirius saiu pela mesma porta, já vestido.

    - James vai precisar se vestir em breve, então é melhor conversarmos aqui.

    Sarah fez que sim com a cabeça, e começou a procurar as palavras que ensaiara na noite anterior.

    - Eu... – Ela não conseguia encará-lo, então toda vez que levantava o olhar para seu rosto, o desviava rapidamente – Eu queria te pedir desculpas. Eu não devia ter sido tão dura com você. Eu fiquei chateada, e eu menti pro Filch por sua causa... Eu odeio mentir... E eu não precisava te chamar de egoísta, arrogante e otário...

    - Você não me chamou dessas coisas...

    Sarah fez uma careta constrangida. Pensara tanto naqueles predicativos que jurava que os tinha dito em voz alta.

    -... E eu não devia ter ignorado o seu bolinho, também. Então... Me desculpe – antes que Sirius respondesse, ela puxou do bolso (expandido magicamente) um bolinho de caldeirão e ofereceu para ele – Espero que não seja muito tarde para me desculpar...

    Sarah o olhava, a ansiedade tanta que ela sentia o coração batendo na ponta dos dedos.
    Remus Lupin
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    Mensagem por Remus Lupin Qua Out 21, 2015 8:11 pm

    Remus sentiu o medo correr em seu corpo, quase tanto quanto os efeitos de sua última transformação. Um gosto amargo surgiu em sua boca, e de repente, seu sonho parecia uma grande peça do universo: uma premonição do que estava para acontecer naquele exato momento. Quando Abby quebrou o silêncio e se aproximou dele, cuidando de seus machucados como se fossem arranhões quaisquer, a presença da menina passou a ser reconfortante, em lugar de aterrorizante.

    O toque suave de suas mãos, a forma como ela falava sem parar e até mesmo o sabor horrível da poção cicatrizante eram reconfortantes. Mas o que fez o coração de Remus realmente se tranquilizar e uma pequena onda de felicidade o atingir foi quando ela o beijou suavemente, se despedindo.

    ” - Até quando você voltar.”, ela tinha dito, e o rapaz não via a hora de voltar.

    *****

    A semana seguinte não seria das mais fáceis, mas, comparada com a anterior, o grifinório sabia que seria como uma volta no Beco Diagonal. Precisava dar conta da matéria atrasada ( e, apesar da boa vontade dos amigos, era quase impossível desvendar os garranchos apressados de James, Sirius ou Peter – isso é uma mancha de chocolate no pergaminho do Pete?), das atividades de monitoria, da tutoria... Ainda assim, naquela segunda-feira, ele descobriu qual seria a primeira aula de Abby e esperou por ela do lado de fora da porta. Quando a garota apareceu, ele acenou para um canto do corredor, um pouco mais afastado do movimento constante dos outros alunos.

    - Olá, enfermeira! – Aquilo soou bem mais superficial do que ele imaginara (provavelmente apenas James ou Sirius seriam capazes de emplacar uma fala como aquela), mas o sorriso no rosto da garota recompensou a tentativa.

    - Ei... Você está melhor!

    Remus sorriu e acenou afirmativamente, logo tentando alcançar algo em sua mochila.

    - Aqui – ele estendeu uma caixinha pentagonal, parecida com a de sapos de chocolate, mas com cores mais quentes – eu trouxe isso para você.

    Abby abriu a caixinha, em que um botão de rosa de chocolate se abria magicamente, dando a forma da flor a um bombom.
    - É para agradecer – ele continuou – por você ter cuidado de mim...

    A garota sorriu e lançou os braços ao redor do pescoço dele. Remus retribuiu o abraço, e o perfume que emanava dos cabelos recém-lavados de Abby fizeram com que ele sentisse vontade de beijá-la ali mesmo, mas eles foram interrompidos por um pigarro.

    - Acredito que a senhorita não gostaria de se atrasar para a minha aula, senhorita Stinson – Horace Slughorn os encarava com uma expressão siginificativa, esperando que a garota o acompanhasse.

    Abby olhou de Slughorn para Remus.

    - Te vejo mais tarde – se apoiando no braço de Remus, ela ficou na ponta dos pés e depositou um beijinho em sua bochecha, ela se afastou, acompanhando o professor.

    Remus a seguiu com o olhar e tão logo ela saiu de seu campo de visão, ele girou nos calcanhares e começou a assoviar distraidamente, enquanto saía das masmorras. Era a primeira vez em sete anos que ele não se importava de estar atrasado para uma aula.

    *****

    Naquela quarta-feira, Remus e Peter estudavam juntos no salão comunal, o primeiro entretido com um ensaio para Defesa Contra as Artes das Trevas, e o segundo tentando acertar um feitiço que deveria transformar um cálice em uma taça, mas que não parecia estar funcionando muito bem.

    - A McGonnagal vai me matar... – choramingou Peter, largando o corpo na cadeira. Remus riu.

    - Rabicho, você precisa fazer as coisas com mais vontade. Não é um feitiço tão difícil assim...

    Peter deu de ombros.

    - Ela já vai me matar mesmo, porque eu ainda não entreguei minha ficha para o aconselhamento profissional...

    O olhar de Remus se perdeu pelo salão comunal. Aconselhamento profissional. Com tanta coisa na cabeça, ele acabou esquecendo daquilo. Sentiu a chateação crescer dentro de si.

    - Você já pensou em que carreira vai escolher? – Peter o encarava com seus pequenos olhos ansiosos. Aluado fez que não com a cabeça, pousando a pena com um suspiro.

    - Não importa, não é? Ninguém... Ninguém me daria emprego.

    Peter até ensaiou contra-argumentar, mas James e Sirius passavam pelo retrato da mulher gorda, as vestes de treino sujas, as vassouras embaixo do braço, e o capitão gesticulando raivosamente.

    -... focar, Sirius! Eu já te disse isso antes! O Balaço quase te derrubou hoje e...

    A atenção de Remus logo se desviou dos amigos, e ele se pegou fitando a Lua Minguante através das grandes janelas do Salão Comunal, a cabeça ainda na conversa com Peter. Por mais que Remus quisesse muito levar uma vida normal – tão normal quanto aparentava naqueles anos de Hogwarts – ele sabia que, uma vez formado, ele jamais conseguiria viver como alguém normal. Emprego, casa, família... Nada disso era para ele, nada disso era para um Lobisomem. Ele sabia que estava fadado a uma vida de pobreza e solidão.

    O peso daqueles pensamentos se abateu sobre ele. Solidão. Era aquilo o que o aguardava.

    Sua mente vagou até Abby. Seu sorriso, seu abraço, seu perfume... E a ideia de infligir à garota o mesmo destino que sua mãe enfrentara – Merlin, como sua licantropia a desgastara – lhe causou um calafrio. Onde estava com a cabeça? Precisava se afastar de Abby. Precisava preservá-la. Não podia obriga-la àquilo.

    *****

    O plano de evitar Abby funcionou até o sábado de manhã, quando aparentemente todos os alunos da escola se reuniram nas arquibancadas do campo de Quadribol para assistir ao clássico Grifinória x Sonserina.
    Abby Lovegood Scamander
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    Mensagem por Abby Lovegood Scamander Qui Out 22, 2015 8:56 am

    Sábado pela manhã, Abby se levantou da mesa da Luffa Lufa com Pandora. As duas já estavam arrumadas para seguir para o campo de Quadribol, assistir a partida entre Grifinória e Sonserina. Abby nem gostava tanto assim do esporte, mas essa partida era um clássico na escola, sempre fora, com os dois times se revezando entre os campeões, pelo menos em sua época, em que as outras duas casas não tinham times fortes.
    Olhou pra mesa da Grifinória, já quase vazia àquela hora. Tinha uma sensação muito forte, que Remus a estava evitando. Após o encontro deles pré aula de poções dela, não conseguira vê-lo em lugar algum que não fosse justamente o salão de refeições, isso na hora do jantar.
    Ou ele não estava comendo as outras refeições, ou ele estava chegando cedo e saindo antes que ela chegasse.
    Isso a estava deixando extremamente desanimada. Não devia ser por causa daquele selinho que dera nele, pois ele a havia procurado após aquilo. Algo deveria ter acontecido para que ele sumisse até das aulas que dava a ela, sem dar a menor explicação.
    Pandora falava animadamente, até que percebeu que ela não prestava atenção à conversa.
    - O que houve, Stinson? Você anda mais jururu que eu, após levar o fora do Snape. Com a diferença que vc não está chorando.
    - Não é nada não...
    - Ah, que é alguma coisa, é! Você não é assim! Está sempre com o astral em cima, achando coisas boas até onde não tem! Aliás, uma mania irritante que você e o Lovegood tem!
    - Por acaso eu ouvi meu nome por aí? - disse Xeno, se aproximando, com seu amigo Davis.
    - Era só o que me faltava... já não basta aturar você na detenção, tenho de aturar aqui também? Você foi chamado na conversa?
    - De certo modo! Se você ouve alguma pessoa falar de você, não ficaria curiosa?
    Os dois começaram a debater, e Abby ficou olhando aquilo, absorta em ver como o avô e a avó interagiam.
    - Parece que esqueceram que estamos aqui, não?
    Ela virou-se para o rapaz a seu lado.
    - Matthews Davis, a seu dispor. - ele esticou a mão.
    - Abigail Stinson.
    - Eu sei. Xeno fala muito de você. Mas ainda não tínhamos sido devidamente apresentados, ele disse, pegando a mão dela e depositando um beijo.
    Abby puxou a mão de volta.
    - Encantada.
    - Encantado estou eu...
    Ah, tenha santa paciência... Abby pensou. Quanto mais rezava, mais assombração lhe aparecia.
    - Vamos, gente? Quero pegar um bom lugar! - ela se forçou a se mostrar animada.

    **********

    O campo estava na costumeira agitação, com alunos portando flâmulas, e entoando espécies de gritos de guerra a favor dos dois times, conforme sua torcida. Pelo menos isso não mudara. Em 2014, era a mesma coisa.
    Sentaram-se em determinado ponto da arquibancada, ela e Pandora juntas, mas Xeno sentou-se ao lado de Pandora e o tal do Davis, que ela puxara pela memória e lembrara que era tio avô de Brooke, e ainda estava vivo em 2014, embora morando na França, aquela altura, ao seu lado. Porque, santo hipogrifo, esse cara não ia sentar ao lado do amigo?
    Sentiu uma queimação na nuca, como se houvesse alguém lhe observando, e olhou pra trás. Remus estava umas duas fileiras atrás da dela, com Pettigrew ao seu lado. Assim que ela fez conexão com o olhar dele, ele desviou os olhos. Peter, com a boca cheia de algo que parecia ser um bolinho, acenou pra ela.
    Isso não passou despercebido por Pandora, que sussurrou a ela:
    - Eu sabia que tinha coisa nesse seu desânimo. Se chama Remus Lupin, não é? Essa semana, todos os dias, vc tem estado calada. Ele te fez alguma coisa? Pq se ele fez, ele vai se ver comigo.
    - Não, Pandy... ele não fez. E o problema é justamente esse... - ela susssurrou essa última frase, mas foi alto o bastante pra amiga ouvir.
    - Olha só... todos esses anos que eu estou aqui, eu nunca vi ele dar uma atenção especial pra uma garota, como ele fez com você. Vai ver é timidez, ele pode estar sem graça e tudo o mais.
    - É, pode ser... - mas ela sentia que não era aquilo. Ele era tímido sim, mas parecia diferente entre eles.
    - Por que vc não tenta fazer ciúmes nele? - ela disse, indicando Davis com a cabeça. - Esse aí, parece estar interessado!
    - Se eu fosse você, não faria isso. - apartou Xeno.
    - Pare de se meter nos assuntos dos outros, Lovegood!
    - Eu só estou dizendo que isso não dá certo. Em vez de atrair, pode acabar afastando o pretendente.
    - Ou pode atiçar nele a vontade de assegurar que a menina fique com ele!
    - Negativo. Ele pode pensar que a garota é uma cabeça de vento que paquera todo mundo, e achar que ela não vale a pena!
    Sério que eles iriam começar a discutir de novo? Começava a duvidar seriamente das conversas do avô de que a vida dos dois fora um eterno mar de rosas e que eles nunca brigavam... como é que eles acabaram juntos, por Merlim!
    O jogo começara, e ela teve de se esquivar dos toques de Davis por mais de uma vez. Houvera uma delas, em que ele tentara colocar o braço por cima dos ombros dela, e ela teve que se mexer e acertar o cotovelo nas costelas dele, pra que ele recolhesse aquela amostra grátis de tentáculo. 
    Por vezes se sentira tentada a olhar pra trás, mas conseguira se segurar.
    Sua chateação estava passando pra uma fúria muda. Ele, literalmente, a ignorara esses dias todos, e nem um cumprimento a ela, ele fora capaz de fazer.
    Por isso, quando o jogo acabara, fizera questão de dizer aos amigos que eles podiam ir, porque ela tinha um assunto pra resolver.
    Desceu da arquibancada, e se escondeu embaixo dela. Assim que viu Remus passando por ela, o puxou pelo braço.
    - Peter, você poderia por favor, nos deixar a sós uns minutinhos? Vai ser rápido, diga aos rapazes que já já ele estará lá. E diga a eles que a culpa da derrota não foi deles não, viu? Jogaram bem, mas duas pessoas não são capazes de levar um time todo nas costas.
    O rapaz fez que sim e foi embora.
    - Agora somos eu e você... olha só, Remus John Lupin... eu quero saber porque você me ignorou a semana inteira! Achei que fossemos amigos!
    - Impressão sua. Eu só estou com muita matéria atrasada. Preciso recuperar tudo, então não deu tempo pra monitoria, nem pra mais nada. - ele disse, desviando os olhos dos dela.
    - Mentira. Nem me cumprimentar você cumprimenta mais. Nem um oi. Você acha que isso não dói?
    - Olha, é último ano, pressão, Niem's, é a vida adulta batendo na porta!
    - Sério? A vida adulta está batendo na porta para o Potter e o Black também! No entanto, eu não os vejo se privando de viver, de se divertir, de amar!
    - Eu não sou o James, nem o Sirius! Eles não tem os problemas que eu tenho, então eles podem ser despreocupados assim, eu não posso me dar ao luxo!
    - Você pode sim, mas a questão, é que você não quer! Você se menospreza! Dane-se a sua condição, você é mais inteligente e tem até mais capacidade que muitos outros e você pode sim, amar e ser amado. Se você ainda não percebeu, eu gosto de você! 
    Ao perceber o que acabara de dizer, Abby colocou a mão na boca, chocada com ela mesma. Perdera o filtro por causa do nervosismo, revelara que sabia algo que não deveria saber... teria de falar pra Sarah o que ocorrera... Olhou pra Remus com lágrimas nos olhos, virou as costas, e correu para o castelo, com a intenção de se encerrar no dormitório lufano, até a hora da aula na segunda feira.
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    Mensagem por Sirius Black Qui Out 22, 2015 1:46 pm

    ***POV DO JAMES***
     
                    Aquela Sexta-feira pós lua-cheia parecia não ter fim para James Potter. O rapaz, que só queria sua cama quentinha, estava atolado de tarefas: aulas (das matérias mais importantes, ainda por cima), uma reunião com Madame Hooch, Monitoria...

    Foi só com muitas poções energéticas que ele conseguiu sobreviver até o fim do dia.

    - Preciso ir – ele disse para Sirius e jogando a mochila nas costas, saiu mancando da sala de Runas em direção à sala dos professores, onde conversaria com a professora de vôo para decidir a escala de treino do time da Grifinória para as próximas semanas. Após decidir o horário dos treinos, o rapaz subiu até a sala dos Monitores e respirando fundo (tinha dado o maior perdido em Lily na noite anterior), entrou no local.

    Lily, que já escrevia fervorosamente em um pergaminho, nem ergueu os olhos:

    - Potter. Você tem trabalho. – e apontou para a mesa dele, onde uma pilha de pergaminhos o esperava. James fez uma careta e se arrastou até lá.

    - Tudo isso? – não tinha toda aquela quantidade de papel na noite anterior.

    - Se você não tivesse fugido ontem... – ela cantarolou.

    James decidiu ignorar a indireta e puxou o primeiro pergaminho da pilha.

    So I look in your direction,
    But you pay me no attention, do you?
    I know you don't listen to me,
    'Cause you say you see straight through me, don't you?


    Meia hora depois, o rapaz largou a pena que usava para escrever e se espreguiçou. Ergueu os olhos e ficou observando Lily trabalhar: os cabelos acobreados dela caíam sobre um dos ombros e roçavam no pergaminho quando ela se curvava para escrever.  Os olhos verdes da ruiva estavam concentrados na tarefa a sua frente e quando ela mordeu os lábios, James se segurou para não fazer a pergunta de sempre. ("Sai comigo, Evans?")

    “Foco, Potter” – o rapaz ralhou consigo mesmo e voltou a prestar atenção nos relatórios das detenções que devia passar a limpo.  Decidindo estender um pouco mais sua pausa ele retirou os óculos e puxou a mochila, usando-a de travesseiro. O efeito da poção energética já estava diminuindo e ele ainda tinha que descer pro jantar...ah, mas ele podia se dar ao luxo de descansar os olhos só um pouquinho....

    ***

    ....James abriu os olhos, assustado. Seus 10 minutos de descanso haviam se tornado 1 hora, pelo jeito. O Monitor-chefe tateou a mesa, às cegas, a procura de seus óculos e apenas quando recuperou a visão constatou que estava sozinho na sala. Acendeu as velas que já haviam se apagado com um aceno de varinha e decidiu que já que estava ali ele deveria pelo menos terminar aqueles relatórios.

    Olhou para a pilha de pergaminhos e notando que havia um bilhete ali, o pegou:

    “Você me deve uma – L.E
    ps: cuide dessa perna."


    Sorriu. Ah, Lily.
     
    ***

    James estava comendo um sanduíche em sua cama quando Sirius entrou no dormitório, batendo o pé.

    - Qual é a do mau humor? – perguntou.

    - Mulheres! – Sirius se limitou a responder. Não deu mais nenhuma explicação e James deu de ombros - sabia que o amigo lhe explicaria tudo em seu próprio tempo.
     
    Encarou o bilhete com a caligrafia bonita de Lily e sorriu. Sim, Sirius, mulheres...


    _____________________________________________________

                    Na Quarta-feira, James reuniu os jogadores do time da Grifinória nos vestiários após o treino e, andando de um lado para o outro, começou o seu discurso:

    -  O treino de hoje foi uma meleca total! E o jogo já é Sábado... – o rapaz disse, passando a mão pelos cabelos. – Se continuarmos assim a Sonserina vai nos massacrar!

    O problema era que o time da Grifinória estava sem sincronia. Até Sirius, um dos melhores jogadores, estava distraído – mas com o amigo James podia se resolver depois (e até com os punhos, caso necessário)

    - Vocês sabem onde erraram. Espero que no treino de amanhã possamos melhorar, sim?

    Liberou os jogadores e após guardar os equipamentos utilizados, seguiu para o castelo acompanhado do melhor amigo. Sirius estava estranho desde a aula de Feitiços do dia anterior – ou melhor, ele estava estranho desde a sexta-feira após a lua cheia (o amigo tinha lhe explicado vagamente que Marlene discutira com ele, mas o casal já havia feito as pazes...)

    - Almofadas, o que tá acontecendo contigo, cara? – James questionou, cansado daquele silêncio nada característico de Sirius Black.

    - Só estou com sono...

    - Sono uma ova! – James passou a mão pelos cabelos, frustrado.  – Eu te conheço...brigou com a Marlene de novo?

    - Não. Eu só...

    - É a Cooper? – James arriscou perguntar.

    E então Sirius lhe contou tudo – da briga dos dois na detenção até o pedido de desculpas falho.

    - Almofadinhas...você acha mesmo que ela aceitaria um pedido de desculpas assim depois do que você falou?

    Sirius encolheu os ombros.

    - Vá pedir desculpas pessoalmente. – girou os olhos frente a teimosia dele. - Assim você vai conseguir se concentrar no Quadribol.

    - Bom, ela também errou... – Sirius tentou se defender.

    Os dois alcançaram o retrato da Mulher-Gorda.

    - Vá pedir desculpas pra você conseguir se focar, Sirius! Eu já te disse isso antes! O Balaço quase te derrubou hoje e não podemos nos dar ao luxo de perder você no jogo de Sábado. Se perdermos da Sonserina eu sou capaz de me afogar no Lago. - gesticulou, fervorosamente, para dar ênfase ao seu discurso.

    - Tá, tá, eu vou pedir desculpas. – foi a vez de Sirius girar os olhos.

    Os dois se aproximaram de Aluado e Rabicho e percebendo o desânimo do primeiro, James questionou:

    - Qual o problema?

    - Aconselhamento profissional. – Peter se limitou a responder. Os outros dois entenderam tudo.

    James e Sirius se entreolharam e tentaram chamar a atenção de Remus – mas o amigo estava com o pensamento longe demais para dar atenção aos dois.
    _____________________

                    No Sábado, foi James que ficou de mau humor: o jogo havia sido uma meleca total  e eles perderam de lavada. Como capitão do time, seu orgulho estava mais do que ferido com aquela derrota. O rapaz encontrava-se agora no dormitório masculino, decidindo se deveria mesmo esperar para tomar banho antes de se jogar dramaticamente no Lago (preferia ser adotado pela Lula Gigante a enfrentar a escárnia do pessoal da Sonserina) quando ouviu uma batida na porta do dormitório.

    - Vai embora! – ele gritou. Não estava com saco pra lidar com pessoas lhe consolando, dizendo que pelo menos eles haviam tentado, que ganhar não era o mais importante....ha! ganhar era importante sim!

    A pessoa pareceu não entender o recado e  insistiu mais uma vez. Levantando-se emburrado do parapeito da janela, James abriu a porta do dormitório. Ficou surpreso ao ver Sarah Cooper ali:

    - Austrália? 

    A menina sorriu meio sem graça.

    -Er, oi, Potter! O... Sirius está?

    James apertou os olhos, desconfiado, e deu um passo para trás, abrindo espaço para a garota.

    - Ele está no banho. Você pode esperar se quiser – Sarah acenou e entrou, sentando na cadeira mais próxima à porta. James se jogou cama de Remus (o amigo ficaria bravo por ele bagunçar os lençóis, lógico, mas ele não se importava)  e o único barulho que se ouviu era o chuveiro ligado no banheiro. Depois do que pareceu ser uma eternidade, ela quebrou o silêncio.

    - Sabe... não foi sua culpa – James levantou uma sobrancelha e a encarou, desconfiado. Do que ela estava falando? – o jogo. Black realmente se destacou. E você não está com o melhor time montado – James se sentou na cama, interessado pelo input dela – Vocês jogaram bem, de verdade. Mas seu apanhador é muito grande. Precisa ser alguém que ofereça menos resistência ao ar, para ser mais rápido. E pelo próprio Pomo de Ouro, onde diabos estava a cabeça do seu goleiro?

    Antes que James pudesse responder algo, Sirius saiu do banho (James decidiu ignorar a reação de Sarah frente ao amigo seminu) e depois de vestido, foi conversar com a garota.

    James lavava os cabelos com shampoo quando:

    - Ela tem TODA razão!

    ****

    James estava no escritório dos Monitores, refletindo sobre os conselhos altamente relevantes de Sarah Cooper, o Mapa do Maroto aberto a sua frente  - era a maneira como fazia suas rondas - quando Lily entrou na sala:

    - Potter! Por que não está fazendo a ronda? - ela o questionou, as mãos na cintura.

    - Eu estou... - e ele, percebendo a gafe, pigarreou - Eu já estava a caminho, Evans.

    Ao ver os olhos dela se estreitarem ele adiconou, na defensiva:

    - Não comece seu discursos sobre responsabilidade, sim? Estou ciente das minhas responsabilidades.

    - Eu não ia falar nada! - ela também se defendeu.

    - Ah, mas você pensou! Te conheço, Evans. - o rapaz se levantou e guardou o Mapa, discretamente. 

    - Qual o motivo de toda essa hostilidade? - ela o olhava, meio chocada. - Não é minha culpa se você perdeu no seu precioso Quadribol.

    Foi a vez de James estreitar os olhos:

    - Hoje não, hm, Lily? Eu estou exausto.  - ele saiu da sala, Lily em seu encalço.

    -  Se a tarefa de Monitor Chefe for demais pra você, avise o Dumbledore. 

    - Ah, mas você adoraria isso, não? - ele parou de andar e virou-se pra trás, sobressaltando a garota - Eu sei que você prefere até a Lula Gigante como parceiro, mas EU não vou desistir por mais que você queira que eu faça isso.  Capice?

    O rosto de Lily estava adoravelmente vermelho e ele teve que se segurar para não apertar as bochechas dela - o fato de estar furioso com todos os acontecimentos do dia ajudaram ele a se distrair daquela linha de pensamento.

    - Potter! Ugh...vai dormir,sim? Eu termino de fazer as rondas. 

    - Fique à vontade. - e girando nos calcanhares, ele se afastou. Até quando Lily ia achar que ele era incapaz como Monitor-Chefe? Ahhhhh! Aquela falta de fé dela o chateava bem mais que a derrota no Quadribol.
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    Mensagem por Sirius Black Qui Out 22, 2015 8:11 pm

    “Mas acredito que você não saiba o que é isso, já que não faz esforço pra ter amigos, eh, Cooper?” - Sirius ainda não acreditava que tinha falado aquilo. No calor do momento, fizera sentido, lógico...mas alguns minutos depois, após ouvir Sarah soltar um soluço do outro lado do banheiro, ele se sentiu deveras arrependido. Encarou as costas da garota várias vezes, se perguntando se deveria voltar atrás.


    Seu orgulho não o deixou chamá-la pelo nome.


    “Amanhã eu me desculpo com ela...” – ele prometeu a si mesmo.


    No outro dia, no entanto, ele não conseguiu desculpar-se: tinha refletido bastante na noite anterior e chegara à conclusão de que ela também tinha errado. Como a garota não se dirigiu a ele em momento algum, ele resolveu deixar pra lá. Se ela não falasse, ele também não faria questão.


    Sarah e ele trabalharam em um silêncio pesado e constrangedor nos próximos dois dias e foi com alívio que ele finalizou as detenções, pensando com amargura no quanto elas haviam lhe agradado no início. No caminho para o Salão Comunal ele esbarrou em Marlene e decidindo que não aguentaria duas pessoas lhe dando gelo ele a puxou para um armário de vassouras e os dois "fizeram as pazes".


    (nada que uma bela sessão de amassos não resolvesse)


    ______________


    Na Segunda-feira Sirius aproveitou o tempo livre para tirar um cochilo e ao deitar em sua cama sentiu algo movendo-se embaixo de seu travesseiro:


    - Mas o quê...? – ele tateou e puxou uma bolinha de pêlos rosas dali debaixo. Mira, o  pufoso  de Sarah. – Por que você sempre aparece por aqui, hein? – ele perguntou, afagando o bichinho.

    Poderia ser sua chance de....nah, melhor não. Ele e Sarah não estavam nem se olhando nos ohos mais.


    Viu Rabicho sair do banheiro e teve uma ideia:


    -Rabicho, acho melhor você devolver isso aqui.


    - O quê? – Peter perguntou, curioso, se aproximando da cama dele.


    - É o pufoso da Auss...Cooper. – ele entregou o bicho nas mãos de Peter.


    - Mas por que você não entrega?


    Sirius apenas encolheu os ombros:


    - Porque quero tirar uma soneca agora.– e ele bocejou, deitando-se na cama novamente.


    - Tá certo. – Peter sorria (enfim tinha uma desculpa para falar com a intercambista!)


    Sirius fechou os olhos e decidindo ignorar a parte da sua consciência que lhe dizia pra aproveitar aquela oportunidade, adormeceu.
    _________________


    Na Terça, Sirius acordou de um sobressalto de um sono agitado – em seu sonho, uma Sarah com o rosto molhado de lágrimas se despedia dele, dizendo que precisava ir embora. Ele a via se afastar com um enorme aperto no coração e tentou ir atrás dela, em vão. Quanto mais corria, mais ela fugia – e após checar as horas, o rapaz ficou encarando o teto do quarto, refletindo sobre o significado de tudo aquilo.


    Sabia muito bem o que o seu subconsciente estava tentando lhe dizer: VÁ PEDIR DESCULPAS.


    E, soltando um suspiro resignado, ele decidiu que era hora de deixar o orgulho de lado e obedecer.


    Aproveitando que já estava acordado, ele levantou-se, tomou um banho e desceu para tomar café. Ao ver uma bandeja cheia de bolos de caldeirão ele teve uma ideia.


    ***
    Sirius estava sentado na sua carteira de sempre e observava Sarah, ansioso - tinha enfeitiçado um bolo de caldeirão com um bilhete de desculpas para aparecer entre as coisas dela e aguardava para ver qual seria sua reação.


    Viu a garota ler o cartão e ajeitou a postura ao vê-la franzir a testa. Ela olhou para trás e os dois fizeram contato visual – pela primeira vez, em dias. Sirius esperou ela esboçar alguma reação, mas a garota apenas piscou e, quebrando o contato visual voltou a olhar para a frente da sala. O bolinho ficou num canto da mesa dela e quando a aula terminou ali permaneceu, esquecido – Sarah apenas jogou seu material na mochila e saiu da sala, na maior pressa.

    Mas aquilo foi o suficiente para Sirius entender o recado: ela não aceitara suas desculpas.


    Sentindo-se rejeitado, ele foi para a próxima aula do dia.
    _____________


    Sirius sobrevoava o campo de Quadribol, distraidamente. Ele e o resto do time estavam treinando e ele desviava os balaços aqui e ali – não estava dando o melhor de si aquele dia.


    Só pensava em Sarah e em como faria para se desculpar com ela.


    Foi só quando um balaço quase o atingiu que ele voltou a se concentrar – ou pelo menos tentou – no treino. Era o melhor a se fazer, pois senão ele se acidentaria – ou quebraria um braço ou receberia um olho roxo de James por não estar jogando bem.


    “Você perdeu sua chance, Black” – a mesma vozinha (parecida com a de Aluado) que havia lhe dito para se desculpar logo falava em sua cabeça.


    - Eu sei! – ele falou, desferindo um golpe no balaço que vinha em sua direção.


    ***


    - Almofadas, o que tá acontecendo contigo, cara? – James questionou. Os dois caminhavam para a torre da Grifinória em silêncio.


    - Só estou com sono... – Sirius inventou a primeira desculpa que lhe veio à mente.


    - Sono uma ova! – James passou a mão pelos cabelos, frustrado.  – Eu te conheço...brigou com a Marlene de novo?


    - Não. Eu só... – Sirius não sabia como se expressar.


    - É a Cooper? – James arriscou perguntar.


    E então Sirius lhe contou tudo – da briga dos dois na detenção até o pedido de desculpas falho:


    - ...E ela largou o bolinho na mesa e foi-se embora.


    James, que escutava tudo atentamente, franziu a testa:


    - Almofadinhas...você acha mesmo que ela aceitaria um pedido de desculpas assim depois do que você falou?


    Sirius piscou e encolheu os ombros. Não havia pensado por aquele lado.


    - Vá pedir desculpas pessoalmente. Assim você vai conseguir se concentrar no Quadribol. – James insistiu.


    - Bom, ela também errou... – Sirius falou, lembrando-se das acusações de Sarah.


    Os dois alcançaram o retrato da Mulher-Gorda.


    - Vá pedir desculpas pra você conseguir se focar, Sirius! Eu já te disse isso antes! O Balaço quase te derrubou hoje e não podemos nos dar ao luxo de perder você no jogo de Sábado. Se perdermos da Sonserina eu sou capaz de me afogar no Lago. – James gesticulou, fervorosamente, para dar ênfase ao seu discurso.


    - Tá, tá, eu vou pedir desculpas. – Sirius girou os olhos. Concordou só pra agradar o amigo (mas no fundo, no fundo, sabia que ele estava certo).
    _______


    No Sábado, antes do jogo, Sirius andava pra lá e pra cá no vestiário masculino. Por mais que já estivesse no time há um bom tempo, ele não conseguia evitar o nervosismo que sentia antes de cada jogo:


    - Certo, time. – James esfregou as mãos  – Vamos dar o nosso melhor hoje, eh? Esqueçam o tal ditado “o que importa é tentar”....estamos aqui é pra ganhar! Lembrem-se das táticas que treinamos e vamos lá!


    - Certo! – os outros 6 jogadores concordaram, subitamente empolgados frente o fervor do Capitão.


    - Sirius, Adam...quebrem os ossos de alguns Sonserinos, sim? – o amigo disse aos dois batedores do time.- Eles vão tentar fazer o mesmo.


    - Pode deixar, chefe! – Sirius piscou o olho, sorrindo.


    Quando Lino Thomas anunciou seu nome, ele entrou no campo de cabeça erguida.


    ***
    - Esse jogo foi uma verdadeira meleca de trasgo! – James retirou as luvas e as jogou no chão do vestiário, irritado – Thompson, você foi atingido por um dos zonzóbulos do Lovegood? Por que você não cumpriu o seu papel? – o goleiro apenas se encolheu, frente a fúria do mais velho - E Jones... te lançaram um Confundus? Por que você não acertou NENHUM gol? – os cabelos de James estavam a maior bagunça de tanto que ele havia puxado-os naquele meio tempo.


    - Pontas...esquece. Já foi – Sirius suspirou. Quando o assunto era Quadribol, James não se controlava.


    - Ugh! – James pegou a vassoura e deixou o vestiário, mal humorado.


    Sirius apenas olhou para os outros jogadores, dando de ombros e seguiu o amigo.


    Claro que ele também estava chateado por terem perdido – e por ter perdido de lavada do irmão, ainda por cima – mas o time da Grifinória realmente falhara em vários aspectos...agora teriam que  batalhar para saírem vitoriosos nos próximos jogos.


    Sirius entrou no dormitório masculino:


    - Vou tomar banho primeiro, certo, Pontas? – falou, já se despindo da camisa. James apenas deu de ombros e caminhou até o parapeito da janela. Sirius sabia que o amigo precisava de tempo para aceitar aquela derrota.


    ***
    Sirius terminou o banho, sentindo-se mais revigorado e calmo. Enrolou uma toalha na cintura e puxando outra para secar os cabelos, saiu do banheiro. Ia avisar a James que o amigo já podia usar o chuveiro, quando notou a presença de mais uma pessoa no dormitório. Sarah Cooper.


    - Cooper? – perguntou, surpreso. Nunca esperara encontrá-la ali. Viu o olhar dela fixar-se no movimento dos braços dele (era impressão ou o rosto dela estava um pouco vermelho?) – O que você está fazendo aqui?


    Sarah se levantou-se da cadeira como se tivesse levado um choque:


    - Eu... preciso falar com você – ele apertou os olhos, medindo-a. Será que ela percebia a situação em que eles estavam? Bom, pela maneira como ela fixara o olhar num ponto acima do ombro dele ela parecia ter noção.


    - Pode esperar eu me vestir?
     
    Sarah fez que sim com a cabeça, mas continuou parada ali. Sirius arregalou os olhos para ela.


    - Ah, claro! Eu... te espero aqui fora – e ela finalmente saiu do quarto.


    Sirius saiu alguns minutos depois, já vestido.

    - James vai precisar se vestir em breve, então é melhor conversarmos aqui.


    Sarah fez que sim com a cabeça, e ele ficou esperando ela falar. Bom, se ela o tinha procurado, nada mais justo que ela falasse o que queria primeiro, não?


    - Eu... – Ela não conseguia manter contato visual com ele. Mas o que falou a seguir o surpreendeu, um pouco – Eu queria te pedir desculpas. Eu não devia ter sido tão dura com você. Eu fiquei chateada, e eu menti pro Filch por sua causa... Eu odeio mentir... E eu não precisava te chamar de egoísta, arrogante e otário...


    - Você não me chamou dessas coisas... – ele a interrompeu, a testa franzida.


    Sarah fez uma careta constrangida e pigarreando, continuou:


    -... E eu não devia ter ignorado o seu bolinho, também. Então... Me desculpe – antes que Sirius respondesse, ela puxou do bolso (expandido magicamente) um bolinho de caldeirão e ofereceu para ele – Espero que não seja muito tarde para me desculpar...


    Sirius encarou o bolinho e depois de alguns minutos, sorriu. Pegou a guloseima e ergueu os olhos para ela:


    - Claro que eu te desculpo, Cooper, mas...


    - Mas...? – ela perguntou, ansiosa.


    - Mas só se você me desculpar, também. Eu não devia ter dito o que disse...é claro que você tem amigos...e eu, sendo um deles, sei que você sabe ter amigos sim. Você é uma garota fantástica. -  os dois se olhavam nos olhos agora.  - Amigos?


    - Amigos – ela sorriu.


    - Então...um abraço, Aussie? – ele abriu os braços e ela, soltando uma risada, o abraçou – o gesto não durou muito, mas foi o suficiente para Sirius sentir-se estranhamente confortável.


    Os dois se despediram e Sirius entrou no dormitório novamente, sentindo como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros.


    Quando James viu Sirius entrar no quarto novamente, perguntou:


    - O que aconteceu? Não ouvi mais gritos lá fora...achei que tinham se matado ou algo do tipo.


    - Fizemos as pazes.– Sirius se jogou em sua cama.


    - Você realmente liga pra opinião da Cooper, hein? – James questionou ao ouvir o amigo cantarolar uma música. Sirius estava bem humorado demais para quem tinha acabado de perder um jogo.

    Sirius decidiu, por hora, ignorar o quê a mais na voz do amigo.
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    Mensagem por Regulus Black Sex Out 23, 2015 11:22 pm

    Regulus Black acordara na manhã daquele sábado se sentindo estranhamente feliz. O peso do seu futuro em seus ombros já parecia menor nos últimos dias, coincidentemente diminuindo a cada vez que se encontrava com Mary McDonald.

    Nenhum outro Sonseirno sabia da amizade que estava crescendo entre um futuro Comensal da Morte e uma nascida trouxa. Se alguém dissesse para ele, alguns meses atrás, também não acreditaria. Mas Black decidira que não questionaria aquele sentimento que vinha crescendo com a grifinória.

    Ela era o único motivo para que ele se sentisse leve e feliz, transformando toda a sua solidão e a escuridão de sua alma, para que ele se sentisse um rapaz normal.

    Sua felicidade naquela manhã era a soma do efeito McDonald mais o jogo de Quadribol. Quando estava em campo, Regulus se sentia livre de suas escolhas, sem a pressão de Walburga ou de seu sangue puro. Era apenas um jogador talentoso, com grandes chances de trazer a taça de Quadribol para a casa de Salazar.

    O Salão Comunal já estava agitado desde cedo. Uma gata branca, com um olho azul e outro verde, passou entre as suas pernas, com um lacinho de serpente preso no topo da cabeça, nas cores da Sonserina.

    Quando Regulus deixou o Salão Principal, após o café da manhã, passou brevemente os olhos para as grandes ampulhetas que mostravam as pontuações da casa. A Sonserina ainda estava em vantagem, após a detenção dos demais alunos na festa clandestina.

    - Hey, Black! – Regulus olhou por cima do ombro, se deparando com Emma Richmond.

    A loira usava uma calça jeans e uma camisa verde. Seus cabelos haviam sido divididos em duas trancinhas e haviam riscos verde e prata em seu rosto.

    - Você tem que pegar aquele pomo, estou apostando em você, hein!

    Regulus ergueu as sobrancelhas quando a menina se afastou, erguendo os braços para cima.

    - UHUUUL, GO GO SLYTERIN!

    Algumas horas mais tarde, o rapaz logo se juntou aos colegas de time, e quando eles levantaram vôo no início da partida, Regulus foi que voou mais alto.

    O tempo, apesar do verão já ter acabado há mais de um mês, estava quente e com um céu limpo, o que tornaria mais fácil sua tarefa de encontrar o pomo-de-ouro.

    Lá de cima, Regulus observava o jogo que acontecia metros abaixo. Vez ou outra, ele buscava o apanhador adversário com o olhar, mas o Grifinório também não parecia ter tido vislumbre da bolinha dourada até o momento.

    As arquibancadas estavam cobertas das cores da Grifinória e Sonserina e a torcida parecia animada. Black voava calmamente pelo campo, os olhos atentos. Seus colegas estavam fazendo um excelente trabalho, mas era nítido o fraco desempenho da casa dos leões.

    O goleiro grifinório parecia desengonçado e McMillan, um dos artilheiros sonserinos, já havia marcado vários gols. Os balaços dos irmãos Lestrange mantinham Potter e os outros dois artilheiros longe da zona de perigo.

    Um “uuuuuh” da torcida se vez ouvir quando um dos balaços de Rabastan quase derrubou um dos artilheiros grifinórios. Com agilidade, o capitão do time Sonserino pegou a goles deixada cair pelo artilheiro adiversário e voou diretamente até o goleiro grifinório, marcando mais um gol.

    Um sorriso debochado sorriu nos lábios de Regulus quando ele encarou o apanhador da Grifinória. O sol começava a se por, iluminando a todos naquele fim de tarde com um tom alaranjado. Se demorasse muito, logo ficaria ruim para identificar a bola dourada.

    - Se continuarmos assim, nem vou precisar pegar o pomo. – Regulus gritou para o outro rapaz, para que no instante seguinte, um flash dourado brilhasse atrás da orelha do grifinório.

    Sem demonstrar reconhecimento, Black apenas se inclinou sobre a vassoura, fazendo-a correr velozmente em direção ao adversário. Por um segundo, o grifinório arregalou os olhos, achando que o sonseirno iria lhe agredir.

    Apenas quando Regulus passou direto por ele, o apanhador percebeu que o pomo-de-ouro dera o ar da graça. O grifinório tentou virar a vassoura desesperadamente, seguindo o traço de Black, mas o sonserino já estava muito a frente.

    Black viu o vulto de um balaço na sua direção e desviou rapidamente, sem tirar os olhos cinzentos da bolinha dourada que fugia veloz. A bola foi direto de encontro ao grifinório, que desviou no último segundo.

    Aquele movimento fez com que ele se atrasasse mais ainda, aumentando a distância do sonserino.

    Regulus esticou a mão, tentando tocar o pomo a sua frente. Ele não podia ver, mas lá em baixo, o jogo parecia ter paralisado também, atentos na expectativa da captura do pomo-de-ouro.

    Ele espremeu os olhos, se inclinando ainda mais para frente da vassoura, quase deitado, até que seus dedos finalmente rodearam a bolinha, que deu-se por vencida.

    A conhecida sensação de vitória invadiu seu peito e Regulus Black se sentou direito na vassoura, diminuindo alguns metros para mostrar a todos que havia capturado o pomo.

    A Sonserina acabara de conseguir 150 pontos a mais, vencendo o jogo com uma grande folga.

    ***
    Quando o último jogador da Sonserina deixou o vestiário, Regulus Black ainda vestia o uniforme de quadribol, os cabelos despenteados pelo vento. Havia se livrado apenas das luvas, jogadas em algum canto.

    - Não demore, Black! Cissy já avisou que tem uma festa no Salão Comunal e você é a estrela! – Rabastan deu alguns pesados tapas sobre as costas do menino, que ainda exibia um sorriso leve no rosto.

    - Já vou. Podem começar sem mim.

    Rabastan finalmente saiu, deixando Regulus finalmente livre para fazer o seu ritual pós-jogo. Ganhando ou perdendo, ele sempre gostava de retornar ao campo após uma partida e dar um vôo mais calmo, apreciando a sensação de liberdade.

    Ele puxou a vassoura apoiada no banco ao seu lado e voltou para o gramado, já coberto pela noite e livre de qualquer torcedor. A grande lua no céu ainda era capaz de iluminar bem o gramado, de modo que Regulus logo vislumbrou uma sombra no meio do campo.

    Seus olhos se espremeram, como quando havia encontrado o pomo, tentando identificar quem ainda estava ali, além dele. Pequenas luzinhas piscavam de onde a pessoa estava, e quando Regulus finalmente reconheceu Mary McDonald com sua costumeira câmera pendurada em seu pescoço, seu sorriso se alargou.

    - Hey! – ele chamou, enquanto caminhava decidido até ela.

    Mary se virou para encará-lo, a câmera em mãos. Ela provavelmente ficara até mais tarde para fotografar o restinho do pôr do sol e o início da noite e os pontinhos de luz que ele vira, nada mais era que o flash.

    - Hey, Regulus! – A menina acenou ao reconhecê-lo. – O que ainda está fazendo aqui?

    Regulus não respondeu até que se aproximasse. Seu coração batia forte e ele nunca se sentira tão feliz em vê-la. Mary não estava tão produzida quanto na noite da festa, mas por algum motivo, a luz do luar a deixava encantadora.

    Seus cabelos estavam soltos e levemente bagunçados pelo vento da noite. As roupas eram das cores da grifinória, mas ele não se importou. Ela era adorável de qualquer forma. A simplicidade com que segurava a câmera, como sorria para ele, ou como ajeitava os óculos com a ponta dos dedos, diversas vezes, de forma inconsciente. Ela não precisava de um belo vestido ou alguma maquiagem, era linda daquela forma mais simples e natural.

    Quando Regulus finalmente parou diante dela, apenas a encarou. Ele era vários centímetros mais alto que a menina, de forma que a grifinória precisava virar o rosto para cima, para encará-lo.

    A vassoura que ainda estava em suas mãos foi largada e caiu no chão. Com a mão livre, Regulus afastou uma mecha de cabelos dela, que com o vento, caía sobre o rosto. Com uma carícia, ele colocou os fios atrás da orelha.

    Sua outra mão pousou delicadamente sobre a cintura de McDonald e ele percebeu quando os olhos dela se arregalaram levemente.

    - Ahn... Acho que preciso te dar os parabéns pelo jogo? – a voz dela soou insegura, mas Regulus não lembrava mais do jogo, da Grifinória ou da Sonserina.

    Com uma capacidade que só Mary McDonald parecia ter, ela fez com que ele esquecesse todo o restante do mundo. A mão que ajeitara o cabelo dela tocou com o indicador os lábios rosados.

    - Xiiiu.. – ele a silenciou, deslizando a mão até a nuca dela.

    Suas pálpebras se fecharam devagar e Regulus finalmente se inclinou, tocando seus lábios nos dela. O gesto fez com que todo o seu corpo respondesse com uma corrente elétrica.

    No segundo seguinte, o beijo que começou tão calmo, se intensificou. A mão pousada na cintura de McDonald a puxou ainda mais para o seu encontro e o rapaz se entregou naquele sentimento gostoso que só a grifinória era capaz de despertar.
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    Mensagem por Emma Malfoy Sáb Out 24, 2015 12:20 am

    Se havia algo que Emma amava, depois de Criaturas Mágicas, era Quadribol. Ela não sabia se equilibrar um metro acima do chão, em uma vassoura. Mas assistir as partidas e torcer por um time era capaz de mudar seu humor.

    Logo cedo, Condessa havia sido agarrada pela dona, que lhe enfeitara com as cores da Sonserina para a partida do dia. A casa de Slyterin contra a casa dos leões. E nem mesmo sua gata poderia deixar de demonstrar o apoio vestindo verde e prata.

    Após o café da manhã, Emma se encontrou com Sarah no Salão Principal. Emma tinha Condessa em seu colo, lhe fazendo um carinho, enquanto conversava com a grifinória sobre as expectativas para o jogo do dia.

    A conversa das duas foi interrompida por berros descendo a escadaria principal.

    - POIS BEM, EVANS! NÃO SÃO NEM DEZ HORAS E VOCÊ JÁ ESGOTOU A SUA COTA DE ME CHAMAR DE IRRESPONSÁVEL!

    Emma e Sarah arregalaram os olhos, esticando os pescoços para encontrar James Potter e Lily Evans discutindo. Era a primeira vez que viam o rapaz se exaltar com a ruiva daquela forma.

    - É só você cumprir com as suas responsabilidades que eu não preciso te chamar de irresponsável, Potter! – Lily colocou as mãos na cintura, parando alguns degraus acima de James.

    Potter também parou de andar, olhando para cima. Ele já usava o uniforme de Quadribol e provavelmente estava tenso com a partida que iniciaria.

    - Eu estooooooooou cumprindo com as minhas responsabilidades, Lily!

    Emma ergueu as sobrancelhas mais uma vez, pois podia jurar que tinha visto Potter bater o pé como uma criança mal criada.

    - Só que a minha responsabilidade agora é no campo, tá legal?

    - Arg, faça o que você bem entender, Potter! – Evans bateu o pé, descendo as escadas e passando direto por James.

    O grifinório continuou paralisado, a boca aberta. Quando Evans saiu de seu campo de visão, ele seguiu o caminho para o campo de quadribol, parecendo furioso e resmungando um “Enferrujadinha esquentada!”. Os dois sumiram sem perceber que Emma e Sarah assistiam a toda a cena.

    - Escuta... Esses dois já não deveram estar juntos? – Sarah sussurrou para Emma, enquanto as duas encaravam o ponto que Potter havia desaparecido. – Pra você sabe, ter um bebê que vai salvar a gente daqui uns anos?

    Emma piscou algumas vezes, incrédula. Como aqueles dois foram acabar juntos?

    ***

    Após se separar de Sarah, Emma voltou ao Salão da Sonserina para deixar Condessa e seguiu para as estufas, onde encontraria Rodolphus antes da partida. A cada dia, Malfoy se deixava envolver mais com o rapaz, acreditando que aquele ali ainda estava longe de ser o Comensal da Morte que inevitavelmente ele se tornaria.

    Ela havia desistido de lutar contra a vontade de estar perto do rapaz, sempre dizendo para si mesma que seria inevitável que ele e Bellatrix ficassem juntos, deixando o futuro são e salvo.

    Quando o rapaz finalmente apareceu, já vestido com seu uniforme de Quadribol, a menina logo abriu um sorriso, pulando em seus braços.

    - Hey... gostei do penteado. – Rodolphus riu, a segurando alguns centímetros acima do chão.

    Em resposta, Emma o beijou rapidamente, até que seus pés finalmente tocassem o chão. A mão de Rodolphus brincou com uma de suas trancinhas.

    - Você precisa ganhar hoje! – ela lhe ordenou. – Nem que você precise acertar um balaço na cabeça de cada um dos jogadores da grifinória. Estou apostando em vocês!

    - Apostando? – Rodolphus voltou a rir, balançando a cabeça. – Apostar não é coisa de menina, Em.

    A menina soltou uma gargalhada.

    - Meu querido, se você diz isso, você definitivamente nunca me viu ganhando toneladas de galeões! Apenas faça a sua parte e ganhe a partida, certo?

    - Acho que preciso de um pouco de inspiração... – Rodolphus a abraçou pela cintura e Emma o beijou novamente.

    ***

    Minutos antes do jogo começar, Emma conseguiu localizar Sarah em uma das arquibancadas e com um pouco de dificuldade, conseguiu se sentar ao lado dela.

    - Onde você estava? – Sarah perguntou, percebendo que a loira refazia uma das suas tranças.

    - Me arrumando. – Ela mentiu, as bochechas ainda coradas.

    - Você já estava arrumada desde o café da manhã!

    - Hm? – Emma se fez de desentendida, quando seus olhos se focaram em uma cabeça algumas fileiras abaixo.

    Mundungus Fletcher tinha um caderninho de anotações e gesticulava ferozmente com alguns meninos em volta. Emma estreitou os olhos e, ignorando a curiosidade de Sarah, gritou.

    - HEY, FLETCHER! – Quando o rapaz virou para encará-la, ela sacudiu a cabeça – ESTÁ APOSTANDO CONTRA A SUA PRÓPRIA, SEU TRAIDORZINHO!

    Fletcher tinha alguns galeões em mãos e abriu um sorriso diante da ira da colega de casa.

    - Qual é, Richmond. Quer apostar também? 10 galeões que a Grifinória ganha com a diferença de 30 pontos!

    A loira revirou os olhos, sentindo a empolgação atravessar seu corpo.

    - Pois eu aposto 15 galeões que o Black pega o pomo e ganhamos!

    Mundungus abriu um sorriso, certo de que seu placar seria o vencedor.

    - Apostado!

    Emma voltou a sentar, os braços cruzados, olhando os jogadores que começavam a entrar em campo. Ela teve a impressão de que Rabastan voou mais perto de sua arquibancada, acenando para os torcedores.

    Seu olhar percorreu pelas demais cabeças a sua volta, até pousar numa cabeleira ruiva, sentada em sua fileira, algumas pessoas de distância.

    - Hey, eu tive uma ideia! – Emma sussurrou para Sarah, que observou a Sonserina com atenção.

    Ela se inclinou sobre as duas pessoas que a separavam de Lily Evans, chamando a atenção da monitora.

    - Hey, Evans!

    A grifinória virou para encará-la, surpresa que a australiana estivesse lhe dirigindo a palavra. Ela estava sentada ao lado de Marlene McKinnon e Mary McDonald, as duas meninas que Emma precisava se inclinar para chegar até Evans.

    - Sim? – A ruiva perguntou, a testa franzida.

    - Que tal uma aposta também? – Emma abriu um sorriso desafiador.

    - Ah, não, obrigada. Não faço apostas. – Evans sorriu gentilmente, voltando sua atenção para o campos.

    - Qual é, Evans! Não precisa ser dinheiro! Vou pegar leve com você, apenas para deixar o jogo mais interessante. – Emma fez uma pequena pausa, sentindo que todas as meninas estavam prestando atenção. – Se a Sonserina ganhar, você aceita um convite do Potter pra sair.

    A menina soltou uma risada como se estivesse escutando a maior loucura, mas Emma continuou.

    - Das duas uma, Evans: ou você não confia no seu time, ou você não confia em você. Um encontro com o Potter não vai te matar e provavelmente vai fazer ele finalmente sair do seu pé.

    Evans ficou em silêncio por alguns segundos.

    - E se a Sonserina perder?

    - Se a Sonserina perder, eu faço o seu trabalho de monitoria por dois meses, assim você fica livre para estudar para os NIEMs.

    Marlene, Mary e Sarah encaravam a ruiva com atenção, quando ela finalmente ergueu a mão na direção de Emma.

    - Apostado.

    Emma voltou para o seu lugar, encarando o início do jogo.

    - O que você fez? – Sarah perguntou baixinho em seu ouvido. – E se a Sonserina perder?

    - Quer apostar também? – Emma abriu um enorme sorriso. – 5 galeões de que a minha casa ganha da sua?

    Ao ver a hesitação de Sarah, a loira insistiu.

    - Não me venha com medinho, Sarah! Até a Evans apostou!

    Com um suspiro, Sarah confirmou com a cabeça.

    - 5 galeões na grifinória.

    Emma abriu um enorme sorriso. Pelo que analisara dos treinos da Sonserina e da performance dos jogadores da grifinória, aquela seria uma das melhores apostas da sua vida.
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    Mensagem por Sarah Nipps Sáb Out 24, 2015 3:30 pm

    Fazer as pazes com Sirius fez com que Sarah instantaneamente se sentisse bem: havia uma pequena chama dentro de seu peito que irradiava a já estranha sensação de que tudo estava em seu devido lugar.

    A imagem dele secando os cabelos lhe surgiu à mente e, rindo, ela sacudiu a cabeça negativamente, para afastar os pensamentos, e desceu as escadas se segurando para não saltitar. Ao alcançar o salão comunal, avistou Marlene e Alice conversando distraidamente em um canto e, mesmo que não tivesse feito absolutamente nada de errado, uma pontinha de culpa despontou no mar de tranquilidade dos seus sentimentos.


    "Hoje não", ela pensou, optando por focar sua atenção no que estava ao redor daquele pequeno iceberg, cujas verdadeiras proporções ela ignorava completamente neste momento.


    *****

    Na noite de segunda-feira, a garota foi surpreendida quando James sentou-se ao seu lado na mesa da Grifinória (acompanhado de Peter e Remus), e puxou papo sobre Quadribol. Enquanto discutiam sobre a real necessidade de jogadores reservas para todas as posições (Merlin, como o capitão do time era teimoso!), Sarah pensou que, finalmente, Hogwarts se parecia com com a escola que conhecia. Era bom estar de volta. Um alto pigarro interrompeu a conversa e todos os alunos se viraram para a fonte do barulho. Dumbledore, ao centro da mesa dos professores, estava de pé, com sua costumeira expressão que demandava a atenção do corpo discente.

    O diretor vinha passando tanto tempo ausente - provavelmente resolvendo demandas do Ministério da Magia ou dos muitos conselhos de cuja diretoria fazia parte - que alguns alunos se sobressaltaram com sua presença.

    - Boa noite! - a esta altura, o silêncio no Salão Principal era tal que se podia ouvir talheres se chocando tardiamente contra os pratos - Chegou ao nosso conhecimento que um grupo de pesquisadores do Instituto Superior de Magia finalmente concluiu sua pesquisa sobre a nossa escola. Embora me escape ao conhecimento porque alguém gostaria de resolver um dos mistérios mais encantadores sobre este castelo, os pesquisadores em questão foram capazes de determinar o ano exato de inauguração da nossa escola - Sarah teve a ligeira impressão de que aquilo não era uma grande notícia para o diretor - e este é o ano em que nossa escola completa exatos mil anos - um pequeno burburinho se iniciou entre os alunos, cessando assim que o bruxo voltou a discursar:

    Por este motivo, em homenagem aos nossos fundadores - as quatro faixas atrás da mesa dos professores tornaram-se, cada uma delas, imagens de Salazar Slytherin, Rowena Rawenclaw, Helga Hufflepuff e Godric Griffyndor - teremos um baile de máscaras formal no próximo Dia das bruxas - o burburinho novamente se instaurou, e as meninas sentadas perto de Sarah soltaram risinhos animados - Os diretores de suas casas oferecerão maiores detalhes a um tempo oportuno. Por ora, queremos apenas que os senhores aproveitem seus jantares.

    Os alunos voltaram a falar animadamente, e em quase todos os trechos de conversa que ecoavam pelo salão era possível ouvir a palavra "baile".

    Os três marotos perto de Sarah trocaram olhares de desgosto.

    - Por que as caras feias? - Sarah perguntou, curiosa.

    - Festas formais são um porre... - choramingou Peter.

    Remus deu de ombro e resmungou algo ininteligível, e James apenas deu uma garfada de sua torta de carne.

    "Meninos..." Sarah pensou enquanto os ignorava e corria os olhos pela mesa, parando em Marlene, Alice, Mary e Lily, sentadas não muito longe deles. "Se a Sonserina ganhar, você aceita um convite do Potter pra sair" A voz de Emma ecoou em sua mente, e ela teve uma ideia.

    - Sabe, Potter, o baile pode não ser tão ruim assim... - O menino a encarou, curioso - Pode ser sua chance de convidar a Evans para sair. Quem sabe a mágica do Dia das Bruxas não te dá sorte?

    Sarah fitava o menino, torcendo para suas palavras fazerem efeito. Harry Potter precisava nascer em alguns anos e, bem, sozinhos James e Lily não iriam para lugar algum. Um sorriso começou a crescer no rosto dele, mas, tão rápido quanto se tivesse levado um choque, sua expressão se alterou, e ele deu de ombros.

    - Não é como se ela fosse aceitar...

    Sarah abaixou os olhos para o próprio prato, alcançou o garfo e começou a brincar com o milho, espalhando-o para um lado e para outro. Queria ter certeza de causaria o efeito desejado sobre o rapaz.

    - Bem... Você que sabe. Só que essas coisas são um caso típico em que quem chega primeiro leva a melhor, sabe... EU não arriscaria perder a oportunidade para outro cara qualquer.

    Demorou um pouco, mas o efeito logo surgiu. James bufou, apoiando seus talheres no prato.

    - Você se enturmou rápido demais, Cooper - a garota riu, enquanto ele se levantava - Oi, Evans! - agilmente, ele já estava com sentado ao lado da ruiva, com o melhor sorriso galante no rosto.

    Com um sorrisinho vitorioso no rosto, Sarah desviou sua atenção para Remus por um segundo, e viu que ele fitava um ponto qualquer a uma distância média, que ela logo descobriu ser a mesa da Lufa-lufa; O amigo de Xenophilus (Como era mesmo o nome dele?) parecia também ter ouvido os conselhos de Sarah, e falava com Abby, forçando contato físico a todo momento. O grifinório não viu (ele logo abaixou sua cabeça para o livro apoiado em uma jarra de suco de abóbora), mas Sarah sim: Abby ignorara os cortejos do corvinal solentemente, e olhou rapidamente para a mesa vermelha e dourada.

    Um mau pressentimento sobre aqueles dois se aproximou da menina mais velha, mas ela fez questão de ignorá-lo - pelo menos por enquanto. Não que ela tivesse muita alternativa - Sirius Black chegou à mesa naquele momento e sentou-se à sua frente.

    - Então, a que se deve esse alvoroço todo?


    ******

    Sarah não tinha pensado muito sobre o Baile - pelo menos, não voluntariamente. Quando entrou no dormitório, na noite de segunda, Carlota Meloni e Michelle Skeeter folheavam revistas de moda vigorosamente, tentando escolher um vestido que parecesse apropriado, e, na parede entra as camas das duas, um enorme calendário do mês de outubro estava pendurado - o dia 31 circulado vigorosamente em tinta lilás.

    Embora Sarah não tivesse muitas expectativas para a festa - quer dizer, ela gostava da ideia de se arrumar, e o dia das bruxas era seu feriado favorito, mas, ainda assim, era só um baile, certo? - não foi a animação exagerada das suas colegas de quarto que mais a surpreendeu, mas sim, o que lhe aconteceu logo após o almoço daquela terça-feira, primeiro de Outubro.

    Depois de repetir a sobremesa duas vezes ( pudim de chocolate definitivamente era o seu favorito), a garota se arrastou até o corredor onde teria a próxima aula; se sentou num canto, no chão, e abriu o livro sobre viagens no tempo. Não tinha sequer conseguido terminar de ler um parágrafo quando uma par das calças cinzentas do uniforme parou à sua frente.

    Ela levantou os olhos, dando de cara com Peter Pettigrew.

    - Oi, Sarah!

    - Pettigrew - ela acenou com a cabeça e voltou a fitar seu livro, pensando em como Peter realmente se parecia com um rato vez em quando, e esperando que o tratamento frio o fizesse se afastar.

    Ao contrário do esperado, ele se sentou pesadamente ao lado da garota.

    - Sabe, eu estava pensando no que você falou pro James ontem...

    - Sobre ele precisar de jogadores na reserva? - Ela ainda olhava para o livro, lendo-o distraidamente enquanto seus dedos percorriam a página, acompanhando a leitura.

    - Não, não... Sobre... Sobre o baile. - aquilo foi o suficiente para chamar a atenção da garota, que, levantando uma sobrancelha, o encarou por sobre o ombro - sobre... Convidar a garota certa antes que outro a convide...

    Um gosto amargo apareceu instantaneamente na boca da bruxa, mas ela nada fez para impedir o rapaz.

    -Então, eu... Eu queria saber se você quer ir ao baile comigo.

    Com um solavanco de seu corpo, Sarah sentiu todo o seu almoço se revirar em seu estômago, e levou a mão à boca, com medo de que aquilo se transformasse de fato no que parecia ser.

    - Desculpe, Peter - ela fechou o livro rapidamente, e se pôs de pé mais rápido ainda - Eu já tenho par - seus olhos esbarraram nas mão gordas e suadas dele, e nova ânsia se aproximou - eu preciso... - sem terminar a frase, ela se afastou a passos largos, seu corpo reagindo positivamente a cada metro de distância ganho do rapaz.



    *****


    A simples ideia de ir ao baile acompanhada de Petter Pettigrew foi o suficiente para que um arrepio percorresse seu corpo novamente. Abby e Emma, sentadas ao seu lado naquela quarta-feira, perceberam o modo como Sarah se remexeu desconfortavelmente na cadeira.

    - Ok, Nipps, qual o caso? - Emma a encarava, a expressão divertida, como se previsse o que incomodava a morena.

    Quando Sarah confidenciou o que a aterrorizava desde a tarde anterior, a sonserina caiu na gargalhada, enquanto Abby soltava um "putz!" meio constrangido. Quando as gargalhadas finalmente cessaram, o assunto do baile foi inevitável.

    - Então... Alguma de vocês já têm par? - Abby e Emma acenaram negativamente.

    - Eu vi o Davis te chamando, Abby... Por que você não vai com ele?

    - Ew, ele é nojento!

    - Não tão nojento quanto o Pettigrew... - Emma voltava a rir maldosamente, e Sarah apenas revirou os olhos, mas logo se lembrou dos olhares significativos trocados entre as mesas da Grifinória e da Lufa-Lufa na última segunda-feira.

    - Você não... Não tem nada a ver com o Lupin, tem?


    ******

    O grande calendário no dormitório da Sarah marcava o dia 12/10 quando a menina acordou cedo no sábado de visita a Hogsmead. Tinha combinado com as amigas de comprarem os vestidos para o baile juntas, e queriam chegar cedo - com toda a escola animada para o Dia das Bruxas, sabiam que a vila estaria um inferno. A previsão delas estava correta, mas não calcularam que todas as outras garotas pensariam da mesma forma.

    A Madame Malkins estava lotada de estudantes de todas as idades, e contava com uma pequena fila do lado de fora. As meninas chiaram um pouco - Sarah não queria perder o dia inteiro na missão dos vestidos, e Emma, bem, Emma não estava acostumada a esperar por nada.

    - Eu conheço uma lojinha. Ficava duas ruas atrás da rua principal. Eu acho que já deve estar aberta... Tem muita coisa estranha, mas tem coisas incríveis, também! - Abby sugeriu.

    - Eu duvido que uma lojinha tenha algo que preste para uma situação como estas, Abbigail...

    - Emma! - ralhou Sarah. Estava cansada de ver as duas discutindo vez ou outra - não custa tentarmos... se nada prestar, voltamos aqui.

    Emma revirou os olhos e se deu por vencida. As três caminharam, Abby guiando o caminho. A loja era uma portinha estreita e uma pequena vitrine meio empoeirada, mas, mesmo assim, elas entraram. Sarah estava quase se juntando às reclamações de Emma - sério que alguém considerava usar aquela capa verde-musgo horrenda? - quando ela puxou um cabide despretensiosamente e se apaixonou pelo que viu.

    Era um vestido tomara que caia, com um decote quadrado e generoso. A parte do tronco era preta, e a saia, de um tecido fino e leve que a garota nunca vira antes, seguia num degradê de preto, roxo e rosa, terminando em branco.

    - Em! - os olhos de Sarah brilhavam enquanto ela mostrava o vestido para a amiga - seu achei, você consegue achar.

    - E ninguém vai ter um vestido parecido com o seu - a gente sabe que a Malkins vende roupa aos lotes! - Abby se aproximava por trás de Emma, segurando um outro vestido - O que você acha desse?


    *****

    Aparentemente, Outubro era um mês em que os professores de Hogwarts se tornavam especialmente sádicos . A quantidade de trabalho era tanta que Sarah mal conseguia dar conta das pesquisas sobre viagem no tempo, e, na verdade, a pouca leitura sobre o tema fez com que a menina por vezes se esquecesse de todas as suas informações sobre o futuro.

    Certo dia, à tarde, a garota entrou distraída em seu quarto, procurando o pequeno pufoso (que sumira novamente), e deu de cara com Marlene McKinnon, sentada na cama de Mary.

    -Ah, oi, Marlene...! -  A menina loira se sobressaltou e cumprimentou a outra com um fiapo de voz. Sarah não tinha intimidade com a outra, mas, ao vê-la com os olhos inchados (típicos de quem tinha andado chorando), se aproximou um pouco.

    - Está tudo bem contigo?

    Marlene levou a mão aos olhos, enxugando uma lágrima que escorria, e fez que não com a cabeça.

    - Não... não é nada.

    - Tem certeza? - Sarah não sabia lidar muito bem com pessoas chorosas, mas a menina à sua frente parecia precisar de ajuda.

    Fitando a morena, a outra suspirou.

    - Bem, você vai saber de qualquer jeito, eu acho. Sirius... Sirius e eu... nós terminamos - um pequeno soluço escapou de sua boca.

    - Eu... Eu sinto muito - apesar de precisar suprimir uma pontinha de surpresa, Sarah estava sendo sincera. Um silêncio se instaurou entre as duas, que foi quebrado rapidamente pela entrada de Carlota Meloni no quarto. A garota mais nova foi até seu calendário e riscou mais um dia dele.

    - Já ia me esquecendo! Estão tããão animada para o baile. - tão frivolamente quanto tinha entrado no quarto, Meloni apanhou uma revista em seu criado mudo e saiu. Marlene começou a chorar um pouco mais, e Sarah, constrangida, passou a mão por seus ombros, numa tentativa de consolá-la.

    - O baile... - ela dizia, entre uma fungada e outra - nós íamos juntos...

    Ao mesmo tempo em que tentava confortar a colega, a habitante do quarto desejava que Mira não sumisse sempre, porque teria lhe poupado sentar ali, em silêncio, consolando Marlene McKinnon. Em um determinado ponto, ela tentou animar a menina dizendo que ainda faltavam doze dias para o baile e que ela provavelmente arranjaria outro par até lá, ou então que ela poderia ir sozinha, a própria Sarah estava fazendo isso, ninguém precisa de um menino para se divertir. Não deu muito certo. Quando Mary entrou no quarto e assumiu o posto de ombro amigo, Sarah deu uma desculpa qualquer e deixou-as sozinha. Fechando a porta atrás de si, ela tentou ignorar a vozinha que dizia "Yay, eles terminaram!" em sua cabeça.


    *****

    - Eu... Tenho uma coisa para te contar - Abby estava atrasada, então Emma e Sarah estavam sozinhas em sua sala de estudos.

    - Conte...

    - Eu tenho um par para o baile.

    - Hey, parabéns! Quem é o desafortunado? - apesar da provocação, havia um sorriso no rosto da garota.

    - Rabastan Lestrange.

    - Ah, bacan... Lestrange?!? - Sarah arregalou os olhos para a sonserina, ao reconhecer o sobrenome - como em "comensal da morte Lestrange"? - Emma não falou nada, então a grifinória continuou - Em, você está louca?! Você não pode andar com um Lestrange por aí! Você não pode ir para o baile com um deles!!



    *****

    O anoitecer do dia 31/10 parecia ter sido tomado por uma enorme histeria coletiva. No dormitório de Sarah, Carlota e Michelle tornavam a tarefa de se arrumar deveras complicada - conseguir meia hora do banheiro para tomar banho, por si só foi uma batalha épica - de modo que a primeira quase desistiu de ir para o Baile. Com inveja de Mary, que tinha ido se arrumar com as amigas do sétimo ano, Sarah fez uma pré-arrumação (a maquiagem básica para a pele e a poção fixadora do cabelo), vestiu uma roupa qualquer e desceu para o salão comunal.

    Remus, Peter e James estavam por ali, já arrumados.

    - Isso na sua mão é um corsage, Potter?  - A menina se aproximou, apontando para o arranjo de flores em uma caixinha que James segurava - que bonitinho! - Ele corou um pouco, e tentou abaixou a mão, como para esconder a pequena pulseira florida.

    - Você definitivamente pegou intimidade muito rápido, Cooper.

    Sarah riu.

    - Aposto que a Lily vai amar, James - Virando-se para os outros dois, ela continuou - Gostei do smoking, Remus. Pettigrew... O que vocês estão fazendo aqui embaixo?

    - Estou esperando a hora que combinei com a Abby - respondeu Remus - James está esperando a Lily e o Pete, o Sirius.

    - Ah, sim - Sarah riu - Sirius realmente parece que se arruma como uma menina - os três soltaram risinhos (impressão dela ou James estava ansioso?)

    - E o seu par? - Peter a encarou, e pela primeira vez ela se sentiu verdadeiramente desconfortável na presença do menino

    - Eu... vou encontrá-lo lá embaixo - ela mentiu.

    - EEE, o grupo finalmente está completo! Só comigo por perto para vocês ficarem um pouquinho mais bonitos! - Sirius chegou, cruzando os braços e se apoiando em James - Que tal estamos, Aussie?

    Sarah riu.

    - Formidáveis, Sirius! Mas tem uma coisa... - ela deu um passo à frente e alcançou a gravata borboleta dele, arrumando-a - Isto aqui está bem torto.

    Quando ela se aproximou dele, foi por impulso. Quando se deu conta, estava ali, a uma distância ínfima dele, sentindo seu perfume e olhando em seus olhos, e corou um pouco.

    - Obrigado, eu nunca acerto isso... - ela precisou desfazer o nó, e tentava acertá-lo - Você, não vai se arrumar?

    - Meloni e Skeeter transformaram o quarto num campo de guerra. Vou esperar elas terminarem, e desço logo.

    Sirius sorria, e Sarah sentiu o coração acelerar um pouquinho.

    - Prontinho! - Deu um passo para trás - Melhor vocês se adiantarem. Lembraram das máscaras?

    - Sim, mamãe! - Ela estreitou os olhos para James, mas sorria

    - Ótimo! Vou ver se consigo adiantar minha vida lá em cima. Até mais tarde!

    Enquanto subia as escadas para o seu dormitório, Sarah cruzou com Lily Evans, e não pôde deixar de admirar como a ruiva tinha ficado bonita em seu vestido verde-esmeralda. Mas ei, peraí, o Remus disse que ia buscar a Abby?


    Última edição por Sarah Nipps em Qua Out 28, 2015 8:21 am, editado 2 vez(es)
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    Mensagem por Rodolphus Lestrange Sáb Out 24, 2015 6:28 pm


    O Salão Comunal da sonserina estava decorado com bandeirolas verdes e prateadas. Em um ponto qualquer, Talkalot revivia incessantemente os minutos mais emocionantes do jogo, Rabastan conversava com outros dois jogadores (algumas garotas os circulavam como aves de rapina) e Goyle e Malfoy conversavam num canto, a típica atitude fleumática estampada em seus gestos. Um já impaciente Rodolphus observa tudo ao redor, uma flute de champanhe na mão, esperando encontrar o já familiar cabelo loiro de Emma. Ela era a única pessoa com quem gostaria de compartilhar essa vitória, mas não parecia estar em lugar algum que seu olhar alcançasse.

    - Procurando por mim? - Bellatrix se aproximou dele, passando seu dedo indicador pelo braço do rapaz - soube que você foi muito bem no jogo hoje, Dolphus...

    - Obrigado, Bella - ele tomava um gole de seu champanhe, desejando que Emma não aparecesse naquele momento. Por alguma razão, sua intuição lhe dizia que ela não ficaria nada feliz com a cena. Bellatrix, no entanto, não parecia querer se afastar.

    - Druella me escreveu, querido... aparentemente, ela, Cygnus e os seus pais andam preocupados com o nosso... Rompimento. E, sabe, até que faz sentido...Talvez seja hora de abortarmos a sua pequena missão.

    Rodolphus estreitou seus olhos, medindo a noiva.

    - O que você quer dizer com isso, Bella?

    - Bem, é óbvio que ela não serve aos nossos propósitos. Portanto, podemos retornar aos nossos...planos.

    - Bella, eu já te disse que posso conseguir mais informações sobre ela, desde que no tempo adequado.

    - Eu já te disse que não há mais nada para saber. Estamos retomando nosso noivado, querido. A não ser, é claro, que eu precise me livrar de Richmond eu mesma.

    "Louca", pensava Rodolphus. O pior é que, por mais veladas que fossem as ameças dela, ele sabia que Bellatrix seria capaz de qualquer coisa; e por mais que Emma soubesse cuidar de si mesma, ele não desejaria que sua noiva cruzasse o caminho de ninguém.

    O rapaz apenas meneou a cabeça afirmativamente, sem muita vontade.

    - Ótimo! - Ela sorriu com seu jeito meio maníaco e deu um selinho nele (algo que ela só fazia quando queria pirraçá-lo) - Bem-vindo de volta à família, Dolphus.

    Rodolphus virou a flute de uma vez, enquanto Bellatrix se afastava em direção à Lucius. Uma sombra de preocupação se abateu sobre ele. Precisava garantir a segurança de Emma.


    *****

    Dolphus olhou para um lado e para o outro, garantindo que o corredor estava vazio, antes de abrir a porta à sua frente.

    - Até que enfim você chegou! - sentada em uma mesa de professor na sala vazia em que se encontraram naquele domingo, Emma abriu um sorriso irradiante no momento em que Rodolphus pisou na sala. Ele se aproximou, e, sem se levantar, ela puxou a gola da camisa dele, lhe dando um beijo - Ainda não te recompensei pelo ótimo desempenho do jogo...


    *****


    Quando Dumbledore anunciou o Baile do Dia das Bruxas, Rodolphus imediatamente escaneou a mesa da Sonserina à procura de Emma. Seu primeiro pensamento tinha sido a imagem deles dois chegando juntos ao salão. Seu olhar, no entanto, logo recaiu sobre Bellatrix, que lhe sorriu abertamente, de seu modo semi-ameaçador. Ele sabia o que aquilo queria dizer: seu par seria Bella, e aquela festa seria o retorno oficial deles. Passou as mãos pelos cabelos, tentando esconder as preocupações que lhe ocorriam. Onde estaria Emma? Logo ele precisava ir para o clube de duelos, e se não a visse antes de sair, provavelmente só conseguiria vê-la no dia seguinte (Bellatrix e Lucius tinham resolvido se unir para forçar todos a praticarem por cada vez mais tempo).


    *****

    Como Rodolphus previra, Emma e ele não conseguiram se ver na segunda-feira. Na terça-feira, eles se encontraram em uma nova sala vazia - alternar pontos de encontro estava entre suas medidas de segurança - e ele precisou se segurar para não agarrá-la antes de entregar as nada boas notícias. Beijou Emma com carinho, deu um passo para trás e a encarou.

    - Meus pais escreveram - Ela abriu seus olhos significativamente, e ele continuou a conversa - sobre o noivado com Bellatrix - Em se remexeu, desconfortável, mas ele precisava continuar - Eu preciso reatar com ela.

    Emma olhou para o chão, e ele tirou uma mecha de cabelo de seu rosto, colocando-a atrás da orelha, e seu gesto se alongou em um carinho pelo rosto. Ele segurou o queixo da garota e a forçou a encará-lo. Com os olhos travados com os dela, ele começou a falar, a voz macia e suave.

    - Você sabe que é apenas por formalidade, não é? Não existe absolutamente nada entre nós dois. - Emma acenou afirmativamente, mas de forma quase imperceptível, e ele a beijou.



    *******

    No sábado de visita a Hogsmead, quase duas semanas após a conversa sobre o noivado com Bellatrix, Rodolphus combinara de encontrar com Emma no fim do dia. Durante este intervalo, eles se viram algumas vezes, mas com uma frequência menor que nas semanas anteriores. Ele esperava que a tarde na vila fosse mais tranquila, e que eles tivessem mais tempo juntos.


    Eles se encontraram atrás do Três Vassouras, e Rodolphus a beijou com vontade. Encostado no muro, ele a encaixava entre as pernas e, depois de algum tempo focado em uns amassos, ele a encarou, brincando com a ponta de seu cabelo.

    - Fez o que precisava fazer hoje?

    - Sim! - Ela mostrou as sacolas caídas ao lado deles.

    - Uma compra e tanto, hein? - Ele sorriu - Tem alguma coisa sexy aí?

    Emma riu, virando os olhos, e ensaiou um tapinha no ombro dele.

    - São coisas para o baile.

    Rodolphus fez uma careta.

    - Você vai ao baile? - Ela fez que sim com a cabeça - Você... sabe que eu... preciso ir com a Bellatrix, certo?

    A garota deu de ombros.

    - Eu ainda posso me divertir sem você, Dolphus!


    *****

    No Sábado seguinte, Rodolphus esperava por Emma na sala de adivinhações. Entre uns beijos e outros, ela puxou um assunto que o deixou desconfortável (embora não transparecesse muito).

    - Então... Eu fui convidada para o baile. - Os olhos dele se apertaram involuntariamente.

    - Mesmo? Isso é uma coisa boa... Você precisa se divertir - Rodolphus fitou o chão, ao lado de seu pé, tentando não demonstrar o incômodo que aquela notícia lhe causara - Quem foi?

    - Rabastan - Ele a encarou, com uma sobrancelha erguida - Seu irmão...

    Então, Basty queria mesmo comprar essa briga.

    - E o que você respondeu?

    - Disse que pensaria no caso... - a menina deu de ombros.

    - Ótimo. Basty não é a pessoa mais brilhante do mundo, mas se você vai ao baile com alguém, melhor que seja com ele - sim. De uma coisa Rodolphus tinha certeza: seria muito mais fácil dar limites ao irmão que a qualquer outro sonserino.

    Emma balançou a cabeça afirmativamente, e ele a puxou para perto, retomando os beijos.


    *****

    Na quinta-feira antes do baile, Rodolphus e Emma estavam em mais um de seus encontros. Sentados no chão, um de frente para o outro, ela havia conjurado uma poção cicatrizante e algodão, e aplicava com cuidado no supercílio dele.

    - Em, eu já disse, não precisa.

    - Como não? Semana que vem é o baile, e você não pode ir com uma cicatriz.

    - Em - ele ria, segurando o pulso dela - é um corte bobo, cicatriza sozinho. E é um baile de máscaras!

    Ela suspirou, e se deu por vencida.

    - Então, você vai me contar o que aconteceu?

    Ele fez que não com a cabeça, e a puxou para um beijo.



    Na noite anterior, a dupla duelando finalmente foi a dos irmãos Lestrange. Eles duelavam com afinco, e tanto Rodolphus quanto Rabastan sabiam que havia muito mais ali do que as tarefas esganiçadas por Bellatrix. Eles duelavam por todas as brigas que já tiveram como irmãos, e, principalmente, por Emma.

    Desde que descobrira que o irmão convidara sua... namorada? para o baile, Rodolphus vinha querendo enfrentá-lo. Sabia que Rabastan tinha uma política minimamente ofensiva com relação a mulheres, e a simples ideia das pequenas mãos da garota envoltas no braço de seu irmão caçula lhe despertava uma ira intensa.

    A cicatriz, no entanto, não tinha sido do duelo. Quando encerraram as atividades da noite, Rodolphus segurou o irmão pelo braço, murmurando um "espere". Ficaram ali, estáticos, até que a sala se esvaziasse.

    - O que você quer, Dolph?

    - Richmond - Rodolphus encarava o irmão - Eu soube que você vai levá-la ao baile. Melhor se comportar, Basty!

    - Ciúmes, maninho? - Sarcasmo e ironia eram traços comuns à linhagem deles - Pode ficar tranquilo, não farei nada que a sua protegida não queira que eu faça...

    Aquilo foi o suficiente para que o sangue subisse à cabeça do primogênito. Com a mão livre, ele desferiu um gancho de direita contra o irmão, que revidou com o mesmo golpe. Eles se afastaram por meio segundo - tempo suficiente para que ambos alcançassem suas varinhas - e se encararam, cada um à mira da varinha do outro.

    - Você não vai querer fazer nada de que se arrependerá, Basty. Nós dois sabemos que eu sou muito melhor nisso do que você - Rabastan encarou o irmão, com fúria em seus olhos

    - Ela vale mesmo isso tudo, mano?

    Rodolphus não respondeu. Os nós de seus dedos já ficavam brancos ao redor da varinha, e ele precisava se concentrar para não perder a cabeça.

    - Vá, Rabastan. Ande logo!




    *****


    Rodolphus estava pronto para o baile, e esperava, já impaciente, Bellatrix descer. Fazer teatrinho de casal feliz era uma coisa - testar sua paciência, outra, bem diferente. Foi arrancado de seus devaneios levemente homicidas pelo irmão, também arrumado, que parou do seu lado.

    - Esperando a esposa, Dolphy? - Ele provocava o irmão, e Rodolphus sabia disso. No entanto, não poderia fazer nada ali, no Salão Comunal. Uma família puro-sangue precisava manter as aparências sempre.

    - Não enche, Rabastan.

    Naquele instante, Emma apareceu no topo das escadas. Rodolphus sentiu sua boca ficar seca. Se a garota já era bonita antes, agora ela estava deslumbrante. E de alguma forma, mesmo em um vestido longo, ela estava sexy. Fizeram contato visual durante algum tempo, mas ele logo se esforçou para quebrá-lo; virando-se para o irmão. Fingindo que consertava sua lapela, ele falou, pausadamente:

    - Encoste um dedo nela, Rabastan, e você é um homem morto.

    O jovem virou sobre os próprios calcanhares, e voltou ao seu quarto. Precisava de uma dose de Uísque de Fogo para aguentar aquela noite.
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    Mensagem por Emma Malfoy Dom Out 25, 2015 12:35 am

    As quatro grandes mesas do Salão Principal haviam desaparecido, substituídas por dezenas de mesinhas redondas, que comportavam no máximo dez pessoas, cobertas com toalhas roxas. A decoração estava impecável, toda em uma mistura de roxo, preto e cor de abóbora.

    Haviam várias abóboras flutuando, cortadas para parecer um rosto com olhos, nariz e boca. No lugar da mesa dos professores, uma banda tocava animadamente e já atraía algumas pessoas para uma pista de dança improvisada.

    Emma Malfoy também estava impecável. Seu vestido azul possuía um detalhe em prata na altura do peito, e em seu colo nu, um pingente prateado no formato de coração era exibido. Ela havia ficado tentada a usar a tiara de sua avó, mas quando viu Narcisa passando na sua frente com o mesmo objeto, ficou satisfeita por ter feito a escolha mais razoável.

    A menina havia prendido os cabelos em um coque frouxo, deixando alguns largos cachos caírem na lateral de seu rosto. A maquiagem estava suave, mas combinava perfeitamente com o contexto. Para combinar com o delicado colar que usava e com o detalhe do vestido, Emma havia escolhido uma máscara de prata, que cobria apenas seu nariz e olhos, presa em seu rosto por um feitiço simples.

    Rabastan, ao seu lado, também estava muito elegante. O rapaz escolhera vestes negras, usando uma camisa marrom por baixo. A máscara dele era totalmente preta, sem detalhes, lhe cobrindo a região dos olhos.

    O rapaz lhe ofereceu o braço e os dois entraram no salão. O Sonserino imediatamente encontrou uma mesa bem localizada, ocupada por um quartanista lufano, e expulsou a criança. Os dois se sentaram, mas não se passou muito tempo até que Lucius e Narcisa se juntassem a eles.

    Sua avó estava linda, e com máscaras, as duas ficavam ainda mais parecidas. A máscara de Lucius era verde e cobria a metade de seu rosto.

    Aproveitando que a mesa agora poderia ser guardada por alguém, Rabastan convidou Emma para ir até a pista de dança, o que a menina prontamente aceitou. Não queria continuar ali quando Rodolphus e Bellatrix chegassem também.

    Não precisava assistir de camarote a bruxa mostrando a todos que o noivado estava tão firme quanto antes. Ignorando o ciúme que lhe invadia toda vez que via os dois juntos, Emma tentava dizer para si mesma que aquele era o melhor caminho. Ao menos daquela forma, estava garantido o futuro de Bellatrix Lestrange.

    Logo ela, Sarah e Abby conseguiriam voltar e ela ficaria apenas com a lembrança do jovem Rodolphus, uma pessoa completamente diferente do comensal.

    Parecendo adivinhar que o irmão já havia chegado no baile, Rabastan puxou Emma pela cintura, falando colado ao seu ouvido.

    - Não está com sede? Podemos pegar um pouco de hidromel. – O rapaz abriu a veste para mostrar a garrafinha com a bebida que estava escondido em seu bolso interno.

    A menina soltou uma gargalhada. Quando aceitou ir ao baile com Rabastan, estava apenas pensando que, ao contrário de Sarah, ela não se sentiria tão bem em comparecer em uma festa sem um acompanhante, e o Lestrange caçula havia sido aprovado por Rodolphus.

    Mas ela não esperava que o rapaz fosse ficar tão elegante nas vestes a rigor, muito menos que fosse diverti-la. Mesmo na pista de dança, Rabastan conseguia distraí-la. Ele dançava com belos movimentos, sempre a mantendo por perto.

    - Por favor, Basty... Uma festa não é uma festa completa sem um golinho de hidromel.

    O rapaz abriu um largo sorriso, aprovando a atitude da menina. Ele a puxou pela mão, mas Emma imediatamente se arrependeu ao ver que ele estava levando-a de volta a mesa, onde agora apenas Rodolphus e Bellatrix estavam.

    - Hey... Algum suco de abóbora que não tenha sido contaminado pelo veneno da Bella? – Rabastan brincou, analisando os copos disponíveis na mesa.

    Os dois copos limpos que estavam nos lugares de Rabastan e Emma magicamente se encheram com suco de abóbora. Emma segurou um risinho diante da expressão de Bellatrix. Precisava admitir que estava começando a gostar do irmão de Rodolphus. Não era qualquer um que aceitava encarar a Black.

    - Não seja desagradável, Basty. Estamos em uma noite civilizada. – Bellatrix torceu o nariz.

    Rabastan soltou uma exagerada risada nasalada enquanto virava o hidromel no suco de abóbora.

    - Desagradável, Bella? Só porque você colocou um vestidinho, está achando que é uma mocinha? – Ele deu um gole generoso em seu copo e o ofereceu a Emma, sem se preocupar em trocar a bebida.

    - Rodolphus, vai deixar seu irmão me ofender assim?

    - Tenho certeza que você sabe se defender muito bem sozinha, Bella. – Rodolphus respondeu preguiçosamente.

    - Qual é, Bellinha... – Rabastan passou o braço pelos ombros de Emma, em um tipo de abraço. – Foi só uma piada.
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    Mensagem por Remus Lupin Dom Out 25, 2015 12:26 pm

    Assim que Lily desceu as escadas, Remus, Peter e Sirius desapareceram pelo retrato da mulher gorda. Queriam proporcionar alguma intimidade ao amigo, que, coitado, parecia nunca ter estado tão nervoso em toda a sua vida.

    Remus não estava muito diferente – enquanto os amigos conversam animadamente qualquer coisa de que ele não participava, ele ponderava se ir àquele baile tinha sido uma boa ideia ou não, e tentava se lembrar de todos os acontecimentos que o levaram até ali.


    *****

    Remus desceu da arquibancada conversando amenidades com Peter. Até que o garoto gostava de Quadribol o suficiente para se chatear com a derrota, mas no momento sua mente estava em Abby, e ele se perguntava porque ela saíra com tanta pressa assim que o jogo acabou.

    Sentiu uma mão se fechando sobre seu braço, e viu a menina ali, ao seu lado. Ela parecia enfurecida, e deu um jeito de dispensar Peter rapidamente (o rato foi incapaz de perceber que Remus não queria ficar a sós com a garota!)

    - Agora somos eu e você... – Abby o puxava para mais perto da arquibancada, e para longe dos demais alunos que deixavam o campo - olha só, Remus John Lupin... eu quero saber porque você me ignorou a semana inteira! Achei que fossemos amigos!

    O garoto respirou fundo antes de responder, e passou a mão nervosamente pelos cabelos
    - Impressão sua. Eu só estou com muita matéria atrasada – se Remus tinha um defeito, é que ele não sabia mentir. Por isso, se forçou a não encarar a garota, ou se entregaria facilmente - Preciso recuperar tudo, então não deu tempo pra monitoria, nem pra mais nada.

    - Mentira. Nem me cumprimentar você cumprimenta mais. Nem um oi. Você acha que isso não dói?

    Doer. Ele sentiu um peso no estômago, e a boca seca. Ele sabia exatamente o quanto doía não poder estar perto da garota. Mas precisava insistir. Ele não faria bem algum à Abby, e era inútil deixa-la se aproximar.

    - Olha, é último ano, pressão, Niem's, é a vida adulta batendo na porta! – Ele falou a primeira coisa que lhe apareceu à mente, e ficou na esperança de que ela aceitasse.

    - Sério? A vida adulta está batendo na porta para o Potter e o Black também! No entanto, eu não os vejo se privando de viver, de se divertir, de amar!

    Ele levou as duas mãos ao rosto, começando a ficar com raiva daquela situação. Por Merlin, ele só estava tentando fazer a coisa certa!

    - Eu não sou o James, nem o Sirius! Eles não têm os problemas que eu tenho, então eles podem ser despreocupados assim, eu não posso me dar ao luxo! – ele estava quase gritando, gesticulando enfaticamente.

    - Você pode sim, mas a questão, é que você não quer! Você se menospreza! – Abby parecia estar sendo contaminada pela frustração do garoto - Dane-se a sua condição, você é mais inteligente e tem até mais capacidade que muitos outros e você pode sim, amar e ser amado. Se você ainda não percebeu – ela aumentou o tom da voz - eu gosto de você!

    O susto ao ouvir aquelas palavras parecia ter sido compartilhado entre eles. A menina levou as mãos à boca, como se tivesse deixado escapar um segredo. Ela o encarou, os olhos vermelhos e cheios de lágrimas, e saiu correndo em direção ao castelo.

    Remus ficou ali: o peso daquelas palavras sobre seus ombros, o olhar preso na menina.


    *****

    Quando o baile foi anunciado, a reação instantânea do garoto foi procurar por Abby. Se a vida não fosse uma grande ironia e Remus Lupin fosse algo bom em seguir seus instintos, ele teria seguido o exemplo de James e convidado a garota para o baile – mas, aparentemente, alguém chegara antes: Matthew Davis – aquele babaca da Corvinal – já circulava a menina, com excesso de galanteio e de contato físico.
    Remus abaixou seu olhar e começou a comer, segurando os talheres com mais força do que o necessário. Abby iria com aquele babaca para o baile, e estava tudo bem, sério: Matthew Davis ainda era melhor do que um Lobisomem.

    *****
    - Eu ainda não acredito que a Evans aceitou sair com você! – Peter choramingou, encarando um James sorridente. Remus podia jurar que viu uma pontada de inveja passar por Peter, mas estava distraído demais tomando sua cerveja amanteigada e observando o vai e vem da porta do Três Vassouras.

    James deu de ombros.

    - E vocês? Já têm par para o baile? – James perguntou, fitando os amigos. Era a primeira vez que eles falavam sobre o assunto desde as comemorações por Lily finalmente ter aceitado sair com ele.

    - Não – Peter se encolheu um pouco – Não tô afim de ficar bajulando uma menina a noite toda.

    - Pontas, meu caro – Sirius se manifestou, entre goles de cerveja amanteigada – A vantagem de sair fixamente com alguém é que você automaticamente tem par para todos os eventos sociais.

    Remus desviou sua atenção novamente para a porta, e, embora não soubesse exatamente o que queria ver, sabia que ainda não tinha acontecido.

    - E você, Aluado?

    - Eu... – Remus deu mais uma olhada para a porta, e o salto que seu coração deu foi o suficiente para que ele soubesse quem estava esperando ver; Abby e Sarah entraram naquele momento, rindo de algo e com sacolas na mão – Eu não vou ao baile.

    - Quê?

    - Por que?

    - E a Annabel?


    *****

    A lua cheia caiu na sexta-feira seguinte e, durante toda a semana, todas as vezes em que Remus tentava descansar, era visitado por sonhos agitados envolvendo Abby. Em um deles, o mais aterrorizante, ele a atacava nos jardins do castelo, e o pavor nos olhos da menina era tão intenso e tão real que ele acordou desesperado e preocupado. O desespero logo tornou-se raiva, e em pouco tempo os doces e livros em seu criado mudo estavam voando pelo quarto, e as lágrimas quentes escorrendo pelo seu rosto.

    *****

    Doía. Olhar para ela doía. Ele se sentia destruído, como se a lua cheia tivesse se estendido pela semana seguinte, mas com uma frequência maior do que ele jamais assumiria, ele se pegou observando Abby pelas esquinas do castelo, a vontade de falar com ela sendo aos poucos massacrada pelas lembranças de todos os seus medos se tornando realidade em seus sonhos.

    Naquela sexta-feira à noite, ela estava na biblioteca: a vista baixa, um grosso livro aberto à sua frente. Remus a observava através de uma prateleira, querendo guardar distância. Uma mecha do cabelo castanho da garota caía sobre o livro, e ela a colocou atrás da orelha, deixando o rosto à mostra. Ele suspiro, os dedos sobre a lombada de alguns livros, quando, em verdade, ele queria estar fazendo carinho em seu rosto. Enquanto a observava, ele tinha certeza de que o tempo havia parado.

    Mas, bem, era apenas impressão – um primeiranista derrubou um livro um pouco atrás dele, e todas as cabeças se voltaram para a fonte do estrondoso barulho, incluindo a de Remus. Quando este voltou à posição anterior, seu olhar cruzou com o de Abby. Engolindo seco, ele começou a se afastar, mas antes que alcançasse a porta da biblioteca, ela alcançou seu braço e o puxou para fora.

    - Qual é o seu problema?! – ela parecia irritada, e o encarava com o cenho franzido.

    - Eu não sei do que você está falando – ele evitou o olhar dela, e de repente os entalhes do portal da biblioteca pareciam extremamente interessantes.

    - Um mês, Remus. Vai fazer um mês desde a nossa última conversa. – ele engoliu em seco. A voz dela abria cada uma das feridas relacionadas à licantropia que ele já tinha conseguido fechar – olha pra mim – ela puxou o queixo dele para frente – você acha mesmo que eu não te vejo me espiando pelos cantos?

    O bruxo fechou os olhos, se sentindo, no topo de toda aquela confusão, um perfeito idiota. É claro que ela teria percebido.
    Ouviu a menina suspirar, e abriu os olhos para vê-la de braços cruzados e um olhar inquisitivo.

    - Você não é muito bom nessa coisa de paquera, né?

    - Han?! – Ele estava perdido. Nunca imaginaria que ela lhe perguntaria algo como aquilo.

    - Você. Não é muito bom. Nessa coisa. de Paquera. Né?

    O garoto apenas sacudiu a cabeça negativamente, o cenho franzido.

    - Pois bem, eu faço isso então. Eu estive esperando seu convite o mês inteiro, Remus – ela girou os olhos, e acertou sua postura – Remus John Lupin, você gostaria de ir ao baile comigo?

    Um pequeno sorriso surgiu no rosto dele, e ele acenou que sim.

    - Ótimo! – ele nunca vira Abby tão determinada – agora deixe de agir estranhamente, sim? – ela girou nos próprios calcanhares, e voltou para dentro da biblioteca.

    ******

    Remus já estava sozinho nos corredores do porão, esperando Abby sair de seu salão comunal, e sorriu ao se lembrar do inusitado convite para o baile. A verdade é que ele ainda tinha medo – de se envolver, de machucá-la, dela finalmente descobrir que ele era um monstro – Mas parte dele estava incrivelmente feliz com aquela noite.

    ”A parte humana”, ele constatou, com um certo sarcasmo.
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    Mensagem por Sirius Black Dom Out 25, 2015 5:30 pm

    Sirius estava sentado num dos sofás do Salão Comunal com Mira, o pufoso aninhado em seus braços enquanto Marlene, sentada à sua direita, desabafava sobre a quantidade absurda de trabalhos escolares que estavam tendo aquele mês:
     
    - E a McG me deu um P naquele trabalho que você me ajudou… – ela soltou um suspiro – Claro que se fosse uma professora que eu não gostasse, eu nem ligaria pra opinião dela...
     
    Ao ouvir aquilo, o Maroto lembrou-se de uma frase que James lhe dissera há algumas semanas:
     
    “Você realmente liga pra opinião da Cooper, hein?”
     
    Foi como se algo clicasse dentro do cérebro dele e de repente, tudo fez sentido: toda aquela curiosidade que Sarah Cooper lhe despertava, a necessidade que ele sentia em chamar a atenção dela, o porquê de ter ficado tão mal com a briga…
     
    “Eu gosto da Cooper” – ele concluiu, por fim.
     
    - Lene. – ele interrompeu a "namorada" e a loira o encarou, curiosa. – Eu…. – ele respirou fundo, se odiando mentalmente pelo que viria a seguir – Nós deveríamos terminar.
     
    Agora que finalmente chegara aquela conclusão, ele também entendia que o que sentia por Marlene McKinnon era apenas atração - sim, ele gostava da companhia da loira e sim, ela beijava bem, mas nunca seriam nada além de bons amigos.
     
    Marlene, surpreendida por aquela afirmação, abriu a boca pra falar:
     
    - …
     
    - Eu me sinto um cretino falando isso, mas…
     
    - Eu entendo, Sirius. – ela concordou com a cabeça. – Já havia percebido que você não estava 100% com o namoro...
     
    - Me desculpe. – E Sirius estava sendo sincero.
     
    - Tudo bem.  – Marlene passou a mão pelos cabelos, suspirando pesadamente – Mas não vou conseguir olhar pra sua cara por uns dias.
     
    - Certo. Se você quiser, pode me azarar...
     
    - Prefiro lançar dardos na sua foto. – ela soltou uma risada forçada enquanto pegava suas coisas - Um dia você tem que me contar quem foi a pessoa que finalmente botou uma coleira em Sirius Black, hm? – e apertando a  alça da mochila, ela se afastou dele (foi parar no dormitório das meninas do 6o ano)
     
    Sirius olhou para Mira, suspirando. Marlene McKinnon merecia alguém mil vezes melhor que ele.
     
    __________________________
     
    O boato de que Sirius Black e Marlene McKinnon não estavam mais juntos já percorrera toda Hogwarts (havia, como de praxe, várias versões do término: a preferida de Sirius era a que Marlene lhe deixava com tentáculos na cara após uma briga feia) e agora os alunos apostavam entre si quem ele levaria para o baile no fim daquele mês.
     
    Um Sirius Black solteiro, porém, era algo bom para a população feminina: agora qualquer uma das garotas poderia ter a honra de ser convidada e era por isso que toda vez que o rapaz passava elas se empertigavam toda, soltavam risadinhas e mexiam nos cabelos. Sirius fingia não vê-las, para não dar falsas esperanças a ninguém.
     
    Para a decepção delas o rapaz decidira ir sozinho. Era um ato de rebeldia e também de solidariedade a Peter, que fora rejeitado pela garota que convidara (Rabicho, porém, não havia revelado quem era a moça em questão).
     
    Claro que Sirius sentiu vontade de convidar Sarah (a pergunta "Aussie, quer ir comigo?" na ponta de sua língua toda vez que a via), mas ele havia acabado de terminar um “namoro” e então, por respeito a Marlene, controlara seu impulso.
     
     
    ***
     
    Era o dia do baile e os demais Marotos, sabendo que Sirius demorava pra se arrumar, decidiram deixá-lo por ultimo na fila do banho  (tiraram no par ou ímpar qual dos 3 iria primeiro. Remus ganhou).  Sirius não se importou porque 1) era a verdade e 2) ele poderia tirar mais um cochilo.
     
    E era isso que estava tentando fazer quando viu James revirar o malão que ficava no pé de sua cama:
     
    - O que é isso, Pontas? – sua curiosidade falou mais alto ao ver o amigo segurar um vidrinho nas mãos – Perfume?
     
    - Nah. É a poção do papai…
     
    Sirius ergueu uma sobrancelha. Fleamont Potter havia inventado uma poção que alisava até os mais difíceis dos cabelos (James, no entanto, sempre fora contra , preferindo deixar os cabelos au naturale).
     
    - A Lily sempre criticou o meu cabelo… - o rapaz encolheu os ombros, na defensiva, ao ver o olhar do amigo.
     
    - Pontas, meu caro…tarde demais. Ela já passou 6 anos vendo esse seu ninho aí.
     
    - Bom, isso é verdade. – James teve que concordar.
     
    - Relaxa. Você tá pensando demais.
     
    - Sirius, as probabilidades de eu fazer algo errado são enormes…
     
    Sirius revirou os olhos e levantando da cama, caminhou até o amigo.


    - James.  - disse, sério, colocando as mãos no ombro dele. – Você e a Lily vão se divertir pra valer hoje. Okay?
     
    James apenas concordou levemente com a cabeça. Nesse momento, Aluado saiu do banho e Sirius deu um empurrão no amigo, pois ele era o próximo da fila.
     
    ***
     
    - Arg!– Sirius suspirou, se olhando no espelho. A gravata borboleta estava torta, mas ele não tinha mais paciência para ajeitá-la. Decidindo que aquilo era o melhor que ele conseguiria, ele desceu para o Salão Comunal.
     
    Viu Sarah conversando com os amigos a um canto e sorriu automaticamente com a visão da garota.
     
    - EEE, o grupo finalmente está completo! Só comigo por perto para vocês ficarem um pouquinho mais bonitos! – disse, ao se aproximar deles - Que tal estamos, Aussie?
     
    - Formidáveis, Sirius! Mas tem uma coisa... - ela deu um passo à frente (Sirius decidiu ignorar o gelo no seu estômago que aquele simples gesto causara)  e alcançou a gravata borboleta dele, arrumando-a - Isto aqui está bem torto.
     
    Sirius ficou encarando ela, várias perguntas em sua mente: “você vai usar aquele batom convidativo hoje?”, “você vai me dar a honra de uma dança?”, mas não conseguiu falar nada.
     
    - Obrigado, eu nunca acerto isso... – ele falou, por fim. - Você, não vai se arrumar?
     
    - Meloni e Skeeter transformaram o quarto num campo de guerra. Vou esperar elas terminarem, e desço logo.
     
    Sirius sorriu, imaginando a cena.
     
    - Prontinho! – Sarah deu um passo para trás (Sirius se segurou para não segurá-la pela cintura) - Melhor vocês se adiantarem. Lembraram das máscaras?
     
    - Sim, mamãe! – James debochou.
     
    - Ótimo! Vou ver se consigo adiantar minha vida lá em cima. Até mais tarde!
     
    E assim que a menina sumiu escada acima, Lily Evans deu o ar de sua graça em um vestido verde esmeralda que fez o queixo de James Potter cair.
     
    (O que Sirius não daria para ter uma câmera pra registrar a reação do amigo)
     
    ***


    O baile já estava rolando a algum tempo e Sirius Black se afastou da mesa dos professores, rindo – tinha tentado convencer McGonnagal a dançar com ele, mas a professora  se limitara apenas a revirar os olhos e dizer um “vá se divertir, Sr. Black”. O Maroto caminhou até a mesa das bebidas e serviu-se de um pouco de suco.  A festa estava animada, mas ele precisava de um pouco de álcool, certo? Certo.
     
    O rapaz então tirou um frasquinho do bolso do paletó – whisky de fogo – e despejou no suco.
     
    Naquele momento, uma moça alta, com um vestido preto tomara-que-caia que terminava num degradê se aproximou dele:
     
    - Que tal guardar um pouco pras amigas?
     
    Pelo solavanco que o coração dele havia dado, só podia ser 1 pessoa:
     
    - Aussie? – ele a olhou de cima a baixo, tomando para si a aparência da moça. 
     
    - Sim – ela sorriu e Sirius ficou satisfeito ao ver que os lábios dela estavam pintados com aquele vermelho convidativo.
     
    - Álcool? – ele ofereceu o suco a ela.
     
    - Sempre.
     
    Prestando atenção na música que tocava, Sirius decidiu arriscar a pergunta:

    - Dança comigo, Aussie?

    Sarah abaixou o copo de suco e concordando com a cabeça, seguiu para a pista de dança com ele. Uma música lenta tocava e Sirius aproveitou para abraçá-la pela cintura, trazendo-a mais para perto.  A garota encostou a cabeça no ombro dele de modo que ele podia sentir o perfume doce que emanava de seus cabelos:

    - Você está fantástica, Aussie. - ele falou, baixinho, no ouvido dela.

    ****

    Depois de dançar cinco músicas direto com Sarah, Sirius aproveitou a ida da garota ao banheiro para sair um pouco do Salão Principal.

    Sentou-se nos degraus da escada e enquanto ponderava se deveria subir até os dormitórios pra pegar um pouco mais de whisky de fogo viu um casal também deixar o local do baile:

    -....Regulus? - ao ouvir aquele nome, Sirius ergueu os olhos, curioso. Aproveitou que o local estava pouco iluminado e se encolheu, de modo a não chamar a atenção do irmão e de seu...par.

    - Vamos dar uma volta nos jardins, Mary. Aquele Fenwick não te deixa em paz. - Regulus retirou a máscara da garota e Sirius arregalou os olhos ao ver que se tratava de Mary McDonald. 

    Mary McDonald.

    Grifinória.

    Nascida trouxa.

    - Ciúmes, Black? - a garota soltou uma risada. 

    - Talvez.

    - Não se preocupe, eu pisei tanto no pé dele que com certeza o traumatizei...

    Regulus riu.

    Sirius ficou chocado ao ver o irmão rir daquela maneira. E mais ainda quando Regulus a beijou, de leve, nos lábios, antes de puxá-la em direção aos jardins.

    Sirius ficou encarando o nada, chocado com a cena inusitada que presenciara.


    Última edição por Sirius Black em Ter Out 27, 2015 8:29 pm, editado 1 vez(es)
    Abby Lovegood Scamander
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    Mensagem por Abby Lovegood Scamander Seg Out 26, 2015 12:08 pm

    Após a cena de debaixo das arquibancadas, Abby se sentiu mais leve. Descarregar o que estamos sentindo é sempre muito melhor do que ficar remoendo e acumulando mágoas. Talvez, o melhor mesmo fosse ficar quieta no seu canto e não se envolver com ninguém, durante o tempo que ali estava. Talvez gostar de Remus fosse uma loucura... no fim de tudo, ela teria de voltar para sua época, e ele ficaria ali. E no futuro, se casaria com Tonks.
    Esse sentimento remexeu algo dentro dela. Algo que ela não gostava. Inveja, ciúmes... o que Tonks tinha, que o conquistaria? Que o faria abandonar seus receios, seu pessimismo quanto a relacionamentos? Era egoísmo demais que ela quisesse ser capaz de ser ELA a conseguir penetrar a couraça que Lupin impusera a ele mesmo?

    **********************

    - Então... o que você acha, hein?
    - Acho de que?
    - De ir ao baile... comigo.
    Abby revirou os olhos. A vontade que tinha era de estuporar o sujeito.
    Davis vinha lhe seguindo sistematicamente pelo colégio, desde o jogo. Nas aulas que por ventura, estavam os dois, ele fazia questão de ficar sempre o mais perto possível dela, ficava falando perto de sua orelha, e dando a entender para os outros, que estavam juntos. Não queria explodir e consequentemente, chamar a atenção pra si. 
    Nesse meio tempo. Também notara que via Remus muito mais que antes. Várias vezes ela sentira que estava sendo observada e pegava ele virando um corredor, ou desviando os olhos, achando que ela não notaria que a estava olhando. E ele lhe olhava da mesa da Grifinória, das estantes mais afastadas na biblioteca...
    Gostaria de saber se, e quando, ele tomaria uma atitude e viria falar com ela.
    - Então... estou esperando uma resposta.
    - Não.
    - Não? Como assim, não? Já tem par?
    - Não.
    - Então por que não aceita o meu convite?
    - Não tenho um par, mas tenho alguém em vista.
    E tinha mesmo. Bem na sua linha de visão, sentado à mesa da Grifinória, olhando para seu prato.
    Esperaria o convite.

    *********************

    No dia da reunião semanal das meninas, pintou um momento de descontração que foi inesperado pra Abby. Ao que parecia, nenhuma das três estava mais tão estressada quanto há semanas atrás, o que foi um alívio para a menina, que temia uma nova discussão com Emma.
    Estavam estudando, quando Sarah bufou, de repente, e Emma riu.
    - Ok, Nipps, qual o caso?
    Quando Sarah contou a elas que Pettigrew a tinha chamado para o baile, e ela tinha mentido, dizendo que já tinha par, uma parte de Abby se solidarizou com Sarah, mas uma pequena parte não deixou de sentir pena do rapaz. Ele já não tinha muita coisa atraente, verdade seja dita, mas o que vira dele até agora, não era tão ruim quanto a figura que sempre fizera dele. Mais uma vez se perguntou o que ocorrera para que ele fosse capaz de uma traição tão grande aos amigos.
    Sarah perguntou a elas, se alguma das duas tinha par já. Emma e ela disseram que não.
    - Eu vi o Davis te chamando, Abby... Por que você não vai com ele?
    - Ew, ele é nojento!
    E realmente, quando o olhava, só conseguia imaginar a Lula gigante, com todos aqueles tentáculos. Davis parecia ter mais braços que ela.
    - Não tão nojento quanto o Pettigrew... - Emma retrucou, voltando a rir.
    - Você não... Não tem nada a ver com o Lupin, tem?
    - Não. Não tenho.
    Infelizmente não é porque ela não quisesse ter, pensou. 


    ********

    - Então... o Lovegood me chamou pro baile.
    - Sério, Pandy? Que maravilha!
    - Onde está a maravilha nisso? Ele é irritante!
    - Só porque não concorda com tudo que você diz?
    - A gente é muito diferente!
    - Ótimo! Se fossem iguais, imagina a monotonia que seria? Você aceitou?
    - Ainda não. Fiquei de pensar.
    - Olha que outra garota pode convidá-lo e aí, vc que ficou enrolando pra responder, perde o par!
    - E quem vai querer convidar o Lovegood? 
    - Cassandra Abott.
    - Abott... Abott... a quintanista grifinória?
    - A mesma. Outro dia passei por um grupinho do quinto ano e ouvi ela dizendo que não sabia que o Xeno era tão bonito assim, que estava pensando em convidar ele pro baile, só estava juntando coragem.
    Mentira. Balela pura. A menina dissera que ele era bonito sim, mas não falara nada de convidar. Mas um empurrãozinho não faria mal. Que problema tinha em uma pequena mentira, quando era pra um bem maior?

    ***********************


    No sábado dia de visita à Hogsmead, Abby, Emma e Sarah haviam combinado de irem juntas comprar seus vestidos para o baile. Os que ela havia levado no malão, dera uma olhada neles e não achou que serviriam pra ocasião, além do que, teriam de comprar máscaras.
    As meninas desanimaram quando viram a multidão na Madame Malkins, com direito à fila do lado de fora. Já haviam previsto que seria assim, pois era o único dia disponível antes do baile, para que as alunas resolvessem essas questões. 
    Sarah e Emma já estavam desanimando, quando Abby lembrou de uma pequena loja que fora uma vez com sua mãe, comprar um vestido para as bodas de seus avós Scamander.
    - Eu conheço uma lojinha. Ficava duas ruas atrás da rua principal. Eu acho que já deve estar aberta... Tem muita coisa estranha, mas tem coisas incríveis, também! 
    - Eu duvido que uma lojinha tenha algo que preste para uma situação como estas, Abbigail...[/size=17]
    [size=17]- Emma! Não custa tentarmos... se nada prestar, voltamos aqui. - disse Sarah

    Após mais algumas reclamações de Emma, elas entraram e finalmente cada uma encontrou o que queria. Até mesmo Emma, e elas puderam respirar, aliviadas por não terem tido que enfrentar o pandemônio que estava dentro da Madame Malkins.

    *****************

    Mais dias se passaram e nada de Remus convidá-la para o baile. Mas ela não desistira. Iria esperar até o fim, e se o convite não viesse, iria sozinha.
    Outra lua cheia viera e se fora, e ela queria muito poder ter estado lá pra ele, ter ido à enfermaria, conversar, cuidar dos machucados dele. 
    Aquela sexta à noite, ela estava na biblioteca, estudando e pesquisando, como sempre, mas sem conseguir se concentrar. Sabia que Remus estava a observando por trás das estantes.
    No início tinha sido legal saber que ele a observava. Mas agora a estava irritando ser olhada, continuamente, sem ele tomar nenhuma atitude em vir falar com ela.
    Um barulho chamou sua atenção, e ela voltou a cabeça pra trás, como todos os outros alunos fizeram, para ver o que acontecera. Foi quando, um momento depois, seu olhar se fixou no de Remus, que a olhava também.
    O rapaz começou a se afastar, e algo dentro dela se recusou a deixar que isso acontecesse. Iria resolver aquela situação e era agora. Ou dava certo, ou tudo ruía, e ela se afastaria dele.
    Correu atrás dele, e antes que ele saísse da biblioteca, o puxou pra dentro.
    - Qual é o seu problema?!
    - Eu não sei do que você está falando – ele desviou o olhar dela, e a vontade que ela teve foi de pegar o rapaz pelo queixo e obrigar a olhar pra ela, pq ele não conseguiria mentir olhando nos olhos dela. Aliás, mesmo que não olhassse... Remus era transparente, e isso era uma das coisas que ela admirava nele.
    - Um mês, Remus. Vai fazer um mês desde a nossa última conversa. - ele continou desviando o olhar. – olha pra mim – ela puxou o queixo dele para frente – você acha mesmo que eu não te vejo me espiando pelos cantos? 
    Ela cruzou os braços, e olhou para a expressão confusa e constrangida dele.
    - Você não é muito bom nessa coisa de paquera, né?
    - Han?! 
    - Você. Não é muito bom. Nessa coisa. de Paquera. Né?
    Remus acenou negativamente com a cabeça, ainda confuso.
    - Pois bem, eu faço isso então. Eu estive esperando seu convite o mês inteiro, Remus.
    Ela se armou de coragem, e soltou a bomba.
    - Remus John Lupin, você gostaria de ir ao baile comigo?
    Um pequeno sorriso surgiu no rosto dele, e ele acenou que sim. Yes!!!
    - Ótimo! Agora deixe de agir estranhamente, sim? 
    Então ela caminhou de volta para sua mesa, com vontade de fazer a dancinha da vitória.

    ******

    Desde o momento em que ela saíra pela porta da Lufa Lufa, a noite estava sendo perfeita. Remus não lhe trouxera um corsage, mas isso não tinha problema. Só a companhia dele já bastava. 
    Não iria dizer que as coisas voltaram a ser para eles, como eram antes de Remus ficar estranho. Não eram mesmo. Agora, havia uma carga de coisas não ditas entre eles, coisas que estavam suspensas, esperando pra acontecer. Não sabia onde isso iria levá-los, mas estar dançando nos braços dele já valia a pena.


     Don't go breaking my heart
    I couldn't if I tried
    Honey if I get restless
    Baby you're not that kind


    Don't go breaking my heart
    You take the weight off me
    Honey when you knock on my door
    I gave you my key

    Era tão bom ver esse Remus mais descontraído, que não sabia dançar, é verdade, mas se esforçava pra acompanhá-la. Ele só tinha 17 anos, por Merlin, não merecia carregar tanto peso nos ombros.

    Quando a música acabou, eles estavam cansados de tanto dançar, e ele se ofereceu para ir buscar uma bebida, não batizada, para ela. Queria muito aproveitar a noite ao máximo e ainda era cedo pra começar a beber.
    Avistou os avós mais à frente, sua avó, mortificada, tentando arrumar uma gravata que o avô colocara de modo totalmente errado.
    Sarah estava com o pessoal da Grifinória, e Emma estava dançando com Rabastan Lestrange. Sentia arrepios só de pensar nessa banda podre de Hogwarts, os futuros comensais da morte.
    Mais arrepios sentiu ainda, quando a mão quente e suada, argh, de Davis subiu pelo seu braço. Não precisava nem olhar pra saber que era ele.
    - Então era com ele que você vinha? Com o Lupin?
    - Bom, eu estou com ele, não estou?
    - Não sabia que você era tão interesseira assim.
    - Como?
    - Popularidade. Tanto fazia se fosse o Lupin e o Pettigrew. Apesar de serem dois perdedores, andam com o Potter e o Black.
    - Dobre a sua língua pra falar do Remus!
    - Ou então ele é o seu pequeno caso de caridade, não?

    - Cala a sua boca ou eu não respondo por mim!
    - Você é um grande nada, Abigail Stinson! Não vale o esforço.
    - Nem todo o esforço do mundo me faria cair na sua lábia, Davis. Você é pegajoso, insistente, chato e preconceituoso. Não sei como o Xeno pode ser seu amigo! E o Remus é um milhão de vezes melhor que você!
    Ela deu as costas a ele. Foi quando o rapaz lhe puxou o pulso com força, machucando.
    - Me larga. Agora.
    - Você ouviu a moça, Davis.
    - Não se meta, Lupin!
    - Ah, eu me meto sim! Ela está comigo. Se conforme. Se você não percebeu, está fazendo papel de ridículo na frente de todo mundo. Largue o pulso dela, agora, seu grande covarde!
    - Está me ameaçando?
    - É só um aviso. E não se esqueça... eu sou monitor. Eu e o James. E nós odiamos quando os mais fortes se prevalecem de sua maior força física sobre os mais fracos, ainda mais quando esse mais fraco é uma garota. Estamos entendidos? Agora solte ela, antes que eu perca o resto da minha paciência.
    Davis largou o pulso de Abby e se afastou.
    - Ele te machucou?
    - Só tá um pouco dolorido.
    Ele levantou o pulso dela, e viu a vermelhidão.
    - Covarde... eu devia ir lá e...
    - Não, não devia. Ele não vale a pena.
    Ele levantou o pulso dela, e num impulso, ela notou, ele levou o pulso dela aos lábios, e beijou, como as mães fazem, quando os filhos se machucam.
    - Hum... sua bebida. - ele estendeu, sem graça.
    Como ele poderia ser mais perfeito? Ele era tudo, tudo o que ela sempre sonharam quando imaginava alguém pra ela. Pena que não poderia durar...
    Ela virou o copo de suco de uma vez só, colocou numa mesinha e o pegou pela mão. 
    - Vamos dançar.


    Do you wanna dance and hold my hand ? 
    Tell me that I'm your man 
    Baby, do you wanna dance ? 

    Do you wanna dance under the moonlight ? 
    Squeeze and kiss me all through the night 
    Baby, do you wanna dance ?


    Dançar embalada nos braços de Remus era tão bom, mas tão bom, que Abby nem se dava conta das ocasionais pisadas nos pés ou mesmo de sair fora do ritmo. Só o que ela se dava conta era de Remus cantando baixinho a letra da música, enquanto eles dançavam.
    Afastou um pouco a cabeça dos ombros dele, e o encarou. Ele deu uma leve vacilada nos passos, mas não desviou os olhos dos dela. Então ela cedeu ao impulso de colar os lábios aos dele, esquecendo mesmo que estavam num salão lotado de gente.
    Alguns segundos depois, se afastou, pensando que fez uma grande burrada, dera um passo bem maior que as pernas.
    No instante seguinte, ela só conseguia sentir. Remus finalmente a estava beijando. E não era um beijo qualquer. Era um beijo cheio de sentimentos, de calor. E ela retribuiu, pensando que ali, aquele momento, eram o melhor lugar, e o melhor momento que já vivera em sua vida.


    Última edição por Abby Lovegood Scamander em Ter Out 27, 2015 12:56 am, editado 1 vez(es)
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    Mensagem por Mary McDonald Seg Out 26, 2015 5:00 pm

    Assim que o jogo terminou – a Sonserina ganhando de lavada graças a Regulus Black – Mary dispensou as amigas e caminhou até o meio do gramado do campo de Quadribol. Apesar de estar triste com o massacre, o pôr do sol estava magnífico demais para ser ignorado.

     
    Estava no meio de um clique quando ouviu barulhos de passo amassando a grama. Olhou para trás para checar quem era.
     
    Perdeu  o fôlego ao ver Regulus Black, ainda uniformizado e a Cleansweep 360 nas mãos, se aproximando.
     
     Ele ficava magnífico com o uniforme de Quadribol.
     
    - Hey, Regulus! – exclamou  e agradeceu aos céus por sua voz ter saído normal - O que ainda está fazendo aqui? – além dela, ele era a única alma viva ainda por ali.
     
    O rapaz não respondeu, apenas continuou caminhando decidido até parar em sua frente – como era mais alto, ela tinha que erguer a cabeça para encará-lo.
     
    A Cleansweep 360 do rapaz logo foi esquecida no chão.
     
    Ele,ainda sem dizer uma palavra, ergueu a mão e ajeitou uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha, fazendo uma carícia  em seu rosto. Com a outra mão puxou-a para perto, pela cintura.
     
    Mary sentia que o ritmo frenético de seu coração estava ecoando por todo o campo vazio.
     
    - Ahn... Acho que preciso te dar os parabéns pelo jogo? – perguntou, insegura.
     
    O rapaz tocou os lábios dela com os dedos:
     
    -Shhh...
     
    E no minuto seguinte, os dois estavam se beijando.
     
    Quando se afastaram, o rapaz encostou a testa na dela, sorrindo.
     
    - Isso foi... – ela começou a falar. Inesperado? Não, não. Os dois já estavam naquela há um bom tempo.
     
    - Certo? – ele perguntou e ela concordou ainda estupefata. - Quer dar uma volta comigo? -
     
    - Sim. - ela topou, achando que eles ficariam caminhando pelo campo. Quando Regulus pegou a Cleansweep até então esquecida e montou na vassoura é que ela sacou o que ele queria dizer.
     
    - E então...? - ele estendeu a mão para ela.
     
    -  Er... não é perigoso?
     
    -Confia em mim? - ele perguntou. Ela hesitou e após alguns minutos de ponderação, deu a mão a ele. Ele a ajudou a subir na garupa.
     
    - Confio...eu acho - ela falou a última parte baixinho e ele riu. 
     
    Quando o garoto pegou impulso para voar, ela o abraçou pela cintura e fechou os olhos, se preparando para o pior. Mas quando percebeu que não cairia, abriu os olhos e ficou encantada com a vista que só um voo de vassoura proporcionava.
     
    ****

    O mês de Outubro estava caótico não só para os alunos do 7º período, mas para os do sexto também. Além dos deveres de casa, Dumbledore anunciara o baile em comemoração aos 1000 anos de Hogwarts e agora, além de se preocupar com a  vida acadêmica, Mary também tinha que se preocupar com uma roupa decente para aquela formalidade.
     
    Num dos Sábados de visita a Hogsmeade ela foi até uma loja alternativa de vestes  junto com as amigas – Madame Malkins estava fora de cogitação para seu orçamento e enquanto olhava as várias roupas penduradas a procura de algo que fosse de seu gosto, encontrou a veste perfeita.
     
    “O Regulus vai amar” – ela pensou, sorrindo.
     
    ***
     
    Alguns dias depois, Mary andava distraidamente pelo castelo após uma aula sensacional de DCAT quando sentiu alguém puxá-la para uma sala vazia.
     
    - Que susto, Regulus! – ela exclamou.
     
    - Com quem você vai ao baile? – ele perguntou, curioso enquanto brincava com uma mecha do cabelo dela.
     
    - Vou sozinha. – ela encolheu os ombros – Já que não posso com ir com quem quero...
     
    Regulus encostou a testa na dela.
     
    - Você? – ela perguntou, casualmente, enquanto brincava com a gravata do uniforme dele.
     
    - Infelizmente também não posso convidar a garota que quero... – ele falou, baixinho.
     
    Mary deu um puxão na gravata dele e o beijou.
     
    ***
     
    Depois de se separar de Regulus, Mary subiu para o dormitório feminino. Ficou surpresa ao dar de cara com Sarah Cooper tentando consolar uma Marlene chorosa:
     
    - O que aconteceu? – perguntou, largando a mochila no chão e se aproximando das duas.
     
    - Sirius. – Sarah falou.
     
    E, deixando a felicidade que sentia de lado, foi até a amiga - os suspiros por Regulus Black podiam esperar.
     
    ________
     
    No dia do baile, Mary decidiu se arrumar com as amigas do 7º ano – ela sabia muito bem que Melloni e Shelley iriam monopolizar todo o quarto e deu no pé antes que ficasse louca na presença daquelas duas.
     
    Assim que terminou de abotoar o vestido, se olhou no grande espelho que havia no banheiro e hesitou.
     
    - JÁ, MARY? – Lily gritou, do lado de fora.
     
    Soltando um suspiro, a mais nova saiu.
     
    - O-o que foi? – perguntou, ao ver as amigas arregalando os olhos.
     
    -  Quem é você e o que você fez com Mary McDonald? – Marlene perguntou. Lily e Alice fizeram joinha, também aprovando o look dela.
     
    Mary sorriu, meio sem graça.
     
    Okay, ela também tinha que admitir que estava diferente do normal:  tinha feito uma trança embutida no cabelo; deixara os óculos de lado e colocara as lentes de contato que comprara no início do ano. O vestido que escolhera há algumas semanas, lhe caía perfeitamente: era verde escuro (contrastava perfeitamente com a pele clara dela), sem manga e a saia possuía uma fenda que deixava um pouco da sua perna a mostra.
     
    - E então...vamos? – ela perguntou, enquanto pegava sua máscara (vermelha. Era seu ato de rebeldia).
     
    - Vamos que a Lily quer ver o queixo do Potter cair – Marlene cantarolou.
     
    - Me poupe – Lily disse, revirando os olhos. Mas o vermelho de suas bochechas era sinal de que a amiga tinha acertado na mosca.
     
    ***
     
    Já era o meio do baile e Mary, cansada de dançar (Benjy Fenwick a tinha convidado) foi até a mesa de bebidas.  O baile estava legal, as pessoas animadas, porém faltava algo.
     
    Ou melhor: alguém.
     
    Ela sabia desde o início que ir ao baile com Regulus estava fora de cogitação, porém ainda assim sentia-se chateada com aquele pequeno detalhe.
     
     Mary bebia seu suco, perdida em pensamentos, quando percebeu alguém parado ao lado dela. A pessoa a encarava:
     
    - Oh, estou te atrapalhando? – ela perguntou, pronta pra se afastar da mesa de bebidas.
     
    - Sou eu, Mary – Regulus Black falou - Vem comigo – ele a pegou pela mão e seguiu com ela pra fora do Salão Principal.
     
    - Onde estamos indo, Regulus? – Mary perguntou, parando de andar. Era a primeira vez que se falavam naquela noite.
     
    - Vamos dar uma volta nos jardins, Mary. Aquele Fenwick não te deixa em paz. – ele retirou a máscara do rosto dela.
     
    - Ciúmes, Black? - a garota soltou uma risada.
     
    - Talvez.
     
    - Não se preocupe, eu pisei tanto no pé dele que com certeza o traumatizei... – Mary deu de ombros. Benjy era legal...mas não era, bem, Regulus.

    O rapaz riu e se inclinou para beijá-la. Mary corou um pouco e olhando ao redor para checar se não estavam sendo observados, seguiu em direção aos jardins de mãos dadas com ele.
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    Mensagem por Sarah Nipps Ter Out 27, 2015 12:09 am

    Apesar de amaldiçoar Godric Griffyndor por ter escolhido o sétimo andar para instalar a torre da Grifinória – o bastardo nunca precisou descer todos aqueles degraus num vestido longo e de salto, ela tinha certeza -, Sarah estava feliz por chegar ao Salão Principal.

    Isto é, ao menos, até ela perceber que estava sozinha. Não no sentido conotativo, claro – o salão estava cheio de alunos, professores e demais funcionários; mas a garota não tinha companhia para a festa. Além disso, as máscaras a deixavam um pouco nervosa: Era esquisito, ver todas aquelas pessoas e não saber quem eram, ou quais eram seus rostos. Ela ficou parada por um momento, decidindo entre pegar uma bebida ou se sentar na cadeira vazia mais próxima. Escolher entre uma mesa de terceiranistas e uma taça de suco de abóbora não era uma tarefa difícil, mas se tornou ainda mais fácil quando ela o viu.

    Uma máscara preta, simples (aparentemente a escolha mais popular entre os estudantes do sexo masculino) cobria seu rosto, mas ela tinha certeza de que era ele. O que primeiro chamou sua atenção foi o sorriso: um sorriso aberto, sincero e honesto – o mesmo que fazia com seu estômago desse um saltinho todas as vezes em que aparecia. Ele levantou o braço e passou a mão pelo cabelo, despreocupadamente, enquanto atravessava a multidão. Tudo era tão ele – o cabelo, o jeito de andar, o menear da cabeça e até mesmo o smoking impecável – que não havia a menor chance de ela permanecer parada ali.

    (Nada demais dizer oi a um amigo, certo?)

    Quando o alcançou, à mesa de bebidas, ele usava o velho truque do cantil escondido no paletó. Ela respirou fundo, para tomar coragem, e deu mais um passo para ficar ao lado dele.

    - Que tal guardar um pouco pras amigas? – ela mordiscou o lábio inferior, esperando pela resposta dele.

    - Aussie? – aquelas seis letras fizeram com que seu coração acelerasse um pouquinho, e ela corou ao perceber que Sirius a olhava de cima a baixo.  

    - Sim – ela sorriu

    - Álcool? – ele oferecia a própria taça de suco de abóbora à menina, que a aceitou.

    - Sempre.

    Sarah tomou um gole da taça, torcendo para que eles não terminassem em alguma sorte de silêncio constrangedor, mas ele logo quebrou o silêncio.

    - Dança comigo, Aussie? – A menina acenou com a cabeça e pousou a taça sobre a mesa, deixando-se ser conduzida.

    (Nada demais dançar com um amigo, certo?)

    - Você está fantástica, Aussie – a voz de Sirius chegou a seus ouvidos, num sussurro quase rouco; ela sorriu e se aninhou um pouco mais no peito do rapaz, um leve arrepio percorrendo seu corpo quando o perfume dele alcançou suas narinas.

    Por cinco músicas, eles dançaram juntos, e ela podia sentir a eletricidade percorrendo seu corpo – toda vez que as mãos dele passeavam por um pedaço nu de sua pele, toda vez que seus olhares se cruzavam depois de ela girá-la... Tudo aquilo fazia com que ela se sentisse de uma forma completamente desconhecida até então. Ao fim da quinta música, quando Sirius a puxou para perto, ela teve que segurar a vontade de beijá-lo.  

    - Eu preciso ir ao banheiro – ela deu um beijo em sua bochecha, rapidamente, porque, bem, ela precisava fazer algo; e, com um “Obrigada”, ela se afastou.

    (Ele era só um amigo, certo?)


    *****

    Sarah lavou o rosto mais uma vez, esperança de que aquilo acalmasse seu coração – o que não funcionou, porque ele continuava batendo no ritmo de tambores selvagens anunciando uma guerra.

    Bem, pelo menos era apropriado – guerra era o que ela estava travando contra si mesma, olhando sua maquiagem escorrer um pouquinho em seu reflexo no banheiro feminino.  Então... Ela estava apaixonada por Sirius Black, é isso? Quer dizer, ela já sabia que sentia um interesse por ele, mas aquilo não era normal – os arrepios, os suspiros, por Merlin, o desejo de beijá-lo.

    Argh, que bagunça!

    Sarah massageou sua têmpora brevemente, os olhos fechados, tentando se acalmar. Uma coisa era o que ela vinha sentindo até agora – bem, o rapaz era bonito, era sexy, e qualquer garota sã se sentiria levemente atraída por ele; mas não era só isso: ela sentiu borboletas no estômago. Por Agrippa, borboletas no estômago! Sarah Cooper – não, seu nome é Nipps, Sarah Nipps, a vida planejada desde os dez anos de idade e estava apaixonada por Sirius Black...

    - Você está bem?  - uma voz feminina interrompeu os devaneios da garota, que abriu os olhos, assustada. Marlene McKinnon estava parada ao seu lado, a máscara pousada na bancada da pia.

    Marlene McKinnon, 17 anos, grifinória, cabelos loiros perfeitos e (ex-) namorada de Sirius Black: alguém que de fato pertencia àquela história, e que estava ali, encarando-a como se Sarah estivesse com o rosto verde ou algo assim (e ela provavelmente estava, porque a colega insistiu)

    - Sarah? Você está bem?

    Saindo de seu transe, ela pigarreou antes de responder à menina

    - Claro, Marlene, eu... estou ótima. – ela forçou um sorriso – Só uma queda de pressão – ela se virou rapidamente para o espelho, e começou a retocar a maquiagem.

    - Quer que eu te leve à enfermaria?

    - Não... não precisa. Obrigada.

    Quando ficou de novo sozinha, Sarah respirou fundo, encarando a menina pálida que lhe olhava de volta em seu reflexo. Que bagunça...

    *****

    O primeiro passo para evitar o caos é manter as coisas em seu devido lugar. Sarah respirava fundo enquanto voltava para o Salão Principal. Era só manter distância de Sirius Black, se divertir e voltar para seu dormitório – direto, simples e puro -  e a noite terminaria bem .
    Embora seus conhecimentos sobre a cultura trouxa fossem bem extensos, Sarah Cooper Nipps nunca ouvira falar da Entropia das Coisas. Se alguma vez ela tivesse sido apresentada a esta teoria, a garota saberia que a tendência das coisas é desorganizarem-se espontaneamente, independente do esforço que você aplique a elas. Resumindo: O caos encontra o seu próprio caminho.

    Aquela noite seria uma prova cabal de que a Entropia das Coisas era algo real.

    E Sarah não estava preparada para aquilo.

    Começou quando uma primeiranista da Corvinal tropeçou nas cortinas que cobriam uma das paredes – o tecido pesado caiu sobre ela, levando junto algumas das velas e lanternas de abóbora que flutuavam sobre o salão, criando alguns minutos de pânico – que só cessaram após Alphard Black – o professor de DCAT – alcançá-la. A solução que lhe ocorreu?

    Conjurar uma torrente de água fria.

    (Apesar da bagunça, o baile continuou.)

    Enquanto Sarah tentava encontrar companhia – firme em seu propósito de evitar Sirius Black – seu olhar recaiu imediatamente sobre um vestido azul que ela conhecia muito bem aos beijos com um smoking de cuja procedência ela tinha quase certeza que conhecia.

    Onde diabos Abby estava com a cabeça?

    Ela caminhou firmemente até o casal, com o propósito de interromper o beijo e colocar algum juízo na cabeça da amiga, mas, ao notar como Remus parecia... Empolgado, ela parou, a mão no ar, e girou nos próprios calcanhares.

    Para ser acertada por um soco.

    A dor percorreu sua cabeça, e ela levou as mãos até o ponto de impacto – o nariz – sentindo um líquido quentes alcançar seus dedos.

    - QUAL O SEU PROBLEMA?!?!? – ela gritava para o garoto à sua frente, enquanto tentava estancar o sangramento, e sentia que as pessoas olhavam para eles.

    Matthew Davis tentava se equilibrar, mas era óbvio que o rapaz exagerara no álcool.

    - Vozzzê entro na ‘inha frente – ele agora olhava sobre o ombro de Sarah – Izzo é sssua culpa, Lupin! – ele começou a cambalear ameaçadoramente para Remus, que apenas colocou Abby atrás de si com um movimento do braço.

    A vontade de Sarah era alcançar a varinha e amaldiçoar Davis por toda a eternidade, mas a dor a impedia de ter algum reflexo.

    Por sorte, antes que o Corvinal alcançasse Lupin, um professor – Sarah não conseguia ver quem – o imobilizou e o escoltou para fora do Salão Principal, ao mesmo tempo em que uma cuidadosa Madame Pomfrey a acompanhava até uma cadeira num canto, para cuidar do ferimento.

    - Isso vai doer um pouco, querida, eu preciso que você fique pelo menos meia hora sentada aqui, ok? – Sarah fez que sim com a cabeça; com um toque da varinha da enfermeira, a garota ouviu um craque e a dor aumentou rapidamente, logo diminuindo, bem como o fluxo sanguíneo.

    (Apesar da cara emburrada da Professora McGonagall, o baile continuou)

    Enquanto marcava nas mãos a quantidade de músicas que eram tocadas pela banda – dez canções e ela poderia voltar a aproveitar a festa – Peter Pettigrew sentou ao seu lado.

    - Seu par não é um cara muito legal, eh?  Te deixar aqui sozinha... – ele lançava um olhar inquisitivo para a garota, que suspirou pesadamente.

    - O que você quer, Pettigrew? – mesmo sem encará-lo, ela pôde senti-lo estreitar os olhos.

    - Eu sei que você veio sozinha, Sarah.

    Ela o encarou, levantando uma sobrancelha. Não bastava levar um soco gratuitamente, ela ainda tinha que aguentar aquilo? Não mesmo.
    - Jura, Pettigrew? Dez pontos para Grifinória, você acabou de aprender a observar! – O garoto se encolheu um pouco, obviamente ofendido, mas, qual é, naquele momento, ela só queria descontar sua raiva na primeira pessoa que aparecesse ( e convenhamos, Peter Pettigrew era a pessoa perfeita para o trabalho)

    - Por que você não aceitou meu convite?

    - Por que eu não quis – a franqueza da garota o incomodou um pouco.

    - Mas eu vi você dançando com Sirius...

    - Eu não te devo explicações, Pettigrew. – o décimo dedo da garota acabava de levantar, marcando o fim do seu resguardo – com licença, sim? – ela empurrou a cadeira para trás, e saiu sem olhar novamente para um Peter pensativo.

    Sarah não estava mais em muito clima de festa, mas aceitou quando umas meninas da Grifinória a chamaram para sentar em sua mesa – aparentemente, o interesse era em saber de onde era o vestido da intercambistas, mas, pelo menos, elas eram alguma companhia.

    Se não estivesse sentada exatamente naquele lugar, mirando todos os demais alunos de forma entediada, ela teria perdido o exato momento em que, enquanto dançavam uma música (agitada, até), Lily Evans deu um passo à frente e beijou James Potter. A cena melhorou um pouco o clima de Sarah – seu plano dera certo, o futuro estava à salvo, e logo, logo, aqueles dois estariam encomendando um bebê.

    Pensar no futuro foi o gatilho para que a garota procurasse por Sirius pelo Salão, sem sucesso. (Melhor assim – Manter distância; evitar o caos)

    Quando ela já estava entediada, resolveu dar uma volta no salão – quem sabe dançar um pouquinho não a animaria?

    Qual não foi sua surpresa quando Rabastan Lestrange esbarrou nela, as pernas sapateando descontroladamente, levando-o para um lado e para outro, sem que ele parecesse dominar uma parcela sequer dos movimentos – ao menos, era isso o que o rosto dele sugeria, a expressão de susto cravada em sua face como em uma estátua.

    Emma também parecia surpresa, e Sarah teria tentado alcançá-la, se não tivesse percebido que Rodolphus falava disfarçadamente com ela – a dúvida atravessou Sarah por mais uma vez durante aquela noite – o que eles teriam para conversar? E porque precisaram de uma distração para tal?

    Alphard Black correu em socorro também deste aluno.


    ( Mais uma vez, o baile continuou – provavelmente porque a Professora McGonnagal já tinha ido dormir)

    As canções românticas já tinham parado de ressoar pelo salão, e a banda agora tocava apenas batidas animadas. Uma música que Sarah adorava começou a tocar, e ela resolveu esquecer toda a maluquice da noite e dançar, mas sua resolução não durou muito – antes que a próxima música pudesse começar, Xenophilus Lovegood tomou o microfone do cantor.

    - Desculpe, eu... Eu preciso fazer uma coisa. Hoje eu saí com a garota mais incrível desse castelo e eu só queria dizer que... Pandy... Seu leãozinho te ama! - uma salva de gritinhos se confundiu com uma onda de gargalhadas, e logo os bruxos responsáveis pela segurança da banda tiraram Xenophilus dali.

    Sarah teria dançado mais, se, naquele momento, um cambaleante Peter Pettigrew não estivesse se esbarrando nas pessoas enquanto caminhava em sua direção. Revirando os olhos, ela atravessou o mar de alunos tão rápido quanto possível, e só parou em um corredor de acesso lateral. Se reconstando contra a parede, ela fechou os olhos, rezando para que Pettigrew não a alcançasse ali.

    - Aussie? – Por mais uma vez, Sarah se assustou, abrindo os olhos rapidamente, mas não era Peter ali, e sim Sirius – Você está bem?

    Ela sorriu, um pouco alividada.

    - Eu... sim. Apenas indo para o dormitório.

    - Já? – ele pareceu realmente desapontado – Mas tá cedo.

    Ela riu, um pouco cansada.

    - Acho que eu já tive o suficiente do baile por hoje, Sirius...

    - Ótimo, a gente pode acabar com essa parte da noite – ela lançou um olhar inquisitivo para ele. O que ele queria dizer com aquilo?

    - Eu ainda tenho Uísque de fogo – ele continuou, alcançando a garrafinha dentro do paletó e a balançando – O que você me diz de uma saideira na Torre de Astronomia?

    Ela sentiu  rosto corar um pouco, e ponderou rapidamente antes de aceitar o convite.



    O caos nasce da ordem.
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    Mensagem por Sirius Black Qua Out 28, 2015 2:20 pm

    Sirius sabia que não deveria fazer aquilo, mas agindo num impulso ele decidiu ir atrás de Regulus e Mary – talvez fosse seu instinto de irmão mais velho falando mais alto ou talvez fosse apenas curiosidade, mas ele queria investigar aquele casalzinho inusitado mais a fundo (okay, McDonald não parecia estar sendo obrigada a nada, mas ele queria garantir que ela não tinha sido atacada pelos zonzóbulos do Lovegood ou sei lá o quê...)

    Com a maior discrição, Sirius os seguiu - todos aqueles anos burlando regras e criando confusão Hogwarts a fora não foram em vão. Quando Regulus e Mary pararam embaixo de uma árvore na beira do lago, o Maroto se escondeu atrás do arbusto mais próximo e ficou observando os dois: Regulus tirou o casaco e forrou a grama, fazendo um sinal pra Mary se sentar e a grifinória, após lutar um pouco com a saia do vestido, o fez prontamente. Os dois ficaram sentados lado a lado, os ombros colados e começaram a conversar baixinho – da distância que ele estava, porém, não conseguia escutá-los.

    A luz da lua minguante lançava seu brilho pálido sobre o casal e quando Sirius viu o irmão olhar para Mary com aquela expressão que só vira até então no rosto de James (quando o amigo olhava pra Lily), o rapaz decidiu que já tinha bisbilhotado demais. Do mesmo jeito que chegou, Sirius se afastou dos dois sem chamar atenção (e mesmo que tivesse feito um escândalo, o casal estava tão compenetrado um no outro que ele duvidava que fossem perceber). Só quando já estava longe o suficiente é que o choque de vê-los juntos passou e Sirius percebeu que, no fundo, estava feliz pelo irmão.

    McDonald era exatamente o que Regulus precisava - naquele pouco tempo que os observara, Sirius percebera o efeito positivo da garota sob o irmão: Regulus estava mais...mais leve. Agia mais da maneira como um rapaz de 16 anos deveria: rindo, sendo pateticamente romântico... Sirius sempre torcera para o irmão se livrar da ideologia da família assim como ele e parecia que agora seu pedido seria finalmente atendido (pelo menos era o que ele esperava):

    - Ah, Reggie...mamãe vai ficar orgulhosa - falou pra si mesmo e suspirou, contente.

    Ao adentrar novamente o castelo, Sirius olhou na direção do Salão Principal e decidindo que depois de ver o irmão trocando afetos (era fofo, porém...er...) ele definitivamente precisava de um pouco de álcool, subiu as escadas em direção ao Salão Comunal da Grifinória. Entrou por uma passagem secreta, para chegar mais rapidamente e assim que resgatou a garrafa de firewhisky do fundo de seu malão, fez um aceno rápido com a varinha para colocar o conteúdo da garrafa no cantil (presente dos outros três Marotos no seu último aniversário) e concordando para si mesmo que havia feito um bom trabalho deixou novamente o dormitório em direção ao baile.

    Todo aquele romantismo que presenciara fez com que seus pensamentos voassem até Sarah - estava pensando se devia tomar uma atitude (até o Regulus...! - sua consciência, naquela voz que lhe lembrava a de Aluado, ralhava com ele) quando deparou-se com a gata de Filch (a tal da Madame Norris). A gatinha o encarou com seus grandes olhos castanhos e Sirius franziu a testa. Não confiava em gatos...okay, corrigindo: não confiava na gata do zelador reclamão:

    - O que foi, coisinha? – ele perguntou, quando o bichinho ficou lhe encarando.

    A gata miou em resposta.

    - Vai lá com seu dono, vai...eu tenho um baile pra voltar. – ele passou por ela, sentindo-se profundamente julgado. - Não estou burlando regras. - resmungou.

    Continuou caminhando e lembrando-se da melodia de uma música romântica que ouvira mais cedo, começou a cantarolar baixinho.

    E então...atitude ou não?

    ***
    Quando pisou novamente no Salão Comunal, Sirius arregalou os olhos ao ver a pequena confusão que se iniciara em sua ausência: um Matthew Davis extremamente bêbado era carregado pra fora pelo professor Slughorn (há, principiante...), o tio Alphard corria pra lá e pra cá pra socorrer os alunos (só depois Sirius descobriria sobre o pequeno incêndio), McGonagal ralhava com alguns alunos quintanistas que estavam tentando batizar o suco (mais uma vez: principiantes) com firewhisky. Rindo para si mesmo da ingenuidade dos mais novos, Sirius sentiu alguém puxá-lo pela manga do paletó:

    - Dança com a Shelley, Black? – era Carlotta Meloni e o pedido foi tão súbito que Sirius se pegou concordando, por educação. Não era tão chegado da moça...mas uma dança não machucaria ninguém, certo?

    ....minutos depois, Sirius já se arrependia profundamente de ter topado: quando viu, estava dançando com uma garota da lufa-lufa e mais algumas outras o esperavam (faziam praticamente uma fila). Aquele era o preço que pagava pelo seu magnetismo animal.

    Quando a 4ª música terminou, o rapaz já estava cansado de ter o pé pisoteado:

    - Miladies, eu sei que existe Sirius Black pra todas...mas eu preciso dar uma pausa. – e fazendo uma reverência, se afastou delas o mais depressa que pôde.

    Precisava de uns goles de firewhisky mais que nunca agora. Ou talvez um cigarro?

    (Okay, ele não havia decidido ainda, mas precisava dar o fora dali antes que mais garotas o atacassem).

    Estava saindo por um corredor lateral (definitivamente fugindo pela tangente) quando viu Sarah Cooper encostada na parede, de olhos fechados. Finalmente A pessoa que gostaria de ver. Notando o quanto a garota parecia cansada e não querendo se despedir dela ainda, Sirius mostrou a garrafa de firewhisky e logo perguntou, sem se tocar do sentido implícito da frase:

    “....O você me diz de uma saideira na Torre de Astronomia?”

    Sarah hesitou um pouco, antes de aceitar e em poucos minutos os dois alcançaram a Torre de Astronomia – graças a uma passagem secreta.

    - Ah, antes... – ele fez sinal para ela esperar e espiou pela porta, a procura de casais em posições comprometedoras. O local estava vazio. – A barra está limpa.

    Os dois encostaram-se no parapeito da varanda e Sirius estendeu a garrafa em direção a ela:

    - Primeiro as damas.

    ***

    Sirius deu um longo gole na bebida, que desceu ardendo por sua garganta, e a estendeu de volta à Sarah.

    - Eu acho que já...já estou meio bêbada... – a voz dela já soava meio arrastada. Já estavam ali há alguns bons minutos, o firewhisky já na metade (mas como era um item mágico, o cantil demorava mais que o normal pra esvaziar).

    - Você é fraca, Aussie. – Sirius zombou dela. – Cadê a rainha do “vire o whisky”?

    A garota o olhou, ofendida:

    - Você não sabe pelo que eu passei, Sirius Black – a garota suspirou, dramaticamente.

    Naquele momento, uma brisa passou por eles e Sirius a viu estremecer. Despiu-se do paletó e jogou por cima dos ombros dela:

    - Não morra congelada, Aussie – ele falou, sem soltar o item de vestimenta.

    A garota abriu a boca pra falar, mas ao notar a proximidade dele, calou-se. Sirius deu um puxão de leve no paletó, a trazendo pra mais perto:

    - Sabe, Aussie...os seus olhos.

    - O-o que tem...? - a garota falou, baixinho. A ponta dos pés deles se tocavam.

    - Eles são... – o pomo de adão de Sirius se moveu quando o garoto engoliu em seco. Os olhos de Sarah eram grandes, castanhos e extremamente apelativos...assim como seus lábios – aqui, o olhar dele pousou nos lábios carnudos de Sarah e foi então que Sirius decidiu dar ouvido à vozinha no fundo de sua mente – a voz do Aluado, sim – que vinha lhe cobrando uma atitude a noite inteira.

    O rapaz fechou os olhos, abaixando o rosto na direção do dela e eles estavam a ponto de se beijar (finalmente!) quando um casal entrou tropeçando na Torre de Astronomia, sobressaltando os dois. Sarah se afastou dele, derrubando o paletó do rapaz no meio do susto e Sirius estava com um xingamento na ponta da língua quando viu quem tinha atrapalhado tudo:

    James e Lily.

    Aos beijos.

    A raiva de Sirius logo foi substituída por surpresa e sentindo que aqueles dois mereciam aquilo mais do que ele (pelo bem da nação), o rapaz pegou a mão de Sarah e saiu dali pela lateral da Torre.

    Quando já estavam longe daquela cena, Sirius encarou a garota e os dois desataram a rir.

    - Pelo menos o baile rendeu pra alguém - ele falou, tentando disfarçar a frustração que sentia.

    Parecia que todos os casais do mundo estavam conseguindo se juntar aquela noite, menos ele e Sarah.

    Após uma caminhada em silêncio (constrangedor), os dois alcançaram a torre da Grifinória. Uma vez dentro do Salão Comunal, Sirius pigarreou:

    - Aussie.

    A garota, que já alcançara a escadaria para o dormitório feminino, parou e o encarou:

    - Não foi a bebida. Okay? - e antes que a agarrasse ali mesmo (o clima já não era mais certo) ele subiu correndo pro próprio quarto.
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    Mensagem por Rodolphus Lestrange Qua Out 28, 2015 8:28 pm

    Era ridículo: Rabastan parecia realmente achar que aquilo era um encontro – o modo galante com que ele sorria para Emma, a insistência em dançarem juntos, e até mesmo a demonstração de bom humor com as piadinhas para Bella; tudo indicava que o caçula estava se esforçando para que sua acompanhante se divertisse ao máximo possível.

    Se não conhecesse o irmão, Rodolphus poderia até acreditar que ele tinha alguma sorte de interesse na intercambista, mas ele sabia que não era esse o caso. Tratava-se, antes, de mais um joguinho de Basty para pirraçar o irmão. O bom e velho jogo de poder dos Lestrange, tão comum aos dois.

    O que incomodava o primogênito era que Emma estivesse no meio da partida. Quase podia ouvir o irmão dizendo “Cheque”, porque a mera presença da menina era o suficiente para que Rodolphus quisesse entregar o jogo.

    Bellatrix finalmente lhe fizera o favor de deixá-lo sozinho por um momento – não antes de fazê-lo dançar duas músicas com ela – e os demais estavam entretidos em suas próprias formas de diversão, de forma que ele tinha a mesa apenas para si. Largado sobre a cadeira – uma postura deveras atípica – ele bebia grandes goles de seu suco batizado com uísque de fogo e observava o Emma rir de algo que Rabastan sussurrou em seu ouvido. O rapaz podia sentir o sangue subindo à cabeça.

    Naquele instante, ele desejou ter ido embora após a garota que se ateou fogo, ou, ainda após o corvinal bêbado, mas a verdade é que não poderia sair do Salão Principal e deixar Emma com seu irmão (aprendera desde cedo a nunca confiar nele); mas estava ali, e ver o irmão flertando com a sua garota não era uma sensação nem um pouco agradável.

    Rabastan dançava olhando nos olhos de Emma, quando uma ideia a ideia ocorreu ao mais velho. Com um risinho, este começou a se misturar aos alunos na pista de dança. Sabia que, para o que iria fazer, ele não podia chamar atenção. Precisava ser rápido, discreto e certeiro.

    Esperou o momento certo para agir – foi se aproximando aos poucos, garantindo que não seria visto pelo irmão. Esperou até que tivesse contato visual claro, até que nenhum outro aluno estivesse entre eles, e deixou a varinha escorrer pela manga de seu paletó. Num movimento rápido do pulso, sem levantar o braço, sussurrou o feitiço. Tão logo um feixe verde de luz alcançou Rabastan, a varinha de Rodolphus já estava guardada em suas vestes.

    Tarantallegra. Um feitiço eficaz o suficiente para causar uma distração e afastar o irmão de Emma, mas que seria facilmente reversível por qualquer membro da equipe do castelo. Nada como tornar real a expressão “Pé de valsa”.

    Rabastan imediatamente começou a sapatear e a girar pelo Salão Principal, o resto do corpo acompanhando desajeitadamente as pernas, comandantes dos passos acelerados.

    Exatamente o que Rodolphus precisava. Se aproximou rapidamente de Emma, de costas para o irmão bailarino, e lhe falou com a voz baixa, um pouco mais rouca que o usual.

    - Banheiro feminino do segundo andar. Em cinco minutos – Fitou a meninas nos olhos, e ela meneou a cabeça afirmativamente de modo quase imperceptível.

    Foi o suficiente para que ele atravessasse o grupo de alunos em direção à saída do Salão Principal, deixando para trás um Rabastan desesperado.

    *****

    Assim que Emma entrou no banheiro, Rodolphus a puxou para perto, beijando-a com mais vontade do que jamais a beijara. Talvez ele tivesse exagerado um pouco no álcool, talvez fosse só um pouco de orgulho ferido, mas ele precisava sentir seus lábios contra os dela.

    A menina, no entanto, não parecia partilhar exatamente da mesma empolgação. As mãos contra o peito dele, ela logo se afastou, o encarando.

    - Precisava mesmo fazer aquilo com o Basty?

    Rodolphus riu ironicamente sob um suspiro, balançando a cabeça negativamente.

    - Uma noite e ele já virou Basty? – Emma revirou os olhos e cruzou os braços.

    - Me poupe, Dolphus!

    - Não, eu falo sério, Em! – ele retirou as mãos do quadril dela – Estou realmente curioso! Ele foi tão encantador assim que vocês já estão íntimos?

    - Rodolphus – Emma parecia incomodada com todas aquelas insinuações – É melhor você não ir por este caminho, estou avisando. Ele é seu irmão!

    - E é exatamente por isso que eu sei que ele é um perfeito babaca – A expressão da garota passou de incômodo para incredulidade, mas, ainda assim, o bruxo não parou de falar – Ele foi um prêmio de consolação digno, Em?

    O queixo da menina caiu. Emma colocou as mãos na cintura, andando de um lado para o outro no banheiro vazio da Murta-Que-Geme, respirando fundo para não explodir.

    - Quer dizer que você pode vir ao baile com a sua noiva, mas eu não posso dançar com o seu irmão? Que aliás, você insistiu para que eu aceitasse o convite? – O garoto passou a mão pelo cabelo.

    - Você sabe que eu não tenho nada com a Bellatrix – a simples menção à noiva o deixou aind amais emburrado.

    - Não, imagina, só tem um casamento marcado, né?!

    - Você já sabia disso!

    Emma fechou os olhos por alguns segundos, procurando algo dentro de si que a impedisse de estuporar Rodolphus. Ela não tinha o direito de criticar o relacionamento dele com Bellatrix, afinal, a intrusa naquela história não era a primogênita dos Black.

    Richmond soltou o ar e ergueu as pálpebras, encarando Lestrange.

    - É, mas você também deveria saber que eu não tenho nada com o seu irmão, Rodolphus!

    - Não parecia isso de onde eu estava sentado, sabe. Muito pelo contrário, você parecia muito à vontade nos braços dele, com toda conversa ao pé de ouvido e risinhos – ele gesticulava enquanto falava, o sangue subindo à cabeça.

    Os olhos cinzentos da menina se espremeram e ela ergueu o polegar até tocar a máscara, quebrando o feitiço que o prendia em seu rosto. O enfeite caiu em sua mão, deixando totalmente de fora o rosto bonito e maquiado.

    - Quer saber, Lestrange? – As palavras da menina agora saíam pausadas, mas era evidente a frieza em sua voz. – Você não tem o direito de bancar o namorado ciumento, ok? Vir com o Rabastan ao baile foi realmente uma péssima ideia. Vir a esse baile, em primeiro lugar, foi uma ideia absurda! Mas acho que eu errei desde o momento que decidi ficar com você.

    Com um movimento mais brusco, a loira jogou a máscara em uma das pias rachadas do banheiro.

    - Que você, Bellatrix e Rabastan dêem as mãos e sejam muito felizes! Estou farta desta história.

    Pisando duro, a menina saiu do banheiro, deixando Rodolphus para trás.

    Ele fitou a porta que Emma fechara atrás de si, o cenho franzido e a raiva turvando seus pensamentos. Quem Richmond pensava que era para ter a última palavra? Ele alcançou a porta rapidamente, andando a passos largos pelo corredor por que Emma seguira. A menina não estava longe e ele manteve contato visual durante todo o tempo em que tentava alcançá-la.

    - Emma! – Suas mãos agarraram o pulso da garota, e seus olhos se cruzaram. Naquele momento, Rodolphus desconfiou que ela estava muito mais chateada agora do que ele estivera a noite inteira.

    Ele queria dizer que ela não podia simplesmente sair, que ela não podia ter aceitado o convite de Rabastan, independente do que ele falasse, ou até mesmo que Bellatrix era uma lunática e que não valia a pena discutir por um noivado arranjado.

    Mas um grupo de corvinais subia a escada logo ao lado deles, e ele não falou nada. Ao contrário: ele soltou o braço dela como se tivesse levado um choque. Emma estreitou os olhos para ele, sacudiu a cabeça negativamente de forma quase imperceptível, e desceu as escadas.

    Ele sabia que não podia continuar indo atrás dela – ela logo alcançaria o Térreo, e as chances de Bellatrix vê-los conversando era grande demais.

    Então era isso – ele perdera Emma. Rabastan conseguiu o que queria.

    Cheque-mate.

    Passando as mãos nervosamente pelos cabelos, ele foi direto para seu dormitório. Bella Seria capaz de encontrar o próprio caminho após o baile.
    Remus Lupin
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    Mensagem por Remus Lupin Qua Out 28, 2015 10:11 pm

    Even though my life before was tragic


    Não seria a primeira (nem a segunda) tentativa de Matthews Davis de puxar briga que estragariam aquela noite – não para Remus. Ainda existia um peso – todas as coisas sobre os ombros deele e que não podiam ser compartilhadas com Abby – mas a simples companhia da garota fizera sua noite valer a pena.

    Bem, isso e o beijo. – Os beijos.

    Quando Abby o beijou aquela noite, foi como se todos os seus medos, dúvidas e pesadelos se afastassem completamente dele. Por Merlin, ele se esquecera até mesmo da Licantropia!.

    (Remus se remexeu um pouco na cama, incomodado com o pensamento da sua licantropia, mas logo sua mente estava novamente no baile, em Abby, no toque suave de sua pele e no modo como a garota sorria toda vez que ele perdia o ritmo).

    A noite tinha sido perfeita – mesmo com Davis, mesmo com a menina piromaníaca, mesmo com... Ele não se lembrava mais do que acontecera ao redor deles, porque, honestamente, ele esqueceu que havia alguém além deles ali, dançando no meio do Salão Principal. Justo ele, Remus Lupin, o mais desengonçado na pista de dança, estava disposto a dançar até o amanhacer, e tudo por causa de Abby.

    Pelo menos, até Rabicho se esbarrar cambaleante nele, claramente bêbado demais para andar em linha reta. Remus soltou Abby, meio sem graça, tentando aparar o amigo. Ele até procurou por James ou Sirius, na esperança de que um deles pudesse assumir o posto de enfermeiro naquela noite, mas não encontrou nenhum dos dois (mesmo que, a esta altura, metade dos alunos já estivesse sem máscaras), então, pediu desculpas a Abby e, com um último beijo, seguiu apoiando o amigo até a torre da Grifinória.

    Depois de todo o trabalho para cuidar de Peter – que balbuciava coisas quase ininteligíveis sobra alguma garota que o lobisomem acreditava não conhecer – Remus o colocou para dormir e se jogou em sua própria cama, as mãos cruzadas atrás da cabeça, imaginando o que Abby estaria fazendo naquele momento.

    Havia algo de realmente especial nela.

    *****

    Por causa do baile, na noite anterior, todas as atividades acadêmicas tinham sido suspensas naquela sexta-feira. Ainda assim, Remus acordou cedo e, com cuidado para não fazer barulho dentro do dormitório, desceu rapidamente para o café da manhã.

    O Salão Principal estava em sua configuração regular, com as mesas das quatro casas repletas de comida - e com muitos poucos alunos por ali. O garoto assoviava distraidamente enquanto se decidia entre suco de laranja ou café, quando uma voz atrás dele o assustou, fazendo com que espalhasse o líquido da cafeteira sobre a mesa.

    - Olá, estranho! – o garoto se virou para ver quem falava com ele, mas, antes que pudesse responder, Abby o beijou.

    E de novo, Remus não tinha mais preocupações ou medos – eram apenas Abby e ele, em um beijo.

    Ele sorriu, quando a menina desencostou os lábios dos seus.

    - Bom dia...

    - Bom dia! - Ela também sorria, e deu um beijinho na bochecha do garoto, antes de se sentar ao seu lado - Como está o seu amigo?

    - Bem, eu acho – Remus deu de ombros, e um sorriso involuntariamente se abriu quando ele observou o rosto de Abby. Num impulso, levou sua mão à bochecha da menina, fazendo um carinho delicado – Hey, o que você vai fazer no domingo?

    - Nada, por que?

    - É aniversário do Sirius – ele olhou sobre o ombro, para garantir que o amigo não se aproximava – e nós vamos fazer uma surpresa para ele no Três Vassouras. Quer vir?

    Abby acenou que sim,  e Remus se inclinou para a frente, para mais um beijo.


    Essa era uma das poucas ocasiões em que Remus Lupin estava feliz.
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    Mensagem por Sarah Nipps Sex Out 30, 2015 1:41 am

    Por mais uma vez naquela noite, Sirius Black a deixava sem ar.

    “Não foi a bebida. Okay?” a voz dele ainda ressoava pelo salão comunal enquanto ela o observava subir as escadas dos dormitórios masculinos, as mãos nos bolsos e os passos rápidos.

    Os pensamentos se sobrepunham, e Sarah não conseguia escutar nenhum deles, a imagem do quase beijo fixa em sua mente. “Sabe, Aussie...os seus olhos.” A menina levou a mão aos lábios, deixando um suspiro escapar.  Pouco a pouco, uma ideia ia destacando-se das demais:

    E se... Ela fosse atrás dele?

    A garota respirou fundo, para reunir coragem, e começou a descer os degraus que a separavam do Salão Comunal. Antes que seu pé tocasse os grossos tapetes que cobriam o chão do cômodo, no entanto, um casal entrou rindo e tropeçando pelo buraco do retrato da mulher gorda. Ao ver Carlota Meloni perigosamente pendurada nos lábios de um garoto, Sarah deu uma última olhada para as escadas que a levariam até ele e toda a sua coragem se esvaiu. Com um suspiro, ela voltou a subir, em direção ao próprio quarto.


    *****


    Risadas... Uma música melosa tocava baixinho... “Foi só uma dança, Car!”

    Sarah acordou na manhã seguinte com o barulho que as colegas de quarto faziam, mas não se mexeu. “ Qual é, Shelley, se não fosse a estúpida da Andrea Walsh, você com certeza teria conseguido fisgar ele!” “Car... Por favor! Ele é Sirius Black, eu nunca teria uma chance!”

    Apesar de protegida pelas grossas cortinas do dossel de sua cama, Sarah prendeu a respiração ao ouvir o nome de Sirius, o coração batendo mais apressado. Apesar da curiosidade já ter começado a consumi-la, as duas meninas ficaram em silêncio. Ela abraçou um travesseiro e começou a repassar, mais uma vez, a noite anterior.

    A dança.  “Você está fantástica, Aussie”. Ele aparecendo ao resgate na hora exata em que ela desistira de lutar contra a sorte. Os assuntos bobos na torre de astronomia. As risadas. A risada dele. “Não morra congelada, Aussie”. A proximidade, os olhos se fechando... Sarah reviveu pelo que deveria ser a vigésima vez o mesmo frio na barriga da noite anterior. Era como se a cena estivesse acontecendo agora, e James e Lily nunca aparecessem, e Sirius a beijasse.

    Por que ele não a beijara, na verdade, era a grande pergunta que ecoava em sua cabeça. Ele tivera inúmeras chances de fazê-lo... No corredor, antes de dizer a senha ao retrato da Mulher Gorda, ou mesmo no momento em que os dois murmuraram um “boa noite” constrangido. Por Merlin, ela mesma devia tê-lo beijado!

    “É aniversário dele no domingo, Shelley” Carlota fez uma pausa dramática, mas o silêncio foi preenchido com o barulho de uma página virando. “Você deveria tentar mais uma vez, sabe... Vai que quem ganha o presente é você.”  Sarah revirou os olhos e se livrou das cobertas.

    - Sabe, Carlota, tem gente tentando dormir aqui! – a menina abriu a cortina de sua cama bruscamente. Carlota arregalou os olhos (aquela coisa irritante que ela fazia sempre que queria se fazer de inocente)

    - Prestando atenção na conversa dos outros, Cooper?    

    A mais velha bufou, cruzando o quarto em direção ao banheiro.

    - Claro, porque sua vida é tããão interessente que não consigo evitar! – Sarah bateu a porta, pensando em como a colega de quarto conseguia ser irritante. Mas o que ela não conseguia pensar, naquele momento, é que Carlota não estava sendo mais ou menos irritante do que era sempre – era apenas Sarah que estava com ciúmes.


    ******


    Era quase onze horas quando Sarah chegou ao Salão Principal, mas, ainda assim, o café da manhã ainda estava à mesa – provavelmente Dumbledore imaginou que os alunos se comportariam atipicamente naquela manhã. O céu no teto enfeitiçado para reproduzir o firmamento do lado de fora estava cheio de nuvens, mas emitia tanta luminosidade quanto uma tarde de verão, então ela agradeceu por ter descido com seus óculos escuros ( o uísque da noite anterior lhe deixara como companhia uma leve dor de cabeça) e se sentou à mesa da Grifinória.

    Ainda não tinha acabado de se servir quando James se sentou ao seu lado – um sorriso largo no rosto.

    - ‘Dia, Coops! – a garota riu com a empolgação dele.

    - Bom dia, Potter! Viu um passarinho de olhos verdes? – ela provocou, mas ele apenas sorriu e deu de ombros enquanto colocava alguns pães doces em seu prato. Era bonitinho, sabe, ver James empolgado daquele jeito.

    - Sabe, tem uma poção para acabar com ressaca – ele apontou para os óculos dela, e aquilo aparentemente fez com que ele se lembrasse de algo – a propósito... – ele puxou o que parecia ser um pano preto do bolso e começou a balançar– isso é seu?

    - Minha máscara! – Sarah alcançou o objeto das mãos dele – Obrigada, eu nem percebi que tinha perdido! Onde estava? – distraída, ela pousou o adereço na mesa e levou seu suco de laranja até a boca.

    - Torre de Astronomia diz alguma coisa pra você?  - Sarah se engasgou, e começou a tossir. Seus rosto ficava cada vez mais vermelho, e ela não sabia se era da vergonha ou da falta de ar. Enquanto isso, James apenas exibia um sorriso vitorioso, tal qual criança que resolveu um mistério. Quando ela finalmente recuperou a cor e a respiração normais, ele continuou:

    - Sabe... O aniversário dele está chegando. Você poderia dar um presente... Bem especial... Algo que o Sirius vai gostar muuuuito de receber – ele alongou a sílaba propositalmente, e Sarah entendeu que todas aquelas arqueadas de sobrancelha realmente queriam dizer algo (e ela sabia perfeitamente o que). A garota revirou os olhos antes de resmungar um “Você pegou intimidade rápido demais, Potter”, e encher a boca com uma garfada de bolo de cenoura.

    O pior é que ela tinha uma ideia do que poderia ser um ótimo presente.


    *****


    - Em! Emma! – Sarah avistou a menina há poucos metros de distância, e correu para alcançá-la -  Dá para você para de fugir de mim?

    Emma revirou os olhos, claramente impaciente.

    - O que você quer Sarah? – aquele tom desarmou um pouco o discurso que tinha preparado para a amiga, mas, ainda assim, a grifinória continuou.

    - Eu quero saber o que está acontecendo, Emma. Primeiro você vai ao baile com um Lestrange, depois o outro cria uma distração para falar com você? No que você está se metendo, Em?


    *****


    A sexta-feira passou rapidamente, e, por algum milagre pelo qual apenas Merlin, ele mesmo, poderia ser responsável, também passou tranquilamente, ao menos para Sarah – à parte, talvez, da conversa com Emma.

    Encontrara com Sirius e com Peter (Oh, Agrippa, ela tinha se esquecido de todo o drama relacionado ao Pettigrew na noite anterior) apenas na hora do jantar. Mesmo assim, sentados a alguns alunos de distância, não houve uma única oportunidade para que algo constrangedor acontecesse novamente entre ela e o futuro aniversariante – embora toda vez que alguém o chamasse, ou que sua risada soasse mais alto que as demais, o coração dela disparasse um pouquinho.

    Quando estava quase terminando de comer, Sarah sentiu que estava sendo observada, e levantou os olhos. Seu olhar se cruzou com o de Sirius, e eles trocaram sorrisos brevemente, antes que ela novamente voltasse a encarar o próprio prato.

    Ah, aquele sorriso...


    *****


    Sarah acordou cedo no sábado. Sua meta era pegar uma das primeiras carruagens para a Vila. Precisava resolver algo, e não queria demorar muito. O plano parecia infalível – ir até Hogsmead, desaparatar para o centro de Londres, comprar o presente de Sirius e aparatar de volta. Não devia demorar mais que algumas horas, e ninguém desconfiaria de sua ausência.

    É claro que, se não fosse a inconsequência traço comum a tantos grifinórios, a garota teria percebido a infinidade de riscos que corria com aquela “escapadinha”. Apenas para começar, estaria burlando uma regra da escola e aparatando em um lugar que ela não conhecia - não podia sequer imaginar todas as outras possibilidades de aquilo dar errado. Por isso, e porque ela tinha certeza que todo mundo - de Abby a Dumbledore - surtaria se soubesse do que estava prestes a fazer, foi sem contar a ninguém.

    A primeira parte do plano ocorreu sem problemas – aparatou no banheiro feminino de uma movimentada estação de metrô, e ninguém notou a garota que apareceu do nada, ou mesmo o ruidoso estampido característico que acompanhava o feitiço de deslocamento. O problema se apresentou quando ela finalmente alcançou a galeria em que ela sabia que havia uma loja especializada no que ela queria comprar – em 1978, o prédio ainda estava sendo construído.

    Por mais que tentasse procurar outra loja, nenhum dos engravatados no centro de Londres parecia disposto a conversar com uma garota de 17 anos – e os raros que pararam para respondê-la não faziam a menor ideia de onde ela podia encontrar tal item. Já era o meio da tarde, e ela estava quase desisistindo (e se questionando sobre quantas regras quebraria se usasse o Accio para conseguir o que queria), quando avistou a resposta para todas as suas preces: Um grupo de jovens punks sentados na calçada fora de um bar. Como todos pareciam menores de idade, ela se ofereceu para comprar cervejas para todos eles, em troca da informação de que precisava (apesar de não ter alcançado a maioridade no mundo trouxa, aquilo era facilmente contornável com um pedaço de papel qualquer e um feitiço bobo.)

    Quando finalmente o presente – devidamente embrulhado – estava em suas mãos, era quase noite, e seu relógio de pulso anunciava que faltavam apenas 15 minutos para que os portões de Hogwarts se fechassem. Naquele tempo ela não alcançaria a estação de metrô para aparatar seguramente, então procurou um lugar que pudesse ser escondido o suficiente e aparatou para Hogsmead. Agradecendo a Merlin, alcançou a última carruagem no momento em que esta estava quase partindo.  

    Exausta de bater perna o dia todo – tinha valido a pena, apesar de tudo. A Londres de 78 era ao mesmo tempo incrivelmente parecida e absurdamente diferente daquela que ela conhecia – a garota jantou rapidamente e foi direto para o quarto. Tudo o que ela queria era um banho e o conforto de sua cama.


    *****


    No domingo, Sarah foi acordada novamente por Carlota, que aparentemente usava seus tamancos de salto para sapatear de um lado a outro do dormitório.

    - Urgh, Carlota, eu tô tentando dormir! – abrindo o dossel com força, ela viu Michelle sentada em frente à penteadeira, e Carlota a encarou com um pincel numa mão, e uma paleta de sombras na outra.

    - Hoje é um dia muito importante para Shelley, Copper. Você pode recuperar seu sono depois, uh?

    - Arre! Inacreditável! – Sarah gritou, enquanto agitava os braços – Incrível como você pode ser espaçosa e egoísta, Meloni! – Antes de bater a porta do banheiro (estava se tornando um hábito, já), ela ouviu Mary soltar um risinho, e riu também, satisfeita consigo mesma. Estava na hora de alguém colocar Carlota em seu devido lugar. E por que diabos o dia era tão importante para Shelley, afinal?

    Claro – a verdade a atingiu – era aniversário de Sirius Black, afinal de contas!
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    Mensagem por Regulus Black Sex Out 30, 2015 1:56 pm

    Não importava se seus pés estavam doendo, se as pernas reclamavam de cansaço e se seus olhos ardiam, pedindo mais algumas horas de sono. Na manhã seguinte ao baile, Regulus Black levantou da cama como se fosse mais um dia de aula, onde ele se obrigava a deixar o conforto dos lençóis e se colocar de pé.

    A diferença é que não havia a sensação de obrigação com seus afazeres de estudante. O motivo para interromper seu sono era algo que o traria muito mais prazer do que passar toda a manhã enfiado no dormitório masculino da Sonserina.

    O rosto de Mary McDonald apareceu em sua mente e foi involuntário o sorriso que brotou em seus lábios enquanto se arrastava até o banheiro, os cabelos negros completamente espetados e o rosto amassado pelas horas dormidas. Ainda bem que os demais rapazes ainda dormiam profundamente, e não puderam ver a inusitada cena do caçula Black, ainda em seus pijamas listrados, sorrindo bobamente.

    Enquanto deixava a água cair pelo corpo, ele revivia em suas lembranças tudo que havia acontecido durante a festa. A sensação de frustração por não poder dançar com McDonald na frente de todos, sendo obrigado a vê-la nos braços de Fenwick e a vontade de azarar o rapaz foi logo esquecida quando ele pode passar o restante da noite ao lado dela, no lado externo do castelo.

    Protegidos pela escuridão dos terrenos de Hogwarts, onde a luz da lua permitia apenas ver o rosto da grifinória de perto, eles estavam seguros. Quem olhasse de longe, veria apenas a sombra de mais um dos tantos casais daquela festa. Ninguém jamais acreditaria que o filho querido de Walburga estivesse aos beijos com uma nascida trouxa.

    Regulus ainda podia sentir o perfume gostoso que vinha dos cabelos dela, a textura da pele macia quando tocava seu rosto, o sabor dos beijos de McDonald. Tudo parecia perfeito demais para ser real. O rapaz não estava acostumado com aquele sentimento leve e gostoso, de modo que era inevitável um friozinho na barriga só de pensar que tudo poderia ter sido apenas uma ilusão.

    Afinal, na vida do jovem Black, só havia o futuro negro que lhe pesava os ombros, os gritos de Walburga ecoando pela mansão e a tristeza de ver seu irmão preferindo ter nascido em uma família completamente diferente. Sentir um alivio em seu peito, como se estivesse mergulhado em águas turvas e finalmente conseguisse um pouco de ar para seus pulmões, era inédito. E apenas McDonald era capaz de lhe trazer este fôlego, ela luz no meio de tanta escuridão.

    Antes de se dirigir para o café da manhã, ele rabiscou rapidamente em um pedaço de pergaminho, usando a caneta presenteada por Mary.

    “Me encontre na Sala de Troféus em meia hora. R.A.B.”

    Não havia janelas nas masmorras, de modo que Black se viu obrigado a ir até o Corujal para entregar a simples tarefa a sua coruja. Quando a ave levantou voo, ele se encaminhou até o Salão Principal, mas não se deu ao trabalho de se sentar à mesa das serpentes.

    Ainda de pé, se serviu rapidamente de um suco de abóbora e enfiou nos bolsos alguns bolinhos de caldeirão, o suficiente para ele e Mary. Sem prestar atenção em nenhum dos presentes, ele girou os pés em direção ao terceiro andar, na sala dos troféus.

    Com exceção de quando algum professor aplicava uma detenção, aquele canto do castelo normalmente ficava vazio, de modo que Regulus entrou tranquilamente na sala. Ele deixou os bolinhos apoiados em uma das mesas de vidro, que exibia algumas das medalhas de ex-alunos e se pôs a admirar alguns dos prêmios enquanto aguardava a chegada de McDonald.

    Foi com um sorriso torto, admirando o premio de uma partida antiga da Sonserina no Quadribol, que ele se lembrou do primeiro beijo que dera na grifinória. Ainda podia sentir o coração batendo forte, como se estivesse acontecendo tudo de novo. A coragem que invadia seu corpo após a gratificante vitória sobre a casa dos leões. Seria eternamente grato àquela partida por tudo que havia lhe proporcionado.

    Um ruído indicou que a porta da sala estava sendo arrastada e Regulus, que estava de costas para a entrada, se virou com os braços cruzados para encontrar, sem surpresa, uma McDonald sonolenta.

    O sorriso divertido voltou a ocupar seus lábios e, com poucos passos, ele acabou com a distância que existia entre os dois. Uma de suas mãos foi imediatamente até os cabelos amassados dela, ajeitando-os com um gesto carinhoso. A outra pousou em sua cintura. Antes de se entregar ao beijo, Regulus a encarou com os olhos cinzentos assumindo o já conhecido brilho que tinha, sempre que olhava para a menina.

    - Dormiu bem, Mary? Ou trouxe a cama com você?

    Ele depositou um beijo suave nos lábios dela, antes que a menina pudesse responder. As pálpebras de McDonald pareceram demorar um pouco mais do que o normal para se reerguer, mas quando ela o fez, Regulus estava novamente a encarando.

    Não era necessário dizer em voz alta, mas ele estava se sentindo aliviado. Se McDonald estava ali, tudo que acontecera na noite anterior havia sido real.

    - Acho que ainda estou dormindo... – Os braços dela também o rodeavam em um abraço.

    Regulus apoiou a testa contra a dela, deixando o polegar lhe acariciar a bochecha.

    - Isto não é um sonho, Mary. – Ele sussurrou, interpretando as palavras dela. – É muito melhor, não acha?

    Seu nariz roçou no dela antes de depositar mais um beijo carinhoso, sentindo o calor do corpo da grifinória junto ao seu. A menina confirmou com um meneio da cabeça e o casal se permitiu prolongar alguns segundos daquele abraço.

    - Trouxe bolinhos. Imaginei que estivesse com fome. – Ele sussurrou, brincando com as pontas dos cabelos dela.

    - Sempre. – McDonald sorriu.

    Regulus a puxou pela mão até o local onde deixara os bolinhos e esperou a menina dar a primeira mordida, enquanto a observava, para comentar.

    - Então... Fenwick te deixou em paz depois que te deixei no sétimo andar?

    Assim como na noite da festa de Slughorn, Black havia insistido para acompanhar Mary até o ponto máximo que sabia levar até o Salão Comunal Grifinório. Protegido pela máscara cinza que cobria o seu rosto, ele tentava dizer para si mesmo que nada tinha a ver com a chance de Fenwick poder abordar McDonald depois que ele precisasse ir embora.

    A menina sacudiu negativamente com a cabeça e cobriu a boca com alguns dedos para responder.

    - Já disse que traumatizei o pobre coitado de tanto que pisei no pé dele.

    Enquanto ela dava mais uma mordida, Regulus encolheu os ombros. Ele pegou um dos bolinhos, mas não o levou até a boca de primeira. Com a mão livre, ele beliscou a comida, arrancando um pedacinho com uma gota de chocolate.

    - Podia ter traumatizado recusando dançar com ele. – Black encolheu os ombros enquanto encarava o doce.

    Ele levou o pedacinho que havia arrancado do bolo e o levou até a boca, finalmente erguendo os olhos para encará-la, observando sua reação.

    - Ainda com ciúmes, Black? – o tom de voz de Mary era divertido.

    Mas sim, Black estava com ciúmes. Quem podia culpa-lo, afinal? Se a garota que ele desejava não podia ser vista ao seu lado, mas dançava com outros rapazes?

    - Eu recusei a dança com a Melloni. – ele voltou a balançar os ombros, como se aquele movimento pudesse fazer suas palavras soarem desinteressantes.

    Foi a vez de McDonald baixar o bolinho que comia e o encará-lo com uma sobrancelha erguida.

    - Melloni te chamou para dançar?

    Uma brasinha de vitória pareceu se ascender em seu estômago, mas Regulus manteve a expressão desinteressada.

    - Sim, enquanto você estava com o Fenwick.

    - Hmm... – Mary tentava manter o mesmo tom desinteressado de Black, mas a grifinória não tinha a mesma habilidade que o sonseirno para camuflar seus sentimentos. – E por que você não aceitou?

    Regulus deu um passo a frente, colocando o bolinho praticamente intocado de volta a mesa de vidro.

    - Não sei, acho que ela estava usando perfume demais.

    Ele ergueu uma mão até tocá-la no pulso, a puxando de leve para perto dele.

    - Ou talvez a garota que eu realmente queria estar, estava fazendo caridade pisando nos pés de outro rapaz. – Uma das sobrancelhas negras dele se ergueu. – Ciúmes, Mary?
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    Mensagem por Emma Malfoy Sex Out 30, 2015 3:19 pm


    Ao contrário da maioria dos alunos de Hogwarts naquele dia, Emma não teve dificuldades para deixar a cama, mesmo em um dia livre. Quando a menina havia voltado par seu dormitório, a festa ainda deveria estar pela metade, de modo que não havia cansaço ou ressaca que a desanimasse.

    Os corredores do castelo estavam vazios, e ela não se surpreendeu quando encontrou a biblioteca ainda mais deserta. Madame Pince até ocupava seu costumeiro lugar, mas as olheiras sob seus olhos denunciavam que ela também havia aproveitado o baile. Era quase engraçado ver a recatada bibliotecária completamente relaxada em uma festa, sem precisar ficar silenciando alunos a cada dois minutos.

    Naquela manhã, quando parecia cochilar vez ou outra, a mulher parecia muito grata que Emma Richmond fosse seu único ponto de atenção. A sonserina estava tão concentrada em sua leitura que Pince se permitia fechar os olhos discretamente.

    Emma devorava cada palavra dos livros espalhados a sua frente, desesperada para encontrar uma solução. O assunto era tão complexo que conseguira seu objetivo: distrair sua mente do ocorrido na noite anterior.

    Quando a hora do almoço chegou, a menina continuava sem apetite, mas acreditou que o Salão Comunal já estivesse vazio o suficiente para que ela voltasse em segurança, sem esbarrar em nenhum dos Lestrange ou Bellatrix.

    Com os inseparáveis livros presos contra o peito, ela deixou a biblioteca, mas não precisou andar muito para escutar alguém lhe chamar.

    - Em! Emma! Dá para você para de fugir de mim?


    A loira se virou, sentindo um arrepio na nuca. Quando reconheceu o rosto de Sarah, o alivio a invadiu, junto com o mau humor que voltou com toda força. Quando não estava lendo, sua mente repetia como um loop a briga que tivera com Rodolphus.

    - O que você quer Sarah? – foi inevitável descontar um pouco de sua irritação na grifinória.

    - Eu quero saber o que está acontecendo, Emma. Primeiro você vai ao baile com um Lestrange, depois o outro cria uma distração para falar com você? No que você está se metendo, Em?

    A loira bufou. Péssima escolha de assunto, Sarah. A simples menção do sobrenome Lestrange pareceu ter multiplicado sua frustração.

    - Diferente de você, eu definitivamente não estou me metendo em assuntos alheios.

    Ao perceber que estava ultrapassando seu próprio nível de mau humor, a loira revirou os olhos mais uma vez, se esforçando para suavizar sua expressão.

    - Relaxa, tá legal? Não estou fazendo nada.

    - Em... – Sarah parecia receosa com as palavras, provavelmente com medo de ser azarada pela sonserina, mas a coragem grifinória lhe permitiu continuar. – Você tem que ter cuidado. Está rodeada de comensais.

    Mesmo com o corredor deserto, a morena teve o cuidado de sussurrar as palavras. Os olhos azuis da Malfoy se baixaram e ela fitou o chão de pedra. Aquelas palavras, ditas em voz alta, vinham lhe assombrando desde a noite anterior.

    Quando estava sozinha com Rodolphus, era impossível ver o rapaz como o futuro comensal que ele inevitavelmente se tornaria. Após a briga dos dois, era apenas nisso que Emma pensava. Ela via o futuro dele, de Bellatrix e de Rabastan nitidamente diante de seus olhos e entendia a loucura que estava se envolvendo. Era impossível conseguir alguma coisa positiva naquela história toda.

    - Você disse que ia cuidar disso. – Havia uma ruga de preocupação entre as sobrancelhas de Sarah e Emma se sentiu culpada.

    - Eu cuidei. – Ela finalmente ergueu os olhos para encarar a amiga. – Resolvi tudo ontem à noite. Não há com o que se preocupar.
    ***

    Assim como na sexta-feira, Emma passou todo o sábado trancada na biblioteca, o rosto enfiado nos livros. Estar no ultimo ano lhe dava a desculpa de ter o NIEMs como preocupação, mas era sobre viagens no tempo que a menina passava todo o seu dia lendo.

    Quando o domingo finalmente chegou, o castelo parecia vazio. A maioria dos alunos do sexto e sétimo ano estavam aproveitando o final de semana em Hogsmead. Os alunos mais novos estavam espalhados pelos jardins, aproveitando a provável os últimos dias de sol. Com a proximidade de dezembro, logo os terrenos da escola estariam cobertos de neve.

    Acreditando que não haveria interrupções, Emma pegou um dos livros, sem se preocupar em enfeitiçar a capa para mudar o título, e o levou até o Salão Comunal. Uma folga para Madame Pince a faria bem e os sonserinos estariam fora, lhe deixando sozinha com o mesmo silencio que conseguiria na biblioteca.

    Ela se sentou em uma das poltronas negras, esticando os pés para apoiá-los sobre a mesinha a sua frente. Mesmo com o frio das masmorras, Emma havia retirado os calçados, deixando-os desprotegidos. De seu tornozelo para cima, a pele estava protegida pela meia-calça negra. A saia florida lhe cobria até alguns centímetros acima do joelho. O suéter branco era um pouco maior para o seu tamanho, de modo que as mangas passavam um pouco do seu pulso.

    Não precisou esperar muito para que um ronronado lhe despertasse a atenção da leitura. Condessa pulou no braço da poltrona e se espreguiçou antes de se apoderar do colo da dona, sem pedir permissão.

    - Hey... – Emma empurrou o livro, sorrindo para a gatinha. – Você estava sumida. Não me abandone, viu?

    Com o indicador, a menina afagou atrás da orelha da gata que levantou o rosto para encará-la, exibindo um olho azul e o outro verde.

    - Somos só nós duas hoje, Condessa... – a gata se aninhou no seu colo, se acomodando para dormir.
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    Mensagem por Abby Lovegood Scamander Sex Out 30, 2015 11:41 pm

    Abby levou os dedos aos lábios, enquanto via Remus se afastar, levando Peter amparado em seus ombros.
    Era uma das coisas que mais admirava nele. A dedicação aos amigos. Estava sempre disponível para eles, mesmo em detrimento de si mesmo. Se desculpara com ela, por ter de ir embora mais cedo, mas não ouvira uma reclamação sobre ter sido ele a socorrer Petttigrew, podendo ter sido qualquer outro dos amigos.
    Ela não se sentira mesmo por algum segundo, abandonada. Na verdade, a festa mesmo se encaminhava para seu fim.
    E, aliás, que festa! Tivera de tudo: princípio de incêndio, Xeno se declarando pra Pandora, Davis querendo puxar briga com Remus e acertando Sarah...
    Aliás, coitada da Sarah! Tentara procurá-la após o fato, mas parecia que ela tomara chá de sumiço! Aliás, muita gente naquela festa estava sumida!
    Inclusive Pandora e Xeno.
    Procurou por eles em todo o canto, mas não conseguiu achar, até que ouviu um pirralho do primeiro ano corvinal dizendo que se, cada amigo desse 20 sicles, eles iam poder ver um casal se amassando em determinado local.
    Um outro pirralho perguntou que só pagava dependendo de quem fosse a menina.
    - O nome eu não sei não, mas ela tá com o Lovegood!
    Abby viu vermelho e chegou perto da rodinha de moleques.
    - Bonito vocês, hein? Que falta de educação! O professor Flitwick vai adorar tirar belos pontos da Corvinal: seus - ela disse ao garoto mexeriqueiro - por fazer comércio com a intimidade de outras pessoas, e de vocês, por compactuarem com isso! Além de dar uma bela detenção!
    - Detenção? - o moleque arregalou os olhos.
    - É isso aí... uma detenção! Tipo faxinar os banheiros... depois dessa festa. Imagina só... como eles devem estar imundos! Ah, e eu já falei que o meu namorado é monitor? Pois é... quem sabe eu peça a ele para verificar se você vai estar limpando direitinho?
    Ela deveria se envergonhar de estar aterrorizando o moleque, mas era isso, ou quem iria parar em detenção seriam Pandy e Xeno.
    - Agora... ou você me fala onde eles estão, ou prefere encarar o prof. Flitwick?

    *********************

    Dia seguinte, Pandora acordou com uma dor de cabeça e uma ressaca daquelas enormes, e sem lembrar de nada do que havia acontecido no dia anterior, inclusive de estar se amassando com o Lovegood atrás das cortinas do salão de baile. 
    Fato que a desagradável da Amanda Bones fez questão de relembrá-la, menosprezando o corvinal.
    - Ao que eu me lembre, Bones, no dia anterior ao baile, você foi convidar o Xeno pra ir com você, não foi? E levou um sonoro não! Então... conhece aquele ditado? Quem desdenha quer comprar? Pois é... a carapuça serve direitinho em você. Vaza! - disse Abby, entrando no quarto, após tomar café com Remus no salão.
    A garota empinou o nariz e saiu do quarto, murmurando sobre pessoas enxeridas. Abby só deu de ombros.
    - Então, como você está?
    - Horrível. Ainda não entendi como tudo aquilo aconteceu!
    - Tudo aquilo o que?
    - Eu e o Lovegood! Só pode ter sido o uísque de fogo no meu suco!
    - Acontecendo, ué! Não é nada de anormal. Não culpe o uísque, porque você gosta do Xeno sim!
    - É irracional, isso sim! Veja, a gente briga o tempo todo...
    - Você briga... ele tenta te convencer do ponto de vista dele.
    - Tá vendo? Tá do lado dele agora!
    - Eu não estou de lado nenhum, Pandy! Só que parece que só você não vê que vocês são perfeitos um pro outro! Se completam. Vc é muito racional, ele é sonhador sim, mas vc coloca os pés dele no chão e ele te ensina a desestressar!
    - Não adianta, não vai rolar!
    Abby bufou. Não ia adiantar falar mais nada naquele dia. Melhor seria mudar de assunto e pronto.
    - Ah, deixa eu te falar. O Remus me disse que domingo é aniversário do Sirius e vão fazer uma surpresa pra ele lá no Três Vassouras, vamos?
    - O Lupin... você gosta mesmo dele, não é?
    - Gostar? Gostar é pouco... acho que estou me apaixonando por ele.
    - E isso é bom, não é? Ele é o cara certo pra se apaixonar. Responsável, tem os pés no chão, atencioso...
    - Sim...
    - E por que esse ar de preocupação, de tristeza? Eu acho que ele tb gosta de você.
    - Pandy... mais dia, menos dia, eu vou ter de voltar para... ahn... a Austrália. E - então eu nunca mais verei o Remus.
    - Ah, que é isso! Vocês ainda estarão vivendo no mesmo planeta! Vão se ver de novo sim!
    "Quem dera, vó, quem dera... no mesmo planeta, mas não na mesma época. Quando eu nascer, o Remus já terá me esquecido, se casado com a Tonks, ter sido pai do Teddy e morrer na segunda guerra. Ele nem mesmo terá tempo de ver o filho crescer e Voldemort ser derrotado em definitivo. - ela pensou - Vai doer, mas mesmo assim, eu vou encarar, sem medo da dor, porque ele vale a pena. Estar com ele vai valer a pena toda a dor que virá depois."
    Ela nem percebeu que estava chorando, até sentir o sabor salgado das lágrimas que escorreram por seu rosto, e sentir o abraço reconfortante da avó.
    Sarah lhe daria uma tremenda bronca por se envolver com Remus, podia apostar, mas já era tarde. Não estava gostando dele. Naquele momento, percebeu que já era tarde, ela estava completamente apaixonada por Remus John Lupin.
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    Mensagem por Rodolphus Lestrange Sáb Out 31, 2015 3:26 pm

    Pelo que devia ser provavelmente a primeira vez em sua vida, Rodolphus preferia estar junto aos alunos das outras casas a estar ali, rodeado de sonserinos. Sentado em sua cama, as costas contra a cabeceira, ele observava o dormitório masculino. Naquele momento, o cômodo estava superpovoado: Rabastan, Lucius, Narcisa, Crable, Snape, Avery, Goyle e Dolohov se espalhavam pelo quarto, sentados pelas camas, cadeiras e mesmo o chão. Pareceriam facilmente um grupo de amigos matando o tempo, não fosse pelo fato de que a atenção de todos eles estava fixa à garota no centro do quarto, que, andando de um lado para outro, lia em voz alta as palavras de um pergaminho em sua mão.

    Bellatrix parecia emocionada, e embora a mente de Rodolphus eventualmente o levasse à noite do bale, ele se esforçava para prestar atenção naquilo que a morena dizia. Aquele era o seu futuro, afinal de contas, que estava em jogo. Precisava ter certeza de que lutaria do lado certo, honrando o nome de todos os seus ancestrais.

    “... por isso, quero que comecem a praticar feitiços com maior potencial de danos, mas não quero que chamem atenção. Hogwarts só deve se assustar no momento correto. Comecem por animais de pequeno e médio porte, e tenham certeza de se livrar dos cadáveres. Ninguém deve chegar a vocês antes da hora correta. Não espero nada menos que disciplina e discrição de vocês”

    Bellatrix fechou a carta assim que terminou de ler e, num movimento dramático (a que Rodolphus reagiu revirando os olhos), encarou os colegas.

    - Como você recebeu isso, Bella? – Lucius, sentado em frente ao primogênito dos Lestrange, estreitou os olhos, e, mesmo que estivesse sentado e ela em pé, era óbvio que ele a media com um tom de superioridade.

    Era curiosa, a frequente disputa de poder entre aqueles dois. Ainda assim, por mais que se entretivesse com os olhares dramáticos e ameaças nem sempre veladas, Rodolphus sabia que, uma vez que eles estivessem realmente aliados ao Lord das trevas, aquilo seria reduzido à picuinha infantil que realmente era.

    A imagem de Emma o fitando em reprovação apareceu mais uma vez em sua cabeça, e ele a afastou com um rápido aceno de cabeça.

    - Não interessa, Lucius – ele se levantou, interrompendo Bella no meio da resposta, e alcançou o papel em sua mão. – A verdade – ele corria os olhos pelo papel e dava pequenos passos em círculo enquanto falava – é que estamos com o desempenho muito aquém do esperado – aqui, ele encarava o irmão, com a intenção de que ele entendesse a alfinetada – de um grupo com nossos intuitos. E [i]isso[i] aqui – ele levantou o papel – vai precisar de um pouco mais de esforço do que uma sala vazia no castelo.

    Sentiu o olhar de Bellatrix cravado em sua nuca e se virou para encará-la. Ela o encarou de volta, um pequeno sorriso de canto em seus lábios, e ele sabia exatamente o significado daquela expressão – era de um tipo raro, que só aparecia quando o jovem tomava as rédeas de alguma situação.

    Rodolphus era um líder nato, mas odiava ficar sob os holofotes. Nunca vira graça em ser o centro das atenções, na verdade. Achava muito mais empolgante o jogo político e de manipulação pelos bastidores, mas, vez ou outra, perdia a paciência para as tolices alheias e assumia o controle das situações. Era nesses momentos que sua ambição e sua determinação ficavam evidentes, e aquelas eram as qualidades que compartilhava com a noiva. Ao bem da verdade, eram parte dos motivos dos dois jovens terem aceitado tão pacificamente o arranjo matrimonial proposto por seus pais.

    Bellatrix podia até achar que ele não utilizava toda a sua capacidade o tempo todo, e ele poderia jurar que Black era uma lunática completa, mas nenhum dos dois jamais negariam essa faísca que aparecia nos momentos certos.

    O sorriso dela aumento e, sem que quebrassem o contato visual, ela levantou a voz, deixando claro que falava com todos os outros também.

    - A Floresta Proibida parece uma ótima opção – Rodolphus acenou positivamente, e um pequeno murmurinho começou a correr pelo quarto – Desçam! – Bella quebrou o contato visual rapidamente, mas logo seu olhar e sorriso se voltaram para ele – Eu tenho um assunto para resolver com o Rodolphus.

    Enquanto os demais se apressavam para sair, ela dava pequenos passos em direção a ele, as vestes se movimentando sinuosamente ao movimento dos seus quadris. Eles estavam a um palmo de distância, e Bella sustentava aquele sorriso misto de sedutor e enigmático. Ela o puxou para perto pela gola da camisa, “Bem-vindo de volta, Dolphus” ela murmurou, antes de beijá-lo.

    O beijo de Bellatrix era voraz e intenso, e ele sabia que permeado por desejo. Ele apertou-a contra si, correspondendo o beijo.

    - Eu nunca fui a lugar algum, Bella. - Ela deu um sorriso e girou nos calcanhares, alcançando a porta. Rodolphus suspirou enquanto a observava se afastar. A verdade é que sua mente estava o tempo todo com Emma.

    Ele seguiu a noiva com a cabeça baixa e as mãos nos bolsos, mantendo a distância dos demais alunos, absorto em seus próprios dilemas. Foi arrancado de seus pensamentos apenas quando estava quase saindo do Hall de entrada, por uma voz feminina gritando o nome que ecoava em sua mente.

    - Emma!! – (se ele não fosse Rodolphus Lestrange, com sua autoconfiança sem limites, talvez pensasse estar imaginando coisas) ele virou rapidamente e viu a intercambistas grifinória correndo até a sonserina. Ela olhou rapidamente para ele e desviou o olhar, encarando a amiga, com quem falava algo que dali ele não conseguia ouvir.

    Estranho. Rodolphus não se lembrava de ter passado por Emma em hora alguma, e, ainda assim, ali estava ela, há poucos metros de distância. Observou as duas por mais alguns segundos, antes de apressar seu passo para fora do castelo.

    Era a primeira vez na vida em que ele sentia necessidade de um cigarro.
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    Mensagem por Emma Malfoy Dom Nov 01, 2015 9:55 am

    Quando os Sonserinos começaram a passar em fila pelo Salão Comunal, Emma levantou os olhos de Condessa e virou para trás, vendo-os sair para o corredor em bando. Por estar na sentada na poltrona mais alta, o encosto lhe protegeu de ser vista, de modo que pode ouvir Lucius Malfoy dizer algo como “Deixo os coelhos para você, Goyle... Prefiro enfrentar um Centauro”.

    - Não seja idiota, Lucius. – A voz de Narcisa soou preocupada e ao mesmo tempo repreensiva. – Deixe os Centauros fora por hoje. Eles são espertos demais e iriam nos expor.

    Emma não pode ouvir o restante da conversa quando o pequeno grupo desapareceu pela saída da passagem secreta. Ela estava pronta para se levantar quando Rodolphus e Bellatrix apareceram, seguindo o mesmo caminho dos demais.

    A menina prendeu a respiração. Com exceção de Cissy, ela sabia perfeitamente que todos aqueles ali se tornariam futuros Comensais da Morte, seguidores de Voldemort e assassinos cruéis. O fato de estarem se reunindo não previa nada de bom, apesar da palavra “coelhos” não se encaixar em nada que a menina conseguisse imaginar.

    Ela esperou alguns segundos até que o casal também desaparecesse e se levantou, fazendo Condessa pular de seu colo com um resmungo. A curiosidade se espalhando pelo seu corpo, mas acima de tudo, a preocupação com o que quer que Rodolphus estivesse se envolvendo.

    Não havia deixado de reparar que ele estava de mãos dadas com Bellatrix, mas não era só aquele gesto que fazia seu estômago se contorcer. O fato de estar acompanhado da noiva, rodeado de Comensais, apenas mostrava para ela que o futuro estava se concretizando. Em breve, o rapaz que ela conhecia nas salas desertas e na torre de astronomia iria desaparecer.

    Emma nunca teve a ilusão de que teria algum final feliz ao lado de Rodolphus, mas havia se permitido envolver, como uma criança teimosa que insistia até o último minuto que aquilo poderia mudar, que um milagre poderia acontecer. Talvez ela precisasse ver com os próprios olhos o comensal que estava nascendo nele para desistir de vez daquela loucura.

    Se esgueirando atrás de armaduras e com passos tão silenciosos como os de Condessa, ela conseguiu segui-los até quase a saída do castelo, quando escutou o próprio nome ecoar pelo corredor.

    Os pelos de seus braços se arrepiaram e ela fechou os olhos por um segundo, achando que algum dos sonserinos havia notado a sua presença. Quando ela se virou, pronta para enfrentar alguma azaração, ela encontrou o rosto de Sarah.

    - Droga, Sarah! – a loira sussurrou, se aproximando da amiga em uma mescla de alivio e frustração.

    - Uau, oi pra você também. – A morena ergueu as sobrancelhas, parecendo já estar acostumada com o rotineiro mau humor da outra.

    Emma olhou por cima do ombro, lançando um último olhar quando Rodolphus e Bellatrix desapareceram. Ela soltou um suspiro e se virou novamente para a grifinória.

    - O que houve? Você está tremendo, parece até que viu um trasgo!

    A Malfoy puxou a mão de Nipps, a guiando para o caminho de volta, evitando que se algum dos futuros comensais voltasse, pudesse escutar o que ela estava falando.

    - Tem um grupo de sonsernios, eles têm se reunido para “brincar” de Duelos em uma sala do quinto andar. – Ela soltou um novo suspiro antes de continuar, pois não tinha dúvidas de que Sarah sabia que Rodolphus estava incluído naquele contexto. – Acho que estão aprontando alguma coisa hoje.

    A boca de Sarah abriu momentaneamente e ela lançou um olhar para o caminho que Emma estava seguindo antes, encarando o corredor vazio.

    - São tempos de guerra, Emma. Você ia atrás deles sozinha? É suicida? – a voz da grifinória saía esganiçada.

    - Eu só queria ver onde estavam indo... – A loira encolheu os ombros, desviando o olhar da morena. – Mas já perdi a minha chance, ok? Vou voltar para o Salão Comunal.

    Foi a vez da Grifinória tocar a mão de Emma, se colocando na frente dela para bloquear seu caminho.

    - Não vai à Hogsmead?

    - Hogsmead não vai nos ajudar a voltar para casa, Sarah. – a loira revirou os olhos, mas Nipps não parecia convencida.

    - Nós vamos voltar para casa, Em. Mas se ficar se matando assim, só vai piorar as coisas. Você está nitidamente deprimida, eu raramente te vejo durante as refeições, está sempre enfiada com a cara nos livros!

    - Bom, ALGUÉM precisa tentar encontrar uma solução, não é? Parece que nem o velho caduco do Dumbledore está preocupado!

    Sarah sacudiu a cabeça e puxou a mão de Emma para prendê-la sob seu braço, a puxando pelo corredor que levaria até a saída do castelo.

    - Você precisa se distrair. Só por hoje, por favor. Eu garanto que seu cérebro irá funcionar muito melhor se tirar o foco dos problemas por algumas horas.

    ***

    O céu estava negro naquele dia, o frio anunciando que em poucas semanas dezembro chegaria coberto de neve. Apesar da escuridão no meio da tarde e de alguns raios que iluminavam momentaneamente, Emma estava imensamente grata que a chuva ainda não tivesse chegado.

    Nem mesmo o tempo feio parecia ter espantado os alunos daquele dia no vilarejo. Por ser apenas os alunos do sexto e sétimo ano, o Três Vassouras não estava abarrotado como sempre. Apesar de quase todas as mesas estarem ocupadas, era possível andar pelo pub tranquilamente.

    - Heey,Coops! – a mão de James Potter cortou o ar quando Sarah e Emma entraram no estabelecimento.

    A mesa ocupada por James, Lupin, Peter e Sirius era redonda e um pouco maior que os demais e ainda tinha alguns lugares vagos. Ainda tinham algumas cadeiras vagas e Emma fez menção de se sentar ao lado do artilheiro quando ele a impediu.

    - Desculpe, amiga da Sarah! Reservado para uma certa ruiva.

    Ao invés de se sentir ofendida, Emma se permitiu sorrir divertida. Potter e Evans, finalmente! A menina puxou uma cadeira para se sentar ao lado de Sarah e, junto da amiga, pediu uma cerveja amanteigada.
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    Mensagem por Sarah Nipps Dom Nov 01, 2015 3:27 pm

    Tirar Emma do castelo foi uma boa ideia. A menina parecia andar mais estressada do que o normal, e Sarah tinha a impressão de que relaxar um pouco a ajudaria. Além disso, se sentia um pouco culpada toda vez que a via cabisbaixa pelos cantos - tinha a impressão de que tinham construído algum tipo de amizade, mas pouco se viam além dos encontros do "Clube de leitura".

    A atmosfera no Três Vassouras era animada, sobretudo na mesa ocupada pelos marotos. As meninas logo se aproximaram; os olhares de Sirius e de Sarah se cruzaram no momento em que a garota sentou, e ambos sorriram. Estavam afastados por algumas cadeiras - Emma, a que seria de Lily, e James, mais especificamente - mas foi o suficiente para que Sarah sentisse a ansiedade crescer dentro de si.

    - Eu não acredito que vocês não fizeram nada para mim, Pontas! Seu aniversário é em março e eu já tenho tudo planejado! - Sirius revirou os olhos, fingindo fazer drama e dando mais um gole de sua cerveja, e uma onda de risinhos correu a mesa.

    - É aniversário dele hoje? - Emma susurrou, e Sarah apenas acenou que sim. Os olhos da loira se arregalaram - A gente não devia estar aqui.

    - Não acho que vai fazer algum mal, Em... - a verdade é que a grifinória sabia que não deveria estar ali. Mas ela não deveria estar em 1978, de qualquer jeito, certo? Que mal faria uma festa de aniversário?

    Antes que Emma pudesse rebater algo, o aniversariante soltou um assovio alto, e as duas se viraram para ver o que acontecia. Abby, recém chegada, beijava Remus como se sua vida dependesse daquilo.

    Emma e Sarah trocaram um olhar significativo, e pelo leve tom homicida nas íris azuis da sonserina (definitivamente, herança dos Black), as duas estavam pensando a mesma coisa: Abby estava metendo os pés pelas mãos. No baile, a vontade da grifinória tinha sido enfiar algum juizo à força na cabeça da mais nova, mas depois da torre de astronomia (ela corou um pouco só de pensar no quase-beijo), não tinha como fazê-lo. Deu mais um gole de sua cerveja amanteigada, ignorando o olhar de cobrança da loira ao seu lado. Não falaria nada, pelo menos não hoje.

    Quando Em abriu a boca, com certeza para reclamar do silêncio, dois dos últimos lugares foram ocupados, e ela foi distraída pelos cumprimentos. Mesmo o beijo entre Lily e James tinha sido mais discreto que o de Abby, e a ruiva logo se sentou. Marlene, que chegara com ela, ocupou a cadeira logo ao lado de Peter, deixando as duas últimas duas cadeiras vazias de distância de Sirius.

    Sarah sentiu o estômago revirar um pouquinho. Marlene e Sirius tinham terminado, certo? O que... O que ela estava fazendo ali? As pessoas normalmente não querem ver a cara das outras depois que terminam, certo? Uma sensação ruim se abateu sobre ela, junto com o medo de que o casal tivesse reatado na noite anterior. Merlin, como ela se sentiria idiota se aquilo tivesse acontecido.

    Olhou para Emma, a vontade de dividir aquele medo com alguém, mas não tinha contado nada à amiga - e, pela primeira vez naquele fim de semana, ela se lembrou do porque mantivera toda aquela história em segredo. Ela não podia se envolver com ninguém, principalmente não com uma das pessoas mais importantes para o fim da Guerra.

    - Que cara de trasgo é essa? Tem alguma coisa no meu cabelo? - a sonserina começou a sacudir os fios loiros, e Sarah riu.

    - Não, Em, eu só... Queria fazer um brinde - a morena empunho sua caneca - à Hogwarts.

    - Um brinde!! - a voz de Sirius se sobressaiu às conversas paralelas, fazendo com que as duas meninas se assustassem - É exatamente isso o que está faltando, Aussie! Precisamos brindar a mim! - Ele se levantou, segurando sua caneca à frente do corpo - Ao melhor, mais divertido, mais bonito e mais inteligente bruxo que vocês conhecerão em todas as suas vidas. Todos explodiram em risadas, mas antes que ele pudesse continuar com seu próprio brinde, um coro de "Sirius é um bom companheiro" começou a ecoar pelo salão, e Rosmerta apareceu com um grande bolo, sobre o qual explodiam pequenos fogos de artifício.

    Enquanto a dona do Três Vassouras se aproximava, o coro engrossava e decorações apareciam magicamente pelas paredes. Todos se levantaram, cantando de forma entusiasmada.

    - Oh, Rosie, você lembrou! - Sirius fingia afetação, e virou para James - isso é o que amigos fazem, seu tratante! - ele ria, e o sorriso aumentou quando James lhe deu uma cotovelada nas costelas. (Ai, esse sorriso...)

    - Quem você acha que organizou isso tudo, seu filhote de dragão?

    Sirius riu mais uma vez, e se inclinou para o bolo, agora já na mesa.

    - Faça um desejo, querido! - Rosmerta cantarolou, e Sarah sentiu os olhos dele fixarem-se nela, e seu coração disparou um pouco. Ele abriu um pequeno sorriso de canto de boca e, deixando que suas pálpebras se fechassem, assoprou, apagando os fogos de artifício que estalavam sobre a cobertura doce.

    Todo o bar parecia estar ali para parabenizá-lo - mesmo Emma em algum ponto levantou sua caneca e gritou um "Parabéns, Black!" - mas Sarah esperava o momento correto para falar com ele (a sacola com o presente seguramente guardada em sua bolsa). Ela acreditou que o momento talvez jamais chegasse quando viu Regulus Black entrando pela porta do bar.



    *****


    Já era quase o meio da tarde quado Sarah saiu pela porta do Três Vassouras. Tinha deixado Emma e Abby conversando civilizadamente (um verdadeiro milagre) para comprar um sorvete na banquinha em frente ao bar, mas nunca chegou a atravessar a rua. Assim que passou pelo portal, avistou Sirius. Recostado na parede, uma das pernas dobradas, um braço cruzado sobre o peito e o outro sustentando um cigarro, ele parecia pensativo. Ainda assim, ela se aproximou.

    - Hey, aniversariante... - sua voz saiu levemente esganiçada, e ela se odiou por aquilo.

    - Hey, Aussie! - Ele sorriu, dando uma última tragada e se livrando da ponta do cigarro. - Desculpe por isso.

    Sarah balançou a cabeça, indicando que aquilo não era nada. Na verdade, a cena parecia ter sido tirada diretamente de um filme, e ele estava ainda mais charmoso do que o normal.

    - Eu... não tive a oportunidade de te dar os parabéns

    - Isso é verdade.

    - Bem... Parabéns! - ela se sentiu ridícula quando abriu as mãos num pequeno movimento de jazz. Desejou ter apenas atravessado a rua antes de abordá-lo.

    - Obrigada, milady - Ele fez uma pequena reverência, com falsa formalidade.

    Sarah riu - ele tinha essa habilidade de fazê-la rir com o menor dos gestos - e alcançou o embrulho que carregava em sua bolsa desde o dia anterior.

    - Isto é para você - ela estendeu o embrulho para ele. Era uma sacola preta de papel, com a marca da loja (uma espécie de caveira alada rodeada de inscrições), e um embrulho azul que saía dela.

    - Um presente? Obrigada, Aussie! - Ele alcançou a prenda e agradeceu mesmo antes de abrir - O que é? - sem esperar a resposta, ele abria a embalagem.

    Ela viu o momento exato em que seus olhos brilharam - ele tinha acabado de tocar a superfície suave do couro

    - Não é...? - Ele olhou pra ela, abrindo um sorriso que ela apenas espelhou, à guisa de resposta. Sua atenção logo se voltou novamente para o pacote, e ele puxou o presente para fora, desdobrando a peça - Uma jaqueta?! - Sirius revirava a peça, olhando todos os detalhes, e o sorriso em seu rosto aumentava cada vez mais - Uau, obrigada!! - Ele abria o zíper para vesti-la, e Sarah ficou satisfeita com sua escolha. Em seu pouco tempo em Hogwarts, nunca vira Sirius tão animado com algo.

    - Que tal? - ele abriu os braços, já cobertos pelo couro, e as sobrancelhas erguidas de forma questionadora.

    "Lindo", ela queria dizer, mas se conteve.

    - Ótimo, mas, de novo... - ela encurtou a distância entre eles, alcançando a gola de sua jaqueta - isto aqui está torto... - o cheiro dele alcançou suas narinas, e a proximidade fez com que sentisse seu estômago gelar, ela tentou ignorar tudo aquilo enquanto arrumava a jaqueta dele, mas era impossível.

    Sentiu seu coração acelerar quando a mão dele segurou a sua, a textura do couro incapaz de ocultar o peito forte do rapaz.

    - Eu quero isso há bastante tempo. - ele quase que susurrava, e Sarah precisou engolir em seco para organizar os pensamentos e para desviar o olhar dos lábios dele.

    - Eu sei - ela falou no mesmo tom e um pequeno sorriso se desenhou em seu rosto - vi você por dois meses seguidos com aquela revista sobre motos

    Ele sorriu, e balançou a cabeça quase que imperceptivelmente

    - Não... - ele inclinou a cabeça para frente, a voz ainda mais rouca - isso - seus lábios se pressionaram contra os de Sarah, primeiro suavemente, mas logo se intensificando. Ela sentiu um dos braços dele a apertarem pela cintura, colando ainda mais seus corpos. Ela se entregou ao beijo, a vontade reprimida encontrando vazão pelos lábios. Levou as mãos até a nuca dele, e deixou que os dedos se perdessem nos longos fios do rapaz, puxando-os levemente nos momentos mais intensos do beijo.


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