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Ah, vocês sabem <3


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Sarah Nipps
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    Sirius Black
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    Mensagem por Sirius Black Dom Nov 01, 2015 8:49 pm

    Sirius acordou cedo na sexta-feira, apesar de ter dormido pouco – o sono demorara a vir, a consciência pesada pelas oportunidades perdidas da noite anterior. Ficou deitado, encarando o teto do quarto, pensando na vida, ou melhor, em Sarah Cooper e no beijo que não acontecera (mas que deveria):

    O Maroto, tão confidente e direto, não se reconhecia mais: de onde vinha tanta insegurança? Por que ele não tomara uma atitude e a beijara? O QUE ESTAVA ACONTECENDO COM ELE?

    Mas, em seu íntimo, Sirius sabia o motivo da hesitação: gostava tanto de Sarah que queria fazer a coisa certa, do jeito certo, no tempo certo.

    (Ugh. Ele estava soando como James)

    Sirius terminou de tomar banho e enquanto se trocava, o amigo em questão entrou no dormitório, cantarolando:

    - Tudo bem aí, Pontas? – ele perguntou enquanto abotoava a camisa.

    O sorriso de James era contagiante:

    - Sirius. Siry. Siriusly. – James suspirou, se jogando na cama do amigo – Eu não sei nem o que dizer...só sei que a espera valeu à pena.

    Sirius riu:

    - Por Agrippa! Já estava mais do que na hora.  

    James ergueu o tronco da cama, observando o amigo:

    - E você, Almofadas?

    - O que tem eu?

    James girou os olhos e se levantou da cama. Caminhou até o malão e segundos depois, jogou o paletó de Sirius na cara do amigo:

    - Meu paletó! Nem lembrava que o tinha esquecido na...

    - Torre de Astronomia. – James completou a frase por ele e mostrou o cantil também esquecido pelo amigo – Também encontrei isso e uma máscara....da Cooper. E então?

    Foi a vez de Sirius suspirar:

    -E então que não aconteceu nada.

    - Imaginei. Senão teria encontrado vocês dois dando uns amassos por lá.

    - E nós teríamos feito isso se certos casais não tivessem aparecido bem na hora – Sirius estreitou os olhos.

    -  Ooops – James encolheu os ombros, um sorrisinho inocente no rosto - A Torre de Astronomia pareceu o local certo e bem, não tive tempo de checar...

    Os dois amigos riram.

    E então, naquele momento, Sirius decidiu que não se arrependia tanto assim de não ter beijado Sarah Cooper. James e Lily valiam o sacrifício.
    (E com certeza teria outra oportunidade – e na próxima, ele não teria medo).

    O resto do dia passou devagar para Sirius – ele almoçou nas cozinhas e depois foi ajudar Rabicho (o amigo vomitara praticamente todo seu conteúdo estomacal e precisara ser levado pra Ala Hospitalar).

    Só encontrou Sarah na hora do jantar, sentada a alguns alunos de distância dele. Quando o olhar dos dois se cruzou, Sirius pensou decidido, que sim, da próxima não hesitaria.

    ***

    No Sábado, Sirius dormiu todo o sono acumulado que merecia e ao voltar de Hogsmeade, foi tomar um chá com o tio Alphard:

    - E então, tio Alph...me conte sobre o quase incêndio do baile... – Sirius perguntou, fechando a porta do escritório do tio atrás de si.

    O Black mais velho soltou um suspiro e enquanto colocava alguns cubos de açúcar no chá iniciou seu relato sobre o episódio do baile.
    ________

    No Domingo, Sirius foi acordado pelo feitiço Levicorpus: o rapaz estava no meio de um sonho bom quando, de um sobressalto, foi tirado da cama e virado de ponta cabeça no ar.

    - qisso? – ele perguntou, sonolento e com a voz abafada pela barra da camiseta que tinha caído sob seu rosto.

    A resposta que obteve foi a risada dos três amigos:

    - FELIZ ANIVERSÁRIO, ALMOFADINHAS! – os três gritaram, em uníssono. Só então Sirius lembrou da tradição de aniversário dos Marotos: acordar os amigos com um susto (faziam aquilo desde o 3º ano).

    Sirius fez joinha para os três e caiu de volta na cama quando Remus desfez o feitiço. Após o aniversariante se recuperar do susto, os quatro desceram para tomar café da manhã.

    - Hoje vai ser um bom dia – Sirius comentou, encarando o teto do Salão Principal.

    ***

    - Um brinde!! – Sirius exclamou, ao escutar a palavra deixando os lábios de Sarah - É exatamente isso o que está faltando, Aussie! Precisamos brindar a mim! - Ele se levantou, segurando sua caneca à frente do corpo - Ao melhor, mais divertido, mais bonito e mais inteligente bruxo que vocês conhecerão em todas as suas vidas. – as pessoas ao seu redor riram e Sirius puxou o ar pronto pra continuar seu discurso – Essa data com certeza deveria ser um feriad... – e então, um coro de "Sirius é um bom companheiro" começou a ecoar pelo salão, interrompendo o diálogo do rapaz. Rosmerta apareceu com um grande bolo, sobre o qual explodiam pequenos fogos de artifício.

    - Oh, Rosie, você lembrou! – Sirius falou, dramaticamente, quando a garçonete se aproximou. E se virando para James, completou:  - isso é o que amigos fazem, seu tratante! – ele riu e recebeu como resposta uma cotovelada do amigo.

    - Quem você acha que organizou isso tudo, seu filhote de dragão? – James girou os olhos.

    - Faça um desejo, querido! - Rosmerta cantarolou.

    Um pedido?

    O olhar de Sirius pousou em Sarah e ele, decidindo o que queria, fechou os olhos, assoprando as velas do bolo com vontade.

    (O que ele desejara, afinal? Uma oportunidade)

    ***

    A oportunidade veio mais tarde naquele dia:

    Sirius estava do lado de fora do 3 vassouras, fumando um cigarro, quando Sarah se aproximou dele. A moça lhe deu os parabéns e o surpreendeu, quando tirou um embrulho da bolsa:

    - Um presente? Obrigada, Aussie! – agradeceu, sem mesmo saber do que se tratava (mas sabia que não se decepcionaria) - O que é? – e sem esperar resposta e também sem a menor delicadeza, ele abriu o pacote, curioso pra saber do que se tratava.

    - Não é...? - Ele olhou pra ela, sorrindo empolgado após ver uma parte do presente. O sorriso de Sarah foi suficiente para confirmar sua dúvida. Ele puxou, enfim, o item de vestimenta. - Uma jaqueta?! - Sirius revirava a peça, olhando todos os detalhes, e o sorriso em seu rosto aumentava cada vez mais - Uau, obrigada!! – Ele abriu o zíper e a vestiu. Sempre quisera uma jaqueta de couro (combinaria super com sua moto, eh?)

    - Que tal? - ele abriu os braços, e ergueu as sobrancelhas.

    - Ótimo, mas, de novo... – Sarah se aproximou dele, alcançando a gola de sua jaqueta - isto aqui está torto... –  subitamente tomado por uma sensação de deja vu, Sirius decidiu que daquela vez as coisas seriam diferentes. Segurou uma das mãos de Sarah na sua e a olhou nos olhos:

    - Eu quero isso há bastante tempo. – sussurrou.

    - Eu sei - ela sussurrou de volta, sorrindo de leve - vi você por dois meses seguidos com aquela revista sobre motos

    Ele sorriu, e balançou a cabeça quase que imperceptivelmente

    - Não... - ele inclinou a cabeça para frente, a voz saindo rouca - isso – cortou, por fim, a pouca distância que havia entre eles ao pressionar os lábios nos dela. Quando a garota não fez menção de que fugiria, ele intensificou o beijo, a abraçando pela cintura.

    Os dois só se afastaram quando ficaram sem ar e mesmo assim, Sirius não deixou que Sarah se afastasse: continuou abraçado a ela, a testa encostada na da garota:

    - Aussie, você acaba me de dar os melhores presentes de aniversário. – ele beijou a testa dela, com ternura. – Mas não conte pro James.

    O coração dele acelerou quando ouviu a risadinha dela em resposta.

    (Nota mental de Sirius Black: lembrar a James que sim, a espera, às vezes, valia totalmente à pena).

    ***

    Os dois voltaram para o 3vassouras alguns minutos (e beijos) depois:

    - Ué, Sarah, você não tinha ido comprar sorvete? - ele escutou Abby perguntar.

    Sirius e Sarah se entreolharam:

    - É...eu...derreteu. - uma Sarah muito vermelha respondeu.

    Sirius prendeu o riso.

    - O que houve com a Cooper? - Peter perguntou, se aproximando dele com uma cerveja amanteigada - Ela está toda vermelha.

    - Ah, insolação? - Sirius encolheu os ombros e pegou a caneca que o amigo lhe oferecera.

    - Ela é estranha, né...a Cooper?

    - Como assim?

    - Bom...eu...com os outros ela consegue ser legal....mas comigo...

    - Impressão sua, Rabicho. - duvidava que Sarah conseguisse ser má com alguém.

    - Ela me deu um fora no baile. - Peter confidenciou - Disse que ia acompanhada, mas mentiu.

    Sirius arregalou os olhos:

    - Você...você gosta da Cooper?

    Rabicho apenas deu de ombros e tomou um longo gole da sua cerveja.

    - Mas você sabe que eu não tenho chances.

    Sirius suspirou pesadamente. Sentia-se subitamente péssimo perante aquela revelação (e um pouco burro por não ter percebido a paixonite do amigo antes).

    Ele e o amigo gostavam da mesma garota.

    E agora, o que faria?
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    Mensagem por Abby Lovegood Scamander Seg Nov 02, 2015 12:15 am

    Abby sorriu internamente, enquanto pensava no "sorvete derretido" de Sarah. Se outros notaram, ela não percebeu, mas fora muito suspeito ela e Black voltarem juntos, ela ser questionada, e ficar toda vermelha... Insolação... tá...
    Soltou uma risadinha.
    Sentado ao seu lado na carruagem, o braço em volta de seus ombros, Remus perguntou, baixinho:
    - Pensando em algo engraçado?
    - Não... só estou feliz.
    Remus suspirou. Beijou seus cabelos e aspirou o perfume que vinha deles.
    Abby olhou para Peter, em frente a eles, e ele desviou os olhos, não sem antes ela perceber um lampejo de algo parecido com inveja neles. As poucas vezes em que tivera contato com o futuro traidor, ele nunca havia deixado transparecer algum tipo de mágoa ou desagrado. Pelo menos, não o tocante a Remus, com quem mais o via.
    Mas devia ser difícil viver sendo comparado a rapazes como James e Sirius, que eram bonitos e populares, e se destacavam em qualquer coisa que resolviam fazer.
    - Abby... Hey!
    - Hum, sim?
    - Estava longe... 
    Ele nem imaginava quão longe a mente dela fora, imaginando o que aconteceria dentro de poucos anos.
    - Só um pouco cansada. Deve ser o calor.
    - Hey, Aluado... que tal jogarmos uma partida de snap explosivo hoje?
    - Desculpe, Peter... mas Abby e eu combinamos de passar a tarde juntos. Pode ser logo mais?
    O rapaz disfarçou rápido o desagrado, mas não tão rápido que ela não pudesse perceber.
    - Claro.
    Então ele virou para o lado, e ficou olhando pela janela o resto da viagem.


    *************


    Abby estava sentada em um galho de um grande carvalho, ás margens da floresta proibida, as costas encostadas no troco da árvore, enquanto Remus, sentado á sua frente, lia um poema de Willian Shakeaspere, chamado "Um dia você aprende".


     - Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito cedo, ou muito depressa. Por isso, sempre devemos deixar as pessoas que verdadeiramente amamos com palavras brandas, amorosas, pois cada instante que passa carrega a possibilidade de ser a última vez que as veremos; aprende que as circunstâncias e os ambientes possuem influência sobre nós, mas somente nós somos responsáveis por nós mesmos; começa a compreender que não se deve comparar-se com os outros, mas com o melhor que se pode ser.




    Como aquilo era verdadeiro! E como aquilo aconteceria rápido demais! Ela deixou uma lágrima escorrer.
    - Hey, o poema é tão ruim assim?
    - Não, é lindo... nunca tinha ouvido. - ela disse, secando o rosto. - É só que... é tão melancólico. Partidas cedo demais, despedidas... parece tudo tão definitivo, tão imediato!
    - Entendo o que você quer dizer. É sempre cedo pra dizer adeus, se você não está preparado, se o seu coração não entende, se você não sabe se  um dia, vai poder viver tudo aquilo de novo, ou se algum dia, poderá viver, de fato.
    - As coisas parecem tão passageiras... efêmeras, esquecíveis facilmente. Será que lembraremos, um dia, lá longe, no futuro, tudo que estamos sentindo agora? Tudo o que aconteceu, como de fato foi?
    Remus tirou do bolso traseiro a sua varinha, e apontou para a árvore.
    -Gravare eternum!
    Dali a pouco, surgiu um coração, e as iniciais RL & AS caprichosamente desenhadas, com a data embaixo.
    - Agora, está aqui. Pra sempre. Pra não se perder, e provar que foi real.
    Ela se jogou para abraçá-lo, quase desequilibrando-o. Roçou o nariz no dele, olhando nos olhos.
    - Te adoro, sabia?
    E o beijou.
    E eles passaram o resto da tarde ali, conversando, e trocando carinhos, até quase perderem a hora de jantar.
    Remus Lupin
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    Mensagem por Remus Lupin Seg Nov 02, 2015 7:23 pm

    O aniversário de um dos Marotos era sempre um evento - e a maioridade de Sirius não teria sido diferente. Naquele domingo, Remus se sentia especialmente feliz - pelo amigo, por James e Lily finalmente se acertarem e, principalmente, por Abby.

    De fato, seu dia se iluminava com a garota por perto, e mesmo que estivesse passando um pouco menos de tempo com os amigos - uma pontinha de culpa surgia toda vez que ele precisava adiar um convite de Peter - não podia pensar em forma melhor de passar o tempo que não com ela.

    Assim que saíram de Hogsmead (Remus ainda não tinha acreditado no inusitado que tinha sido a aparição de Regulus, e, mais ainda, que Sirius estivesse tão bem depois de encontrar com o irmão), passeou com Abby pelos jardins do castelo. Queria compartilhar com ela cada um de seus cantos preferidos da escola, e, já que o tempo ainda estava estável, começou pela área externa.

    Sentaram-se em um firme galho de uma árvore à beira da Floresta Proibida. Era um dos lugares favoritos para leitura - a árvore fornecia um braço forte e largo o suficiente para que se sentassem confortavelmente, e a altura era ideal - um tombo, dali, renderia no máximo uma torção. Além disso, era afastado o suficiente dos demais pontos mais populares entre os alunos de Hogwarts para que pudesse ler sem ser perturbado, e bem à margem da floresta - nenhuma das criaturas mágicas perigosas chegavam até ali.

    Por alguma razão, nos últimos dias, ele vinha pensando bastante na mãe (um pedacinho dele desejou que pudesse apresentá-la à menina que lhe pusera um sorriso no rosto.), e, naquele dia, trouxera consigo um livro de poemas, uma coletânea que trazia o poema favorito de Hope Lupin. Lia-o volta e meia: era a forma que arranjava de se manter perto dos pais (e que os demais Marotos jamais soubessem disso, ou ele era um bruxo morto).

    Quando, entre uma dessas típicas conversas de primeiros encontros - “Qual sua música favorita?” “O Melhor professor?” - Abby lhe questionou sobre seu poema favorito, ele sacou o livro e começou a ler o texto para ela.


    *****


    Remus só encontrou novamente com os amigos - bem, parte, deles - mais tarde naquela noite, quando abriu a porta do dormitório masculino. James estava sentado à beira da cama, o rosto apoiado nas mãos e os olhos fixos em Sirius, que andava de um lado para o outro no quarto, passando as mãos nervosamente pelos cabelos. Os dois encararam a porta, assustados, assim que ele entrou no quarto.

    _Rabicho está com você? - Sirius o perguntou, olhando por cima de seu ombro.

    _ Não, eu… estava com a Abby - Sirius acenou afirmativamente, e alcançou o maço de cigarros no bolso da sua jaqueta. - Almofadinha, você realmente precisa fumar aqui? - Remus odiava a mania de Sirius (e às vezes James) de fumarem no dormitório.

    _ A Janela está aberta - Sirius fez uma careta, usando a varinha para acender o cigarro. Percebendo que o amigo estava agindo esquisito, ele procurou alguma resposta em James, que fez um gesto como quem diz “agora não”.

    _ Alguém vai me dizer o que está acontecendo? - Remus se recostou nas pilastras de uma das camas, cruzando os braços e encarando os dois amigos. Foi Pontas quem o respondeu, ainda sem tirar os olhos preocupados de Sirius (que tragava seu cigarro violentamente).

    _ O Rabicho está interessado na Cooper.

    _ Sim… - a memória da conversa com Peter na enfermaria lentamente voltou à sua memória. Parecia ter sido há tanto tempo, que ele sequer tinha se lembrado daquilo. Então ela era a garota sobre quem ele não parava de comentar durante a bebedeira pós-baile? - ele comentou algo comigo.

    _ E você não achou que fosse uma boa ideia contar pra gente?! - Sirius foi em direção a Remus, os olhos apertados. Havia tanta raiva nele que, por um segundo, o garoto achou que apanharia do amigo.

    _ Almofadinhas! - James parecia ter tido a mesma impressão, porque se levantou de um salto - Não é culpa do Aluado! - Sirius bufou, e voltou a andar em círculos, a atenção no cigarro, e Remus encarou James de novo, tentando o que acontecia. No entanto, antes que algum som saísse da boca de Pontas, foi o próprio Sirius quem falou.

    _ Eu a beijei hoje, Aluado - ele agora estava apoiado por um braço na parede, o olha perdido em algum ponto do céu negro através da janela.

    _ Sirius, não é possível! - A voz de Remus saiu mais alto do que ele planejara, mas condizia perfeitamente com o que sentia naquele momento - Puta merda, cara.

    _ Eu não sabia! - A voz de Sirius também subiu alguns tons.

    _ Não, cara, não interessa. Regra Melloni, lembra? - os olhos verdes encararam os castanhos de James á procura de suporte, mas este estava revirando o olhar. - Não, Pontas, nem adianta revirar os olhos. Já basta o que a gente enfrentou no quarto ano!

    _ Aluado, não tem nada a ver com aquilo…. - James parecia realmente chateado, agora.

    _Como não, James? Peter era louco pela Melloni! E você decidiu que dar uns amassos nela na Contra-Festa era o certo a se fazer, afinal de contas você estava tããão entediado! - James ficou desconfortável, e a atenção de Remus foi direcionada para Sirius, ainda de costas para eles - E antes ainda teve a Abbot, né? Você prometeu, Almofadinhas! Todos nós prometemos! Nenhuma garota ia ficar entre a gente, nunca, lembra?

    _ Aluado…

    _ Nós prometemos, James!

    Sirius se virou lentamente, e seus olhos se travaram nos de Remus. Ele abriu a boca para falar, e sua voz saiu mais rouca e mais grave que o normal.

    _ Eu gosto dela, Aluado.

    Remus sentiu o peso daquelas palavras, antecipando o que aconteceria. Mais uma vez, James ou Sirius atravessavam o caminho entre Peter e uma garota. Ele realmente achou que, depois da instituição da “Regra Melloni”, três anos antes, aquilo jamais aconteceria novamente. Ele abriu a boca para argumentar algo, mas a porta do quarto se escancarou, e Peter entrou por ela. Os três evitaram encará-lo. Sirius pegou a capa da invisibilidade, no pé da cama de James, murmurou um “Volto mais tarde” e desapareceu no corredor.
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    Mensagem por Mary McDonald Ter Nov 03, 2015 9:33 pm

    Mary passou o resto da manhã da sexta-feira pós baile na sala de troféus, conversando trivialidades com Regulus. Os dois se separaram apenas na hora do almoço e na parte da tarde, a garota decidiu dar atenção às amigas, afinal, precisava descobrir o que havia acontecido no baile em sua ausência. As setimanistas logo a atualizaram dos fatos:

    - Você e o James? – a mais nova gritou quando Lily terminou de lhe contar sobre como tinha sido ir ao baile com Potter.

    - Sim. – uma Lily muito vermelha confirmou. Mary ergueu o punho e gritou um “FINALMENTE”, fazendo a amiga rir.

    - Pra que tanta felicidade, McDonald?

    - Lily...você e o James são O casal mais esperado de Hogwarts. Os planetas se alinharam pra que isso acontecesse.

    -Deixa de ser exagerada, Mary! – Lily jogou um travesseiro nela, que desviou rindo – E você? Notei que sumiu no meio do baile...

    - É, Mary – Alice concordou – Onde você foi parar, afinal? Benjy disse que você foi tomar um suco e sumiu...

    Mary resmungou uma resposta, enquanto brincava com os dedos (“euestavacomoRegulusBlack”)

    - Oi? – Marlene, que estava fazendo uma trança nos cabelos, a encarou pelo espelho – Regulus Black?

    Lily, a única que sabia da amizade dos dois a encarou:

    - Então vocês estão juntos?

    - Acho...que sim? – Mary falou, incerta.

    - Mas Mary...desde quando? – Alice se recuperava do choque. Mary respirou fundo e contou às amigas sobre tudo (sobre a progressão da amizade dos dois, sobre o primeiro beijo deles....)

    ____

    No finzinho da tarde de Sábado, Mary voltou à sala de troféus, sozinha. Precisava de um local calmo para preparar uma poção para fazer as fotos se moverem (o dormitório feminino estava fora de questão...Carlotta e Shelley falavam alto demais, por Agrippa!).  A poção em questão era uma das únicas poções que ela tinha paciência em preparar (e conseguia fazê-lo sem explodir nada) e então, depois de separar os ingredientes no caldeirão, ela apenas esperou. Estava sentada apoiada na parede, quando a porta da sala se abriu. Era Regulus e o estômago dela logo se revirou ao vê-lo ali, em toda sua glória.

    - Acabei de te enviar um bilhete pra nos encontrarmos aqui, mas parece que você leu meus pensamentos – ele sorriu e só ao se aproximar dela é que notou o caldeirão a seus pés - Por que você está preparando uma Poção? Devo ficar com medo? – perguntou.

    - Muito engraçado, Black - ela revirou os olhos – E sim, estou preparando uma Poção. É uma das poucas que sei fazer sem estragar tudo...então é seguro se aproximar.

    - Ufa. - Regulus fingiu alívio.

    - Tsc! - ela riu, o empurrando de leve.

    - Você vai à Hogsmeade amanhã? Podemos nos encontrar em algum lugar... - Regulus perguntou, enquanto brincava com uma mecha do cabelo dela.

    - Eu vou sim....mas não sei se poderemos nos encontrar. Amanhã tem a festa surpresa do Sirius no 3 Vassouras. - Mary pegou os polaroids das fotos dentro de sua bolsinha e só depois de notar que Regulus havia soltado seu cabelo é que ela percebeu a mancada que havia cometido. Olhou para o rapaz e viu que ele estava carrancudo.

    - Ah, o aniversário surpresa do Sirius. – ele repetiu, num tom monótono – Desde quando vocês são amigos?

    Mary soltou um longo suspiro:

    - Reg..o Sirius é legal – oops, outra mancada – Digo...ele é meu colega de casa.

    - Certo. - ele deu de ombros.

    - Mas óbvio que nós podemos nos encontrar. - ela o beijou no rosto. Não gostava de conflitos, e aquela era a melhor maneira de apaziguá-lo - Ah, olha, a Poção ficou pronta. - ela se esticou para o caldeirão - Me dê os polaroids, por favor...

    Os dois trabalharam em silêncio por alguns minutos, quando Mary teve uma ideia:

    - Que tal você ir no 3 vassouras amanhã?

    - No aniversário do Sirius? Sem chance.

    - Ah, Regulus, qual é...vocês são irmãos!

    - O Sirius é um traidor do próprio sangue. - Regulus exclamou, como se aquele argumento fosse o suficiente.

    - Bom...você tem beijado uma sangue-ruim - aqui, Mary fez aspas com as mãos e o rapaz fez uma careta ao escutar o xingamento - Então talvez seja tão traidor do próprio sangue quanto ele.

    Regulus suspirou, passando a mão pelos cabelos negros:

    - Mary...me desculpa...eu...

    - Tudo bem. Não estou brava. - ela pegou na mão dele - Mas só acho que você e o Sirius tem que se resolver antes que seja tarde demais.

    Os dois se encararam.

    - Eu vou...eu vou tentar. Não prometo nada - Regulus finalmente cedeu.

    Mary sorriu e segurando o rosto dele com as duas mãos, o beijou.


    ___________

    Mary estava comendo bolo quando Regulus entrou no 3 Vassouras.

    Ela já tinha desistido de esperá-lo, mas como sempre, o rapaz decidira surpreendê-la.

    Os dois fizeram contato visual e ela sorriu, inclinando a cabeça na direção de Sirius (o aniversariante estava em pé, conversando com o pessoal do time da Grifinória). Regulus girou os olhos e hesitou um pouco antes de caminhar até o irmão.

    - Por que está tão feliz, Mary? - Marlene questionou, vendo o sorriso da amiga. Mais ninguém parecia ter reparado no mais novo visitante do bar.

    - Ah, o bolo está uma delícia! - ela cantarolou.

    Sabia que Regulus estava fazendo aquilo por ela e aquilo a deixava extremamente feliz.

    (Ela só desejava que ele não se arrependesse...)

    Depois de interagir com Sirius, Regulus ficou sentado numa mesa bem afastada a um canto e ela percebeu que aquilo era a deixa dela. Pedindo licença às amigas, caminhou até ele e os dois deixaram o bar por outra saída que não a principal (caso houvesse algum Sonserino por perto):

    - E aí, doeu? - ela perguntou, entrelaçando o braço no dele.

    - Tsc. Foi...okay. - Regulus deu de ombros.

    Mary riu, feliz da vida.

    _________________

    Novembro chegou e trouxe uma rotina à vida de Mary McDonald: a garota ia às aulas, explodia Poções aqui e ali, tirava fotos de vez em quando e passava o tempo livre se encontrando com Regulus  - os dois se juntavam pra fazer as lições e para o ocasional amasso.

    Era uma rotina gostosa e ela não se importava de ter que se esconder para se encontrar com o rapaz (as pessoas que precisavam saber já sabiam e a apoiavam, afinal). Era melhor daquele jeito, longe das fofocas e longe do olhar acusador da prima maluca dele.

    Na terceira semana de Novembro,  durante o café da manhã Mary ergueu a cabeça e encarou o céu cinzento (o tempo só esfriava) através do teto mágico do Salão Principal e sentiu o estômago embrulhar, subitamente tomada por uma sensação ruim.

    Olhou para Regulus na mesa da Sonserina e a sensação ruim só aumentou.

    Decidiu ignorar...ficar encucada com um pressentimento não lhe faria bem nenhum...certo?

    Regulus a encarou de volta e sorriu de leve, e aquele gesto foi o suficiente para retirar aquelas dúvidas de sua mente.

    Sorriu de volta para o rapaz e, decidindo que estava sendo boba, claro, voltou sua atenção ao cereal em sua frente.

    (Mal sabia ela que o pressentimento se tornaria verdade mais tarde naquele dia - dia que ela classificaria como um dos piores na sua vida).
    Sarah Nipps
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    Mensagem por Sarah Nipps Ter Nov 03, 2015 11:06 pm

    - Okay, eu tenho uma coisa para te contar, mas eu preciso que você não surte. – Sarah falou assim que encontrou com Emma naquela segunda-feira à noite. A loira tinha se antecipado ao horário da reunião, e Abby ainda não chegara.

    Desde que voltara da vila, Sarah não tivera tempo de contar nada à amiga. Na verdade, começara a criar coragem na noite anterior, mas a reação dela a Abby e a Remus mais cedo não foi exatamente animadora, então era difícil imaginar um bom cenário para contar aquilo.

    Estranhamente, apesar da grande quantidade de matérias que ela pegava com os marotos na segunda-feira, não tinha visto Sirius em lugar algum – nem mesmo durante as refeições. Ainda assim, se sentia nas nuvens.

    Ela finalmente beijara Sirius Black (Só de pensar naquilo sentia a animação crescer dentro de si). Não tinha sido tão romântico quanto o quase-beijo na torre de Astronomia (precisou fazer uma pausa para contar do baile para a sonserina), mas, por Agrippa, como tinha sido certo!

    A bronca que Emma lhe deu era esperada – embora, talvez, um pouco mais enérgica que o necessário.

    - Você está louca, Sarah? O que aconteceu com “Ai, mas gente não pode interferir em nada”? – a loira fez um tom de falsete, indicando que imitava a outra

    - Em...

    - Não, faz sentido, sabe! Por isso que você não falou nada para Abby! A senhorita certinha resolveu subir ao barco desgovernado...

    - Emma...

    - Você não devia estar se preocupando com garotos e bailes, Sarah! – ela ergueu um livro, e a grifinória teve a nítida impressão de que ela falava também para si mesma – Nós precisamos voltar para casa, lembra? O quanto antes! – os olhos azuis a encararam, e Sarah desviou o olhar.

    - Eu acho que estou apaixonada por ele, Em. – a loira soltou um som gutural e enfiou o rosto nas mãos – Mas eu prometo que nós vamos voltar para casa – Emma levantou o rosto e levantou uma sobrancelha ao fitá-la – e prometo que não vou fazer nenhuma bagunça.
    - Um pouco tarde para isso, não? – Emma fechou seu livro com um estrondo, recolheu suas coisas e saiu da sala, enquanto Sarah a encarava atonitamente.

    Ótimo. Agora a grifinória se sentia realmente mal por ter correspondido ao beijo de Sirius.

    Abby chegou pouco tempo depois da saída de Emma, e as duas trabalharam em silêncio, durante algum tempo. Por mais que soubesse que precisavam encontrar uma forma de voltar para o futuro, depois de dois meses de pesquisas infrutíferas ela não tinha mais tanta certeza assim de que conseguiria. Mesmo assim, concentrou-se o máximo que pôde na leitura.

    - Abby... – sua voz cortou o ar depois de algum tempo de cabeça baixa – você... você precisa tomar cuidado com o Remus, sim? – ela procurava as palavras corretas, mas era como aconselhar a si mesma (e isso nunca funcionou muito bem para ela) – Nós... não podemos mudar nada, ok?

    ******

    Quando a reunião acabou, assim que saíram pela porta da sala que utilizavam sempre, o coração de Sarah disparou e um sorriso brotou involuntariamente em seu rosto.

    - Olá, Sirius! – Abby o cumprimentou animadamente, enquanto Sarah, abraçada com o livro, apenas deu um “tchauzinho” com a mão. O rapaz estava encostado contra a parede, exatamente na frente da porta por que as meninas passaram – bem, preciso me apressar. Vejo vocês depois!

    Enquanto Abby se afastava, Sirius deu alguns passos à frente, em direção à Sarah.

    - Olá, estranho! – a grifinória não sabia bem o que fazer perto dele, mas esperava que eventualmente ele se inclinasse sobre ela e a beijasse novamente (viera desejando aquilo durante todo o dia). No entanto, quando as luzes das velas iluminaram melhor o rosto dele, ela pôde ver que sua expressão era séria, e que haviam olheiras sob seus olhos – Tá tudo bem com você?

    - A gente precisa conversar – aquelas quatro palavras fizeram com que ela instintivamente segurasse a respiração. Não podia ser uma coisa boa. Nunca era. Ela apenas acenou positivamente, e esperou que ele continuasse.
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    Mensagem por Remus Lupin Qui Nov 05, 2015 9:22 pm

    Às vezes, Remus achava que Hogwarts tinha uma disciplina especial dedicada apenas à produção de fofoca, tamanha a rapidez com que boatos eram criados e espalhados pelo corredor daquela escola. Não que as fofocas o incomodassem diretamente – com seus sumiços mensais, ele já tinha sido alvo delas por tempo demais para se importar – mas, naquela segunda-feira, ele se espantou quando Amanda Bones, corvinal do sexto ano, se aproximou dele, os grandes olhos o encarando.

    - Oi, Lupin! – ele respondeu com um aceno de cabeça, e a menina desviou o olhar para os livros que abraçava, numa timidez forjada que não o convenceu nem um pouco – Ahmn... Sabe, as meninas estavam perguntando... Se é verdade o que estão dizendo... – ela o olhava significativamente, e ele sentiu que ela estava esperando por algum sinal que lhe afirmasse ou contradissesse a resposta do rapaz.

    - Não sei do que você está falando, Amanda...

    - Sabe... estão dizendo por aí que você e a Abigail Stinson... estão... namorando – ela falou pausadamente, e parecia se deliciar com o efeito daquelas palavras.

    Remus levantou o olhar, vendo o grupo de amigas de Amanda Bones encarando os dois a alguns metros de distância, quase se pendurando na cena. Então, era isso que as pessoas estavam comentando? Ele podia jurar que James e Lily teriam sido assunto suficiente para as próximas duas décadas – as rodinhas de fofoca passaram tanto tempo acompanhando as investidas de James que era de se esperar que se importassem um pouco mais – então jamais pensaria que ele e Abby receberia essa atenção toda.

    - Então... é verdade? – os olhos da lufana brilhavam de curiosidade.

    - Exatamente quem está dizendo isso, Bones? – Ele estreitou um pouco os olhos, mas portava seu melhor tom de “monitor-chefe inquirindo os alunos”. A menina deu de ombros

    - Todo mundo, sabe... Existem algumas versões diferentes, mas no geral dizem que foi a própria Abby que disse isso a uns garotos do segundo ano. Um deles é irmão da Carla, e...

    - Bones – ele a interrompeu, tocando em seu ombro – Eu estou atrasado para a aula, ok? Até logo – ele correu para se afastar dela, fazendo questão de não responder a sua pergunta. Tinha mais o que fazer que dar corda à fofocas.

    Então Abby estava dizendo por aí que eles eram... namorados? A pergunta ecoou em sua mente, e ele sentiu um breve calafrio lhe percorrer a espinha, e começou um dos longos debates consigo mesmo.

    A ideia não era ruim – Mesmo! A simples antecipação de vê-la já era o suficiente para que um sorriso surgisse em seu rosto - Mas... namorar? Remus não podia fazer isso. Ele não podia ter uma namorada, ele não podia impor sua licantropia a alguém. Ele sabia como isso tinha acabado com a vitalidade de seus pais, e ele não podia querer desejar aquilo a Abby. Não era justo. Além disso, o que ele tinha para oferecer-lhe? Um futuro sem dinheiro, vivendo escondido, atormentado pelo fantasma da lua cheia?

    Ele resmungou um pouco, ajeitando a alça da mochila sobre o ombro, e apertou um pouco o passo em direção à sala de transfiguração. Tentou desviar de uma quartanista cujos cabelos tinham o mesmo tom dos de Abby, e a imagem dela abraçada a ele, sobre o Carvalho à beira da Floresta Proibida, lhe surgiu à mente. Ao mesmo tempo em que não podia se permitir impor um relacionamento tão... problemático à menina, ela era tão linda e estar com ela era tão bom que ele não podia pensar numa ideia melhor do que tê-la como namorada.

    Remus resmungou novamente, e, num reflexo já comum de seus questionamentos frequentes, procurou os amigos, em busca de algum conselho ou piada que o animasse, mas estava sozinho desde a hora em que acordara. Onde estavam aqueles palhaços, afinal de contas?

    James apareceu quando ele virou o corredor à esquerda. Usando um ombro como apoio contra a parede, ele conversava algo com Lily, suas sobrancelhas subindo e descendo quando os olhos se esbugalhavam para dar ênfase nos pontos certos. Lily ria e revirava os olhos. Era bom finalmente ver James feliz com a ruiva.

    Agora... Onde estaria a outra metade dos marotos? ( Remus se lembrou da conversa na noite anterior e resmungou mais um pouco, sentindo saudades da época em que a maior preocupação relacionada aos amigos era sobre o que eles estavam aprontando, e não sobre quando um descobriria sobre a paixonite do outro).

    Entrou na sala sem cumprimentar o amigo (não tinha motivos para atrapalhar a paquera, certo?), e logo sua mente o levou de volta a Abby.

    Então... namorados, eh?

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    Mensagem por Sirius Black Sex Nov 06, 2015 6:43 pm

    A incredulidade de Sirius logo deu lugar à raiva:

    por que não percebera antes? Não é como se Peter tivesse tentado esconder o interesse por Sarah. Os sinais estiveram sempre ali, escancarados em sua cara, e ele não os vira...

    ...ou talvez tivesse escolhido ignorá-los.

    Ugh.

    Agora estava num dilema: gostava de Sarah (e era correspondido) mas também não queria magoar um de seus melhores amigos investindo nela.

    Ugh!

    (mas ele devia ter adivinhado...estava bom demais pra ser verdade)

    ***

    Quando Remus confirmou o que ele já sabia, Sirius quase partiu pra cima dele, num impulso. Um aviso teria sido legal, entende? Ele teria dado um jeito de parar de gostar de Sarah a tempo, quem sabe até teria ajudado Rabicho a conquistá-la......mas agora? Agora já era tarde demais.  Sirius estava amarrado e não tinha volta.

    E então Aluado, certinho como sempre e a voz da razão, os lembrou da “Regra Melloni”.

    A maldita regra, claro.

    - Eu gosto dela, Aluado. – Sirius finalmente admitiu.  Abbot, a garota com quem Sirius tinha dado uns amassos anos antes e por quem Rabicho também nutria uma paixonite, fora só um beijo...mas Sarah.... “Não é justo!” – Sirius teve vontade de completar, bater o pé, fazer birra.

    Não era justo.

    Por que Rabicho sempre...?

    O rapaz em questão entrou no dormitório e Sirius, evitando encará-lo, pegou a capa da invisibilidade aos pés de sua cama e saiu dali  antes que gritasse um “por que você sempre estraga tudo?!” na direção dele.

    Foi até os jardins e fumou mais uns 3 cigarros, enquanto pensava no que diabos faria.

    - Feliz aniversário, Sirius Black! – ele exclamou, frustrado.
    _______________________________

    Depois de se acalmar e de refletir bastante, Sirius concluiu que o certo a fazer seria dar um fim ao que quer que ele e Sarah tinham antes de se entregar mais ao sentimento que nutria por ela (aí sim seria tarde demais). Remus tinha razão: eles prometeram não deixar mais nenhuma garota interferir na amizade deles. E  Rabicho sempre ficava tão magoado...

    Naquele dia, o rapaz procurou pelo nome dela no Mapa do Maroto e após identificá-la, foi até onde ela estava (numa sala de aula junto com Abby Stinson). Ficou encostado na parede em frente a sala e após alguns minutos de espera as duas garotas saíram:

    Por Agrippa, ele só queria beijá-la novamente.

    (a imagem de Rabicho, no entanto, vinha à sua mente toda vez que ele pensava em mudar de ideia. E ele pensara em mudar de ideia várias vezes naquele meio tempo...)

    - Olá, estranho! – Sarah falou, animada, depois de Abby deixar os dois a sós. Então ela notou a expressão séria no rosto dele e seu semblante mudou para preocupado – Tá tudo bem com você?

    “Seja direto, Sirius Black!” – a consciência dele exclamou.

    - A gente precisa conversar – a garota prendeu a respiração e fez um aceno com a cabeça pra ele continuar falando – Sarah, eu... – ele pôs as mãos no ombro dela – eu gosto muito, muito, de você.

    - Mas...? – ela perguntou, baixinho.

    - Mas... Nós não podemos ficar juntos...eu prometi.

    - Prometeu o quê?

    - Prometi ao Rabicho que...

    Sarah se desvencilhou das mãos dele e o encarou, agora com uma expressão de raiva:

    - O que o Pettigrew tem a ver com isso?

    - Ele também gosta de você!

    - Mas não é dele que eu gosto, Sirius.

    Ele suspirou pesadamente e segurou o rosto dela com uma das mãos:

    - Eu sei. – a voz dele saiu rouca – Eu sei.

    - Isso não é justo!

    - Não, não é justo. Mas...ele é um dos meus melhores amigos. Eu nunca o trairia assim. Eu prometi. – ele soltou o rosto dela. Estavam próximos demais.

    - Você tem certeza de que ele faria o mesmo por você? – Sirius franziu a testa com a pergunta. Mas era óbvio que Rabicho faria o mesmo por ele! Que pergunta era aquela?

    - Sim! – ele disse, sem hesitar. Peter não poderia ser o mais corajoso, bonito ou talentoso dos Marotos, mas era um bom amigo...isso Sirius tinha certeza.

    Os dois ficaram em um pesado silêncio por algum tempo, até que Sarah suspirou, resignada:

    - Tudo bem. – ela se abaixou para juntar alguns livros que haviam caído no chão (os dois estavam tão compenetrados que nem notaram).

    - Eu preciso ir.  – ele colocou as mãos no bolso – Se cuida, sim?

    E se afastou, antes que voltasse atrás.

    ***
    Ao caminhar em direção aos jardins, Sirius viu um Remus muito vermelho se despedir de Abby. Quando o amigo ficou sozinho, caminhou até ele:

    - Pelo menos alguém aqui está feliz – disse, amargamente. Remus o encarou, confuso  e ele indicou Abby com a cabeça.

    - Sirius... – Aluado suspirou.

    - Me poupe dos seus sermões, Remus. – Sirius não deixou o amigo falar – Eu já me resolvi com a Sarah. Não vou mais vê-la, nem beijá-la, nem nada. – e, com um sorriso sarcástico, completou – Espero que esteja satisfeito.

    E se afastou.

    Precisava de alguns (muitos) cigarros pra se acalmar.

    _______________________________________

    As próximas semanas passaram se arrastando e Sirius tentou se distrair da melhor maneira que podia, mas seu mal humor não permitia que ele se divertisse de verdade: mal falava com Remus (podia sentir o olhar do amigo sob si, mas sempre o ignorava...não queria ser acusado de mais nada pelo Sr. Certinho), ainda evitava interagir muito com Peter. James tentava conversar com ele, mas ele também o dispensava: o amigo estava muito feliz com Lily e ele não queria atrapalhá-lo com seu drama.

    O tempo parecia se igualar ao seu estado de espírito: o céu naquela Terça-feira estava carregado de nuvens cinzentas e o tempo esfriara consideravelmente. Claro que o friozinho era só mais uma desculpa para Sirius fumar (ele estava fumando mais que o normal naqueles últimos dias) e era isso que o rapaz estava fazendo naquele momento (com todo o cuidado para não ser visto por um dos professores).

    Depois de apagar o cigarro com a varinha, Sirius pôs as mãos no bolso e caminhou de volta para o castelo. Em breve seria a hora do jantar e ele começava a sentir um pouco de fome...talvez devesse fazer uma visita a cozinha ou ao tio Alph...

    Era nisso que o Maroto pensava quando notou o pequeno aglomerado em frente ao Salão Principal. Empurrou algumas pessoas para o lado pensando se tratar de uma briga  (Sirius Black estava sempre pronto pra briga!) e então viu os pivôs daquela pequena confusão: Regulus Black, Mary McDonald e Lucius Malfoy.

    - ... bom, é claro que foi tudo um engano! – Regulus olhava para Mary de uma maneira que fez Sirius se lembrar de Walburga, quando esta era obrigada a interagir com alguém que não considerava puro o suficiente. – Por Salazar, Malfoy...olhe só pras vestes dela...você acha mesmo que eu me envolveria com essa Sangue-Ruim?

    Sirius não podia acreditar naquilo. Um engano? Mas e aquela cena à beira do Lago que ele presenciara no Halloween?

    - Escuta, McDonald...eu só estava te usando, sim? – Regulus falava pausadamente - Como se você tivesse outro valor pra mim.... -  e então ele riu, maldosamente. (os Sonserinos que presenciavam a cena também riram).

    Os olhos de Mary se encheram de lágrimas e Sirius decidiu que já vira o suficiente: empurrou a pessoa a sua frente pro lado, marchou até o irmão e sem falar nada, desferiu um soco nele.

    ***

    Sirius entrou no dormitório masculino da Grifinória mais tarde naquele dia e James, Remus e Peter logo o cercaram:

    - O que aconteceu? – James perguntou, vendo o estado do amigo (um olho roxo e o nariz sangrando. Regulus estava pior, no entanto).

    - Eu dei uma surra no Regulus. – ele deu de ombros.

    - O que? Por que? – Peter perguntou.

    - Porque ele mereceu! – Sirius se afastou dos amigos e então olhou para James, sério – Eu fui expulso do time de Quadribol. Você vai ter que achar um novo batedor.

    E sem esperar a reação do amigo, entrou no banheiro.

    McGonnagal tinha lhe dado uma semana de detenção e o expulsara do time de Quadribol (nunca vira a professora tão brava com ele antes), mas ele não ligava.

    Regulus tinha sido um canalha, um covarde e Sirius não se arrependia.

    (até teria surrado mais o irmão se não tivessem lhe segurado)
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    Mensagem por Sarah Nipps Sex Nov 06, 2015 10:38 pm

    Sarah deixou o corpo escorregar pelo frio chão de pedra, uma grossa lágrima escorrendo pela sua bochecha.  Sirius já tinha sumido ao virar um corredor, mas ela continuou ali, sentada no chão e abraçada aos joelhos, os livros caídos pousados ao seu lado. Sentia-se como se não mandasse mais no próprio corpo. As pernas não a obedeciam, e o peito não parava de arfar, como se o ar de repente tivesse ficado raro. Mesmo a cabeça, e todos aqueles pensamentos embaralhados, não conseguiam se organizar.

    Ela queria sentir raiva de Sirius. Queria se sentir traída, usada. Queria gritar, esmurrar algo, sair correndo. Mas, em lugar de tudo isso, a única coisa que ela sentia era um vazio enorme no peito.

    A dormência daquela segunda-feira se estendeu aos dias seguintes. A garota se esforçava ao máximo para não encontrar nenhum dos marotos -  o que, ela descobriu, não se mostrou uma tarefa tão difícil assim (pelo menos, não se ela não constasse com Pettigrew aparecendo em sua frente o tempo todo). De toda forma, James e Lily pareciam cada vez mais próximos, e, se já era um pouco irritante ver a felicidade dos dois, Remus e Abby não estavam em uma posição muito melhor – com alguma frequência, a lufana fazia inclusive suas refeições junto ao grifinório. Os dois casais estavam normalmente ocupados demais para serem parte da vida da garota, e Sirius raramente estava em algum lugar que seu olhar alcançasse.

    Sarah tentava ocupar todo o seu tempo trabalhando com Emma, mas o mau humor das duas, somados, nunca eram a melhor equação. Ela não queria se sentir daquela forma, mas era inevitável. Racionalmente, era claro para ela que Sirius tinha feito a escolha correta – e mais coerente com sua personalidade – mas ela não podia evitar de se sentir um lixo com aquela situação, principalmente por causa do imbecil do Pettigrew.

    Toda vez que a morena revisitava a noite de segunda e ouvia Sirius defendendo o amigo, ela tinha vontade de subir à mesa da Grifinória e  gritar para todos que belo traidor ele seria. Que o incrível babaca e covarde entregaria os próprios amigos à morte, e ainda armaria para que outro fosse preso em seu lugar...

    Mas não podia fazer isso. Ela não podia mudar o passado, e aquele peso se somava ao que ela já sentia. Podia resolver sua vida amorosa facilmente se contasse de Peter, mas arriscava o futuro de toda a guerra. Por Merlin, como ela queria nunca ter acordado naquela manhã de 1º de setembro.

    Deve ter sido uma quarta-feira (ela perdera a noção dos dias há algum tempo) quando Lupin puxou uma cadeira ao lado da sua na biblioteca. Ela levantou os olhos, assustada – há muito estava perdida no loop infinito de pensamentos e suspiros, em vez de ler o livro que deveria – e encarou o rapaz. Nunca tivera muitas conversas com Remus, mas sentia uma simpatia gratuita por ele.
    - Você se importa? – ele perguntou, as íris verdes a fitando curiosamente. Ela apenas acenou negativamente, e alcançou a pena para rabiscar algo em seu pergaminho.

    - Sabe... O James está preocupado com você – ela franziu o cenho. Não falava com o capitão do time de quadribol desde...o aniversário de Sirius, ela constatou amargamente. Deu de ombros, e voltou a olhar o seu livro.

    - Ele poderia ter vindo falar comigo – mesmo sentindo os olhos dele, ela não levantou a cabeça.

    - James não é o melhor nessas coisas – ele se apressou para manter a janela de diálogo aberta -  Ele acha que é melhor—

    - Ficar do lado do Sirius – ela virou-se para ele, as sobrancelhas unidas numa expressão de exasperação – Eu sei, Remus. – ele acenou afirmativamente, e foi sua vez de desviar o olhar.

    - As coisas estão estranhas entre a gente – ele ainda não a encarava, e ela suspirou, escondendo o rosto nas mãos. Onde ele queria chegar com aquela conversa?

    - Não é minha culpa, Remus.

    - Eu sei! – a voz dele subiu alguns tons, e ele precisou se desculpar sob o olhar severo de Miss May – Mas Abby me falou que você não andava muito bem, e... Eu queria pedir desculpas.

    - Desculpas? – Uma sobrancelha dela se levantou automaticamente, mas Remus jamais notaria, porque ainda não a encarava.

    - Eu... Eu cobrei do Sirius que ele cumprisse a promessa – Uma pontada de raiva alcançou Sarah, e ela teve que se conter para dominá-la. Respirou fundo antes de respondê-lo:

    - Você fez o que achava certo, Remus – ela fechou seu livro, e começou a guardar o tinteiro em silêncio, antes de continuar – Só que... As coisas nem sempre são uma questão de certo ou errado – ela o encarava, as juntas dos dedos embranquecendo-se ao redor de um pedaço de pergaminho, já completamente amassado – E nesse caso nunca vai existir o certo para o Pettigrew – foi a vez de ele retribuir o olhar, inquisitivamente – Eu não sou um brinquedo que o Peter pode usar só porque o Sirius não quer mais - Ela terminou de guardar as coisas e se levantou – Espero que vocês saibam disso. Todos os quatro.
    - O Peter... não sabe de nada...

    - Talvez devesse. – Ela acenou rapidamente, a pretexto de uma despedida, e saiu da biblioteca.

    ******

    Não que Sarah se lembrasse de como passou a semana seguinte – provavelmente distraída com os mesmos pensamentos que a perseguiam no restante do mês – mas, naquela noite de Terça -feira, quando entrou no dormitório feminino, Meloni estava milagrosamente quieta. Michelle cantarolava algo no banho, e a cama de Mary estava vazia. Era a primeira vez que não via a ruiva por ali àquela hora. Deu de ombros e se enfiou embaixo das cobertas, torcendo para que a noite passasse bem mais devagar que o dia seguinte prometia passar.

    O que ela não sabia é que os acontecimentos daquela terceira terça-feira de Novembro fariam com que sua tarde seguinte fosse completamente diferente do que ela imaginara.

    *****

    O céu estava tão fechado quanto nos dias anteriores, e os ventos de outono era ainda mais frios. Ainda assim, Sarah decidiu ir até o jardim para ler o mais novo livro da coleção que Dumbledore disponibilizou para elas. Era frustrante como todas as três passaram as últimas semanas lendo e discutindo, mas não chegaram a conclusão nenhuma.

    Não havia muita gente nos jardins, de modo que ela não precisaria ter procurado muito por um ponto tranquilo o suficiente para leitura. Ainda assim, ela não queria correr o risco de ser atrapalhada por ninguém. Ficar sozinha era uma benção naqueles dias. Com um suspiro, ela continuou caminhando até as proximidades do lago, já que aquele era o lugar mais tranquilo.

    Antes que pudesse se sentar, a menina ouviu o que pareciam ser os primeiros acordes de uma música conhecida, embora ela não conseguisse identificar exatamente qual era. Sua curiosidade fez com que olhasse ao redor, procurando a fonte daquela melodia.

    Quase escondido por uma elevação do terreno, ela conseguiu enxergar Sirius Black deitado no gramado, a cabeça apoiada no braço esquerdo e as pernas cruzadas – o pé direito, suspenso no ar, eventualmente se balançando no que Sarah apenas pôde imaginar ser o ritmo da música.
    Sentiu um leve arrepio percorrer seu corpo. Embora tenha apertado um pouco o casaco ao redor do corpo, sabia que nada tinha a ver com o clima frio de novembro. Hesitou por um breve segundo, mas logo se aproximou de Black a passos lentos, como se quisesse preservar a possibilidade de mudar de ideia a qualquer momento.

    Não que fosse exatamente necessário – o rapaz (que agora ela sabia que tragava um cigarro a pequenos intervalos) sequer percebeu que ela se aproximara.

    O dispositivo que tocava a música estava ao lado dele, e tinha o tamanho aproximado de uma xícara – dessas que mães usam para medir ingredientes de receita desde que o mundo é mundo – e parecia um pequeno toca-discos.

    - Bem, isto é interessante! – Sarah tinha dado dos passos para a frente, fazendo sombra sobre o rosto de Sirius, e falava com uma falsa empolgação. A verdade é que sentia todo o seu corpo tremer de nervosismo. Não falava com ele desde aquela fatídica segunda-feira, semanas atrás, e não sabia mesmo porque tinha decidido se aproximar agora.

    Ele levantou os próprios óculos escuros com a mão que segurava o cigarro e abriu um dos olhos numa careta.

    - Nunca imaginei que você ouvisse Bob Dylan. – ela continuou, esperando que conseguissem sustentar uma conversa.
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    Mensagem por Regulus Black Sáb Nov 07, 2015 9:47 pm

    Depois da detenção aplicada pelo professor Slughorn (a portas fechadas, graças a Salazar), Regulus marchou em direção ao banheiro dos monitores, no 5º andar. Precisava se lavar - o sangue coagulado ainda estava espalhado pelo nariz e bochechas, e a visão do olho esquerdo continuava turva pela corte em seu supercílio, a gola da camisa tingida de vermelho - e não queria ter contato com nenhum outro colega da casa das serpentes. Já bastava o que fora levado a fazer mais cedo. Maldito Lucius. Sentiu o sangue voltar a pulsar violentamente, enquanto a raiva voltava a tomar conta de seu corpo. A culpa tinha sido toda de Malfoy.

    Suas roupas jaziam sobre o mármore branco que revestia o chão quando ele enfiou a cabeça embaixo do chuveiro. A água corria por seu corpo, mas mesmo com o barulho constante da água escorrendo por seu corpo, ele não conseguia silenciar os pensamentos. No topo de tudo aquilo, o rosto de Mary, à beira das lágrimas, era uma imagem fixa em sua mente.




    Ele estava parado no Hall de entrada, lendo disfarçadamente os quadrinhos do Profeta Diário - um hábito que desenvolvera com Mary, naqueles dias em que passavam todos os momentos livres juntos. Um dia, ele percebeu que a menina nutria uma afeição particular por aquelas tirinhas, e instintivamente o bruxo passou a lê-las. Um dos poucos momentos do dia em que se sentia um adolescente normal (e não um maldito futuro comensal da morte). Ainda assim, se esforçava sempre para não demonstrar aquele pequeno prazer na frente dos colegas sonserinos. Fazia questão de evitar dores de cabeça.

    Um reflexo vermelho acima das escadas chamou sua atenção, e ele levantou o olhar. Um sorriso se abriu automaticamente em seu rosto à imagem de Mary, descendo os degraus saltitando, e o sorriso se transformou em uma risada no momento em que a menina derrubou algumas fotos. O jeito desastrado dela podia até tê-lo tirado do sério no começo, mas era o que ele mais gostava em Mary McDonald.

    - Do que você está rindo, Black? - Regulus se virou rapidamente para ver a quem pertencia aquela voz áspera ao seu lado. Lucius Malfoy o encarava, a típica expressão desconfiada e de desgosto em seu rosto. Aparentemente, o loiro vinha prestando cada vez mais atenção nos passos do caçula dos Black. Reg lançou um olhar que imaginou ser discreto à menina, que ainda recolhia os fotogramas caídos.

    - Nada que te interesse, Malfoy - o mais novo endureceu sua expressão, encarando as íris cinzentas do outro. Teriam mantido o embate silencioso por mais tempo, se a voz grifinória não tivesse ocupado o ar.

    - Reg, dá para ajudar? - Um arrepio correu pela espinha do rapaz, e ele apertou os livros em sua mão, tentando não transparecer nenhuma emoção. Manteve sua atenção em Lucius, que olhou a garota e, de volta, para ele.

    - "Reg"? - o loiro fez questão de soltar uma risadinha de desdém - Achei que você odiasse ser chamado assim...

    - E odeio - ele se apressou em não dar mais corda para Lucius. Seus sentidos estava extremamente aguçados, e ao mesmo tempo em que ouvia os passos de Mary se aproximando, avistou outros sonserinos se aproximando.

    - Tsc, tsc, tsc. Primeiro você socializa com seu irmão traidor, e agora demonstra intimidade com uma sangue-ruim? - ele parecia se regozijar com aquilo - Walburga vai ficar tãããão feliz quando souber das novidades.

    O desespero começou a se apoderar dele. O rapaz sabia que, se os sonserinos sequer desconfiassem do seu envolvimento com a menina, tanto ela quanto ele estariam em apuros. A lembrança de Bellatrix lançando duas maldições imperdoáveis na reunião com Voldemort lhe ocorreu, e um medo súbito de algo acontecesse à grifinória tomou conta de si. Precisava protegê-la. Respirou fundo, vestiu sua melhor máscara de "filho prodígio da Mui antiga e Nobre casa Black" e pensou rápido.

    - Trata-se de um engano. McDonald foi designada pela maluca da Bablins para me ajudar com Runas Antigas - era melhor ferir seu orgulho admitindo sua falta de destreza a arriscar feri-la - Se ela fantasiou que tínhamos alguma intimidade, o problema é dela, não meu. - Aproveitou que Malfoy media a menina e a observou de soslaio, cada fibra de seu ser desejando que ela entendesse o que tudo aquilo significava.

    - Não sei, "Reg"... Eu não confiaria nessa gente sangue-sujo... - Uma pequena multidão já tinha se formado ao redor deles, mas Black não se importava, toda a sua atenção agora estava voltada para ela, e ele implorava a qualquer sorte de deuses mágicos para que aquilo acabasse de uma vez por todas.

    - Bom, é claro que foi tudo um engano! – Regulus reforçou sua cara de esnobe, uma réplica exata das expressões de nojo de Walburga – Por Salazar, Malfoy...olhe só pras vestes dela...você acha mesmo que eu me envolveria com essa Sangue-Ruim? - ela a encarou, finalmente - Escuta, McDonald...eu só estava te usando, sim? – Regulus falava pausadamente - Como se você tivesse outro valor pra mim.... - e então ele emulou uma risada maldosa. Os grandes olhos verdes de Mary se encheram de lágrima, e ela saiu correndo dali.

    Uma onda de arrependimento cruzou o peito dele, e foi preciso uma dose sobre-humana de autocontrole para que ele não cedesse ao impulso de ir atrás dela. Suspirou pesadamente. Por sorte (ou azar?) não teve muito tempo para sentir pena de si mesmo: a auto-indulgência logo foi substituída pelo peso forte de um punho contra seu rosto.




    Regulus começou a esmurrar a parede, machucando ainda mais as mãos já feridas pela briga com Sirius. Aos poucos, os intervalos entre seus socos se espaçaram, e ele logo se entregou à vontade de chorar. Encostou a cabeça na parede, as lágrimas se confundindo às gotas d'água e as costas em espasmos. Como ele podia ter deixado as coisas chegarem àquele estado? Como ele podia tê-la magoado?



    - Ah, Regulus, qual é...vocês são irmãos!

    - O Sirius é um traidor do próprio sangue.

    - Bom...você tem beijado uma sangue-ruim, então talvez seja tão traidor do próprio sangue quanto ele.




    Ele se lembrava exatamente do que tinha pensado naquela manhã, ao acordar: queria agradecê-la. Pela primeira vez na vida, ele conseguia acordar durante as manhãs sem querer permanecer na cama. Pela primeira vez em anos, sabia que ele podia ser só "Regulus", sem o peso do lema "Tojour Pur" sobre suas costas. Pela primeira vez em anos, tinha tido a oportunidade de estar presente no aniversário do irmão, sem que aquilo resultasse em uma discussão, briga ou azarações. Pela primeira vez na vida, ele sabia que podia ser uma pessoa melhor - não, mais que isso; ele queria ser uma pessoa melhor.

    Apesar de já limpo, ele saiu do chuveiro e se enfiou imediatamente sob as águas da banheira. Sabia que no momento em que pisasse no corredor, seria bombardeado por olhares curiosos e perguntas indiscretas, e, naquele momento, ele só queria ficar sozinho.

    Como se não fosse ruim o suficiente ter que dizer todas aquelas coisas - Salazar, Mary devia estar arrasada - ainda tinha Sirius.



    Ele circulou o Três Vassouras por várias vezes naquele domingo, reunindo coragem para entrar. Mary estava certa - Sirius era seu irmão, e a família devia estar acima de todas as coisas, certo? Era isso que Walburga lhe havia ensinado, afinal de contas: "Seja sempre leal à sua família"

    Mas Sirius tinha ignorado aquilo no ano anterior, quando fugira para a casa dos Potter.

    Ele resmungou um pouco, incomodado com o simples pensamento no grifinório que agora era chamado de irmão pelo primogênito dos Black.

    Era Sirius quem o havia ignorado e o abandonado para as expectativas irreais de seus pais malucos. Foi Sirius que deu de ombros quando Bellatrix transformou seu irmão caçula em seu projeto particular. Mas foi também Sirius quem o ensinou a voar antes mesmo que Regulus tivesse idade para tal; e era Sirius quem roubava doces para ele antes do jantar, e mesmo quando a mãe o punia fisicamente por isso, ele jamais dizia que os biscoitos eram para o caçula.

    Regulus tocou no metal frio guardado seguramente em seu bolso, e respirou fundo antes de entrar no bar.

    Era Sirius quem era o seu irmão. (E alguém tinha que dar o primeiro passo).

    Por mais cheio que o bar estivesse, não foi difícil identificá-lo, logo no centro, conversando com os outros jogadores do time de quadribol. Se aproximou sem se esforçar mutio para desviar das outras pessoas. Parou alguns passos atrás de Sirius, e pigarreou. O irmão se virou para ele e, ao contrário das suas expectativas, sua expressão alegre não se alterou - pelo contrário: apesar de uma nota de surpresa, ele parecia feliz em vê-lo ali.

    - Hey!

    Regulus retribuiu o cumprimento do irmão com um aceno de cabeça, e tentou reunir coragem novamente, os dedos se entrelaçando no metal frio no bolso. Antes que pudesse falar algo, o primogênito alcançou seu cotovelo, e balançou a cabeça para um canto mais vazio do bar. Quando o movimento novamente cessou, Sirius o encarava, os olhos curiosos.

    - Então... o que te traz aqui hoje? - o caçula estava incomodado com a situação, e, como não sabia o que responder, apenas puxou para fora o objeto em seu bolso.


    - Eu vim te trazer isso. - Sobra a palma estendida, estava um antigo relógio de bolso, cravado com o brasão dos Black - é um presente - Como Sirius apenas encarava a oferta, ele pigarreou nervosamente - Tio Alphard me pediu para te entregar.

    Um pequeno sorriso surgiu no rosto do mais velho.

    - Esse relógio pertencia ao Orion, Reggie... E o Alphie já me deu um presente - Reg deu de ombros. Era inútil tentar continuar mentindo.

    - Deveria pertencer ao primogênito, Sirius. - Ele alcançou a mão do irmão e colocou o relógio dentro dela, forçando seus dedos a se fecharem sobre o objeto - É seu, de qualquer forma - Sirius sorriu.

    - Obrigada, Reggie - "Reggie", Regulus riu um pouquinho. Há quanto tempo ninguém o chamava assim? Seus pensamentos foram interrompidos pelo próprio irmão - Ela está sentada com as meninas. Melhor você ir cumprimentá-la - A piscadela do outro foi o suficiente para que Regulus soubesse exatamente de quem o irmão falava. Mas... Como ele sabia?




    Regulus emergiu da água apenas para ganhar fôlego e mergulhar novamente na banheira. Os cortes ardiam um pouco, mas ele não se importava. Na verdade, desejava que o oponente o tivesse machucado mais. Ele merecia.



    Encarou o outro apenas para saber quem o acertara. Sirius tinha os olhos furiosos, e o agarrara pela camisa, empurrando contra a parede do Hall de entrada.

    - Seu covarde! - suas palavras eram pontuadas por socos no abdômen. Regulus sentiu as costas doerem quando Sirius o atirou contra a parede novamente - Imbecil! - o mais novo não teria reagido (a expressão de Mary ainda fixa em sua mente), mas os gritos de "Briga, Briga, Briga" fizeram com que ele olhasse ao redor, e logo seus olhos travaram com os de Lucius, e aquelas íris cinzentas tinham uma mensagem muito clara.

    Regulus acertou o irmão com um gancho de direita, e em poucos segundos os dois rolavam pelo chão.



    Já vestido, o garoto encarou o reflexo no espelho, e o lábio partido, o olho roxo e o supercílio cortado não se pareciam em nada com ele. Passou a mão pelos cabelos e, mesmo sem conseguir arrumá-los, marchou até o corujal. Precisava falar com Mary.
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    Mensagem por Mary McDonald Dom Nov 08, 2015 4:27 pm

    Já era tarde da noite quando Mary deixou o armário de vassouras onde tinha se refugiado depois da cena no Hall de entrada, os olhos inchados e a cabeça doendo de tanto chorar.  Alcançou o retrato que dava entrada ao Salão Comunal da Grifinória agradecendo aos céus por não ter encontrado nenhum monitor/professor/Filch no caminho (uma compensação do Universo, quem sabe?) e se preparou para falar a senha, mas antes que pudesse fazê-lo, a Mulher Gorda reparou em sua aparência caótica e logo perguntou:

    - Oh, querida, o que houve?

    Mary levou a mão ao rosto, inconscientemente.

    - Nada – disse, fazendo uma careta ao escutar a própria voz saindo rouca – É só uma gripe. Pomo de ouro!

    - Se assim você diz... – a Mulher Gorda girou, permitindo sua passagem e a grifinória entrou aos tropeços no Salão Comunal. 

     O local estava vazio (para seu total alívio...ela não queria lidar com perguntas ou os olhares de ninguém), exceto por uma pessoa: Sirius Black.

    O rapaz encarava o fogo da lareira perdido em pensamentos enquanto tragava – para a surpresa dela - um cigarro. Mary se lembrou da cena de mais cedo e se aproximou dele:

    - Black. – pigarreou, chamando a atenção dele – Sirius.

    Sirius a encarou e ela evitou olhá-lo nos olhos (tão parecidos com os dele...), focando sua atenção no tapete vermelho e dourado.

    - McDonald. Cigarro? – ele ofereceu e deu de ombros quando ela negou. – as meninas estavam loucas atrás de você.

    - Eu não queria ver ninguém – ela disse e sem mais demora, sentou ao lado dele no sofá.

    - Imaginei.

    Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, até que ela o quebrou:

    - Obrigada por mais cedo. – ela saiu correndo, claro, mas ainda assim conseguiu ver Sirius desferindo um soco em Regulus.

    Os dois ficaram em silêncio novamente – ele, tragando seu cigarro e ela brincando com a barra das vestes.

    - Você conhece a regra das 72 detenções, Mary?

    Mary olhou para Sirius como se ele fosse maluco.

    - Não...?

    Sirius tragou o que ainda restava do cigarro:

    - É uma regra que diz que se você alcançar 72 detenções, deve ser expulso da escola ou de uma atividade extracurricular, dependendo do caso.

    - Não me diga que você... – Mary arregalou os olhos.

    - Sim. Não vou mais poder jogar Quadribol. – o rapaz deu de ombros, como se aquilo fosse apenas um mero detalhe – Minnie ficou irada. Mas eu não me arrependo...briguei porque quis e porque o idiota do Regulus mereceu...Enfim...tô te falando porque não quero que você se sinta culpada quando escutar os boatos por aí.

    - Não tem como eu não me sentir culpada, Sirius! Eu vou falar com a McG... – ela fez menção dê se levantar, mas Sirius a segurou pelo ombro, impedindo-a.

    - Tsc. Relaxa. Você não tem culpa. De nada. Okay?

    Mary sentiu vontade de chorar novamente ao entender o real significado das palavras dele -quem diria que um dia ela seria consolada por Sirius Black? - mas antes que pudesse esboçar qualquer reação, seu estômago decidiu roncar.

    (ela não comia desde o almoço)

    Sirius soltou uma risada e tirou uma barrinha de chocolate do bolso e entregou a ela.

    - Eu vou dar uma volta. – ele se levantou  -  Não vou falar pra você não ficar triste, mas...quando quiser se vingar, é só me falar. Okay...McD?

    Mary o olhou nos olhos pela primeira vez e sorriu de leve:

    - Obrigada.

    Definitivamente ele e Regulus não eram iguais, ela decidiu, enquanto comia o chocolate. Ela que tinha sido boba e ingênua de achar que eram.

    ***

    O fogo na lareira já havia praticamente se extinguido quando Mary subiu para o dormitório feminino do sexto ano. Abriu a porta tomando cuidado para não fazer barulho e foi até sua cama, na ponta dos pés.

    - Mary? – a voz sussurrante de Sarah a chamou. – Você está bem...?

    - Estou. – ela mentiu – Vai dormir, Sarah. – e sem esperar resposta, se jogou na própria cama, fechando as cortinas do dossel.


    Ao invés do sono vir, porém, ela foi presenteada por um replay daquela fatídica Terça-feira.

    **** FLASHBACK ****

    Depois do café da manhã, Mary seguiu para as aulas do dia, decidindo ignorar aquele sentimento de que algo ruim aconteceria – às vezes ela tinha aquelas intuições e acabava se enganando. 

    Foi na aula de Runas que ela percebeu que não deveria ter saído da cama:

    A professora Bablins a chamou a um canto e lhe entregou um trabalho com a nota P – a sua pior nota em anos – e lhe perguntou o que estava acontecendo de errado – Mary não soube explicar, no entanto e a professora apenas suspirou e pediu que ela, por favor, melhorasse.

    (é claro que havia um culpado por sua distração nos estudos: a distração sentava-se ao lado dela nas aulas e tinha o sorriso mais charmoso de toda Hogwarts)

    Mas Mary McDonald não se deixaria atingir por uma notinha ruim! Ela iria recuperar aquele P e deixaria a professora orgulhosa!

    Apesar de todo aquele otimismo, o dia não melhorou: na volta da aula de Herbologia, após o almoço, uma chuva forte caiu e o feitiço impermeável de McDonald não foi efetivo, e ela alcançou o hall de entrada toda encharcada.

    Depois de se secar, seguiu para a aula de Transfiguração e Carlotta Melloni zombou do estado de seu cabelo.

    Mas Mary continuou não se deixando atingir.

    No final do dia, enquanto descia as escadas para o hall de entrada ela viu Regulus encostado na parede, lendo um livro (sabia que ele estava lendo os quadrinhos do profeta diário). Seu coração, como sempre, palpitou ao vê-lo e ela desceu o resto dos degraus saltitando - vê-lo ali, parado, compensava toda sua falta de sorte daquele dia.

    Antes que pudesse alcançá-lo, sua bolsa rasgou e algumas fotos caíram no chão. Ela escutou a risada dele, mas nem ligou. Gostava de escutá-lo rir, mesmo que fosse às suas custas:

    - Reg, dá para ajudar? – ela pediu, ainda abaixada para recolher as fotos (eram muitas).

    - "Reg"? – ela escutou alguém dizer, num tom de voz desdenhoso - Achei que você odiasse ser chamado assim... – ao se erguer e virar pra trás, viu Lucius Malfoy parado ao lado de Regulus. 

    - E odeio...

    E o que ele disse a seguir fez ela congelar no lugar e desejar que um buraco a engolisse.

    ***FLASHBACK***

    Não foi o fato do rapaz tê-la desmentido na frente de Lucius Malfoy – e de metade de Hogwarts, pelo jeito – que a magoara, nem o fato dele tê-la chamado de Sangue Ruim (por favor....como se ela tivesse vergonha do próprio sangue), mas sim o fato de que ela esperava mais dele. Depois de todas aquelas semanas juntos, ela sinceramente esperou que ele a defendesse. Que ele batesse o pé e admitisse que sim, era um traidor!

    Mas claro que ela não podia esperar demais de um Sonserino.

    – Por Salazar, Malfoy...olhe só pras vestes dela...você acha mesmo que eu me envolveria com essa Sangue-Ruim? - ela a encarou, finalmente - Escuta, McDonald...eu só estava te usando, sim?

    Mary soltou um soluço baixinho ao se lembrar daquelas palavras. Ouvir aquilo foi pior do que levar um soco. Então todos aqueles momentos juntos tinham sido uma mentira?

    -Confia em mim? - ele perguntou. Ela hesitou e após alguns minutos de ponderação, deu a mão a ele. Ele a ajudou a subir na garupa.
    - Confio...eu acho - ela falou a última parte baixinho e ele riu.

    E se sentindo uma boba por ter confiado em Regulus Black, ela chorou até cair no sono.
    _________________

    O pior, nas semanas seguintes, não foram os olhares de pena ou de zombaria e sim as tentativas de Regulus em falar com ela: o rapaz lhe mandava bilhetes, tentava chamar sua atenção nas aulas...mas ela o ignorava, a tristeza rapidamente dando lugar à raiva. ("Escuta, McDonald...eu só estava te usando, sim?)

    As amigas, graças a Agrippa, tentavam não tocar muito no assunto e logo Mary caiu numa rotina praticamente igual a de antes de conhecer Regulus: ia às aulas, estudava (logo recuperou o P em Runas, ufa), tirava fotos aqui e ali...

    (claro que tentava ignorar aquele sentimento de que faltava algo)

    Mary aprendeu duas lições com aquilo tudo: 


    1) não devia confiar em qualquer rosto bonito (sim, aprendera aquilo da pior forma possível)


    e


    2) A vida seguia em frente.


    E, aos poucos, ela foi colhendo os caquinhos.
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    Mensagem por Abby Lovegood Scamander Dom Nov 08, 2015 10:38 pm

    Pov Pandora

    Já tinha alguns dias que Pandora estava preocupada com Abby. A menina alternava estados de euforia e tristeza, e ia de um para outro com extrema rapidez.

    Devido a isso, ela abrira uma exceção e decidira falar com Xeno, após alguns dias evitando o rapaz, devido ao vexame que ele dera, subindo no palco e fazendo aquela declaração ridícula, que ela tinha de ouvir repetida dia após dia, por alguns palhaços em Hogwarts.

    Por isso, ficou esperando do lado de fora das estufas, esperando que o rapaz saísse da aula de herbologia naquele dia.

    Os alunos começaram a sair, e um deles começou a falar alguma gracinha referente à festa, então ela sacou a varinha e lançou um travalíngua nele. Pelo menos aquele ia pensar duas vezes antes de falar algo novamente.

    Finalmente, Xeno saiu da estufa, e ao vê-la, ao invés de parar, como ela esperava, passou direto, como se não a tivesse visto ali.

    - Hey!

    Ele continuou andando e não se virou.

    - Hey, Lovegood, está surdo? Além de cego? Não me viu nem ouviu, não?

    O rapaz parou, tomou um fôlego e se virou.

    - O que você quer, Breslin? Tenho outra aula em dez minutos. - Ele respondeu, friamente.

    - Eita, o que você tem? Que mau humor!

    - Falou a pessoa mais bem humorada desse colégio... -ela colocou a mão na testa dele.

    - Não é febre... tá se sentindo bem? - Ele pegou a mão dela e afastou.

    - O que afinal você quer? Eu preciso mesmo ir logo! - Ela sentiu uma pontadinha de decepção com o modo como ele a estava tratando, mas não podia pensar nisso agora. Tinha de pensar em Abby, e talvez, encontrar um modo de tentar entender o que estava acontecendo com ela.

    - Preciso da sua ajuda...

    Pov Xeno

    Já havia alguns dias que Xenophilius vinha remoendo várias coisas que estavam acontecendo com ele. Sua vida dera um giro de 360 graus desde que a Stinson chegara ao colégio. A menina a incentivara a tentar conquistar Pandora, a ser mais assertivo, mais persistente. Mudara seu cabelo, suas roupas, e era das poucas pessoas que não achava que ele tinha um parafuso a menos.

    Aquilo tivera seus prós e seus contras. Tivera momentos maravilhosos no baile com Pandora e quase, ele sabia, quase achara que aquilo perduraria fora da atmosfera "música romântica e ponche batizado com uísque de fogo". 

    E daí que subira no palco e declarara seu amor aos quatro ventos? Sabia que não fora culpa da bebida... e pensou que as atitudes dela no baile, também não fossem culpa do uísque, até ouvir Amanda Bones dar risada com as amigas sobre as desculpas que ela estava dando a Abby sobre o seu comportamento no baile e sobre como ele era inadequado para ela.

    Juntando-se a tudo isso, após o baile acabar, brigara feio com Davis, briga de socos, por causa das coisas que o outro estava falando de Abby.
    Xeno aguentava tudo, aguentava as gracinhas envolvendo seu nome, mas não aguentava que falassem das pessoas que ele gostava. E Abby, para ele, era muito importante. Se tornara uma espécie de irmã, com a qual ele se importava e sentia um instinto de proteção forte. Ninguém falaria dela e ele ficaria quieto.

    Isso tudo culminara no estado de espírito em que ele estava, quando Pandora fora procurá-lo, após a aula de herbologia. E se ele, para ela, era tão insignificante, a ponto de falar aquelas coisas e nem olhar na cara dele esses dias todos, ele não iria tratá-la cheio de delicadezas.

    - Precisa da minha ajuda... pra que?

    - É a Abby.

    - O que tem a Abby? Ela está bem?

    - Bom saber que pelo menos com a Abby você não tem problemas!

    - Seja prática, Breslin... tenho pouco tempo. O que aconteceu?

    - Ela está esquisita. Parece que ela não é ela mesma de uns dias pra cá. Quando ela está com o Lupin, ela está feliz, mas depois que eles vão cada um pra um canto... ela parece que murcha, que está arrependida, que está fazendo alguma coisa que não deveria fazer.... ela fala dormindo, Xeno, e ontem ela estava com o sono agitado. Ela estava dizendo coisas do tipo, que não era culpa dela, que era mais forte que a vontade dela, pedia desculpas pra Sarah... 

    - Podem ser simples pesadelos, não podem?

    - Poderiam... não fosse ela estar desse jeito que te falei. Quando ela não está com o Lupin, está sempre debruçada em livros, vai até tarde, lendo à luz da varinha. E ela não está comendo direito. Revira a comida no prato, o tempo todo. Estou preocupada. Ela não fala comigo, será que você poderia tentar?

    - Vou ver se falo com ela mais tarde, à hora do jantar, ok?

    - Ok. Obrigada.

    Eles ficaram num silêncio incômodo, até que ele disse.

    - Agora eu tenho de ir. 

    Deu as costas a ela, indo em direção ao castelo, sem ao menos olhar pra trás. Sem ver que ela o acompanhou com o olhar ao longo do caminho.


    *************


    A manhã daquela quarta-feira encontrou uma Abby com olheiras e sem a mínima vontade de sair da cama. Dormira mal, e quando dizia mal, era muito mal mesmo. Sua noite fora cheia de pesadelos, ela somente acordava de um e voltava ao sono, para ter outro.

    Primeiro, fora um sonho sobre sua conversa com Sarah no outro dia.




    "- Abby... você... você precisa tomar cuidado com o Remus, sim? Nós... não podemos mudar nada, ok?

    Ela sabia. Sabia muito bem que não podia mudar nada, sob risco de alterar todo um futuro traçado. Mesmo que sua vontade maior, fosse abrir bem a boca e contar tudo que sabia que aconteceria. O que não assegurava que fossem acreditar nela, lógico. Pensou em quanta gente deixaria de sofrer se o que estava traçado para ocorrer, não acontecesse. Tio Neville teria seus pais saudáveis, James e Lily criariam tio Harry, Sirius nunca seria preso e nem morto. E a vida de Remus seria muito melhor, com os amigos leais ao seu lado.

    Ás vezes pensava em nem voltar. Sim, isso passara por sua mente. Pensara nas possibilidades de seu não nascimento no futuro. Seus pais não sentiriam sua falta, pois ela nem nasceria. Mas depois se recriminava. Seus pais e irmãos, ela pensava, se o tempo estivesse correndo na mesma proporção, no futuro, estariam com certeza, preocupados com seu sumiço, como deveriam estar os pais de Sarah e Emma.

    -  Eu sei, Sarah... só que é difícil, você entende? Muito difícil. O Remus é... sei lá, ele é tudo o que eu nunca pensei em encontrar em alguém. Foi meio que impossível não me apaixonar por ele e não querer estar perto. Sei que vai ser difícil na hora de partir. Mas pode ficar tranquila... eu não vou mudar nada. Por mais que me doa. Me desculpe, de verdade.




    O restante da noite foi povoado com cenas de um Lupin ainda jovem, abraçado à Tonks, dizendo que ela, Abby, fora o maior erro da sua vida, e a mandava embora; logo depois, o casal era substituído por cenas de Pettigrew rindo, varinha em punho, frente aos corpos sem vida de James, Lily, Sirius e Remus, e as duas cenas se intercalavam o tempo todo.


    - Abby?

    Ela ouviu a voz de Pandora, e pensou em como queria que Luna estivesse ali agora. Todos os problemas pareciam menores quando ela se refugiava no colo da mãe, sentindo aquele cheirinho dela, aquele calor, e ouvia ela lhe dizer que no fim tudo ficaria bem, e que se não ficasse, é porque não chegara ao fim.
    - Sim, Pandy, bom dia. Estou atrasada pras aulas de novo?

    - Dessa vez não. - ela fez uma pausa - Quando você vai me contar o que está acontecendo?

    - Não tem nada acontecendo.

    - Achei que fossemos amigas. Que você podia se abrir comigo. Você vem emagrecendo a olhos vistos, não come direito, fica acordada até altas horas da noite, lendo como uma alucinada, começa a chorar do nada, se revira na cama a noite inteira. É sobre o Lupin?

    - Não, não... não é nada. É só... saudades de casa. É o primeiro natal que vou passar longe dos meus pais e dos meus irmãos. - ela não mentiu, se convenceu, não de todo. Realmente sentia saudade dos pais e dos pestinhas.

    Pandora deu de ombros, e ela sabia que a avó fingira acreditar. Já começara a reconhecer algumas atitudes de Pandora, assim como sabia quando conseguia enrolar a mãe ou não. E definitivamente, não conseguira convencer a amiga.
    Se arrumou, passou uma leve maquiagem para disfarçar as olheiras, e desceu para tomar o café.

    Para sua surpresa, Remus estava sentado ao lado da mesa da Lufa Lufa, a esperando. Lançou um olhar para a mesa da Grifinória, e viu James entretido com Lily. Sirius não estava à vista. Peter também não. Ainda bem, pois depois do pesadelo de ontem, não sabia se seria capaz de olhar para ele sem vomitar, ou ter vontade de lançar um feitiço daqueles bem prejudiciais.

    Estar com Remus era a melhor parte do seu dia. Era aquele pequeno pedaço de paraíso no meio da guerra.

    Não se importava com as pessoas falando sobre eles. A única coisa que lhe incomodava, eram as fofocas de Amanda Bones. E ela precisava esclarecer o rapaz sobre aquela história de namoro. Falara aquilo para amedrontar os meninos, sem contar que eles sairiam espalhando por aí.

    Aram-se lado a lado, sorrindo. Fez um carinho no cabelo dele e lhe deu um leve selinho.

    - Algo errado, Remus?

    - Só uma pequena mudança na rotina. – ele deu de ombros e desviou os olhos dos dela, por um momento. Ele não estava bem, ela podia sentir. Mas não ia forçá-lo a se abrir com ela. Ele poderia fazer isso no momento em que desejasse.

    Abby se forçou a pegar uma maçã, e a cortou em quatro pedaços, oferecendo um deles a Remus, que aceitou.

    - Eu preciso falar algo com você... - ela colocou a mão no rosto dele - eu gostaria que você entendesse que não foi algo intencional, ou que tomei como certo algo que nem conversamos... foi mais algo que falei para evitar uma detenção para Xeno e Pandora... tive de amedrontar os meninos com uma possivel detenção, e disse que meu namorado seria rigoroso na vigilância. Não imaginava que isso ia se espalhar e não queria que...

    - Abby – Remus a interrompeu, engolindo a mordida que dera na maçã antes de continuar – Não se preocupe com isso. Já faz semanas que esse boato corre pela escola, é só não alimentá-lo e ele morre – o olhar dele vagou para um ponto fora da mesa da Lufa-Lufa, e Abby o seguiu.


    Sirius passava em frente a eles, os passos duros e o olhar fixo na mesa da Grifinória. Sem dúvida, ele se esforçava para ignorar os crescentes burburinhos que se iniciavam por todos os lados, e a menina pensou que aquela manhã deveria estar sendo especialmente difícil para Black. A briga com o irmão, a expulsão do time de quadribol...

    Na verdade, ela sabia, pelo pouco que Remus a confidenciava, que o rapaz não andava muito bem há algumas semanas. Ela não entendia bem a que se devia aquilo - podia jurar por uma lágrima de Fênix que entre ele e Sarah rolara algo no dia do aniversário dele, mas os dois pareciam eternamente chateados. A amiga estava cada vez mais apática, e voltara a ser mais distante com os alunos da Grifinória...

    - Remus... olha... eu acho que o Sirius não deve estar legal. Com esse lance todo da expulsão do time acontecendo, a briga com o irmão... Estou me sentindo egoísta, te monopolizando aqui.... Acho que ele está precisando conversar com alguém... e não imagino ninguém tão perfeito quanto você pra isso. Mais tarde a gente continua a conversa, ok? Vai lá, lindo, seu amigo precisa de você. Vou aproveitar e conversar com a Sarah. - apontou a menina, que estava um pouco mais distante de onde Sirius se sentara.

    Ele deu um pequeno sorriso a ela, a beijou levemente e, de mãos dadas, se encaminharam à mesa da Grifinória. Ela se sentou ao lado de Sarah e em voz baixa, foi relatando à Nipps sobre o livro que lera na noite anterior, e sobre como, mais uma vez, não havia encontrado nada de relevante.

    Num breve momento de silêncio ela pode ouvir claramente:

    - Aluado, agora não. Por que você não me deixa em paz e vai ser feliz com a sua namoradinha? – todas as cabeças próximas se viraram para Sirius Black, as palavras sem dúvida carregadas de uma quantidade absurda de sarcasmo. Remus se encolheu um pouco no banco e alcançou uma taça de suco, enquanto o outro, já de pé, alcançou uma rosquinha e se apressou a sair do Salão Principal

    A cena foi um pouco demais para Abby. Naquele momento, sabia que mais um pesadelo seria acrescentado a seus outros: ter causado desavenças entre melhores amigos.

    Olhou pra Sarah, já esperando acusações, mas, para sua surpresa, havia um quê de solidariedade no olhar de Nipps.


    Última edição por Abby Lovegood Scamander em Seg Nov 09, 2015 3:10 pm, editado 2 vez(es)
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    Mensagem por Regulus Black Dom Nov 08, 2015 11:28 pm

    Somente naquele dia, já era a segunda vez em que Regulus estava parado no centro da Sala de Troféus, olhando ansiosamente para a porta. Suas sobrancelhas se uniam em apreensão. O silêncio era tão grande que ele podia confundir o tic tac incessante com os próprios batimentos cardíacos. Estava tão pendurado na possibilidade de a ruiva que esperava entrar pela porta que mal notava os dedos tamborilando nervosamente em sua perna.

    “Preciso te ver. Me encontre na Sala de troféus. R.A.B.”


    A certeza de que ela não apareceria aumentou a frustração do rapaz, que logo a descontou chutando um pequeno balde de lixo que estava ali, fazendo com que barulho metálico ecoasse por toda a sala.

    ”Por favor. Preciso te pedir desculpas. Pode escolher o melhor lugar para você. R.A.B.”

    Vinha tentando contatá-la todos os dias, desde o incidente no Hall de Entrada – queria se desculpar, precisava ter certeza de que ela entenderia que aquelas palavras eram vazias, e que ele só apelara para elas porque aquilo significava que a manteria segura. No entanto, falar com Mary McDonald tinha se tornado uma tarefa impossível. Com bastante frequência, seus bilhetes eram retornados sem nem mesmo serem abertos (ele até tentou usar várias corujas diferentes, mas de nada adiantou). Poderia ter escrito uma carta, claro, mas não sabia como poderia ser claro o suficiente.

    ”Torre de Astronomia, 18h30. Só preciso te ver. R.A.B.”

    É claro que, toda vez que a via em uma aula ou nos corredores, sua primeira vontade era interromper quaisquer que fosse suas atividades e falar tudo o que precisava, mas não podia. Desde aquela fatídica terça-feira, todos os olhos da Sonserina (e alguns das outras casas) estavam pregados nele.

    A notícia de que Regulus tinha, numa mesma tarde, humilhado uma sangue-ruim e expulsado Sirius Black do time de quadribol lhe conferiu uma popularidade especial (e não requisitada) entre os colegas da casa das serpentes. Em qualquer canto que fosse, havia sempre uma gravata verde e prata a lhe espiar. Tinha que ser mil vezes mais cuidadoso para marcar aqueles encontros com Mary, mas não conseguia viver consigo mesmo sabendo que ela o odiava.

    Por Merlin, como ele sentia falta da menina.

    “Mary, me desculpa. Eu posso explicar. R.”

    Ele achou que teria um pouco mais de sorte durante as aulas de poções ou de runas, mas toda vez que chegava à classe, ela já estava sentada na primeira fileira, e o lugar ao seu lado sempre ocupado por alguma grifinória – por Salazar, até mesmo Melloni já havia trabalhado em dupla com a garota!

    “5 minutos. Preciso te contar o que aconteceu.”

    Nos corredores, ele não tinha melhor sorte: ela estava sempre rodeada pelas amigas ou por algum grifinório do sexo masculino. Ele viu Sirius a acompanhando algumas vezes, e, se não bastasse toda a culpa e angústia, ele ainda sentiu um pouco de ciúmes.

    Regulus sabia que toda aquela procissão de alunos ao redor da menina não era algo comum – Mary nunca foi o tipo popular. Mas de alguma forma, parecia que a casa dos leões havia se unido para garantir que ele não se aproximaria da garota.

    Ele teve certeza de que era aquilo o que acontecia quando, cruzando cabisbaixo o pátio interno do castelo em uma tarde cinzenta, sua visão periférica captou o movimento de cabelos ruivos em sua direção. Sentiu o coração acelerar. ”Finalmente”. Se virou na direção em que vira o movimento, um sorriso esperançoso se abrindo em seu rosto.

    A decepção o alcançou tão logo seus olhos pousaram sobre Lily Evans.

    Ele suspirou resignado e girou nos próprios calcanhares, fitando o chão de pedra enquanto caminhava.

    - Hey, Black! – a grifinória o chamou, e ele parou imediatamente. Por mais que ambos fossem monitores, Evans jamais tinha lhe dirigido a palavra diretamente antes. (Será que ela trazia um recado de Mary? Ele se virou para encará-la, o restinho de esperança se evanescendo no momento em que seu olhar encontrou o da menina).

    - É melhor você parar de procurá-la – apesar de baixa, a voz dela era firme – Chega de corujas, chega de origamis alados, chega de bilhetes e chega de olhares nas aulas – ele abriu a boca para argumentar, mas ela continuou falando – O que você fez não tem perdão, Black.

    - Eu estava tentando protege-la! – Ele soou exasperado, os braços gesticulando sem que ele se desse conta. Não se importava se haviam sonserinos por perto, ele só precisava que Mary soubesse daquilo, da forma que fosse.

    - Ah, claro – Lily girou os olhos – vocês e essa lógica deturpada. Bem, acho que você fez um trabalho maravilhoso. Parabéns. – Ela deu um passo para frente, e estreitou os olhos, tão ameaçadora que Regulus sentiu urgência em desviar o olhar – Esteja avisado, Black.

    Enquanto a ruiva se afastava, pisando duro, Regulus levou as mãos aos cabelos, tentando manter a calma.

    Mais um dia perfeitamente miserável na vida de Regulus Black.


    ****

    Não importava quantas ameaças Evans lhe fizesse – ele não desistiria de se desculpar com Mary. O volume de bilhetes tinha diminuído bastante, é verdade, e em alguns ele já não tentava mais marcar um encontro com ela (apenas rabiscava um “Me desculpe” e enviava rapidamente). Sabia que persegui-la com mensagens não requisitadas não era a melhor forma de se redimir, mas, nas conjunturas atuais, era tudo o que ele podia fazer.

    Se já não se sentisse mal o suficiente com toda a situação Mary + Sirius, os acontecimentos daquele mês atraíram a atenção mais indesejada de todas: A de Bellatrix Black. A prima novamente estava na cola de Regulus, pressionando-o para que ele melhorasse seu desempenho “para o Natal”. A cada vez que Bella o encurralava, ele se sentia mais e mais desesperado; o medo de que ela descobrisse sobre Mary crescendo mais e mais.

    Ele tinha conseguido fugir de algumas das reuniões do “Clube de Duelos”, mas agora a prima fazia questão de escoltá-lo para a Floresta Proibida e de volta. Sempre que era obrigado a torturar ou matar algum daqueles animais, Regulus tentava canalizar sua raiva da situação em que se encontrava. Aquilo até funcionava, mas sempre que estava sozinho, ele se sentia ainda pior que antes – sem contar com insônia, sua companheira em todas as noites.

    Comensais, maldições, Bellatrix. Ele odiava tudo aquilo.

    Em uma das noites em que os sonserinos se esgueiravam para voltar ao castelo, exatos quinze dias após o “incidente”, Snape colocou a mão sobre seu ombro, fazendo com que o mais novo diminuísse os passos. Ficaram algum tempo em silêncio, enquanto os demais ganhavam distância. Regulus já estava disposto a estuporar o colega quando este finalmente cortou o silêncio, sua voz quase murmurante.

    - Eu sei o que você fez – se desvencilhando da mão do outro, ele se virou e o encarou, inquisitivamente – McDonald. Eu sei o que você fez.

    A menção ao nome da menina disparou todos os alarmes na cabeça de Regulus, e por pouco ele não conseguiu sustentar a expressão. Snape não parecia se importar, já que olhava para um ponto qualquer sobre o ombro do outro.

    - Eu precisei fazer o mesmo pela Evans. Nós... Não somos mais amigos – ele levantou o rosto e olhou nos olhos de Regulus – Mas ao menos eu sei que ela está segura. Você fez o que precisava, Black – sem esperar uma resposta do mais novo, Severus apressou o passo, deixando- o para trás.

    A interação inesperada disparou uma série de novos pensamentos pela mente de Regulus. Durante os próximos dias, as frases de Snape ecoariam por sua mente e, pouco a pouco, ele se perguntava se talvez não fosse melhor seguir o conselho de Evans.

    Pelo menos Mary estaria segura.
    Remus Lupin
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    Mensagem por Remus Lupin Seg Nov 09, 2015 10:37 pm

    Quando Remus lembrou os amigos da “Regra Melloni”, ele acreditou que aquilo fosse suficiente para acabar com qualquer possibilidade de complicações entre os Marotos. Ele sabia que eventualmente Peter apenas desistiria de Sarah, e já vira Sirius e seus interesses por garotas antes – eles mudavam tão rapidamente quanto os reflexos do batedor durante uma partida de quadribol.

    Bem, ex-batedor.

    Ele ainda não conseguia acreditar que o amigo simplesmente partira para cima de Regulus. Os irmãos já tinham se desentendido antes, é claro, mas nunca daquele jeito.

    Não que Remus soubesse exatamente como aconteceu a briga – quando, na noite anterior, Sirius entrou no dormitório com um olho roxo, ele não deu explicações a nenhum dos outros, o temperamento ainda pior que nos dias anteriores, e nenhum deles parecia disposto a questioná-lo, principalmente o Lobisomen.

    Claro que Remus estava preocupado com o amigo – desde seu aniversário, ele vinha fumando cada vez mais, só voltava para o dormitório masculino tarde da noite e vinha faltando mais aulas do que jamais faltara nos seis anos anteriores – mas toda vez que tentava se aproximar, ou falar alguma coisa, o outro parecia descarregar todo o estoque de ironia e sarcasmo nele.

    Por mais que racionalmente Remus soubesse que não tinha feito nada de errado – por Agrippa, eles tinham feito uma promessa, a única coisa possível de ser feita era cumpri-la – já tinha ouvido Sirius falar com tanto desdém de sua relação com Abby que já se questionava há algum tempo se deveria estar com a menina.

    Isto é – vinha se questionando mais que o habitual. Se já não parecia certo antes- com a licantropia e tudo o mais – agora parecia apenas egoísta estar com a garota. Afinal de contas, mesmo trocando poucas palavras com os demais (e quase todas essas poucas palavras eram trocadas com James), Sirius estivera lá para sua última transformação (Remus descobriu por Rabicho, no mesmo dia em que este lhe questionou sobre o que estava acontecendo entre eles e o bruxo precisou inventar uma desculpa qualquer. Não queria ser ele também a contar para o outro sobre Almofadinhas e Cooper).

    De toda forma, estar com Abby tinha sido uma espécie de porto seguro naqueles dias tumultuosos, por mais que nem sempre conseguisse se abrir com ela – ainda tinha medo de que ela saísse fugindo no minuto em que descobrisse sobre seu “probleminha peludo”. Em uma tarde qualquer, pouco antes da lua cheia, ele deixou escapar que estava preocupado com os amigos, e ela tinha sido uma ouvinte tão boa e tão compreensiva, que ele realmente se sentiu sortudo por tê-la por perto.

    Naquela mesma tarde, a morena dividiu com ele algumas preocupações superficiais sobre as amigas, e foi a primeira vez em que lhe ocorreu que toda aquela história de “Regra Melloni” também tinha afetado a menina. Foi aquilo que o motivou a conversar com ela, e a lucidez com que a intercambista tratou o assunto lhe surpreendeu. Realmente, não era porque Sirius estava se mantendo afastado que ela se interessaria por Peter. Mas, bem, ele não esperava isso – ele só queria que as coisas continuassem iguais entre os Marotos.

    Obviamente, ele reconhecia naquela tarde de quarta-feira, enquanto aproveitava o horário livre (a aula de DCAT tinha novamente sido cancelada) para caminhar pelo castelo, de nada tinha adiantado trazer a promessa deles à tona: podia até não ser mais por causa de uma garota, mas continuava existindo algo entre os Marotos.

    Foi arrancado de seus pensamentos quando Peter, furioso, se esbarrou nele, sendo seguido de perto por Sirius. O mais alto agarrou o braço do outro, virando-o para si, e ambos pareciam alheios à presença de Remus.

    - Rabicho, espera! – Pettigrew se desvencilhou, encarando o amigo, os olhos furiosos e os punhos cerrados.

    - Vai se foder, Sirius! – ele girou nos próprios calcanhares e se afastou. Black fez questão de segui-lo, mas Remus o bloqueou com o corpo, recebendo um olhar confuso do amigo, que só então percebeu a presença do outro.

    - Que merda você fez agora, Almofadinha?
    Sirius Black
    Sirius Black


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    Mensagem por Sirius Black Ter Nov 10, 2015 10:18 pm

    - Que merda você fez agora, Almofadinha? – Remus perguntou, interceptando-o.


    Sirius piscou, surpreso pela súbita presença do amigo e depois de se recuperar, estreitou os olhos. Por que a culpa era sempre dele?


    Não é como se ele tivesse cometido um crime ou algo do tipo.


    - Agora não, Aluado. – ele tentou se desvencilhar, mas Remus continuou bloqueando sua passagem.


    - O – que – você – fez?- Remus repetiu a pergunta, o tom de voz firme.


    - Ora, não é como se você não soubesse! – Sirius bufou, girando os olhos.


    Sirius Black balançava a perna no ritmo da música que saía de seu toca-discos customizado (por ele mesmo, diga-se de passagem). Estava mais uma vez nos jardins, aproveitando a solidão daquela tarde de outono – o vento gelado não o incomodava nem um pouco e o céu cinzento e a vegetação seca e alaranjada pareciam se adequar ao humor dele. Como de praxe, fumava um cigarro enquanto refletia sobre os acontecimentos das últimas semanas (aquilo era algo que ele vinha fazendo muito nos últimos dias. Refletir. Sobre tudo: sobre os amigos, o futuro, Sarah Cooper...naquele dia em especial, ele refletia sobre a família).


    Come gather 'round people
    Wherever you roam
    And admit that the waters
    Around you have grown
    And accept it that soon
    You'll be drenched to the bone.
    If your time to you
    Is worth savin'
    Then you better start swimmin'
    Or you'll sink like a stone
    For the times they are a-changin'.
     
    Sirius suspirou e depois de observar a fumaça do cigarro subir em espirais, fechou os olhos. “For the times they are a-changing". Bob Dylan não podia estar mais certo, ele pensou, com certa amargura: os tempos estavam mesmo mudando.
     
     - Bem, isto é interessante! – uma voz acima dele falou e ele levantou os olhos para checar quem era, a música o impedindo de reconhecer o dono da voz logo de cara.  Levantou os óculos com a mão que segurava o cigarro, fazendo uma careta ao ser atingido pela claridade do dia. Assim que sua visão se acostumou, viu quem era sua visitante: Sarah Cooper.
     
    Sarah Cooper, com quem ele não falava há dias.
     
    Sarah, o motivo de seu dilema.
     
    A visão da garota ali, emoldurada pelo céu cinzento, fez Sirius sentir um calor gostoso no fundo do estômago  (e puxa, ele sentia saudades dela!)
     
    - Nunca imaginei que você ouvisse Bob Dylan. – ela continuou. Ele permaneceu em silêncio, apenas observando-a e a garota mudou o livro pesado que segurava de braço, ligeiramente incomodada pela falta de resposta dele - Posso?  - ela apontou para o local ao lado dele com a cabeça.
     
    - À vontade. – Sirius deu de ombros, abaixando os óculos escuro novamente.

    - Sabe... – Ela começou, depois de se sentar à esquerda dele – Nunca vi um toca-discos tão pequeno.


    Sirius se sentou, alcançando o pequeno dispositivo (que magicamente não interrompeu a música que tocava) e o segurou  na altura dos olhos.

    - Não é nada demais, na verdade. Já era enfeitiçado para funcionar sozinho, eu apenas diminuí o tamanho dele e dos discos, e ampliei o volume do som. – ele encolheu os ombros – Mágica.

    - Então... Bob Dylan, uh? Nunca achei que você tinha cara de Dylan – Não é que Sirius não estivesse disposto a conversar...era só que ele havia feito uma promessa. E ele pretendia cumpri-la dessa vez e era por isso que evitava olhá-la...porque se o fizesse, ele traíria não só a Rabicho, mas a si mesmo também. A garota, no entanto, continuou seu monólogo – De todas as bandas trouxas, você não parece um cara fã do Dylan. Stones e The Who, com certeza. Zeppelin e Floyd, talvez. No máximo Bowie, mas não Dylan...  Clash, talvez. E Queen! Você definitivamente tem cara de Queen – e ela deu uma pausa para pegar fôlego – A não ser, é claro... que você goste de Magical Flirt e Simply Magic...

    Ao ouvir o nome daquelas bandas, Sirius não se conteve (não podia deixar a garota falando sozinha para sempre, certo?)

    - Magical Flirt e Simply Magic são horríveis! – ele falou, num tom de voz ofendido. - Não me diga que você gosta deles!

    - Experimente dividir o dormitório com Michelle Skeeter, fã número um dos dois grupos! – Sarah girou os olhos.

    Sirius apenas esboçou um sorriso e notando o pesado livro que ela largara na grama, perguntou:

    - Ainda lendo sobre Universos Cruzados ou seja lá o que for? – ele perguntou, a curiosidade falando mais alto. Conversar com ela não era um sinônimo de traição, ele decidiu, por fim. Acima de qualquer sentimento, ele gostava de conversar com ela. Sarah Cooper era interessante.

    E ele decidiu que valia o risco.

    - É, algo do tipo – foi a vez de Sarah dar de ombros.

    Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos.

    - Então...jardins, cigarro, Bob Dylan...algum motivo?

    Sirius encolheu os ombros, chutando algumas folhas secas com a ponta do pé.

    - Apenas refletindo.  – ele decidiu ser sincero e, diante do olhar curioso dela, levantou o óculos, mostrando o olho roxo.  Sarah soltou uma exclamação de surpresa – Cortesia  do meu querido irmão. Acredito que tenha ouvido falar disso.

    - Sim...mas você sabe como são as fofocas de Hogwarts. Quer conversar sobre isso?

    Sirius passou a mão pelos longos cabelos compridos e suspirou, pesadamente.

    - Sarah, como são os seus pais?


    - Minha mãe é trouxa, meu pai, bruxo.

    - Não. Quero dizer...como eles são com você?

    -  São pais normais, eu acho. Carinhosos. – Sarah encarou o horizonte, com aquele olhar de quem se lembra de algo. – Amáveis.

    - Meus pais não. – ele sorria amarelo, lembrando-se de Orion e Walburga. – O lema da família Black é o “Toujour Pours” e significa “sempre puro”. E claro que pra manter a pureza, o casamento consanguíneo é permitido, juntamente com o casamento entre as famílias mais nobres. Meus pais são primos e puseram toda a expectativa deles em mim, o primogênito.  - e aqui ele parou pra tomar um pouco de ar – Eles nunca foram muito amáveis comigo. Eu nasci apenas para preencher a agenda deles.

    Sarah continuou em silêncio.

    - E então, um ano depois, o Regulus nasceu. Mais um peão pro jogo deles – e como ela não fez menção de interrompê-lo, ele continuou a falar – Eu e Reg seguramos as pontas juntos, por um bom tempo, enquanto os adultos cuidavam do que quer que tivessem que cuidar.  A gente costumava se dar bem, confidenciar coisas um pro outro, brigávamos aqui e ali...coisas de irmão – Sirius ergueu os olhos pro céu -  Era nós dois contra o mundo. Claro que tudo mudou depois que eu vim pra Hogwarts e escolhi ir pra Grifinória. Eu me igualei à escória de quem meus pais tanto falavam...e o Regulus...bom, o fardo de ser um Black ficou todo nos ombros dele. Quem sabe se eu não tivesse...

    -A  culpa não é sua! – Sarah se manifestou pela primeira vez em minutos. O tom de voz dela era de indignação.

    - Claro que é, Sarah! – ele abaixou os olhos para ela – Eu sou o irmão mais velho dele...se eu não tivesse sido egoísta e tivesse ido pra Sonserina o Regulus não teria ficado à mercê da minha mãe e da louca da minha prima...eu...

     - Sirius – Sarah  o interrompeu – Você não pode salvar todo mundo. Você fez suas escolhas e o Regulus, as dele.  – e ela esticou a mão, segurando a dele.

    Sirius aceitou o gesto de bom grado – a mão dela estava quentinha e ele carecia de contato humano.

    - Obrigado – ele agradeceu, apertando a mão dela de leve.

    Sarah esticou a mão livre e tocou o olho roxo dele com delicadeza.

    - Tá doendo?

    - Não. Não fez nem cócegas.

    - Sei. – ela girou os olhos, ainda fazendo carinho no rosto dele.

    Naquele momento, uma brisa forte passou por eles, bagunçando o cabelo dos dois. Sarah soltou um palavrão quando os cabelos, até então presos num coque, esvoaçaram sob seu rosto e Sirius sorriu verdadeiramente pelo que parecia ser a primeira vez em dias com a cena.

    A garota, que lutava contra o vento para prender o cabelo, lançou um olhar ofendido ao escutar a risadinha dele e mesmo daquele jeito (cabelos esvoaçantes, bochechas vermelhas, testa franzida de concentração) Sirius a achou linda:

    - Não é justo – ele disse, em voz alta. Ela o olhou confusa, esperando uma explicação enquanto prendia novamente os cabelos - Você. – ele segurou o rosto dela com as duas mãos  – Não é justo o efeito que você me causa, Aussie.

    E então, dando favas à cautela, ele a beijou.

    Os dois ficaram se beijandor por um bom tempo, tão compenetrados um no outro que nem perceberam que a música no toca-disco parara. O silêncio só foi quebrado quando escutaram o barulho de folhas se amassando, seguido de uma respiração ofegante.  Sirius se afastou de Sarah, distraído pelo barulho e quando olhou para trás, seu estômago afundou.

    Peter Pettigrew o encarava de volta, os olhinhos pequenos e azuis cheios de raiva.

    - Eu a beijei, Aluado! – Sirius deu de ombros e Remus arregalou os olhos - Isso aí! Eu a beijei e não me arrependo. Sabe por que? -  e sem esperar resposta ele completou – Porque eu gosto dela. E não vejo nada de errado nisso!

    - Você sabe como o Peter é...

    - Ah, vá se foder, Remus! – Sirius girou os olhos – Você escolheu um lado, é isso?

    - Claro que não escolhi um lado, Sirius. Só estou tentando te lembrar da...

    - Da maldita Regra Melloni – Sirius afinou a voz, zombando do amigo – Seu hipócrita nojento! Só está falando isso porque não é com a sua querida Abbigail! – e com amargura, ele completou - Estou farto de você no momento, Remus Lupin.

    E Sirius se afastou dali antes que começasse a falar com Aluado com os punhos.

    Ele simplesmente não estava afim de liçõezinhas de moral, já estava se sentindo culpado o suficiente.

    (Claro que não se sentia culpado por gostar de Sarah, tampouco pelo beijo trocado mais cedo. Sentia-se culpado porque Rabicho descobrira tudo do jeito errado).


    ____


    Foi preciso a intervenção de James para que Peter e Sirius conseguissem conversar sobre a cena do jardim – Sirius abriu o jogo e falou que sim, gostava de Cooper e que tentara se afastar em respeito ao amigo, mas não conseguira (era mais forte que ele):

    Peter relutou um pouco, até que dando de ombros, aceitou as desculpas de Sirius.

     - Ela nunca me daria uma chance mesmo – ele disse, por fim. – Acho que vou nas cozinhas.  – e saiu do dormitório.

    Sirius encarou James, confuso. Tinha sido fácil demais ou era impressão dele?:

    - Ele vai superar. –  James deu um tapinha no ombro do amigo. – Snap explosivo?

    -...Eu acho que sim...?

    Sirius decidiu que conversaria com Sarah no outro dia (devia uma desculpas a ela por ter saído sem dizer mais nada, afinal).

    E sobre Remus...bem, isso aí era outra questão.
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    Mensagem por Sarah Nipps Qui Nov 12, 2015 12:51 am

    O barulho seco de passos ecoava no corredor vazio do primeiro andar, enquanto Sarah, última aluna a deixar a aula de Estudos dos Trouxas, cruzava o corredor distraidamente, enquanto xingava mentalmente a real necessidade de aprender sobre televisões e carros, tendo vivido sua infância inteira como trouxa. Bem, precisava daqueles malditos N.I.E.M.S. para o programa de trainee do Ministério da Magia, então, não havia muito o que fazer...

    Virando a esquina logo à sua frente, a figura alta de Sirius surgiu, os cabelos agitando-se enquanto ele corria. Um sorriso se formou no rosto de Sarah no momento em que seus olhos o alcançaram. Ela ainda se sentia confusa sobre o beijo na tarde anterior – mais especificamente, porque Sirius saiu correndo atrás de Pettigrew no momento em que o viu, deixando-a repleta de dúvidas no jardim do castelo – mas, ainda assim, ela não pôde evitar de sentir seu coração pular uma batida com a imagem do garoto.

    A distância entre eles logo foi reduzida, e seria impossível para a bruxa não notar o sorriso dele ao se aproximar. Ela o teria cumprimentado, mas ele foi mais rápido – sem falar mais que “Hey, Aussie”, levou a mão direita à bochecha dela e, inclinando a cabeça para a frente, a beijou. Sarah sentiu as pernas falharem, a surpresa logo sendo substituída pela vontade de tornar duradouro o contato entre os lábios.

    - Ahemn – Um pigarro alto fez com que os dois se separassem, assustados – Senhor Black, é bom ver que o senhor tem motivos para estar atrasado para nossa reunião – Sarah corou fervorosamente, evitando encarar a bruxa à sua frente. Minerva McGonagall parecia irritada, os braços cruzados à frente do corpo, os pequenos olhos furiosos passando de um para o outro.

    - Minnie! – Sirius deu um de seus sorrisos mais encantadores – Eu estava a caminho do seu escritório, mas... me distrai – Ele deu de ombros e piscou um olho para a professora. Andando até o lado dela, ele lhe ofereceu o braço – Podemos?

    McGonagall bufou, impaciente.

    - Outra hora, Sr. Black. Avisarei quando remarcar sua sessão de aconselhamento profissional. Não se atrase novamente – virando sua atenção para Sarah, a vice-diretora apertou os já finos lábios antes de falar – Gostaria de falar com você, senhorita Cooper. Se importaria de me acompanhar?

    A garota lançou um olhar rápido a Sirius – que parecia entender menos ainda a atitude da professora – antes de acenar positivamente e segui-la.

    - Como vão as pesquisas, srta. Nipps? – McGonagall começou, observando a aluna através de seus óculos. Estavam sentadas à escrivaninha, a porta do aposento fechada, de modo que a professora se sentia segura para chamar a mais nova pelo seu verdadeiro nome. Um pequeno estranhamento atravessou Sarah. Era ridículo pensar assim, mas já havia se desacostumado com o próprio nome.

    - Pouco produtivas, devo admitir.

    - E a que se deve isso? – Sarah suspirou. O tom da vice-diretora era cada vez áspero, e ela previa uma bronca a caminho, mesmo sem saber exatamente por que.

    - Talvez apenas não tenhamos tido sorte, professora. Os livros que o professor Dumbledore nos disponibilizou são extremamente técnicos, e têm sido de pouca ajuda. Nada deles parece aplicável à nossa situação... Talvez... – ela hesitou um pouco, os olhos fixos no quadro atrás da professora – Talvez pudéssemos contar com a ajuda de algum expert no assunto? Ou o próprio Dumbledore, talvez...

    - Não seja tola! – A voz da professora subiu alguns tons, fazendo com que a menina se encolhesse um pouco na cadeira. Minerva respirou fundo, recuperando sua calma ao falar novamente – Ninguém pode saber que vocês estão aqui, srta. Nipps. Tenho certeza de que a senhorita tem noção de como são tempos difíceis, estes. Não sabemos em quem poderíamos confiar. O Ministério nega o óbvio, e nenhum dos contatos de Albus parece ter conhecimentos suficientes para reverter esta situação. Você e suas amigas precisam reunir todos os esforços para encontrar uma solução. Eu te asseguro que estamos fazendo o mesmo.

    Sarah apenas acenou afirmativamente, mantendo-se em silêncio.

    - Você sabe o que o Sr. Black estaria fazendo, caso não estivesse... em um enlace com a senhorita? – a grifinória engoliu em seco, em mais uma vez a resposta foi apenas um aceno de cabeça – Exatamente. Eu entendo que, na sua idade, permitem-se erros e romances... – Minerva agora andava aos círculos pela sala, enquanto falava – Mas você e suas amigas não podem se dar a esse luxo. A menor mudança nos acontecimentos alteraria não só o seu futuro, mas o de todo o mundo bruxo. Eu quero que vocês parem de se distrair com... tolices juvenis e se empenhem mais nessas pesquisas. O futuro do mundo bruxo está nas mãos de vocês, Nipps.

    - Sim, senhora. – Sarah se levantou e se dirigiu à porta. Antes de sair, virou-se, seus olhos encontrando os verdes por trás das grossas lentes – Professora... Como a senhora sabe que Voldemort não venceu a guerra?

    McGonagall endireitou a postura, claramente incomodada ao ouvir o nome do bruxo.

    - Você é uma mestiça.

    A garota fechou a porta atrás de si, absorvendo as palavras da futura diretora da \escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

    *****

    - Bem, isso me parece uma mensagem bem clara – Emma encarava Sarah e Abby, os sobrancelhas arqueadas. A grifinória tinha acabado de confidenciar às outras duas sobre a conversa com a professora de Transfiguração – Vocês duas precisam parar de tentar estragar tudo, e focar nesses malditos livros.

    Uma rápida troca de olhar com Abby foi o suficiente para perceber que ela se sentia da mesma forma que Sarah: envergonhada.

    Emma estava certa. McGonagall estava certa. Ao mesmo tempo, estar com Sirius definitivamente não parecia algo errado.

    Ela precisava tomar uma decisão – e precisava ser logo.

    *****

    Sarah Nipps nunca foi uma boa pessoa para conflitos, sempre preferindo evitá-los. Claro que ela não fugia de uma briga, mas, para isso, precisava estar de sangue quente.

    E este definitivamente não era o caso.

    A noite após o encontro com McG foi passada em claro – a menina se revirou na cama até que os primeiros raios do dia tornarem o céu colorido. Como reflexo, ela dormiu a manhã inteira, pulando o café-da-manhã e o almoço. À noite, pediu a Mary que lhe trouxesse algo do jantar, e assim, com sucesso, ela conseguiu um dia para tomar a decisão que precisava.

    Não que tivesse muita escolha.

    *****

    - Eu achei que talvez você estivesse precisando disso – Sarah se jogou no sofá do Salão Comunal, ao lado de Sirius, milagrosamente munida de coragem. Ela tinha conseguido evitá-lo por dois dias inteiros, mas, por mais que se atormentasse, não sabia o que podia fazer, se não o óbvio. Não era justo com ele que ela se escondesse, e não a fazia absolutamente bem algum.

    O rapaz olhou para a pequena vitrola na mão da garota, e de volta para ela.

    - Você esqueceu no Jardim – ela se apressou a falar, logo se arrependendo de ter começado a conversa por aí. Merlin, como ela daria tudo para estar de volta ali, naquele gramado, tocando o rosto dele, sem preocupações maiores que a briga entre os irmãos Black.

    Ele a encarava com cara de dúvida.

    - Seu... Olho – ela não resistiu em levar a mão até o rosto dele, fazendo carinho delicadamente. Sentia seu coração afundar com o que estava prestes a fazer - já está bem melhor – uma tentativa de sorriso completou a frase. Uma sobrancelha se levantou no rosto de Sirius.

    - Você desapareceu. – havia dúvida na voz dele. Ela suspirou, retraindo a mão e desviando o olhar.

    - O que... O que você me diz de darmos uma volta? Eu... Preciso conversar com você. – Ela manteve os olhos baixos enquanto ele passou a mão no cabelo, suspirando pesadamente. Sarah arriscou encará-lo rapidamente quando ele se levantou.

    - Vamos? – Ele abriu um braço, apontando para a passagem da Mulher Gorda. Havia impaciência em sua voz, e ela antecipou que não seria uma conversa fácil.

    Ela sabia que não seria uma conversa fácil.

    Passaram um tempo caminhando pelos corredores vazios do sétimo andar, em silêncio – ambos com as mãos nos bolsos e o olhar perdido no chão de pedra.

    - Sirius... – a voz dela era trêmula. Eles tinham alcançado o Hall de Feitiços, e ela segurou seu pulso, os olhos fixos nos dele – Eu... Eu acho que não – ela engoliu em seco – Eu não acho que a gente vá dar certo – ela desviou os olhos, por fim, ou não conseguiria falar.

    - Por que?

    - Sirius, eu... - ela buscava as palavras que tinha ensaiado em sua mente, a respiração falhando aos poucos – Eu preciso focar na minha pesquisa. E eu... Posso ir embora a qualquer momento. – ele apertou os olhos, e ela entendeu aquilo como dúvida – Com a proximidade da guerra, eu... posso ter que voltar à Austrália a qualquer hora – Ela desviou o olhar. Nunca fora uma boa mentirosa, mas mentir para ele era ainda pior. Queria poder contar tudo, ser honesta... Mas era por isso que precisava terminar as coisas com ele, afinal de contas.

    Ele puxou o queixo dela, olhando em seus olhos.

    - Sarah, eu briguei com dois dos meus amigos por você!

    - Me desculpe, Sirius.


    *****

    A vida de Sarah retornou à rotina antes do beijo no jardim – Assistia às aulas, evitava os marotos, e se trancava com os livros sobre teorias de tempo e universos paralelos. Era cada vez mais doloroso olhar para Sirius, mas era a coisa certa a se fazer. Estava animada para o próximo passeio a Hogsmead, com Emma e Abby. Fazia duas semanas (ou três? Novamente, já tinha perdido a noção do tempo) desde que tivera aquela conversa com no Hall de Feitiços, e tinha decidido que precisava sair do castelo – tirar sua cabeça um pouco da viagem no tempo e do primogênito dos Black.

    Três tímidas batidas na porta do dormitório feminino chamaram a atenção de Sarah, a única bruxa no cômodo naquela sexta-feira, véspera do passeio à vila. Agradecida por um motivo para pausar a entediante leitura de “Teoria dos Universos Paralelos, Vol. II”, ela levantou em um pulo, logo alcançando a porta.

    - Oh, hey, Marlene! – ela sorriu ao reconhecer a colega – A Mary não tá... Quer deixar algum recado pra ela?

    - Na verdade... Eu vim falar com você. – A loira sorriu travessamente - Posso entrar?

    A morena hesitou um pouco, se perguntando o que a menina poderia querer falar com ela. Já havia alguns meses que as duas eram colegas, mas, à exceção do episódio constrangedor – quando coube a Sarah consolar a outra pelo fim do namoro com Sirius Black - nunca conversaram mais que o necessário. Dando ombros, ela deu um passo para o lado, abrindo passagem para Marlene.

    - Claro, entra... – sentou-se na cama e fez sinal para que Marlene fizesse o mesmo.

    - Então, Sarah Cooper – os olhos azul-esverdeados a encaravam, um lampejo de curiosidade os perpassando – O que está acontecendo entre você e Sirius Black?

    O queixo de Sarah caiu, a boca aberta em choque pela pergunta repentina, e Marlene explodiu em uma gargalhada.

    - Ah qual é, Sarah... Não precisa me dar os detalhes sórdidos! – a expressão de choque se agravou, enquanto a morena sussurrava o nome da outra, indignada, e esta continuava a falar, dando de ombros – Eu só queria saber em que pé as coisas estão...

    - Não está acontecendo nada entre nós dois, Marlene! – Sarah se apressou a negar, e a outra pareceu desapontada.

    - Tem certeza? – como a intercambistas acenara afirmativamente, ela continuou – Eu tenho observado vocês, Sarah – um pequeno sorriso crescia nos lábios da loira – todos aqueles olhares angustiados... e por Agrippa, eu juro que já te vi suspirar!

    Sarah ficou ainda mais constrangida.

    - Eu não vim aqui para te deixar sem graça, Cooper – Ela a encarava, sua fala admitindo um tom de seriedade – Mas Sirius é parte da minha vida... há bastante tempo – aquelas palavras foram o suficiente para que Sarah se lembrasse da tarde consolando Marlene, e se remexesse desconfortavelmente, movendo os lençóis ao seu redor.

    - Marlene, eu...

    - Sirius é um ótimo amigo, Sarah. E com os anos você aprende uma coisa ou outra sobre os amigos, sabe – Sarah acenou afirmativamente, toda a sua atenção voltada à menina à sua frente – E pelo que eu sei, Sirius Black, nunca olhou para uma garota do jeito que ele olha para você.

    Sarah abriu a boca para responder, mas nenhum som se projetou no ar. Marlene pareceu se divertir novamente com as reações da garota, porque um novo sorriso se desenhou em seu rosto, enquanto ela se levantava.

    - Não jogue isso fora... Ok? – Com uma piscadela, ela saiu do quarto.
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    Mensagem por Regulus Black Qui Nov 12, 2015 9:15 pm

    - Então, priminho, a Cissy já te contou? – Regulus levantou a cabeça para encarar Bellatrix, recém-sentada ao seu lado.

    - Do que você está falando? – ele perguntou preguiçosamente, enquanto continuava a mexer o café em sua xícara com a pequena colher de chá.

    - Arre, se você quer as coisas bem feitas, precisa realmente fazê-las você mesma! – A morena girou os olhos, logo encarando o primo com um sorriso levemente maníaco, se inclinando sobre a mesa da Sonserina e sussurrando para o primo. – Recebi uma mensagem de Visengard hoje cedo. Está acontecendo. Próximo sábado. Parece que o Natal vai chegar mais cedo esse ano, priminho! – Roubando uma uva, ela logo se levantou e se aproximou de outro grupo de alunos.

    Regulus sentiu seu pomo de adão subir e descer, engolindo em seco. As palavras de Bella não eram exatamente claras, mas ele sabia exatamente o que elas queriam dizer. O “Clube de Duelos” vinha discutindo aqueles passos já há algumas semanas, e seus membros apenas estavam esperando o momento certo de agir; O que quer que a mensagem de Vincent Visengard – um dos homens de Voldemort – dissesse, aquele era o momento em eles passariam à ação.

    Um grupo de garotas entrou sorrindo do outro lado do Salão Principal, e assim que sua visão periférica o tornou ciente dos cabelos cor-de-fogo de Mary McDonald, seu olhar logo se fixou na menina. Ele sentiu o estômago revirar, a preocupação que o atormentava há um mês se aproximando dele novamente. Ele sabia o que aconteceria naquele fim de semana, e precisava protegê-la.

    Abandonou o café da manhã, quase intocado, e precisou se conter para que suas pernas não começassem a correr enquanto ele se afastava do Salão Principal. Precisava dar um jeito de avisá-la.

    ”Hogsmead não é segura. Não vá este fim de semana.”

    Aquela linha não era o suficiente para dar conta da gravidade da situação, mas Regulus sabia que uma única palavra a mais seria o suficiente para que tanto Mary quanto ele estivessem em perigo – Um perigo cada vez maior.


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    Mensagem por Abby Lovegood Scamander Sex Nov 13, 2015 9:40 pm

    Abby estava na biblioteca, esperando a hora da aula marcada com Remus, e lendo outro livro indicado por Dumbledore enquanto isso. Mas a toda hora, sua mente cismava em voar para o último encontro dela, Malfoy e Nipps.
    Fora profundamente vexatório ouvir o comentário de Emma ao fim do relato de Sarah sobre sua conversa com a professora Minerva.
    Vexatório porque era verdade, Malfoy estava certa. Sabia que estava pesquisando, estudando, bem como sabia que poderia estar fazendo mais, mas Remus tomava conta de sua mente uma boa parte do tempo.
    Mais do que nunca, ela sabia que precisava focar no que era essencial: a volta delas ao seu tempo. 
    Pelo que lia nos jornais, cada vez mais ataques estavam acontecendo, e pelo que ela se lembrava das aulas de história, a coisa só se intensificaria mais a partir do início do ano de 1979, o que aconteceria em dois meses.
    Não era seguro que elas ficassem ali. Não para elas, e muito menos para os alunos diretamente em contato com elas. 
    Um deslize só seria o suficiente. Se ficassem sabendo que elas eram do futuro e sabiam muito mais que qualquer vidente o que iria acontecer, e qual o desenrolar e resultado daquela guerra, suas vidas estariam em risco premente.
    Sua mente dizia que estender o tempo ali, era insensato. Enquanto isso, seu coração gritava contra as ordens do cérebro, para se afastar de Remus.
    No entanto, já não era mais uma questão de escolha. Era questão de necessidade.
    E sentia que a presença delas ali já tinha afetado diretamente algo que ela sempre ouvira ter sido inabalável: a amizade entre James, Sirius e Remus. Principalmente, tinha afetado a amizade dos dois últimos.
    Não conseguia tirar da cabeça o desabafo carregado de sarcasmo de Sirius sobre Remus: 
    "Por que você não me deixa em paz e vai lá ser feliz com a sua namoradinha?"
    Naquele dia, ela se levantara da mesa para ir a suas aulas. Assistiu a cada uma, automaticamente, o corpo presente, e a mente longe. Fora uma tremenda sorte não ter sido solicitada a responder qualquer questão, porque não saberia nem sobre o assunto que estava sendo debatido.
    Andara pelos corredores de cabeça baixa, para não ter de encarar ninguém, e ver olhares de pena ou acusadores.
    Não vira mais Remus aquele dia, nem ele a procurara. 
    Fazia dois dias que o fato acontecera. E dois dias que não via Lupin, a não ser em raras ocasiões, como na hora das refeições, isso quando acontecia. Parecia um repeteco da última vez em que haviam deixado de se falar.
    Só que dessa vez, ela não tinha forças, nem ânimo, para questionar qualquer afastamento do rapaz. Talvez fosse melhor. Talvez ela devesse parar de correr atrás dele, afinal, um pouco de amor próprio não faria mal. Remus tinha suas prioridades e estava muito claro que ela não era uma delas.
    Mas não podia culpá-lo. A amizade era o bem mais precioso que uma pessoa podia ter e ela sentia imensa falta de Brooke, de suas conversas, seus conselhos estapafúrdios... devia também pensar em Sarah e Emma. Certo que não eram amigas amigas antes dessa confusão toda, e nem podia dizer que eram, propriamente dito, ou que seriam. Mas estavam juntas nessa, e deviam uma a outra toda o comprometimento que poderiam ter em seus esforços pra achar uma saída.
    Estava tão entretida no que pensava, que só acordou quando sentiu uma bicada na mão.
    - Ai, santo hipogrifo, você é nervosa, hein? - ela disse, massageando a mão e olhando para a coruja marrom, que largara uma carta na sua frente. A ave lhe olhou desdenhosamente, a atrevida e ficou lá, lhe encarando.
    - O que você está esperando? Pagamento?
    A ave piou, e continuou lhe encarando.
    - É cada uma que me aparece... - Abby disse, tirando da bolsa ao seu lado um saquinho de biscoitos que Pandora colocara lá, dizendo que ela não estava se alimentando direito. - Toma, gulosa!
    Depois que a ave se foi, ela abriu o pergaminho.

    "Abby,
    Preciso cancelar as nossas aulas. Entre o trabalho como monitor, os estudos para os Niems e os meus alunos regulares, o tempo vai ficar escasso.
    Minhas sinceras desculpas,
    R.J. Lupin"

    Seco e sucinto. Era hora de ser prática, por mais que doesse esse afastamento. Sabia ler nas entrelinhas e entendera o que Remus lhe dissera. Se ela precisava de algum encorajamento para tomar uma decisão, esse bilhete lhe mostrara o caminho a seguir.
    E seguiria, mesmo com o nó na garganta, e a vontade de chorar. Choraria na cama, que era lugar quente, mais tarde.
    Colocou o bilhete dentro do livro e se encaminhou para fora da biblioteca. Já no corredor, trombou com Bones e suas seguidoras.
    Os livros cairam no chão, se esparramando, alguns abertos.
    Ela se abaixou pra pegar, e estava quase terminando, quando ouviu a voz enjoada de Bones lendo o pergaminho que Remus mandara.
    Contou de dez a um, tentando se acalmar, mas não se conteve quando a garota começou a tirar sarro dela.
    - Eu sabia que era mentira! Claro que era, rs... você e Remus Lupin? Nem nos seus sonhos... você é patética, Stinson! Tão patética quando os perdedores da Breslin e do Lovegood! Vou agorinha mesmo mostrar isso pra todo mundo!
    Abby viu vermelho... falar dela, tudo bem... agora, falar dos avós ela não ia aguentar!
    Apontou a varinha para a garota, e recordando-se de Emma, lançou na garota o mesmo feitiço de escorregão que Malfoy lançara nela. Viva Emma! A garota podia ser um osso duro de roer, mas ela tinha momentos de brilhantismo!
    Mas o tombo de Amanda foi muito pior, pq ao contrário dela, a Bones estava correndo, então em vez de cair de bunda, caiu de frente e ela pode ouvir o estalo do nariz da garota quebrando, quando ela caiu de cara no chão.
    Passou ao lado da menina, recolheu o pergaminho do chão, e disse:
    - Isso é pra você aprender a guardar a língua dentro da boca. Do jeito que vai, quando você morrer, o seu corpo vai numa caixa de fósforos e sua língua numa carreta! Não fale do que você não sabe!
    Se levantou sorrindo e se virou pra ir embora, mas o sorriso morreu no instante seguinte, quando deu de cara com o professor Slughorn.
    - Queira me acompanhar ao gabinete do diretor Dumbledore, mocinha...
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    Mensagem por Remus Lupin Dom Nov 15, 2015 11:19 pm

    - Por que a careta? – James moveu uma um dos peões no tabuleiro displicentemente. O cavaleiro branco de Benjy Fenwick desembainhou sua espada, decapitando a peça de Remus.

    - Talvez porque você tenha acabado de entregar o meu jogo ao Benjamin?

    - Cheque! – Fenwick movera sua rainha rapidamente pelo tabuleiro, deixando o rei de Remus perigosamente entregue.

    - Você sabe que eu nunca fui muito bom com xadrez – James deu de ombros – Ei, você viu Almofadinhas?

    - Não... – Remus chutou a cadeira para trás, alcançou a mochila largada no chão e se levantou – Boa partida, Benjy! – Se virando para o amigo, eles começaram a cruzar o salão comunal, mirando nas escadas que os levariam até o dormitório masculino.

    - Vocês ainda não se acertaram, uh?


    - Sirius? – Remus se aproximou do amigo, que jogava sozinho uma partida de Snap Explosivo, sentado em sua cama.

    - Agora não, Aluado – como o outro sequer levantou o olhar, Remus respirou fundo, e se sentou à frente do outro.

    - Eu quero te pedir desculpas – Sirius ainda não o encarou, mas ele conhecia o amigo, e sabia que a carta, segura no ar, era indício de que tinha sua atenção – eu pensei bastante sobre o que você me disse no pátio do Relógio. E... você estava certo. Por mais que eu não quisesse ter escolhido um lado, acabei fazendo isso. – ele esperou mais um pouco antes de continuar – Eu queria fazer a coisa certa, Sirius, Mas eu devia saber melhor. Nós somos os Marotos. Eu não devia ter ficado com medo de que uma garota nos separasse.

    - Você levou essa história mais a sério do que o próprio Peter, sabia? – Sirius finalmente o encarou.

    - Você sabe que o Peter nem sempre fala tudo o que pensa. De todo modo, vocês sempre disseram que eu era o mais dramático dos quatro – Remus deu de ombros, arrancando um leve sorriso do amigo. Se dando por satisfeito, ele se levantou e alcançou alguns livros sobre seu malão – Espero que você entenda que não foi por mal. Enfim, preciso correr. Boa sorte com a Cooper.

    Remus estranhou a resposta do amigo – “Humpf, tarde demais para isso” -, mas, como estava atrasado para a tutoria daquela segunda-feira, não deu muita atenção


    - Bem, eu pedi desculpas a ele... Mas não sei se as coisas vão voltar ao normal.

    - Aluado, meu caro... – James passou o braço pelo ombro do amigo – Almofadinhas é uma drama queen. Daqui a pouco passa. Mas, e aí... E essa careta que te acompanha há dias? Vai contar o que aconteceu ou não?

    - Eu decidi me afastar da Abby – Remus sentia o olhar do amigo sobre si, mas ele mesmo não o olhava de volta – Não era justo com ela.

    James passou para a frente do amigo, o encarando.

    - Você fez o que?

    Remus suspirou, a mão direita firmemente presa à alça de sua mochila. Não tinha muito ânimo para falar sobre Abby – na verdade, passava a maior parte do tempo tentando afastar a menina da sua própria cabeça, porque a simples ideia dela era o suficiente para que ele se sentisse mal. Bastava que seus pensamentos começassem a tomar a forma da lufana para que a voz de Sirius – claramente ofendido e chateado – soasse em sua cabeça como um alarme anti-bombas.

    ” Seu hipócrita nojento! Só está falando isso porque não é com a sua querida Abbigail!”

    Quando ouviu aquelas palavras pela primeira vez, o garoto tinha se assustado com o ataque aparentemente gratuito do amigo. Seu primeiro impulso foi atribuir aquela fala ao mau humor já constante de Almofadinhas; mas logo suas reflexões o levaram para outra conclusão: Sirius estava certo. Remus gastara tanto tempo e energia forçando o amigo a agir corretamente – ou, pelo menos, de acordo com o que ele acreditava ser o correto – que não percebera que ele mesmo estava cometendo um grande erro.

    - Não ia dar certo, James. Eu nunca poderia ser cem por cento honesto com ela, e no momento em que ela descobrisse a verdade, com certeza sairia correndo. Além disso, é muito perigoso. E não há nada que eu possa oferecer a ela.

    James suspirou e balançou a cabeça em desaprovação.

    - Aluado, você precisa se dar a oportunidade de viver, cara. Seu probleminha peludo é um quarto da sua vida, mas ele não pode tomar conta do restante dela. Você não pode deixar. Você parecia feliz com a Abby. Eu entendo que você não queira contar a verdade, mas não dá pra aproveitar um pouco mesmo assim?

    Remus se segurou para não revirar os olhos. Ele sabia que os amigos sempre falavam aquele tipo de coisa porque se importavam com ele, mas às vezes ele sentia apenas como se eles estivessem sendo condescendentes, e uma das coisas que ele mais odiava é que sentissem pena dele, provavelmente porque ele era bom o suficiente em sentir pena de si mesmo para precisar que os outros também o fizessem.

    - Já está feito, James – ele esticou o braço para abrir a porta do dormitório e entrou, logo sendo seguido pelo amigo – Além disso, eu não sei que conceito deturpado de relacionamento seus pais te ensinaram, mas é impossível construir uma relação de verdade mentindo ou enganando os outros.  Abigail vai estar muito melhor do lado de alguém que não precise mentir para ela uma vez por mês.

    *****

    O restante de novembro foi fervorosamente dedicado às tarefas acadêmicas. Remus finalmente decidiu que, por mais que não soubesse se alguém lhe daria emprego, estaria preparado para todas as situações: terminaria Hogwarts com os melhores N.I.E.M.S. que pudesse. Não que a tarefa fosse difícil para ele normalmente, mas, nesse mês em especial, o monitor estava ainda mais aplicado. Embora ninguém soubesse, aquela era a melhor forma que o rapaz conhecia para manter sua mente ocupada – e, assim, afastá-lo da tentação de se aproximar novamente da Abby.

    Ele precisava fazer a coisa certa.

    Talvez, a tarefa de afastar-se de Abby teria sido mais fácil com a ajuda dos amigos – quando a segunda semana de dezembro chegou, as coisas tinham melhorado um pouco entre os Marotos, mas nada comparado com o que eles eram antes. Peter estava anormalmente quieto nos últimos tempos, e parecia não fazer muita questão da companhia dos demais. Sirius tinha voltado a falar com Remus, e seu humor tinha até melhorado, em comparação com o começo do mês anterior, mas ele ainda mantinha uma distância segura dos assuntos da família (Remus desconfiava que o fato de não poder mais pregar peças estivesse colaborando para a apatia do amigo). James, por sua vez, diminuíra drasticamente as tentativas constantes de unir os amigos, e passava cada vez mais tempo com Lily. Mesmo, assim, foi Pontas quem organizou os planos para aquele fim de semana.

    - Hogsmead, esse sábado, nós quatro.

    - Achei que você fosse treinar com o time...

    James revirou os olhos e cruzou os braços sobre o peito, ficando emburrado.

    - Eu juro por Merlin, se eu tiver que gritar com o novo batedor mais uma vez eu explodo a escola inteira. - Remus soltou um risinho - Enfim, Hogsmead é uma ideia melhor. E eu não aceito desculpas, é nossa última chance de fazer algo divertido antes de cada um ir para o aconchego de seus lares aproveitar a festa mais chata e mais sem sal de todos os tempos.

    Remus confirmou a presença. Um passeio a Hogsmead seria bom para melhorar os ânimos.
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    Mensagem por Regulus Black Seg Nov 16, 2015 12:26 am

    - Você parece nervoso - uma voz feminina, macia e suave, sussurrou no ouvido de Regulus. O rapaz se virou assustado, encarando os olhos azuis ao seu lado. – Não deixe eles perceberem – Narcisa abriu um sorriso amável, e indicou os demais sonserinos com um pequeno aceno de cabeça.

    - Cissy, eu não---

    - Está tudo bem, Reg – ela o interrompeu, e apertou de leve o braço do rapaz – eu também estou um pouco nervosa – o rapaz forçou um pequeno sorriso – Eu preciso falar com o Lucius. Te vejo na vila. Que a sorte de Salazar esteja conosco – ela piscou para ele e correu até o noivo.

    Regulus observou a prima se aproximar do pequeno grupo composto por Bellatrix, Rodolphus, Rabastan e Lucius, e viu quando este último a afastou quando ela tentou lhe dar um beijo. Cissy pareceu desapontada, e aquilo fez com que ele se perguntasse se a prima seria tão diferente assim da própria irmã, menos de um ano mais velha. Pela expressão grave do grupo, eles discutiam coisas importantes.

    O caçula dos Black respirou fundo, apertando o sobretudo preto sobre o próprio corpo, e varreu o olhar pela cena ao seu redor. Parado no topo da escadaria que liga o Hall ao lado de fora, ele tinha uma visão ampla dos terrenos de Hogwarts. As nuvens escuras ajustavam bem o cenário para o que ele sabia que aconteceria naquele dia. A chuva ainda não tinha dado lugar à neve naquele ano, de modo que boa parte do jardim parecia enlameado, coberto por uma camada de orvalho. Em um canto, um pequeno grupo de garotas sextanistas da Corvinal conversava animadamente, destoando completamente do restante do cenário, completo pelos grupos de sonserinos – parte do disfarce para aquele dia era se dividirem em grupos pequenos, para não levantar suspeitas – e pelas carruagens, que começavam a se alinhar em frente à porta principal do castelo.

    Um pequeno arrepio percorreu o corpo do rapaz quando seus olhos pousaram sobre os esqueléticos cavalos alados que puxavam os veículos. Havia pouco tempo que os Testrálios haviam se tornado visíveis para ele, e, desde então eles eram parte frequente de seus pesadelos. Ele descobriu que só tinha racionalizado aquela morte que Bellatrix causara no início do semestre quando seu medo de que o mesmo acontecesse a Mary se tornou algo real e constante.

    Assim que seu pensamento o levou até a menina – algo praticamente impossível de evitar – ele respirou aliviado por não vê-la por perto. Era um sinal de que seu bilhete tinha funcionado. Se já era ruim o suficiente pensar no que quer que eles fossem fazer naquele sábado, ele não podia sequer imaginar a possibilidade de colocá-la em risco.

    - Parece que é hora do show – a voz pastosa de Severus Snape soou do seu lado, arrancando-o de seus pensamentos. O bruxo mais novo apenas acenou positivamente, e seguiu o outro até a carruagem mais próxima; mas sua atenção foi logo chamada novamente à entrada do castelo, quando um grupo de garotas grifinórias apareceu rindo - duas delas com cabelos tão vermelhos quanto o sangue.
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    Mensagem por Sarah Nipps Ter Nov 17, 2015 11:24 pm

    Sarah andava distraidamente pela rua principal de Hogsmeade, levando preguiçosamente à boca algumas jujubas de amora, vez outra. Tinha ficado de encontrar Emma na loja de animais, e passeariam pela vila juntas, depois. Ela ia observando as vitrines das lojas e as pequenas casas do vilarejo, lembrando da primeira vez em que passeara pela vila.

    - Nick! Nick! Por Melin, volta aqui! – Uma voz feminina, distante, atraiu sua atenção, e ela se virou para ver quem era.

    Uma moça, pelo menos dez anos mais velha, corria desesperada atrás de um menininho, que já tinha ganhado bastante distância da mãe; e ambos iam em direção a Sarah. Alguns bruxos pela rua pararam para ver a cena, mas nenhum deles parecia querer intervir para ajudá-la.

    - Niiick! – Vendo o desespero em que a mãe se encontrava, Sarah esperou até que o pequeno se aproximasse e o pegou no colo, impedindo-o de continuar fugindo da mãe. Ele protestou, fazendo bico e falando com a voz macia, típica de crianças na primeira infância.

    - Nããão, me sota, eu quero o lugá de doces! – Sarah riu, e teria respondido ao pequenino, se sua mãe não os tivesse alcançado.

    - Obrigada! – a jovem bruxa, meio desconcertada, afastou algumas mechas loiras do seu rosto antes de tomar o filho em seus próprios braços, e a morena achou-a curiosamente conhecida – Ele está na fase de querer se aventurar sozinho – Sarah sorriu de volta, balançando a mão num gesto para minimizar o desconforto da outra.

    - Meu pai o teria petrificado antes mesmo de ele começar a correr – a garota riu, brincando com o ainda emburrado menininho.

    - Meu marido teria feito o mesmo! – a loira sorriu, balançando a cabeça negativamente – mas eu não certo como pequeno Nicholas. Me parece um pouco bárbaro, você não acha? – a garota sorriu em anuência, ainda incomodada com a familiaridade que a bruxa mais velha lhe inspirava – A propósito, eu sou Aurora Nipps.

    O susto ao ouvir aquelas palavras fez com que Sarah prendesse a respiração. Seu sorriso desvaneceu lentamente, sendo substituído por um queixo caído e uma sobrancelha levantada. Aquela, à sua frente, era Aurora Nipps. Ela devia tê-la reconhecido. Os olhos azuis, recheados de carinho pelo próprio filho, o sorriso amável, e mesmo o modo como se portava – ao mesmo tempo delicada e informal. Aquelas características deviam ter sido o suficiente para que ela tivesse desconfiado: Aquela era sua avó.

    Por sorte, antes que sua expressão fosse percebida pela mais velha, uma voz masculina chamou sua atenção.

    - Dora! – ambas as bruxas levaram seus olhos à fonte do vocativo. Alguns anos mais velho e muitos centímetros mais alto que Aurora, o bruxo que se aproximava delas trazia uma vasta cabeleira negra, arrematada por bigode e sobrancelhas igualmente abundantes. Sarah engoliu em seco, sentindo os pelos de seus braços se eriçarem. Ela não precisava de apresentações para saber quem ele era. Sua figura atlética e seus olhos azuis estavam espalhados em boa parte das fotografias sobre a lareira de sua casa, exatamente como se apresentavam naquele momento.

    Ele se aproximou da esposa, passando um braço por seus ombros, e trocaram um rápido selinho, sem que ele parecesse tomar conhecimento da colegial a sua frente.

    - O que vocês estão fazendo aqui? Achei que te encontraria na casa do Louis.

    - Seu filho resolveu que ele queria ir sozinho à Dedosdemel – Aurora parecia se divertir, tanto com a travessura do filho quanto com a própria provocação, e Sarah observava a cena admirada. Ela nunca tivera a oportunidade de conhecer o avô, e a sincronia entre eles era algo que nunca vira em nenhum outro casal. Eles pareciam extremamente felizes. – Eu estaria perdida se não fosse a ajuda da... desculpe, eu ainda não sei o seu nome – o casal tornou sua atenção a garota, ele percebendo sua presença pela primeira vez.

    Distraída pela presença de seus avós – e, por Merlin, de seu pai, ainda sem idade suficiente sequer para aprender a ler – ela quase esqueceu de seu disfarce.

    - N...Cooper. Sarah Cooper.

    - Prazer – seu avô ofereceu-lhe a mão, que ela apertou e chacoalhou educadamente – Eu sou S—

    - Sebastian Nipps – Ambos falaram juntos, e a garota precisou se explicar rapidamente – A Grifinória é grata até hoje pela taça de 61.

    - Uma fã de Quadribol, eu vejo! – Um sorriso orgulhoso apareceu por baixo do bigode dele, divertindo a garota – Bem, Sarah Cooper, da casa dos leões, eu adoraria ficar e saber sobre o campeonato deste ano, mas meu irmão nos espera, e nós precisamos ir – ele se virou para a esposa e lhe deu um beijo carinhoso na têmpora, logo pegando Nicholas no próprio colo – Muito obrigada por ajudar com esse pequeno encrenqueiro – ele fez cócegas no filho, que soltou uma risada gostosa.

    - Boa sorte em Hogwarts – Aurora sorriu para Sarah antes de cruzar seu braço com o do marido. A garota ficou observando a família se afastar, encantada com a alegria e o amor que eles emanavam. Ela nunca imaginou que poderia conhecer o avô, morto muito antes de seu próprio nascimento, e nem mesmo considerou a ideia de ver novamente a avó, cujo luto, há dois anos, fora o período mais confuso e dolorido em seus 17 anos de vida.

    Ela suspirou, incerta sobre seus sentimentos. Por um lado, ficava feliz de poder tê-los visto, por outro, sentia um pouco de pena de si mesma, já que jamais teria a oportunidade de vê-los novamente. Por pior que fosse a situação de Abby ou Emma com seus avós, neste momento ela invejava a oportunidade que as duas tinham de conviver com eles.
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    Mensagem por Abby Lovegood Scamander Sex Nov 20, 2015 9:20 pm

    - Não vou, eu já disse que não vou, Pandy! - Abby se virou na cama, enfiando a cabeça debaixo das cobertas.
    - Ah, vai sim! Eu me recuso a deixar você aí, chafurdando em depressão!
    - E quem é que está chafurdando em depressão? Eu só estou com sono, dormi pouco!
    - Dormiu pouco pq passou parte da madrugada lendo esses livros trouxas de ficção científica sobre viagem no tempo, e a outra metade dormindo mal, tendo esses pesadelos!
    - Então! Se vc já sabe que eu dormi mal, pq não me deixa dormir mais um pouco?
    - Eu sei do que você está fugindo! Você não quer é correr o risco de dar de cara com o Lupin! Nas últimas semanas você evitou tanto os corredores por onde ele poderia passar, que acho que deu a volta no castelo umas trocentas vezes!
    - E se for? E se eu estiver evitando? É meu direito, você não tem nada com isso!
    O silêncio se fez, e Abby tirou a cabeça de debaixo do travesseiro, pra ver o rosto magoado da avó, que estava sentada na cama.
    - Ai, desculpa... desculpa mesmo... eu estou estressada, nervosa... sentindo falta de casa...
    - Vem cá. - disse Pandora, apontado o colo.
    Abby deitou a cabeça nas pernas da avó, recebendo um cafuné muito igual ao que estava acostumada a receber de Luna. A saudade da mãe a atingiu em cheio.
    - Eu sei que você está sofrendo. Deve ser muito difícil ficar longe de quem a gente gosta. Principalmente quando esta pessoa está pertinho, não é? Se você soubesse a vontade que eu tenho de falar umas verdades pro Lup...
    - Vamos combinar uma coisa, Pandy? A gente pode evitar falar dele? Eu te prometo o que for, que eu vou à Hogsmead hoje, que vou comer, e tudo o mais, mas falar dele não, por favor! 
    - Ok. Vamos à Dedosdemel, estou precisando repor meu estoque de guloseimas.

    POV Pandora

    Pandora havia acordado naquela noite, com sede. Sonhara com ela e o Lovegood no baile, e depois, com o modo frio com que o rapaz a tratara. Não entendia essa mudança gratuita de atitude com ela. 
    Balançando a cabeça, levantou para beber água da jarra que ficava à uma mesa ao canto do quarto, quando notou murmúrios vindos da cama de Abby.
    Eram coisas incoerentes, sobre como ela, Sarah e Emma deviam voltar, antes que fosse tarde, e coisas do tipo. 
    Achou aquilo esquisito, coisas de um sono agitado, até que, ao deitar, ouvi a voz da amiga, supostamente conversando com a mãe, em sono.
    "- Você nunca me disse que ela era tão teimosa. Pois é. Ela é. Mãe, ela é linda... e juro que não sei como ela e meu avô ficaram juntos. Ela não gosta dele! E se ela não gosta dele, eles não ficam juntos e você não nasce. Não mãe, sério... e tem ele... eu sei que é impossível, que não tem futuro... mas é tão difícil... hum... é..."
    Aquilo era muito, muito estranho... - ela pensou, bocejando. - Hora de dormir, Pandora... amanhã tem Hogsmead...
    E deitando-se, adormeceu. Sonhou com Xeno o restante da noite.

    **********

    A Dedosdemel estava repleta de estudantes naquele dia, e Abby gostava de ver a animação das crianças mais novas com os doces. Lembrou a primeira vez que entrara ali, vestindo o uniforme de Hogwarts.
    Por mais que ela já conhecesse a loja, visitá-la com os amigos da escola tinha sido toda uma outra experiência.
    E agora, de certo modo, tb era diferente. Muitas das lojas que haviam naquela época, já não existiam na sua. E onde havia a Zonkos, nesses tempos, havia a loja de George, irmão do tio Rony.
    - Hey, olha só! Que sorte, no meu sapo de chocolate veio o Nicolau Flamel! - disse Pandora.
    - Ah, eu já tenho 3 deles na minha coleção! - disse Abby, distraida.
    - Como? A figurinha dele é nova!
    - É... então... confundi. Achei que você tinha dito Nicholas Flaubert.
    - Flaubert... nunca ouvi fal...
    Foi então que elas ouviram um estrondo e muita gritaria do lado de fora da loja, e enquanto tentavam sair pra ver o que estava acontecendo, vários alunos tentavam entrar na loja, o que levou Abby a supor que a coisa era muito grave... até que os gritos alertaram aos alunos. Era um ataque.
    Começou a puxar pela memória... ataques... como pudera esquecer que houvera um ataque em Hogsmead em dezembro de 1978? Seu avô falara sobre isso! Dezenas de feridos, uma pessoa morta! Ele mesmo sofrera uma maldição cruciatos!
    Começou a forçar a passagem entre os alunos, com Pandora gritando no seu ouvido que era loucura ir lá fora. Mas nada poderia pará-la. Tinha de salvar o avô!
    Quando conseguiu colocar a cara do lado de fora, já tinha sacado a varinha, e começou a correr, procurando por todos os lados, no meio do pandemônio.
    Rezava para que achasse o avô e para que Remus estivesse em segurança naquele momento, além de Sarah e Emma. Rezava a qualquer Deus que pudesse existir, naquele momento, para que estivessem bem.
    Pandora a seguia, também de varinha em punho.
    Viu uma menina do terceiro ano, apavorada, acuada em um canto, por um comensal da morte, que pela postura, ela podia apostar que era tão adolescente quanto ela. Aproveitando da distração dele, lançou um expelliarmus, jogando longe a varinha do comensal.
    - Corre, garota, agora!
    A menina não esperou duas vezes, se afastando longe dali.
    A próxima coisa que viu, foi Xeno se lançando na sua frente e de Pandora, e sendo atingido por uma maldição cruciatus bem na sua frente.
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    Mensagem por Mary McDonald Sáb Nov 21, 2015 8:00 pm

    Mary estava lendo um livro – Orgulho & Preconceito – sentada no parapeito da janela, quando a voz de Carlota Melloni a tirou de seus devaneios (Por que Mr. Darcy tinha que ser tão apaixonante daquele jeito?):

    - O que disse, Carl? – ela perguntou, confusa. Carlotta estava de frente para o espelho, ajeitando os cabelos – o que Mary achava ser um desperdício, pois os cabelos dela já eram perfeitos.

    - Benjy Fenwick está afim de você-ê – a loira cantarolou, encarando-a através do reflexo do espelho.

    Mary soltou uma risada. Benjy Fenwick? E ela?

    - Claro que não!

    - Você fala isso porque não vê o modo como ele olha pra você. – Carlotta deu de ombros.

    - É verdade, Mary. Ele foi tão fofo hoje te ajudando a carregar o seu material... – Michelle Mumps suspirou, sonhadora.

    Mary corou, lembrando-se da cena – a mochila dela tinha rasgado enquanto descia as escadas e todo seu material havia se espalhado pelos degraus. Algumas pessoas riram e Benjy se afastou dos amigos para ajudá-la.

    - Ele...ele só me vê como amiga. – ela encolheu os ombros.

    - Ora, Mary! Já está mais do que na hora de você superar o... – Mary fechou os olhos, com força, se preparando para ouvir o nome dele.

    - Carlotta! – Shelley exclamou ao ver a reação da colega.

    - Tsc, Shelley! – Carlotta revirou os olhos – Já está mesmo na hora de você superar o Black. E por que não aproveitar que o Benjy está na sua?

    Talvez porque ela não estivesse preparada para um novo romance?

    Talvez porque ela ainda gostasse de Regulus? Apesar dele tê-la sacaneado, ainda gostava dele.

    - Vou pensar... – Mary murmurou, apenas para apaziguar a amiga.

    Sim, ela e Carlotta eram amigas agora – uma das poucas coisas boas que ela ganhara sendo humilhada por Regulus tinha sido a amizade dela e de Sirius Black.

    - E então...vamos jantar?  

    - Vamos – Mary fechou o livro e quando ia sair do quarto uma batidinha na janela chamou sua atenção: uma das corujas da escola bicava o vidro, um pergaminho enrolado na pata. – Vão indo na frente...vou ver o que é aquilo. – as outras duas concordaram e Mary foi em direção ao bichinho.

    Ao abrir o pergaminho, seus olhos se estreitaram:

    “Hogsmead não é segura. Não vá este fim de semana.”


    Não era preciso uma assinatura para saber quem era: ele. Ela amassou o bilhete e o jogou no lixo – como fizera com todos os outros que ele a enviara. Agora, além de tentar pedir desculpa, ele queria proibi-la de ir à Hogsmeade? Quem ele achava que era?

    “Hogsmeade não é segura” – ela repetiu, baixinho – Tsc, conta outra, Black.

    E ela foi para o jantar, esquecendo-se completamente do recado.

    ___

    No Sábado, Mary esperava para embarcar numa das carruagens junto com as amigas. Encarou o céu nublado e seu estômago se embrulhou um pouco ao lembrar do aviso de Regulus.

    Mas como podia levá-lo a sério depois do que ele tinha feito? Vai ver era só mais uma maneira dele manipulá-la (de novo).

    “Isso!” – ela pensou, com teimosia. Ele só queria manipulá-la...

    - Vamos, Mary? – Lily entrelaçou o braço no dela a puxando para uma das carruagens e tirando-a de seus devaneios.

    - Vamos! – Mary exclamou, sorrindo de leve.


    E ao entrar na carruagem ela decidiu: se Benjy Fenwick se oferecesse para lhe pagar uma bebida, ela aceitaria.

    ___

    Mary estava em frente à Casa dos Gritos - tinha deixado o 3 Vassouras a poucos minutos - tirando algumas fotos quando escutou um barulho que lembrava uma explosão, ao longe. Olhou ao redor, curiosa, e viu algumas pessoas correndo e gritando.

    O que estava acontecendo?

    Outra explosão.

    Ela guardou a máquina e puxou a varinha e quando se preparou para ir em direção à confusão (seu instinto Grifinória sempre falavam mais alto) alguém a puxou, tampando sua boca.

    O coração dela acelerou e ela arregalou os olhos, assustada.

    E estava pronta para chutar, morder e estuporar quando ouviu a voz dele

    - Shhh, sou eu.
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    Mensagem por Regulus Black Dom Nov 22, 2015 10:37 pm

    As instruções para a ação daquela tarde foram passadas por Vincent Visengard, braço direito de Lord Voldemort e por Fenrir Greyback, porque, aparentemente, seria arriscado demais para o próprio Você-sabe-quem estar ali. Foram divididos em dupla – precisavam agir rapidamente e causar o maior pânico possível.

    Era sobre aquilo que seria aquela tarde: causar pânico. Haviam recebido ordens expressas para que não passassem mais de meia hora na vila, e, de preferência, não matassem ninguém.

    O estômago de Regulus revirou enquanto ele ouvia aquelas instruções. “De preferência, não matar ninguém”; como as pessoas podiam ser cínicas àquele ponto? Ele entendia não querer enfraquecer as famílias com mais poderes. Mas matar realmente não parecia um fator correto nessa equação.

    De toda forma, ele não prestou muita atenção no que os homens de Voldemort lhe diziam – sua cabeça estava na ruiva que ele vira se dirigindo à fila das carruagens.

    ”Droga, Mary, porque você tem ser tão teimosa?”

    Era um palpite de sorte, ele sabia, mas imaginou que a garota fosse passar algum tempo perto da casa dos gritos – conhecia-a o suficiente para saber que aquele era seu lugar favorito em toda a vila. Só esperava que o timing fosse certo.

    Quando o cuco do relógio na praça soou quatro vezes, ele sabia que a ação logo começaria. Estava no beco atrás de algumas lojas junto com Severus Snape, ambos já com suas vestes negras encapuzadas e suas máscaras.

    - Eu preciso fazer um coisa. – ele viu os olhos de Snape revirarem sob sua máscara de aparência ofídica – posso contar com sua discrição?

    - Adiante-se, Black, ou haverá muito pouco o que você poderá fazer. Sua prima parece estar disposta a descumprir algumas regras hoje.

    Com um aceno de cabeça, Regulus apressou o passo, andando por vielas e becos, garantindo que passasse incógnito. Quando finalmente alcançou a casa dos gritos, meia hora tinha se passado. Ele se escondeu, e ficou observando-a fotografar o lugar, despreocupadamente. Às cinco, em ponto, a primeira explosão aconteceu – o sistema de contagem de tempo entre eles, e que ele sabia que seria acompanhada de outras cinco – e a segunda logo a sucedeu.

    Mary estava de costas para ele, mas ele sabia que ela estava com a varinha em punho e a máquina fotográfica pendurada no pescoço. Assim que ela fez menção de descer o morro que a levaria até o epicentro do ataque, ele passou a mão pela sua boca, puxando-a para perto da casa, onde dificilmente seriam vistos.

    - Shhh, sou eu!

    Sentiu ela relaxar um pouco em seus braços, e começou a chutar uma porta lateral, sem grandes sucessos. Ouviu a gritaria aumentar na vila, e sabia que seu tempo estava esgotando. Apelou para a varinha, mandando parte da porta para o espaço, e puxou-a para dentro, finalmente virando-a para si.

    Viu os olhos dela se arregalarem ao fitarem a máscara dele, e logo a arrancou do rosto, encarando-a, o desespero crescendo dentro dele à medida em que ela parecia cada vez mais assustada.

    - Mary... Mary – eles esticou os braços para pegá-la, mas ela se encolheu – Eu posso te explicar tudo... só não pode ser agora.

    De repente Regulus se sentiu fraco, o peito apertando dentro do peito.

    - Você está segura aqui. Haverá outras quatro explosões. Só saia daqui assim que a quarta estourar. Evite a rua principal e não importa o que aconteça, não vá pegue o caminho pelo norte. Você me ouviu?

    Os olhos da menina estavam cravados nele, e havia tanto que ele queria lhe dizer, havia tanto tempo que ele queria tocá-la novamente, sentir seu cheiro, o toque macio de sues beijos... Ele suspirou, evitando o olhar dela.

    - Eu preciso ir. Não esqueça: quatro explosões, e não vá para o norte.

    Ele virou as costas antes de colocar novamente sua máscara e desaparecer pela porta quebrada.


    Sarah Nipps
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    Mensagem por Sarah Nipps Ter Nov 24, 2015 12:00 am

    - Vamos, garota, repita sua história. Do começo.

    Sarah suspirou, encarando as pessoas ao seu redor. Seus olhos cruzaram brevemente com os do professor Dumbledore, sentado à mesa, o queixo apoiado nas mãos cruzadas. Ao seu lado, McGonagall balançava a perna impaciente

    - Alastor, isso é realmente necessário? Será a terceira vez...

    - Confie em mim, professora. Nós vamos descobrir o que está por trás dessa história. É muito estranho que essas três tenham vindo do futuro, como dizem, e estivessem no meio de um ataque... – Moody continuava andando em círculos ao redor de Sarah, e Minerva apenas se levantou, impaciente, deixando a sala (provavelmente entrando em uma das salas em que Emma e Abby também eram interrogadas por aurores, Sarah pensou, antes de tomar fôlego e repetir, mais uma vez, os acontecimentos do dia)

    “ Eu estava no Três Vassouras. Abby tinha decidido passar o dia com Xenophilus e Pandora, e Emma tinha ido à Floreios e Borrões, e, como a loja estava cheia, eu não quis entrar. Ela me encontraria lá. Já era o fim da tarde, e eu queria tomar uma cerveja amanteigada antes de vir para o castelo. Não estava me sentindo particularmente brilhante hoje.

    Eu sentei lá, sozinha, por uns 20 minutos – a Rosmerta pode confirmar, eu acho – quando ele entrou
    – uma pequena lágrima escorreu pelo rosto dela, que logo a limpou, se esforçando para retomar o controle sobre si mesma. – Hoje foi a primeira vez em que eu o vi, então é claro que prestei atenção. Ele foi até o balcão e pediu algo. Não entendi direito o que era, mas parecia ser uma encomenda que ainda não estava pronta. Ele se sentou em uma das cabines, e eu fiquei observando de um canto. Foi quando eu ouvi o primeiro estrondo.

    O bar já não estava muito cheio e a maior parte dos clientes correu para fora ou para a vitrine, para ver o que acontecia. O segundo estrondo aconteceu, e foi quando eu vi os feitiços cortando o ar – eram raios verdes e vermelhos, indo em todas as direções – e boa parte das pessoas correram rua abaixo. Eu me levantei, com a varinha em punho, e tentei me lembrar de todos os feitiços defensivos que eu pudesse.

    Duas figuras encapuzadas entraram no bar. Dispararam alguns expelliarmus aleatoriamente, e por sorte eu consegui desviar. Eu não sei como aconteceu – foi tudo muito rápido, todo mundo estava tentando contra-atacar – mas ele...
    – sua voz tremeu um pouco, e seus olhos começaram a se encher de lágrimas – eu ouvi aquela voz – uma voz de mulher, com certeza, gritar Ava—Avada Kedavra. – suas lágrimas começaram a escorrer novamente, mas ela se forçou a continuar falando, mesmo que com a voz embolada – – eu não lembro direito o que aconteceu depois. Alguém... Alguém me puxou pra baixo e... depois de um tempo tudo parou”

    Ela levantou o olhar, peitando a encarada que Alastor Moody lhe dava. Não fosse a situação – Sarah tinha acabado de ver seu avô morrer, afinal de contas – ela teria dado graças à deus pelo fato de que a descrição que seu pai lhe dera do auror não condizia com a realidade. Nada de Olho de Vidro, nada de perna de pau ou de nariz ferido.

    - E você não se lembra de nada além disso, eh?

    - Não. A próxima coisa que eu me lembro é de estar no salão principal. Alguém me sacudiu para responder à lista da professora McGonagall. – a garota respondeu, decidida. O tom de voz de Moody era cada vez mais incriminador, e ela não gostava nada daquilo.

    - Pois eu vou lhe dizer o que acho – ele voltou a andar de um lado para o outro, falando mais sozinho que com Sarah ou com Dumbledore – Porque alguém que “vem do futuro” e, portanto, “sabe” o que vai acontecer, se meteria em uma vila logo no dia de um ataque? E por que diabos nós não fomos informados dessa situação, Dumbledore?

    - Alastor... – apesar do tom ameaçador do Auror, o Diretor manteve seu tom suave de voz – eu já lhe expliquei antes. Optei por manter a procedência das meninas em segredo para mantê-las protegidas.

    - Ora, Albus! – Moody, ranziza, voltou a andar de um lado para o outro – Nós nem sabemos se essas meninas vieram do futuro mesmo, ou não! Elas poderiam muito bem ser filhotes de comensais disfarçadas!

    Sarah gemeu de descontentamento, se remexendo em sua cadeira, o que chamou a atenção do auror.

    - Ora, você! Me responda, o que você foi fazer na vila?

    - Eu fui me distrair, assim como todos os outros adolescentes nesse maldito castelo. Eu NÃO lembrava dessa droga de ataque ok? – as lágrimas voltaram aos seus olhos, aos poucos – eu não lembrava...

    Alastor Moody pigarreou, pela primeira vez parecendo estar incomodado com a sensibilidade dela.

    - De que ano você disse que veio?

    - 2014.

    - Daqui a quase quarenta anos? – Ele riu, descrente - E você perdeu seu avô essa tarde.

    - Sim.

    - E você não lembrava a data de óbito do seu querido avô?

    Sarah bufou, enfiando o rosto nas mãos. Ela não tinha mais paciência para aquele interrogatório. Já estava sentada ali há horas, e de nada adiantava: nenhuma palavra sua era tomada como verdadeira.

    - Ele morreu muito antes que eu nascesse. Por Merlin, eu vi meu pai hoje, ele tem uns cinco anos de idade, se muito! Nós nunca comemoramos aniversário de morte, e eu... Eu simplesmente não lembrava.

    - Como alguém não lembra de um ataque a Hogsmead! Isso deve ser um marco de alguma forma na história!

    Sarah suspirou antes de juntar as palavras para respondê-lo.

    - Eu não tenho muitos conhecimentos desta guerra, sr. Moody.

    - O que você quer dizer com “desta guerra”?

    Dumbledore pigarreou, chamando a atenção da menina. Quando seus olhos se cruzaram, os dele traziam uma mensagem bem clara: Não fale demais

    Mas aquilo era demais para Sarah. Ela estava cansada, suja, e tinha presenciado a morte de um familiar – que, ela sabia, tinha mudado completamente a vida de duas das pessoas mais importantes para ela. E, por Agrippa, eles pareciam uma família tão feliz!

    - Nós vamos ganhar essa guerra, Moody, mas não de uma única vez – ela se levantou, suspirando – Eu preciso muito descansar. Se vocês me permitem...

    - Por favor, srta. Nipps – Dumbledore fez um aceno com a mão, permitindo que ela saísse.

    O caminho até a torre da Grifinória foi feito sem que ela percebesse. O Salão Comunal estava cheio – a maior parte dos alunos apenas tentavam ficar juntos, claramente assustados. Ela não estava com ânimo para encarar os colegas, e foi direto para o quarto.

    Enquanto a água corria pelo seu corpo, ela deixou mais algumas lágrimas correrem livremente por seu rosto. Podia esperar muitas coisas daquela viagem no tempo, mas, definitivamente, não esperava por aquele dia.

    Quando saiu do banheiro, Carlotta e Michelle conversavam baixinho, sentadas em uma mesma cama. Assim que ela pisou no quarto, vestindo seu pijama, as duas a encararam.

    - Você está bem? – não havia desdém ou pirraça na voz de Carlotta, apenas preocupação. Sarah apenas balançou a cabeça, afirmativamente e sem muita empolgação, e caminhou para a própria cama.

    - Eu ouvi dizer que você travou no três vassouras... E que escapou por pouco, por causa do Sirius.

    - Shelley! – Carlotta ralhou com a amiga.

    Sarah encarou as três, piscando algumas vezes, e chegou a abrir a boca para falar, mas nenhum som saía de sua boca. Ela não mentira quando dissera ao auror que não se lembrava do que acontecera - ela não tinha a menor lembrança de como deixara o bar, de como terminara o ataque ou de como ela chegara até o castelo.

    - Sirius? – sua voz saiu rouca – ele...

    - Nós não sabemos direito como as coisas aconteceram – Carlotta se apressou, antes que Michelle falasse alguma coisa – mas o rumor é de que ele te salvou.

    Sarah acenou novamente, seus olhos correndo pelo quarto. Suas íris recaíram sobre a cama da sua terceira colega.

    - Cadê a Mary?

    - Ela está bem – foi a vez de Shelley responder – Ela respondeu à chamada da McG, mas desapareceu um pouco depois.

    A setimanista esboçou um meio sorriso antes de retornar ao silêncio. Deu um longo suspiro e encarou as duas, à sua frente.

    - Fico feliz que vocês estejam bem, mas... acho que preciso deitar um pouco – ela fechou o cortinado ao redor da sua cama e se deitou, ouvindo por horas a fio o pequeno ruído da conversa das colegas e o barulho da chuva batendo de leve na janela antes que o sono chegasse.

    Quando finalmente pegou no sono, foi visitada por toda sorte de pesadelos. Em um deles, o que lhe despertou pela terceira vez, seu avô era atirado por sobre o balcão, logo após a maldição imperdoável. Ela corria para ele, mas, quando finalmente o alcançava, era o corpo de Sirius que jazia deitado no chão.

    Ciente de que não conseguiria mais descansar e que, se permanecesse no quarto, acabaria acordando as outras garotas, ela calçou suas pantufas e desceu para o salão comunal, levando sua coberta consigo. O lugar estava vazio. Sentou-se em um dos sofás, abraçou-se aos joelhos – a coberta cobrindo-lhe até o queixo – e ficou observando o crepitar do fogo na lareira.

    Mais uma vez, ela estava no Três Vassouras, e as duas figuras encapuzadas adentravam o pub. Logo após a maldição imperdoável, a bruxa que a lançou tirava sua máscara – e era o próprio rosto que ela via ali.

    - Sarah? – sentiu um toque em seu ombro, e acordou assustada. Não tinha percebido que havia dormido, e, ainda assim, estava deitada no sofá – Ei, você está bem?

    Esfregou os olhos, apurando a visão.

    - Sirius – ela apertou as mãos contra o rosto, soltando um pequeno gemido – que horas são?

    - Já passou das quatro.

    Ela encolheu as pernas, logo sentando-se no sofá. Sirius – que só agora ela notou, também estava com roupas de dormir – sentou-se ao seu lado. O silêncio que se estabeleceu entre eles foi cortado apenas pelos estalos do fogo, que já quase morria.

    - Pesadelo? - Foi ele quem começou a falar, encarando-a com uma sobrancelha erguida.

    Ela apenas confirmou com a cabeça, forçando um meio sorriso.

    - Foi uma noite difícil – ele desviou o olhar novamente para a fogueira.

    Ela abriu a boca algumas vezes, mas demorou um pouco para que as palavras se formassem:

    - Sirius.. ahmn... as meninas... disseram algo sobre... sobre você ter...

    - Não foi nada – ele deu de ombros.

    - Obrigada – ela alcançou a mão dele, e a apertou de leve – Eu posso não lembrar do que aconteceu, mas tenho certeza de que foi muito mais do que nada – ela suspirou, seus olhos encontrando os dele – muito obrigada, Sirius.

    Ele sorriu um pouco, e, por alguns segundos, eles apenas se encararam. Aos poucos, ela se mexeu no sofá, de modo que pudesse apoiar sua cabeça no ombro dele.

    - Eu sinto sua falta, Sirius – as palavras saíram da boca de Sarah antes que ela pudesse perceber, mas ela sabia que elas não eram efeito daquela noite, ou do gesto heroico do rapaz. Ela sentia falta de Sirius há semanas, desde o exato momento em que tivera que se afastar dele, na verdade. Sentia falta de sua risada, do seu cheiro, e mesmo dos poucos minutos de silêncio entre eles. Passou o braço por seu tórax, abraçando-o.

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